De convidadas a mordomas:
O papel das mulheres luso-canadianas nas Festas do Espírito Santo
Introdução
Cerca de 360.000 pessoas de origem portuguesa habitam no Canadá,
sendo elevada percentagem delas (cerca de 60-80%, segundo as localidades)
oriundas dos Açores, onde as Festas do Espírito Santo constituem uma tradição
muito enraizada na cultura popular religiosa. Os imigrantes das ilhas tentaram
reconstituir a tradição das festas na diáspora, até porque estas lhes permitem
de reforçar a rede de apoio e sociabilidade da família.
A maioria dos imigrantes
açorianos no Canadá é constituída por micaelenses, seguindo-se terceirenses,
picoenses e faialenses, etc., em proporções decrescentes. João Leal, diretor de
projeto da pesquisa do CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia) da
Universidade Nova de Lisboa, no qual o meu trabalho se insere, distinguiu
vários tipos de festas nos Açores (Leal: 1994), sendo no Canadá o modelo
micaelense mais comum, embora com alguma influência terceirense. O autor
demonstrou também que as festas nos Açores foram dinamizadas pela emigração
(Leal: 2000).
O material recolhido é baseado
num projeto de pesquisa de três anos, ainda em curso, onde foram observadas
festas nas províncias do Ontário, Quebeque, e Colômbia Britânica, as duas
últimas de forma incipiente. Os dados aqui apresentados baseiam-se no material
recolhido em primeira mão na província do Ontário, particularmente em Toronto, que
é o mais completo e sobre o qual foi feita uma primeira comunicação no IV
Congresso Internacional das Festas do Espírito Santo (Januário: 2010). Devido
ao grande número de festas nessa província, que são cerca de 60, pensa-se aí
voltar, para completar o trabalho de terreno, em 2012.
Nesta comunicação pretendo dar
uma resenha história sobre as festas, assim como a maneira como se processam em
contexto migratório canadiano. No que se refere ao papel das mulheres, este
texto pretende aflorar o tópico das diferenças de género, de forma preliminar,
já que não tem constituído o enfoque do trabalho de campo.
Resenha histórica
Para benefício dos que não estão
familiarizados com as festas do Espírito Santo, passo a fazer uma resenha
histórica das Festas. O culto popular da Terceira Pessoa da Trindade nos Açores
remonta a mais quinhentos anos atrás. Na Idade Média, os franciscanos começaram
a espalhar a crença, iniciada pelo místico e teólogo Joaquim da Fiore, que
estava prestes a começar, em 1260, o Império do Espírito Santo. Este
suceder-se-ia aos Impérios do Pai e do Filho. Os leigos - tendo então
interiorizado profundamente o Evangelho -, organizar-se-iam entre si para
tomarem conta dos necessitados, presos, doentes, viúvas e órfãos. No seu
contacto com Deus dispensariam a intervenção do clero, a ser substituído por
uma Ordem dos Justos, que viria a ser a dos franciscanos.
Como se pode imaginar, esta nova
ideologia era herética e a Igreja conseguiu, com o tempo, extirpar o culto da
grande maioria dos centros europeus, apenas sobrevivendo em alguns lugares,
como nos Açores e em Portugal continental, em Tomar, ilustrado na famosa Festa
dos Tabuleiros. Falamos, bem entendido de festas tradicionais populares, já que
a Igreja católica também celebra, de outra forma, o domingo de Pentecostes,
incluindo na França, onde se encontra listado nos feriados nacionais
religiosos. Lundi de Pentecôte (50 jours après Pâques, le 13 juin en
2011).
Pentecôte
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50 jours après Pâques. Dimanche et lundi.
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Catholique : Commémore la descente du Saint Esprit sur les Apôtres.
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Em Portugal, a crença e a festa
foram adotadas pela rainha D. Isabel de Aragão, esposa de D. Dinis, que lhes
deu um cunho especial. Mandaram edificar uma igreja ao Espírito Santo na vila
de Alenquer e nela a primeira confraria do Espírito Santo (pensa-se que em
1296), denominada Império. A ele foram chamadas a nobreza e pessoas de outras
classes para o socorrerem com esmolas (Mendes, 2006). Os reis organizaram, como
primeiro ato devocional, a coroação de um dos mais pobres súbditos no dia de
Pentecostes pelo presbítero, que cantou Veni
Creator, ao coroar. O coroado foi depois levado para um festim, onde a
rainha e suas damas de honor o serviram. Este gesto real causou tamanha
impressão nos nobres que logo pediram autorização para repetirem a prática nos
seus solares. O rei não só aceitou, como permitiu que fizessem uma cópia da sua
coroa, que se passou a chamar “a coroa do Divino Espírito Santo”, símbolo que
se foi juntar àqueles que a Igreja havia consagrado: a pomba e as línguas do
fogo (Mendes, 2006).
Objetos de culto e sequência ritual das Festas no Ontário
Os símbolos
das festas do Espírito Santo nos Açores e em todos os contextos migratórios,
são a coroa e ainda o cetro, ambos encimados por pomba, e a salva para
transporte da coroa pela mulher. A bandeira ou o estandarte de damasco grená,
com a pomba em relevo no centro, é transportada/o pelo homem. Estes são os
símbolos com que nasceram e cresceram muitos milhares de açorianos e por eles
são venerados; estes, porém, são muitas vezes desconhecidos, e até mal
compreendidos, pelos continentais[i]. A
pomba na ponta do cetro e no centro da bandeira/estandarte é beijada no
decorrer do culto, ato que traz amiúde lágrimas aos olhos de quem o faz.
FOTO 1: Casal desconhecido devolve a coroa e o
estandarte à irmandade da igreja durante uma dominga
Outros marcadores cultuais das
festas são os altares ou quartos improvisados do Espírito Santo, forrados a
cetim branco, e decorados com grande criatividade a partir do mesmo repertório
limitado de elementos; e ainda os impérios, pequenas capelas desmontáveis de
madeira que albergam os símbolos do culto, aos quais por vezes se junta, como
nos altares, uma estátua de Nossa Senhora de Fátima.
FOTO 2: Altar do Espírito Santo no salão da Igreja de
Santa Maria com cesto para esmolas. Após dar a esmola, beija-se a pomba no
cetro colocado em cima do cesto
Durante o ano, as coroas das
igrejas de Toronto (3-24), e das irmandades independentes e de alguns clubes
(1-2) circulam entre as casas dos devotos, ou “irmãos”, onde ficam pelo menos
uma semana e servem de enfoque à reza do terço, onde se dedica uma divisão para
“quarto do Espírito Santo”. Aí acorrem familiares, vizinhos, amigos e irmãos,
seguindo-se uma refeição comunal. As coroas são depois devolvidas à igreja e/ou
irmandade/clube com uma esmola, ou prenda, de dinheiro. Nos seis domingos que
se seguem à Páscoa (também chamados Domingas pelos micaelenses), organizam-se
coroações na igreja que têm lugar regra geral depois da missa.
Quem vai a coroar são as pessoas
que guardaram a coroa em casa na semana que culmina com a coroação. Trata-se de
devotos que fazem ou pagam promessas. Outra maneira de angariar fundos para as
Grandes Festas da irmandade/clube, que têm lugar depois das Domingas, no
domingo de Pentecostes ou Trindade, é através da organização de jantares com
espetáculo durante o ano. O casal mordomo para esse ano é quem se
responsabiliza pelos jantares e Festas, com ajuda dos antigos mordomos ou ainda
a comissão da irmandade, constituída por casais amigos.
Em fase preliminar das Grandes
Festas, procede-se à decoração do salão da igreja ou do clube e às compras e
preparação dos ingredientes para as Sopas (entre 250 e a mais de 1.000 são
servidas ao público gratuitamente em Toronto) e para as Pensões compradas pelos
irmãos (entre 120 a 1.200): carne, vinho, pão e massa sovada. Segue-se a fase
intensiva das Festas que começa com a reza do terço na igreja, ou no salão
desta, e a distribuição das Pensões.
FOTO 3: Pensões do Espírito Santo aguardam a entrega
aos irmãos no salão da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Vê-se o pão, a massa
sovada e o vinho. Na altura da entrega, junta-se o tabuleiro da carne. Ao fundo,
o altar do Espírito Santo iluminado pelo M de Maria.
A Festa culmina no domingo de
Pentecostes ou Trindade com uma missa seguida da coroação de grupo das
Domingas, ou só do mordomo e sua família, seguida de procissão com banda
filarmónica. Servem-se depois as Sopas, no salão ou mais raramente, no parque
de estacionamento da igreja ou escola, altura em que os comensais poderão
contribuir com mais uma esmola. Faz-se depois o arraial com variedades,
quermesse (chamado “bazar”) e outras diversões. Segue-se, enfim, o sorteio dos
nomes para as Domingas do ano seguinte e a eleição do mordomo, já tarde,
invariavelmente depois das 21 ou 22h.
FOTO 4: Coroação numa das igrejas com irmandade
O dinheiro angariado, no valor de
milhares, ou dezenas de milhares de dólares, é entregue ao padre para a
diocese, ficando amiúde uma percentagem para a irmandade. Se esta não se
encontra situada numa igreja, ou seja, se é independente ou funciona num clube,
o dinheiro angariado reverte para a instituição e não para a igreja. Esta
prática levou a diocese a proibir as coroações na igreja para estas irmandades,
sobretudo se aí se pratica a venda de Pensões, em contravenção com o que se
praticava nas Ilhas, em que as Festas eram de leigos para leigos.
Por vezes existe um presidente
laico da irmandade contudo, segundo os estatutos da arquidiocese de Toronto
(1999), o presidente deverá ser o padre, o que constitui outra forte
contradição com os padrões tradicionais das Festas do Espírito Santos, onde as
irmandades são independentes da Igreja e os padres só são chamados para benzer
e para coroar.
FOTO 5: Procissão do Espírito Santo, que segue a
coroação e antecede as Sopas
Divisão de tarefas
entre homem e mulher
Em Toronto, é portanto nas
igrejas onde se encontra a maioria das irmandades do Espírito Santo (ES), por
uma razão de conveniência, dado que as igrejas têm salões equipados de cozinhas
e palcos – que se podem converter em altares do Espírito Santo – e a missa da
coroação constitui um elemento essencial das Festas. É costume a mordomia e as
comissões serem constituídas na base dos casais e, se por acaso um mordomo
solteiro for eleito, espera-se que ele assuma a mordomia com a mãe. O
envolvimento do casal é o caso da maioria das irmandades do Ontário, embora nos
estatutos sobre as irmandades da arquidiocese seja feita apenas referência ao
Mordomo, sem alusão a casais.
Um autor (Mendes), falando das
Festas atuais na ilha Terceira, onde as irmandades são independentes da igreja,
diz-nos o seguinte sobre o desempenho dos papéis segundo o género:
“A
comensalidade está muito reservada aos varões, sobretudo no que se passa à
volta da “despensa” ou da casa do Império; o processo de iniciação dá-se no
masculino: são os foliões, os mordomos, os criadores, os cantores e os irmãos.
As mulheres, que podem ser irmãs, pagam as “pautas”, fazem as limpezas, as
decorações, cuidam da cozinha e retiram-se: serão convidadas para a “função” e
estarão juntas no arraial, alumiações e arrematações.” (2006: p. 63)
Embora as irmãs luso-canadianas
se encontrem mais intimamente envolvidas a todos os níveis, este quadro ainda
se aplica no que diz respeito à divisão de tarefas segundo o sexo. Em Toronto,
esta é ainda bem delineada mas algo fluida, como é o caso de servir as sopas e
de fazer as compras. Assim, as mulheres têm um papel particularmente ativo nas
rezas em casa; nas Festas distinguem-se na decoração dos altares do ES e na
cozinha, onde são consideradas indispensáveis; são elas ainda elementos
importantes na organização da quermesse, onde as tarefas constam em recolher ou
comprar presentes, numerá-los e enrolar as rifas para venda.
Elas podem ou não ser chamadas
mordomas, geralmente assumindo a mordomia com os maridos, mas é muito raro
usarem a faixa de mordomo, a tiracolo. São os homens que desempenham este papel
público, nas ocasiões necessárias. Observei que ainda se fala de Mordomo no
singular, atribuindo ao homem o papel de liderança tácita.
Os homens fazem a carpintaria,
tratam das questões da matança do gado, quando é ofertado pelos chamados
criadores, e ainda do corte ou compras das carnes e do vinho, distribuem as
Pensões, servem à mesa e fazem as arrematações, ou leilões de prendas
oferecidas por irmãos e simpatizantes da irmandade ou ainda, por casas
comerciais. Contudo, tanto mulheres como homens desfilam na procissão,
recorrendo algumas irmandades à prática de contratar uma cozinheira para
assumir a responsabilidade das Sopas, de maneira a libertar as senhoras para as
Grandes Festas, onde o traje formal é de rigor.
Várias mulheres assumem
discretamente o papel de liderança nas tarefas e até na mordomia, pois é
reconhecido terem tanto ou mais sentido de organização, responsabilidade e
orientação do que os maridos. Algumas disseram-me que têm que lembrar aos
homens as diversas tarefas que os esperam, acaso se esqueçam, por isso na
realidade “women are in charge”,
ponto de vista avançado por mulheres de primeira, mas sobretudo de segunda
geração. Como nos explica Giles (2002), às mulheres portuguesas de primeira
geração cabe a reconstituição do lar e da cultura familiar no país de
acolhimento, com a conivência do Estado canadiano que lhes franqueou a entrada
como dependentes económicas. Enquanto as mulheres de segunda geração, ou seja,
aquelas que nasceram no Canadá, ou emigraram antes da idade escolar, têm a
tendência para resistir às relações tradicionais entre sexos, esperando
partilha ou ajuda nas tarefas domésticas.
Nas irmandades onde os irmãos são
menos instruídos, mais idosos e tradicionais, diz-se no entanto, abertamente:
“precisamos é de mulheres na cozinha”. Nas palavras de uma senhora de primeira
geração:
No Espírito Santo, são mais os
homens que dão as opiniões, mas nós somos fortes para o trabalho, somos unidas,
não acho bem; devia envolver-se mais as senhoras nas opiniões, pois se estão lá
para trabalhar também deviam ter o direito de as dar. Nós falamos muito a
respeito disso.
Outras entrevistas dão-nos uma visão diferente, ou seja,
que, nos últimos vinte anos, as coisas têm mudado: algumas das tarefas já não
são exclusivamente atribuídas a um ou outro sexo, verificando-se uma maior
diversificação do trabalho voluntário feminino, e partilha-se a opinião de que,
seja como for, “tem que haver o consentimento da mulher”. Efetivamente, segundo
elas e o que pudemos observar, a tendência é cada vez mais as opiniões das
mulheres serem solicitadas, assumirem tarefas que lhes eram vedadas e de
repartir com elas, e de maneira pública, o cargo da mordomia. Nas palavras de
uma das senhoras de segunda geração, ecoam as do autor supracitado, que se nos
anos setenta as mulheres eram “convidadas”, como na ilha de origem; a partir do
fim dos anos oitenta são solicitadas a contribuir a todos os níveis.
Conclusão
Nas irmandades, o discurso nunca
foi de complementaridade de tarefas e de papéis, mas tem vindo a assumir essa
forma nos últimos vinte anos, graças aos ditames da imigração - que resulta num
maior esbatimento dos papéis tradicionais -, e ao maior envolvimento da segunda
geração nas irmandades e nas Festas do Espírito Santo, embora esse envolvimento
seja bastante limitado.
A pesquisa sobre as Festas do
Espírito Santo continuará em 2011, 2012 e 2013 estou certa que, durante o
trabalho de campo que se aproxima, poderei continuar a averiguar como se
manifesta a participação dos sexos e das gerações, em todas as áreas das
Festas. Estas são um meio de afirmar a fé, de desenvolver as sociabilidades dos
açor-canadianos e de reforçar a identidade étnica do povo açoriano na diáspora,
sobretudo para a primeira geração. Poderei então chegar a conclusões bastante
melhor cimentadas e completas sobre o tópico que aqui tentei abordar de maneira
preliminar.
Nota: esta comunicação foi
apresentada no âmbito do V Colóquio Internacional
Les femmes portugaises dans la Diaspora : en France et dans le monde/ A vez e a voz da Mulher Portuguesa em França e
Outros Lugares, que teve lugar na Université Paris Ouest, Nanterre La
Défense, Nanterre a 11,
12 e 13 maio de 2011.
Bibliografia
Giles,
Wenona. Portuguese Women in Toronto. Gender, Immigration, and Nationalism.
Toronto, University of Toronto Press. 2002
Januário,
Ilda. As Festas do Espírito Santo no Ontário, Canadá. The Holy Ghost Festas. A Historic Perspective
of the Portuguese in California. CD published by Portuguese Heritage
Publications of California, Inc., Special Edition on the Occasion of the IV
International Conference on the Holy Spirit. California, June 24-27.
2010
Leal, João. As Festas do Espírito Santo nos Açores,
Um Estudo de Antropologia Social. Lisboa, Publicações Dom
Quixote. 1994
Leal, João. “Traditions
Locales et Émigration: les Fêtes du Saint-Esprit aux Açores”, Ethnologie Française XXX (1). 2000, 51-60.
Mendes, Hélder Fonseca. Do Espírito Santo à
Trindade. Um programa social de cristianismo inculturado.
Porto, Universidade
Católica Portuguesa. 2006.
Resumé
Le rôle des femmes luso-canadiennes dans les Fêtes
du Saint-Esprit
Environ 360.000 personnes d’origine portugaise habitent le Canada, dont le
80% sont issues des Açores où les Fêtes du Saint-Esprit constituent une
tradition très ancrée dans la culture populaire religieuse. Les immigré(e)s
s’empressent à reconstituer ces fêtes dans la diaspora, pour des raisons
religieuses et sociales.
Dans le cadre d’une recherche anthropologique initiée en 2008, on a calculé
que le nombre de fêtes au Canada s’élève à presque une centaine, dont environ
60 ont lieu en Ontario, avec la participation de milliers de bénévoles.
Ayant déjà participé dans une recherche approfondie en Ontario, je me
propose documenter le rôle des femmes dans l’organisation et célébration de ces
Fêtes qui s’appuient sur le travail des couples bénévoles. À travers
d’interviews avec quelques un(e)s de ces femmes et hommes déjà identifié(e)s,
je tâcherai d’analyser le rôle que jouent ces femmes dans les Fêtes.
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Resumo
O papel das
mulheres luso-canadianas nas Festas do Espírito Santo
Cerca de 360.000 pessoas de origem portuguesa habitam no Canadá,
sendo cerca de 80% delas oriundas dos Açores onde as Festas do Espírito Santo
constituem uma tradição muito enraizada na cultura popular religiosa. Os
imigrantes das ilhas tentaram de reconstituir a tradição das festas na diáspora
por razões religiosas e sociais.
Dentro do âmbito de uma pesquisa
antropológica iniciada em 2008, calcula-se que o número de Festas se eleve a
quase uma centena, cerca de 60 no Ontário, com a participação de milhares de
voluntários.
Tendo já participado numa
pesquisa aprofundada no Ontário, proponho-me documentar o papel das mulheres na
elaboração e celebração das Festas que se apoiam no trabalho voluntário de
casais. Mediante entrevistas com homens e mulheres já identificados na
pesquisa, tentarei analisar o papel que desempenham as mulheres nas Festas.
Biografia
Ilda Januário é Mestre
em Antropologia Cultural pela Universidade de Montreal. Encontra-se atualmente
reformada do OISE/ Universidade de Toronto, onde trabalhou como Senior Research Officer até 2008.
Integra desde então o projeto de pesquisa do Centro em Rede de Investigação em
Antropologia (CRIA) do Departamento de Antropologia da Universidade Nova de
Lisboa. O projeto “Ritual, Transnacionalidade, Etnicidade: Um Estudo
Comparativo”é dirigido pelo Prof. Dr. João Leal.
[i] Uma
paroquiana continental em Vancouver referiu-se à coroa como “uma brincadeira”,
pois ignorava por completo a origem continental do símbolo.
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