quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Leonor FONSECA em Genebra


As Mulheres Portuguesas na Política.

As mulheres na política ensombram todos os que temem a perca de poder. Sim, é tudo uma questão de Poder.
Durante décadas foi útil subtrair à mulher o acesso aos estudos, ao conhecimento, à vida, ao mundo, não porque sofresse qualquer disfunção genética que lhe tivesse subtraído a capacidade de
pensar, discernir, contestar, argumentar e aduzir mas porque bem sabiam que uma mulher inteligente poderia representar uma ameaça ao dito poder.
Pouco astutos, diria eu! Sim, porque uma “mulher pensante” pode e deve ser uma entre os seus pares, mas ao invés, é olhada de soslaio! Por eles – Homens – que a sentem como uma ameaça – e
por elas – Mulheres – que pensam como eles!
 A igualdade de poder e a participação cívica, seja na vida pública ou privada é assunto de um
passado recente, não muito longe dos dias de hoje.
E infelizmente o mundo – deste séc. XXI - continua repleto de mulheres para quem os direitos
básicos, como sejam o acesso à saúde, educação, são simplesmente uma miragem.
(…) Mesmo a Primeira República que poderia ter dado a oportunidade às mulheres de exercerem o seu direito de voto, traiu- as. Mas foi também nessa altura, apesar da traição legislativa, que uma
Grande Mulher fez ouvir a sua voz, lutando pelos direitos de todas nós. Carolina Beatriz Ângelo invoca a sua qualidade de chefe de família porquanto era viúva e mãe e recorre às vias judiciais a fim de que lhe seja concedido o justo direito de exercer o seu voto.
E ganha. Tendo sido a primeira mulher a votar em Portugal!
Mas outras sufragistas se lhe seguiram, Ana de Castro Osório, Elina
Guimarães e outras.(…)
Abril, de 1974, tudo parecia mudar.
Com a liberdade a sensação de que a discriminação em função do
género seria coisa do passado, o que não veio a acontecer.
Continuam a ser os homens a ocupar os lugares de topo.
Raramente aparecem mulheres como cabeças de lista nas
formações político-partidárias e quando aparecem ocupam lugares
não elegíveis.
A excepção ficará para sempre na história do Portugal recente:
Engª. Maria de Lourdes Pintassilgo que durante o ano de 1979
ocupou o cargo de Primeiro-Ministro, tendo criado a
“Comissão da Condição Feminina”.
(…) A lei da paridade foi por isso e apesar de tudo uma vitória. (…)
O Parlamento Português tem 230 deputados.
Apenas 57 são Mulheres. Inaceitável e mesmo assim, fruto da lei da
paridade.
Quantas vezes as quotas não camuflam lugares reservados
àqueles homens?!
Quantas vezes as mulheres apesar de exercerem funções públicas
não são ostracizadas,
humilhadas, relegadas de forma exímia para 5º plano porque têm a
coragem de não calar o
que lhe vai na alma?!. De expressarem livremente as suas opiniões
nem sempre condizentes
com o politicamente correcto. As mulheres portuguesas na política
são ainda e só aquilo que
alguns homens querem.
Uma secção delimitada pela via legal, uma quota. Assim não!
Mantem-se a injustiça numa sociedade em que leis designadas
paritárias camuflam a sorte de
cada uma de nós.
Pelo que a luta pode e deve continuar. Está muito por fazer.(…)
Leonor Lêdo da Fonseca
Vereadora da Câmara Municipal de Espinho.

Sobre as Academias da Espetada

Maracay, Venezuela, 11 ago (Lusa) - As Academias da Espetada, organizações sem fins lucrativos, promovidas por mulheres de origem portuguesa na Venezuela, querem mudar paradigmas que afetam a comunidade, como o negativismo, a baixa autoestima e a pouca dedicação à família.
"São paradigmas, essas tradições e esses 'nãos' [perspetivas negativas] que o 'nosso' português tem na cabeça. É uma coisa que trazemos de meninos, os medos que os nossos pais nos transferiram e que estamos a carregar, uma dessas coisas da nossa comunidade que sentimos que devemos mudar", disse à agência Lusa Ana Maria de Abreu, presidente da Academia da Espetada de Maracay, a "academia mãe" - a primeira - das quatro existentes no país.
As Academias da Espetada são organizações sem fins lucrativos, que apoiam programas de apoio à comunidade portuguesa, em particular a mulheres, crianças e adolescentes.
Ana Maria de Abreu falava à margem do 2.º Congresso das Academias da Espetada, que se realizou em Maracay, cidade a 110 quilómetros a oeste da capital venezuelana, no qual participaram meia centena de mulheres, assinalando a abertura das comemorações do 10.º aniversário da fundação da Academia da Espetada Mãe, de Maracay.
"O dia-a-dia está contaminado com problemas na nossa vida, dos nossos trabalhos, dos negócios e da família", disse Ana Maria de Abreu. O emigrante português, na Venezuela, "com aquela necessidade que tinha de melhorar" as condições de vida para si e para a família que ficou em Portugal, "teve de se dedicar cem por cento ao trabalho e são poucos os que têm meditado e mudado o seu pensamento", disse.
Para a presidente da Academia de Maracay, é importante que os portugueses equilibrem o tempo e o trabalho e a convivência familiar, "que aprendam a querer-se a si mesmos", que arranjem "tempo para si, para desfrutar [a família, a vida] e para a sua saúde, porque só quando estão doentes é que vão ao médico".
O congresso reuniu representantes das academias da Espetada de Maracay, Caracas, Barquisimeto e Guayana, e debateu questões relacionadas com emigrantes portugueses carenciados, na Venezuela.
A Academia da Espetada Mãe - a Academia de Maracay - surgiu há 10 anos, devido à "necessidade de ter um espaço para a mulher", lembrou Ana Maria de Abreu. A Academia realiza tertúlias mensais, de caráter social e cultural, dedicando uma atenção particular a obras de beneficência - um conjunto de "atividades que são muitos importantes", frisou Ana Maria de Abreu.
No caso de Maracay, a Academia mobiliza de 100 a 120 mulheres, numa base regular, entre 800 colaboradoras, que mantêm uma atividade mais pontual.


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

VI CONGRESSO " A VOZ DOS AVÓS" - UA, LISBOA 5 a 7 de dezembro

No congresso, estarão presentes, na qualidade de oradoras, várias associadas  da AMM

Para informação, consultar o site


https://eventos.uab.pt/avozdosavos2019/ 

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

AIDA BAPTISTA - O UNIVERSO DA AMM

O UNIVERSO DA AMM

Com o objetivo de se poder ter um conhecimento mais aprofundado do universo dos
associados (homens e mulheres) da AMM, foi decidido em reunião da AG dedicar o
Boletim nº 3 a narrativas de vida na primeira pessoa, em que a história de cada um
ganhasse uma dimensão social e cívica, nem sempre traduzidas num mero CV
académico ou profissional.
Para o efeito, e nesses moldes, Arcelina Santiago encarregou-se de pedir aos associados
um registo do seu percurso de vida, acompanhado de uma breve nota curricular e das
respostas a duas questõs previamente formuladas.
Associados houve que, em tempo recorde, satisfizeram os requisitos propostos. Outros,
por imperativo das suas tão preenchidas agendas pessoais e profissionais, levaram mais
tempo a fazê-lo, havendo ainda quem não tenha conseguido cumprir o solicitado.
Outros, ainda, enviaram-nos incompletos.
Sendo intenção desta direção, dar à estampa o referido boletim, antes de terminar o ano,
dele constam já algumas dessas biografias por ordem alfabética, exceto as primeiras
que, por serem das duas fundadoras, lhes foi dada a primazia.
Continuaremos a trabalhar no material recolhido, e no que ainda nos há-de chegar, para
que venha a fazer parte das futuras publicações.
Por termos dado a cada participante a possibilidade de, livremente, destacarem a
colaboração passada, mas também a de apresentarem projetos para o futuro, temos a
certeza de que, com os mais variados contributos, a nossa Associação continuará a
cumprir os objetivos fundamentais que lhe servem de pilar e justificam a sua existência.
ANTÓNIO VICTORINO D’ALMEIDA 


Nasci em Lisboa no dia 21 de Maio de 1940.
Nesse mesmo dia, a Pianista Marie-Antoinette Lévêque de Freitas Branco (mulher do Maestro Pedro de Freitas Branco) deu um concerto no Sindicato dos Músicos em Lisboa onde, entre muitas outras coisas, tocou a obra “L’Isle Joyeuse” do compositor francês Claude Debussy (1862-1918) – curiosamente ainda hoje uma das minhas peças musicais favoritas.
Sou filho do Advogado António Victorino de Almeida  e de Maria Amélia Goulart de Medeiros Victorino de Almeida, de origem açoriana (Faial), que chegou a iniciar uma curta carreira de cantora lírica, como aluna do Compositor Francisco de Lacerda (1869-1934).  
O meu avô paterno, Achilles D’Almeida, era um ótimo músico amador, além de autor teatral e encenador de vários espetáculos de teatro ligeiro. As minhas filhas mais velhas, Maria de Medeiros e Inês de Medeiros são atrizes e realizadoras cinematográficas com carreira internacional de êxito firmado, e a minha filha mais nova, Ana Victorino D’Almeida, é violinista e compositora. 
Tenho atualmente sete netos: Pedro, Júlia, Mariana, Oriana, Leonor, Francisca e Constança.  
Profissionalmente sou, antes de mais, Compositor. Claro que também sou Pianista e Improvisador. Escrevo e também me dedico às Artes do Audiovisual como Autor e Realizador de Filmes e de Programas de Televisão.
Se não tivesse sido tudo isto, gostaria de ter sido Zoólogo, como já tive ocasião de dizer numa entrevista que, em tempos, dei à Revista da Associação Mulher Migrante.
Quanto a esta Associação, que integrou e integra Grandes Mulheres que eu muito admiro, é para mim uma honra como homem e como cidadão integrá-la e, no que me for possível, podem contar comigo para continuar a defender a igualdade de género, de direitos e deveres de homens e de mulheres, mas não de sexos.
Como dizia a minha avó, apesar de tudo, subsiste ainda uma “pequena” diferença. E porque eu sou pela diferença:
- Viva a pequena diferença!

JOÃO MIGUEL AGUIAR

JOÃO MIGUEL BARROS AGUIAR PEREIRA

Nasci na Cidade do Porto, em 1965, mas foi em Gondomar que cresci, fiz a maior parte
dos meus amigos, e estudei até ao 9º ano de escolaridade. Durante o ensino secundário,
frequentei o Liceu Rainha Santa Isabel e a Escola Artística Soares dos Reis, no Porto.
Mais tarde, o cumprimento do serviço militar obrigatório, em 1986, em Abrantes, fez
esmorecer o sonho inicial da Arquitetura e estimular o interesse pelas atividades
empresariais. No entanto, o gosto pelas artes e as letras nunca desapareceu, tendo
encontrado refúgio em diversas incursões na pintura, no cinema, na literatura e na
música.

PERCURSO ACADÉMICO E PROFISSIONAL

De regresso aos estudos académicos, licenciei-me em Sociologia e concluí o Mestrado
em Ciências da Comunicação (Variante em Comunicação Política) na Faculdade de
Letras da Universidade do Porto. Mais recentemente, obtive o Doutoramento em Media
Digitais pela Universidade do Porto e pela Universidade Nova de Lisboa, em
colaboração com a Universidade do Texas, em Austin.
No âmbito do mestrado em Ciências da Comunicação, desenvolvi um projeto de
dissertação com o título “O Facebook e a Comunicação Política: dos Usos e
Gratificações à Análise de Redes”, o que permitiu fortalecer o meu interesse nos
processos sociais relacionados com a participação cívica e política (i.e. on-line e off-
line).
Colaborei, em 2012, como investigador, no projeto “Relational Quality, Digital
Immersion and Social Welfare”, uma parceria entre a Universidade do Porto, a
Universidade Aberta e a Universidade de Sevilha. Este projeto insere-se na “Rede
ObLID”, uma comunidade ibérica formada por investigadores e agentes locais,
vocacionada para a promoção da literacia e inclusão digital no âmbito municipal. Fui
também responsável pela produção de conteúdos multimédia no âmbito do projeto de
comunicação de ciência “Ciência 2.0”, um projeto desenvolvido na Universidade do
Porto, que visa promover um maior diálogo entre a ciência e a sociedade. Coordenei a

organização do "1st Meeting on Digital Media Research Methods (DiMe 2013)",
realizado na FEUP, em 24 de Maio de 2013.
Em 2013, foi-me concedida uma bolsa de doutoramento, através do Programa UT-
Austin | Portugal (Media Digitais), apoiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia
(FCT). O projeto de investigação aprovado envolveu também o processo de acreditação
da Universidade do Porto ao EUROSTAT, em que participei ativamente durante o ano
de 2014.
No âmbito do doutoramento em media digitais, a componente empírica do projeto de
investigação desenvolvido centrou-se na análise estatística dos micro-dados em torno
das clivagens digitais e da participação cívica e politica on-line nos diferentes países da
União Europeia, nomeadamente ao nível do acesso, da usabilidade e da experiência de
utilização dos media digitais (estes dados foram disponibilizados pelo Eurostat no
âmbito do “Eurostat's Community survey on ICT usage in Households and by
Individuals”).
Em 2018, defendi a minha tese de doutoramento em Media Digitais, que teve como
tema as "Clivagens Digitais e a Participação Cívica e Política: Que tipo de cidadania
para o século XXI?”. O programa doutoral em Media digitais é um programa conjunto
da Universidade do Porto e da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com a
Universidade do Texas em Austin.
Exerço atualmente as funções de investigador no Instituto de Sociologia da Faculdade
de Letras da Universidade do Porto, no âmbito do projeto “Harmed - O abuso de idosos:
determinantes sociais, económicas e de saúde”, uma parceria com o Instituto de Saúde
Pública da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (ISPUP), que tem como
finalidade avaliar a incidência do abuso de idosos na Cidade do Porto, e identificar os
fatores de risco de exposição a comportamentos abusivos.
Sou também membro da “Rede ObLID”, uma rede de investigação e intervenção para a
Literacia e a Inclusão Digital, que agrega uma comunidade de agentes coletivos e
individuais, e está vocacionada para a Investigação e a Intervenção no domínio da
Cidadania e da Participação Digital. Sediada na Universidade Aberta-LE@D, a Rede
ObLID é também dinamizada por investigadores da Universidade de Deusto (Espanha)
e conta com a participação de Municípios, Comunidades Intermunicipais, Associações,
Organizações não-governamentais (ONG), e outras organizações com intervenção
nestes domínios.

Ao longo dos últimos anos, tenho participado em diversas conferências e seminários no
país e no estrangeiro, publicando as comunicações aí defendidas. Tenho publicado
vários artigos em revistas científicas e colaborado em diversos projetos de investigação
e desenvolvimento (I&D).
As minhas áreas de interesse atuais relacionam-se sobretudo com os processos sociais,
com as desigualdades sociais, a sociologia da comunicação, a ciência política, as
metodologias de investigação, o uso cívico e político dos media digitais, o e-
Government, e-Society, a literacia digital e a estatística.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O MEU MODO DE VER E DE
TRABALHAR PARA OS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA AMM.
O estudo da problemática das migrações e da diáspora envolve invariavelmente um
conjunto de dimensões socioeconómicas, particularmente as que se relacionam com a
política, economia, o direito, a inclusão e participação social. Sendo assim, uma vez
reconhecido o panorama global da condição feminina nas sociedades contemporâneas,
não podemos deixar de nos preocupar com a situação das mulheres que,
independentemente dos motivos, se encontram afastadas dos seus países ou
comunidades de origem. Tal como os homens, as mulheres migrantes transportam
consigo as suas raízes e identidades socioculturais. Porém, no caso das mulheres em
particular, estas deparam-se com as desigualdades e clivagens dos países ou
comunidades de acolhimento, que as atingem mais sistematicamente. Podemos assim
dizer que se encontram mais vulneráveis a uma dupla descriminação: a de ser migrante
e a de ser mulher. Daí a importância e pertinência de movimentos cívicos como o da
Associação Mulher Migrante, nomeadamente no “Apoio à integração das mulheres na
sociedade de acolhimento e defesa dos seus direitos de participação social, económica e
política.”
O meu primeiro contacto com a Associação Mulher Migrante foi no "Encontro Mundial
de Mulheres Portuguesas da Diáspora; história, memória e devir", em 2011, quando aí
apresentei o estudo "Desigualdade de género no trabalho: Portugal e a União Europeia".
A minha participação nesse encontro foi uma excelente oportunidade para melhorar a
minha compreensão do fenómeno global das migrações e, particularmente, de partilha
de experiências de vida que muito me recompensaram.

Finalmente, este breve testemunho serve também como uma afirmação de interesse em
colaborações futuras, disponibilizando-me desde já para colaborar com todos os
membros dos órgãos sociais na concretização dos objectivos assumidos para o ano de
2019.

sábado, 26 de outubro de 2019

NOVO LIVRO SOBRE MARIA ARCHER


CÍRCULO MARIA ARCHER - A MODERNIDADE DE MARIA ARCHER - CÍRCULO MARIA ARCHER

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Lançamento do livro de Elizabet Battista MARIA ARCHER - Homenagem a RITA GOMES




A MODERNIDADE DE MARIA ARCHER

O "Círculo Maria Archer" participa, juntamente com a AMM, numa primeira jornada de homenagem à Drª Rita Gomes, neste mês de outubro,  mês do seu nascimento,  em que, todos os anos, procuraremos lembra-la, de forma especial. Faz todo o sentido associa-la à evocação de Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira, de quem era prima, com quem conviveu desde a infância, e a quem tanto admirava. Temos a certeza de que, se hoje estivesse entre nós, participaria, ativamente, com o maior entusiasmo, no lançamento deste Círculo  e, tal como outros membros da família, veria na sua expansão uma caminhada para o futuro em que as crenças e as causas, o nome e a memória de Maria Archer estarão sempre presentes.
Nos últimos anos da presidência de Rita Gomes na AMM, foram diversas as iniciativas focadas em Maria Archer. Gostaria de as recordar como acções que lhe foram, ou, se me permitem falar no plural, nos foram, especialmente gratas: uma primeira no contexto do Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas da Diáspora, em Novembro de 2011,  congresso em que pretendemos reavaliar a realidade da emigração no feminino, traçando, por um lado, as linhas de evolução de mais de um século de êxodo migratório, com significativa componente feminina, e particular enfoque numa área em que têm estado, pelo menos, tão atuantes como os homens: o domínio da Cultura e do ensino da Língua.  Maria Archer foi, então, homenageada, a par de Maria Lamas, em intervenções do Reitor Salvato Trigo, da Dr.ª Olga Archer Moreira, da Dr.ª Dina Botelho e da Prof.ª. Elisabeth Battista.
Voltou a ser figura de cartaz na comemoração do Dia Internacional da Mulher, em março de 2012, na Biblioteca José Marmelo e Silva, em Espinho, onde a principal oradora foi Olga Archer Moreira, sua sobrinha neta. O programa incluiu uma "entrevista imaginária" com a grande escritora e cidadã, representada  por jovens das Escolas da cidade, que deu ao evento um toque afetivo e pedagógico. A "entrevista imaginária" seria posteriormente encenada em diversas escolas, para levar a públicos jovens o exemplo de vida de uma grande Mulher de Letras, capaz, igualmente, de ação concreta.
Nesse ano, em Lisboa, no Teatro Nacional da Trindade, a força das suas convicções e ideais foi, novamente, saudada em sucessivas intervenções sobre o seu trajeto e a sua obra, por muitas pessoas que com ela conviveram de perto. como seu sobrinho dileto, o Prof. Fernando de Pádua,  Encerrou a sessão, prestando-lhe um vibrante tributo, o Presidente Mário Soares, símbolo da luta vitoriosa pelo Portugal em liberdade, em que ela se empenhou, de alma e coração..Os múltiplos contributos estão publicados, numa das mais belas edições da AMM, coordenada por Rita Gomes e Olga Archer Moreira. Em 2013, foi relembrada, numa apresentação das publicações da "Mulher Migrante", realizada no Palácio das Necessidades e, em 2014, a Associação organizou, juntamente com a Fundação Prof. Fernando de Pádua, um colóquio, a anteceder o lançamento da publicação de Elisabeth Battista ."O legado de uma escritora viajante". E tem permanecido, nos últimos anos na agenda da "Mulher Migrante" -  no Dia Internacional da Mulher, nos colóquios de Monção, (com  repetidas encenações da "Entrevista Imaginária", sempre protagonizadas por estudantes das Escolas locais), no Dia da Comunidade Luso-brasileira, desde 2017, tendo este ano sido o Círculo Maria Archer apresentado formalmente, no âmbito dessas comemorações.
Hoje, para o lançamento do último livro de Elisabeth Battista "Sem o direito de voltar a casa" Maria Archer - uma jornalista portuguesa no exílio", estamos  reunidos, na esplêndida da Casa da Beira Alta, nossa muito acolhedora anfitriã, na pessoa do seu presidente, Dr. Afonso Costa. É uma segunda  parceria da AMM e do “Círculo”, que, esperamos, se repita muitas vezes, na prossecução dos objetivos comuns, em torno da personalidade inspiradora de Maria Archer, cuja vasta e multifacetada obra convida a estudo e a debate e cujo exemplo de inconformismo convoca à militância cidadã.
Temos, entre nós, e devemos sublinhar o facto, a maior especialista no se percurso literário, a Professora Doutora Elisabeth Battista, que todos queremos ouvir, quanto antes, pelo que direi ,agora, apenas umas breves palavras. Primeiramente, para lhe agradecer a esplêndida oportunidade que oferece ao Circulo Maria Archer de dar o melhor dos  inícios a um roteiro de reflexão e debate, ao escolhe-lo, para organizar, no Porto, a divulgação de mais um notável trabalho científico sobre a insigne Autora, nomeadamente sobre o seu trilho jornalística no exílio brasileiro, que, ao contrário dos livros, (ainda que na quase totalidade esgotados) é praticamente desconhecido. A esse agradecimento juntamos um convite, que, sabemos, será aceite, para se tornar associada do Círculo, alargando o seu espaço às fronteiras do Brasil.
Limitar-me-ei, pois, a sumariar as principais razões que nos levam a fazer de Maria Archer uma companheira de jornadas, de diálogos sobre as temáticas de género, de valorização da vivência democrática, de defesa da Igualdade e aproximação dos povos, muito em particular os do universo da lusofonia. e suas Diásporas.
Da Diáspora Portuguesa e do mundo plural da Lusofonia ela é um nome maior, como intelectual, jornalista e romancista, e como precursora na observação e registo, em preciosos textos, sobre os usos e costumes das gentes com as quais, por largas décadas, tanto gostou de  conviver,  em Moçambique, na Guiné-Bissau, em Angola, (nos anos de juventude acompanhando os pais e, depois, o marido), e, já sexagenária, no solitário exílio brasileiro de mais de duas décadas. Mulher de imensa cultura e inteligência, sempre atenta ao que acontecia em seu redor, fora como dentro do próprio país, com inteira compreensão das pessoas, dos ambientes, dos meios sociais, traduziu a experiência vivida em inúmeros escritos de incomensurável valor literário e de enorme interesse etnológico, sociológico e político. Assim se converteu em testemunha rara, em memória crítica de um tempo português, opressivo e cinzento, pautado por preconceitos e discriminações, por regras de jogo viciadas, que ela pôs a nu, frontalmente, sem contemplações. e sem temor.  Ninguém, como ela, retratou o quotidiano desse Portugal do "Estado Novo", estagnado e anacrónico, avesso a qualquer forma de progresso social, em que as mulheres, em particular, se encontravam dominadas pela força das leis, pelo cerco das mentalidades, pela censura dos costumes, depois de terem sido deformadas pela educação, pela entronização rígida dos papéis de género dentro da famílias, numa sociedade fechada ao curso da História, que ia acontecendo na Europa e por esse mundo fora.
A mais feminista das escritoras portuguesas, nascida no último ano de oitocentos, era demasiado jovem para poder ter feito parte dos movimentos revolucionários e feministas do princípio do século XX, mas viria a ser uma das poucas  que, no período de declínio desses movimentos (com o desaparecimento de uma geração memorável), prosseguiu a seu jeito, incessante e solitariamente, a mesma luta  contra o obscurantismo, que condenava a metade feminina de Portugal à subserviência, ao enclausuramento doméstico e à incultura... A escrita foi  para ela uma arma de combate  político. Segundo Artur Portela, "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo rasante".  Mulher livre num país ainda sem liberdade, pagou pela coragem de ser assim um preço muito alto .Viu os seus livros, que atingiam, recordes de popularidade e de vendas,  apreendidos, os jornais onde trabalhava ameaçados de encerramento. Foi obrigada a partir, mas a sanha vingativa da Ditadura não se satisfez com o seu  desterro - ela foi "deliberadamente apagada da História", como escreve Maria Teresa Horta no prefácio da reedição de "Ela era apenas Mulher".
O Circulo Maria Archer surge, em pleno século XXI, para combater esse acto persecutório, consumado há décadas, Tem por assumida finalidade recolocar o  nome de Maria Archer no lugar vazio que é seu na história da nossa Literatura e do feminismo português, e, também, na história  do pioneirismo na construção de pontes entre as culturas lusófonas.  
Revisitar a obra desta Mulher de Letras, através da divulgação e do debate dos seus escritos, visa desocultar o passado, lançar luz sobre a realidade insuficientemente analisada e realçada da sociedade portuguesa de 40 e 50, e  fazer futuro com a modernidade do seu pensamento e das prioridades da sua luta cívica e cultural.
 O Circulo pretende, afinal, sobretudo,   assegurar uma segunda vida a Maria Archer, projecto perfeitamente possível,   porque, como dizia Pascoaes, existir não é pensar, é ser lembrado".
Neste projeto todos os  presentes estão convidados a participar!

Maria Manuela Aguiar
(Circulo Maria Archer e AMM)

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Circulo Maria Archer/ AMM Lançamento do livro de Maria Archer

A MODERNIDADE DE MARIA ARCHER

O "Círculo Maria Archer" participa, juntamente com a AMM, numa primeira jornada de homenagem à Drª Rita Gomes, neste mês de outubro,  mês do seu nascimento,  em que, todos os anos, procuraremos lembra-la, de forma especial. Faz todo o sentido associa-la à evocação de Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira, de quem era prima, com quem conviveu desde a infância, e a quem tanto admirava. Temos a certeza de que, se hoje estivesse entre nós, participaria, ativamente, com o maior entusiasmo, no lançamento deste Círculo  e, tal como outros membros da família, veria na sua expansão uma caminhada para o futuro em que as crenças e as causas, o nome e a memória de Maria Archer estarão sempre presentes.
Nos últimos anos da presidência de Rita Gomes na AMM, foram diversas as iniciativas focadas em Maria Archer. Gostaria de as recordar como acções que lhe foram, ou, se me permitem falar no plural, nos foram, especialmente gratas: uma primeira no contexto do Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas da Diáspora, em Novembro de 2011, congresso em que pretendemos reavaliar a realidade da emigração no feminino, traçando, por um lado, as linhas de evolução de mais de um século de êxodo migratório, com significativa componente feminina, e particular enfoque numa área em que têm estado, pelo menos, tão atuantes como os homens: o domínio da Cultura e do ensino da Língua. Maria Archer foi, então, homenageada, a par de Maria Lamas, em intervenções do Reitor Salvato Trigo, da Drª Olga Archer Moreira, da Drª Dina Botelho e da Profª Elisabeth Battista.
Voltou a ser figura de cartaz na comemoração do Dia Internacional da Mulher, em março de 2012, na Biblioteca José Marmelo e Silva, em Espinho, onde a principal oradora foi Olga Archer Moreira, sua sobrinha neta. O programa incluiu uma "entrevista imaginária" com a grande escritora e cidadã, representada  por jovens das Escolas da cidade, que deu ao evento um toque afetivo e pedagógico. A "entrevista imaginária" seria posteriormente encenada em diversas escolas, para levar a públicos jovens o exemplo de vida de uma grande Mulher de Letras, capaz, igualmente, de ação concreta..
Nesse ano, em Lisboa, no Teatro Nacional da Trindade, a força das suas convicções e ideais foi, novamente, saudada em sucessivas intervenções sobre o seu trajeto e a sua obra, por muitas pessoas que com ela conviveram de perto. como seu sobrinho dileto, o Prof Fernando de Pádua,  Encerrou a sessão, prestando-lhe um vibrante tributo, o Presidente Mário Soares, símbolo da luta vitoriosa pelo Portugal em liberdade, em que ela se empenhou, de alma e coração..Os múltiplos contributos estão publicados, numa das mais belas edições da AMM, coordenada por Rita Gomes e Olga Archer Moreira. Em 2013, foi relembrada, numa apresentação das publicações da "Mulher Migrante", realizada no Palácio das Necessidades e, em 2014, a Associação organizou, juntamente com a Fundação Prof Fernando de Pàdua, um colóquio, a anteceder o lançamento da publicação de Elisabeth Battista ."O legado de uma escritora viajante". E tem permanecido, nos últimos anos na agenda da "Mulher Migrante" -  no Dia Internacional da Mulher, nos colóquios de Monção, (com  repetidas encenações da "Entrevista Imaginária", sempre protagonizadas por estudantes das Escolas locais), no Dia da Comunidade Luso-brasileira, desde 2017, tendo este ano sido o Círculo Maria Archer apresentado formalmente, no âmbito dessas comemorações.
Hoje, para o lançamento do último livro de Elisabeth Battista "Sem o direito de voltar a casa" Maria Archer - uma jornalista portuguesa no exílio". estamos  reunidos, na esplêndida da Casa da Beira Alta, nossa muito acolhedora anfitriã, na pessoa do seu presidente, Dr Afonso Costa. É uma segunda  parceria da AMM e do Círculo,. que, esperamos, se repita muitas vezes, na prossecução dos objetivos comuns, em torno da personalidade inspiradora de Maria Archer, cuja vasta e multifacetada obra convida a estudo e a debate e cujo exemplo de inconformismo convoca à militância cidadã..
Temos, entre nós, e devemos sublinhar o facto, a maior especialista no se percurso literário, a Professora Doutora Elisabeth Battista, que todos queremos ouvir, quanto antes, pelo que direi ,agora, apenas umas breves palavras. Primeiramente, para lhe agradecer a esplêndida oportunidade que oferece ao Circulo Maria Archer de dar o melhor dos  inícios a um roteiro de reflexão e debate, ao escolhe-lo. para organizar, no Porto, a divulgação de mais um notável trabalho científico sobre a insigne Autora, nomeadamente sobre o seu trajeto jornalístico no exílio brasileiro, que, ao contrário dos livros, (ainda que na quase totalidade esgotados) é praticamente desconhecido. A esse agradecimento juntamos um convite, que, sabemos, será aceite, para se tornar associada do Círculo, alargando o seu espaço às fronteiras do Brasil.
Limitar-me-si, pois, a sumariar as principais razões que nos levam a fazer de Maria Archer uma companheira de jornadas, de diálogos sobre as temáticas de género, de valorização da vivência democrática, de defesa da Igualdade e aproximação dos povos, muito em particular os do universo da lusofonia. e suas Diásporas.
Da Diáspora Portuguesa e do mundo plural da Lusofonia ela é um nome maior, como intelectual, jornalista e romancista, e como precursora na observação e registo, em preciosos textos, sobre os usos e costumes das gentes com as quais, por largas décadas, tanto gostou de  conviver, em Moçambique, na Guiné-Bissau, em Angola, (onde passou muito anos de juventude acompanhando os pais e, depois, o marido), e, já sexagenária,  no exílio brasileiro de mais de duas décadas. Mulher de imensa cultura e inteligência, sempre atenta ao que acontecia em seu redor, fora como dentro do próprio país, com inteira compreensão das pessoas, dos ambientes, dos meios sociais,  traduziu a experiência vivida em inúmeros escritos de incomensurável valor literário e de enorme interesse etnológico, sociológico e político. Assim se converteu em testemunha rara, em memória crítica de um tempo português, opressivo e cinzento, pautado por preconceitos e discriminações, por regras de jogo viciadas, que ela pôs a nu, frontalmente, sem contemplações. e sem temor.  Ninguém, como ela, retratou o quotidiano desse Portugal do "Estado Novo", estagnado e anacrónico, avesso a qualquer forma de progresso social, em que as mulheres, em particular, se encontravam dominadas pela força das leis, pelo cerco das mentalidades, pela censura dos costumes, depois de terem sido deformadas pela educação, pela entronização rígida dos papéis de género dentro da famílias, numa sociedade fechada ao curso da História, que ia acontecendo na Europa e por esse mundo fora.
A mais feminista das escritoras portuguesas, nascida no último ano de oitocentos, era demasiado jovem para poder ter feito parte dos movimentos revolucionários e feministas do princípio do século XX, mas viria a ser uma das poucas  que, no período de declínio desses movimentos (com o desaparecimento de uma geração memorável), prosseguiu a seu jeito, incessante e solitariamente, a mesma luta  contra o obscurantismo, que condenava a metade feminina de Portugal à subserviência, ao enclausuramento doméstico e à incultura... A escrita foi  para ela uma arma de combate  político. Segundo Artur Portela, "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo rasante".  Mulher livre num país ainda sem liberdade, pagou pela coragem de ser assim um preço muito alto ..Viu os seus.livros, que atingiam, recordes de popularidade e de vendas, apreendidos, os jornais onde trabalhava ameaçados de encerramento. Foi obrigada a partir, mas a sanha vingativa da Ditadura não se satisfez com o seu  desterro - ela foi "deliberadamente apagada da História", como escreve Maria Teresa Horta no prefácio da reedição de "Ela era apenas Mulher".
O Circulo Maria Archer surge, em pleno século XXI, para combater esse acto persecutório, consumado há décadas, Tem por assumida finalidade recolocar o  nome de Maria Archer no lugar vazio que é seu na história da nossa Literatura e do feminismo português, e, também, na história  do pioneirismo na construção de pontes entre as culturas lusófonas. 
Revisitar a obra desta Mulher de Letras, através da divulgação e do debate dos seus escritos, visa desocultar o passado, lançar luz sobre a realidade insuficientemente analisada e realçada da sociedade portuguesa de 40 e 50, e  fazer futuro com a modernidade do seu pensamento e das prioridades da sua luta cívica e cultural.
 O Circulo pretende, afinal, sobretudo,  assegurar uma segunda vida a Maria Archer, projecto perfeitamente possível,  porque, como dizia Pascoaes, "existir não é pensar, é ser lembrado". Nele todos os  presentes estão convidados a participar!
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domingo, 20 de outubro de 2019



Casa da Beira Alta
Porto, 11 de Outubro de 2019


A AMM, HSTÓRIA E FUTURO
uma homenagem à Dra. Rita Gomes


Maria da Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática aposentada da Universidade do Porto
Presidente da Direção da Associação Mulher Migrante


INTRODUÇÃO


Não é uma frase de circunstância, mas a expressão de um sentimento verdadeiro, dizer a honra e satisfação de estar aqui hoje nesta emblemática Casa da Beira Alta, que nos abriu as portas para mais uma organização da Associação Mulher Migrante e que em nome pessoal, dos órgãos sociais, dos associados e associadas agradecemos reconhecidamente, para a apresentação do livro da Professora Elisabeth Battista intitulado Maria Archer – uma jornalista portuguesa no exílio .


A Prof. Doutora Elisabeth Battista, que tem participado em algumas das nossas organizações (Congressos Mundiais e Encontros), é Licenciada em Letras pela Universidade do Estado de Mato Grosso, onde atualmente  é docente permanente (aposentada) nos programas de Pós-Graduação, Mestrado e Doutoramento em Estudos Literários, tendo realizado o seu Mestrado e Doutoramento na Universidade de São Paulo. Fez Pós-Doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro. 


À autora, também o nosso agradecimento sentido pela honra que nos dá para nos proporcionar este momento: dar a conhecer tão importante obra literária dedicada a esta grande escritora humanista, feminista, lusófona, que é Maria Archer. 


Gostaria de aproveitar  esta sessão para prestar homenagem àquela que durante muitos anos presidiu à direção da Associação Mulher Migrante e em vários mandatos, que nos deixou no ano passado, a Dra. Rita Gomes, grande responsável pelo percurso brilhante que tem marcado a nossa associação.



Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade (AMM), é  também  designada Associação Mulher Migrante (AMM).


Foi constituída em 1993 e destaca-se por ser uma Associação defensora dos direitos de todas as mulheres portuguesas ou estrangeiras, dentro e fora de fronteiras, no domínio das migrações, da luta pelos direitos humanos e pelos direitos das mulheres.


Esta Associação teve um papel singular por preencher uma lacuna no acompanhamento da situação das emigrantes portugueses, sobretudo depois do 1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo, que a Secretaria de Estado da Emigração realizou em Viana do Castelo, em 1985. Um Encontro que constituiu uma espécie de "Conselho das Comunidades no feminino" e foi o primeiro passo de uma política para a igualdade. Tratou-se  de um acontecimento memorável, por ter ultrapassado, em qualidade de reflexão e debate, as expetativas mais positivas e também, por ter consubstanciado o nascimento das políticas de género para a emigração, que contudo só viriam a ser desenvolvidas, sistematicamente, duas décadas depois.


Em 1993, algumas das participantes e das organizadoras do mítico "Encontro de Viana", decidiram instituir a AMM, uma ONG destinada a colocar na ordem do dia as questões da emigração feminina e a repensar o papel das mulheres na Diáspora.


Considerando a divisa da AMM - Não há estrangeiros numa sociedade que vive os direitos humanos – foi determinada a nossa Missão: contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que cada ser humano se possa realizar inteiramente - estrangeiros, mulheres, que sem direitos iguais, são como que estrangeiras no seu próprio país. 


Uma Missão expressa num conjunto de objetivos desde logo definidos nos seus estatutos:
 . Contribuir para a existência de políticas do género dentro e fora de fronteiras;
    . Aprofundar o conhecimento de realidades variáveis de comunidade para comunidade da emigração; aproximar essas comunidades entre si; promover as condições para a cidadania plena em cada uma delas; lutar pela igualdade e cidadania das mulheres;
     . Estabelecer redes de aproximação de mulheres de diferentes comunidades e delas com a AMM, potenciando assim uma vertente internacional;
       . Dar especial incentivo a uma participação cívica e política das mulheres emigrantes, seja pelo seu acesso ao patamar do dirigismo associativo em geral e em alternativa, pelo desenvolvimento de movimentos cívicos;
  . Denunciar situações e promover a mudança;
      . Analisar e debater estudos científicos que favoreçam uma rigorosa interpretação da sociedade onde as mulheres ainda não têm iguais oportunidades;
 . Dar relevo ao papel das mulheres em várias dimensões de cidadania;
    . Motivar as mulheres para a consciencialização do seu papel na mudança de esteriotipos socialmente construídos.


Metodologicamente, procuramos combinar a componente investigação (em diversas áreas, de acordo com a investigação científica desenvolvida nas universidades e centros de investigação), com o serviço público, o jornalismo, a arte, a literatura, o desporto , o associativismo, a música, a academia, a política, cuja divulgação é realizada em Congressos, Encontros, Colóquios, Tertúlias, Mesas Redondas, em parceria com Universidades, Autarquias, Fundações, Escolas e Associações, em Portugal e no estrangeiro, normalmente organizados pelas nossas associadas nesses países, algumas das quais criaram aí delegações da AMM (Argentina, Brasil, África do Sul, Canadá, EUA).  


Sempre que foi possível economicamente e graças ao patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, foram publicados trabalhos científicos, atas dos eventos,  em edições próprias da Associação MM.


A história do já longo percurso desta Associação, é marcada pela competência, tenacidade e grande dinamismo da Dra. Rita Gomes que presidiu à direção durante vários anos em vários mandatos e aqui prestamos homenagem sincera e singela. 


A história da AMM é evidenciada pela transformação em parceira de uma rede de organizações internacionais e de sucessivos governos (com a organização dos congressos mundiais de mulheres da diáspora de 2011 e 2013 e de conferências e colóquios nos vários continentes da nossa emigração e até 2018) para a execução de políticas de género.


A história da AMM demonstra a capacidade de dar corpo a um projeto consistente, agregando vontades e talentos, de mulheres e homens por igual, à volta da problemática tradicionalmente marginalizada das migrações femininas em geral e, em particular, do objetivo da igualdade, pelo não à discriminação e pelo aumento dos níveis de participação cívica e política das mulheres, dentro do movimento associativo português (onde tradicionalmente não tinham voz e não ascendiam à liderança).


Hoje e neste espaço emblemático que nos acolhe, tem agora início esta sessão destinada à apresentação do livro da Profª. Doutora Elisabeth Battista, intitulado Maria Archer – uma jornalista portuguesa no exílio.


Uma obra literária que constitui um relevante contributo para o estudo acerca do comunitarismo cultural que envolve os países de Língua Portuguesa. Para Benjamin Abdala Júnior da Universidade de São Paulo que apresenta desta publicação, a autora … realizou uma profundada análise de caráter crítico e historiográfico, que nos levou a profundas reflexões sobre o percurso crítico dessa escritora portuguesa, que circulou entre Portugal, Brasil e África. E acrescenta, ´... é o sentido crítico que Elisabeth Battista rastreia com densidade analítica os caminhos da jornalista e escritora portuguesa Maria Archer.

Em nome da AMM e de mim própria o nosso reconhecido agradecimento pela sua presença e pelo maravilhoso contributo para a nossa associação.