segunda-feira, 21 de outubro de 2013

MMaria Beatriz Rocha TrindadeEncontro Mundial - Mulheres da Diáspora "Expressões Femininas da Cidadania"

24 e 25 de Outubro de 2013



Migrações e Migrantes - Conhecer e Sensibilizar
Painel 4


Palácio das Necessidades – Largo do Rilvas, Lisboa


Dia 24/10/2013 - 16h45
Painel 4 – Migrações e Migrantes - Conhecer e Sensibilizar
                                                                           
- Conteúdo Temático da Sessão:
Até recentemente muito pouco se conhecia sobre o fenómeno migratório na sua generalidade, o mesmo acontecendo em relação à diversidade do fenómeno migratório português.
Este alheamento e desinteresse pelas migrações e pelos migrantes tem vindo a ser progressivamente atenuado, graças à informação que circula no espaço global que partilhamos e à vontade política de membros do Governo e da sociedade civil, da qual ressalta o papel desempenhado pelas associações.
Partindo do velho refrão português: "sem conhecer não se pode amar", torna-se imperioso promover o conhecimento da História da Emigração Portuguesa em toda a sua amplitude - nos espaços para onde se dirigiu e onde mantém visibilidade, compreendendo as diferenças que se têm vindo a operar no viver dos elementos que integram ao longo do percurso cronológico que a tem encaminhado e as características que a marcam no presente. As vias de consegui-lo são diferentes e de forma alguma poderá ser considerada nessa acção a mútua exclusividade.
Se o conhecimento universitário se realiza em espaços próprios e procura atingir públicos específicos, muitos outros se devem articular entre si para fazer circular uma informação deste tipo. A informalidade que reveste a actuação em palco ou filmada, a leitura de textos escritos que ilustrem a realidade considerada, a dinâmica das imagens e dos sons que lhe dão vida constituem todas elas vias cuja complementaridade e excelência, se tornam indispensáveis para poder seguir o propósito militante das que integram esta Sessão.
Qualquer delas apresentará a potencialidade dos vários discursos que em cada campo de actuação existe para atingir o fim em vista. Procurou-se, por isso, juntar vários discursos (religioso, associativo, de representação, literário) de comunicadores que preenchessem complementarmente as várias vertentes deste poliedro migratório, cujo conhecimento é necessário para poder difundi-lo.
O espírito que subjaz à organização do grupo visa mostrar como é verdadeiramente necessário a quem se aloja nesta categoria conhecer uma dada realidade/fenómeno social, para poder compreendê-la e aceitá-la com naturalidade. Tal conhecimento poderá mesmo dar lugar ao nascer de um interesse que faça lutar pelos direitos que são devidos e encontrar caminhos adequados à resolução dos problemas que enfrentam.



Organização, Coordenação e Introdução:
Prof.ª Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade - CEMRI - Universidade Aberta

Moderadora:
Dra. Maria Rita Gomes - Presidente da AEMM



Comunicações:

Profª Doutora Rosa Neves Simas - Universidade dos Açores (Portugal)
Dando Voz à Mulher Migrante: A Hibridação do Feminismo e o Estudo da Migração
Discurso Académico

Mestre Sofia Afonso - Investigadora - Centro de Estudos Humanísticos/ Universidade do Minho (CEHUM); Observatório dos Luso-Descendentes (OLD) (Portugal)
"Forever Immigrant"
Discurso Estético-Político

Doutora Isabel Mateus - Escritora (Reino Unido)
"Quem parte? Os Rostos da Emigração Portuguesa – A Terra do Chiculate e a Terra da Rainha de Isabel Mateus"
Discurso Literário

Mestre Maria Victoria Pereira - Poeta e Escritora (África do Sul)
"Caminhos para a Paz. O Conto, o Diálogo... que mais?"
Discurso Literário

Dra. Eugénia Costa Quaresma - Adjunta da Direcção da OCPM (Portugal)
"A Igreja Face ao Fenómeno Migratório"
Discurso Religioso

Dra. Jacqueline Corado - Actriz (França)
"O Teatro, o Cinema - a Representação como Meio de Integração - Ponte entre o País de Origem e o País de Acolhimento"
Discurso Teatral


Dando Voz à Mulher Migrante:
A Hibridação do Feminismo e o Estudo da Migração

Rosa Neves Simas
Universidade dos Açores
Abstract
Num artigo que refere o percurso da crítica feminista, Susan Gubar, nome incontornável do feminismo académico, afirma a necessidade de persistir neste rumo e aponta a “hibridação do feminismo” como tendência acentuada, na atualidade, do estudo do género e da mulher (2006). Ao conjugar a palavra “mulher” e “migrante”, este evento e a associação que o organiza são exemplos ilustres desta tendência do feminismo, por si reflexo do hibridismo académico e da interdisciplinaridade na investigação.
Avaliando a situação atual do feminismo, Gubar é perentória ao afirmar que “Our job is not yet done.” Se esta constatação é válida nas questões ligadas ao género e à mulher, também o é no estudo da migração, globalmente considerada. Neste âmbito, a antologia bilingue "A Mulher nos Açores e nas Comunidades", seis volumes publicados entre 2003 e 2008, veio dar voz à mulher migrante nas comunidades lusas da América do Norte, maioritariamente de origem açoriana. Com base nesta coletânea, o presente trabalho dá a conhecer múltiplas facetas de cidadania e entrega – à causa própria, através da descoberta e construção do "eu" na escrita e na educação, e à causa pública, no contexto da tradução, da legislação, do ambiente, da política, das associações, do voluntariado e da saúde.

Palavras-Chave: feminismo, terceira vaga, cidadania, mulher migrante.

Nota Biográfica
Rosa Neves Simas, é doutorada em Literatura Comparada pela University of California. A tese Circularity in Three 20th Century Novels of the Americas foi editada em 1992 pela Edwin Mellen Press de New York. Ao longo dos anos, tem publicado Estudos Comparados sobre: a mulher, a migração, o ensino, a língua, a tradução e o ambiente. Nasceu na ilha do Pico (Açores) e aos 2 anos emigrou com os pais para os Estados Unidos. Foi criada na Califórnia, onde estudou e leccionou. Desde 1991 é Professora na Universidade dos Açores (UA). Publicou, entre 2003 e 2008, a colectânea bilingue de 6 volumes "A Mulher nos Açores e nas Comunidades" e tem organizado vários congressos internacionais sobre a Mulher Migrante, Gerações e Migração.


Forever Immigrant *

Sofia Afonso
Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM)
Observatório dos Lusodescendentes (OLD)

Abstract
Tem-se vindo a assistir desde os anos noventa a uma crescente visibilidade da “arte em diáspora” fundamentalmente protagonizada por artistas africanos e de origem africana e magrebina. Como objecto de transculturalidade e de transnacionalidade, que recusa a dicotomia, o binário entre dois opostos - o Um e o Outro - e que contribui para o questionamento do hibridismo, da dupla/tripla pertença, da (con)fusão identitária, linguística, pela afirmação da necessidade de criar uma outra constelação de recursos. A [arte] “bien mieux que la fragmentation qu’impose souvent l’approche disciplinaire en sciences sociales, rend infinimement mieux la “totalité” du mouvement (…)". Trata-se portanto, de uma mise en dialogue entre diversos campos e métodos disciplinares.
Exposições como “Lá Fora”, “Sem Saudade ” e “Cinco Autores Luso-Descendentes”, só para citar três exemplos, que reúnem um conjunto de artistas portugueses e/ou de origem portuguesa, constituem mostras que possibilitam uma outra visibilidade da emigração portuguesa. De facto, artistas de outras nacionalidades: franceses, belgas, luxemburgueses, canadianos, americanos, ingleses, australianos, actuando em diversas áreas (fotógrafos, realizadores, pintores, músicos, escritores, contadores …) de origem portuguesa têm, graças a estas exposições que tiveram lugar tanto em espaço internacional como nacional (em diferentes espaços e escalas) protagonizado um discurso de reinterpretação política e cultural das sociedades em diálogo. Por outras palavras, “les oeuvres sont présentées non pas comme témoins de l’ethnique, mais plutôt comme les expressions d’une expérience sociale où le spécifique et l’universel sont mis en évidence, l’un et l’autre et non pas l’un sans l’autre”.
Assim, a comunicação pretende dar a conhecer alguns exemplos de uma produção estética que recusa uma inscrição singular no topo da emigração (portuguesa), isto é, na (re)produção étnica da experiência migratória, materializando e/ou reivindicando a construção de um posicionamento crítico.

Palavras-Chave: lusodescendentes; artistas; posicionamento crítico.


Nota Biográfica
Sofia Afonso, licenciada em Relações Internacionais, Universidade do Minho; é Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde apresentou a Dissertação: A segunda geração e o regresso: a geografia do actor de fronteira. Desenvolve investigação conducente à obtenção de uma tese de Doutoramento no âmbito do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho.
É membro do Observatório dos Luso-descendentes (OLD-Núcleo Estudos); integra a equipa do projecto de investigação: REPOR - Luso-Descendentes “Regressados” em Portugal: Identidade, Pertença e Transnacionalismo, financiado pela FCT (CEMRI - Universidade Aberta).



Quem Parte? Os Rostos da Emigração Portuguesa – A Terra do Chiculate e A Terra da Rainha de Isabel Mateus

Isabel Mateus
Escritora
Abstract
Na opinião de vários estudiosos das migrações a génese do fenómeno emigratório em Portugal remonta ao período das Descobertas. Para Miguel Torga, a emigração é um fenómeno nacional que aparece diretamente ligado ao aspeto telúrico do país. Por sua vez, Eduardo Lourenço refere que da “emigração em massa dos nossos aldeões” e da “desnacionalização de milhares de portugueses” resultou sofrimento, que poderia ser compilado sob o título de “História Trágico-Terrestre”.
De facto, há dados estatísticos da sociologia que quantificam o total das saídas, mas “o nosso conhecimento sobre quem partiu é bem mais frágil” como diz Maria Ioannis Baganha. Ora, a presente comunicação pretende mostrar quem partiu (desde os anos 60 a finais dos anos 70) para França e, mais recentemente, parte para o Reino Unido, servindo de exemplos do ciclo migratório intra-europeu. Deste modo, tanto nos relatos de A Terra do Chiculate, como nos retratos de A Terra da Rainha a presente autora recorre ao eu (ao narrador de primeira pessoa) e faz uso do método de prospeção para fazer sair do anonimato e dar visibilidade “aos protagonistas” da diáspora: as crianças e os jovens, os homens e as mulheres do povo “com habilitações literárias muito fracas ou quase inexistentes”, os jovens com pouca formação profissional e os qualificados.
Nesta comunicação será salientado acima de tudo que, no momento atual, o discurso literário patente nos seus livros, que à aridez dos números e da pesquisa científica consegue acrescentar um “saber de experiência feito”. E fá-lo, porque o considera o meio de divulgação (mais) adequado, quer para dar a conhecer, quer para sensibilizar o grande público leitor para a diáspora portuguesa. 

Palavras-Chave: diáspora, emigração, escritores da emigração, livros, literatura de viagens, Reino Unido, França.



Nota Biográfica
Isabel Maria Fidalgo Mateus, nasceu em 1969 nas Quintas do Corisco, em Torre de Moncorvo (Trás-os-Montes). Residente no Reino Unido desde 2001, obteve o seu doutoramento em Hispanic Studies na Universidade de Birmingham, onde também ensinou língua portuguesa e literatura. Publicou artigos em jornais e revistas e apresentou comunicações em conferências internacionais sobre Miguel Torga e Literatura de Viagens. Em seguida, conciliou o ensino do Português na Universidade de Liverpool com a escrita ficcional e a investigação. Em 2011, o seu livro de contos "O Trigo dos Pardais" foi incluído no Plano Nacional de Leitura. Em 2012, participou no Forum Mundial de LusoTalentos, na qualidade de representante do Reino Unido - área da Literatura. De momento, dedica-se à escrita e é intérprete do City Council of Stoke-on-Trent, convivendo de perto com a realidade migratória portuguesa. "A Terra da Rainha – Retratos Portugueses no Reino Unido" é o seu sexto livro.

Publicações
. A Viagem de Miguel Torga (2007), Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-406-3;
. Outros Contos da Montanha (2009), Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-452-0;
. O Trigo dos Pardais (2009), Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-485-8;
. A Terra do Chiculate – Relatos da Emigração Portuguesa (2011), Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-516-9;
. Contos do Portugal Rural / Tales of Rural Portugal (1º Vol. Portuguese Insights: Bilingual Text Collection, 2012), Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-528-2;
. A Terra da Rainha – Retratos Portugueses no Reino Unido (2013), Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-541-1.




CAMINHOS para a PAZ
O Conto, o Diálogo... que mais?

Maria Victoria Pinto da Fonseca Cardoso Lopes Pereira
Poeta e Escritora

Abstract
O estudo sobre a Mulher Migrante Portuguesa na África do Sul refere, embora de forma breve, o processo de adaptação vivido, os seus triunfos e tribulações, que incluem o actual declínio na comunicação com as novas gerações que em parte é devido ao rápido avanço tecnológico e ao desenvolvimento e circulação de ideias "globais", incluindo o socialismo materialista.
No espaço em que serão tratadas as organizações que contribuem para uma maior união, desde clubes a grupos culturais, de que são exemplo a "Liga da Mulher Portuguesa" e muitos outros projectos, será referido o livro "Caminhos do Sentir", uma colectânea de estórias reais escritas por Portuguesas na África do Sul. É enfatizado o efeito na sociedade hospedeira pelo relato dessas vivências, bem como, o de contos e de poemas. Por exemplo, o conto "A Borboleta do Arco-Íris" recebeu um subsídio do Departamento de Educação e Cultura, devido ao efeito que provocou ao ser lido a crianças num orfanato. Dois dos poemas que integra foram escolhidos para o Curriculum de 2011-13: um deles intitulado "TV and the Rest". A contribuição da autora foi prestada, através da criação de grupos de escrita criativa, do conto, do diálogo, de poemas e do teatro que conduziram a um melhor conhecimento e a uma apreciação muito mais positiva sobre quem são o Português e a Portuguesa Migrantes na África do Sul - uma conscientização da igualdade básica do ser humano. 
O tratamento do tema religião e declínio moral da juventude no país, dará conta da aparente relação entre a quase eliminação do ensino religioso e o problema da violação de raparigas nos próprios estabelecimentos de ensino.
Mencionando o livro "Tempo de Mudar, Tempo de Agir", escrito por Mulheres de Moçambique e de Angola, será referida a necessidade de estabelecer o "diálogo Mulherista com os textos sagrados, incluindo o homem no diálogo" - sendo Mulheres e Mães, temos poder. Usemo-lo!
Tratando a problemática da existência ou não existência de Deus e também da inerente, ou não, bondade humana, será mencionado o "Milagre do Sol" (1917), as Feministas e ainda uma conferência internacional que recentemente teve lugar no Canadá, com a presença de jornalistas e advogados (alguns deles não católicos).
Alguns dos caminhos para a Paz são: o conto, o diálogo… e que mais?

Palavras-Chave: Mulher Portuguesa na África do Sul; migração e comunicação; Igrejas e cultura; contos e livros; socialismo, religião e ciência; diálogo; patriarcalismo; devoção a Maria em Portugal; Companheirismo Mulherista; futuro e paz.


Nota Biográfica
Maria Victoria Pinto da Fonseca Cardoso Lopes Pereira, nascida em Moçambique, emigrou para a África do Sul em 1976 com a sua família. Divorciou-se em 1981 e sofreu a trágica morte dum seu filho em 1983. Contabilista e tradutora oficial, estudando a noite completou um mestrado sobre O Elo entre Identidade, Religião e Comunidade - a Mulher Portuguesa Emigrante em Durban. Exerceu várias profissões e foi professora na Universidade de Durban-Westville, tendo participado em conferências internacionais, uma em Chicago, onde leu, Integração e Indiferença- Os Portugueses na África do Sul durante o Apartheid. Oradora, poeta e escritora os seus trabalhos encontram-se em publicações na África do Sul e no estrangeiro. Facilitadora de reuniões de escrita criativa, foi Presidente da Liga da Mulher Portuguesa em Durban. Membro do Live Poets Society e SA Writers Circle, o seu primeiro livro foi de poemas, em Inglês, "Whispers in the Wind" (1993). Dois poemas seus foram escolhidos para o Curriculum de 2011-2013. Compilou um relato histórico, em Inglês e Português "Igreja de São José – Greyville, Durban – 1980-2010". Foi coordenadora da colecção de estórias escritas por Portuguesas na África do Sul (Caminhos do Sentir) e doutra por Mulheres de Moçambique e Angola (Tempo de Mudar, Tempo de Agir). Em 2012 publicou uma novela em Inglês, "Under a Swirling Sun", ficção baseada em memórias. (amazon.com e e.kindle). Esta a compilar uma nova colecção de poemas e de contos, a pedido do então cônsul em Durban, Dr Gomes Samuel. O seu livro para crianças "The Rainbow Butterfly", em Inglês e Zulu, obteve um subsídio do Ministério de Educação e Cultura da África do Sul devido ao extraordinário efeito que teve em crianças num orfanato. Foi coordenadora e editora do livro Tempo de Mudar, Tempo de Agir, projecto do Circulo de Teólogas Conscientes Africanas, lançado nos Camarões em 2007 - estórias experienciais, culturais e religiosas escritas por mulheres lusófonas, Moçambicanas e Angolanas, em relação com o problema da Sida.
Apaixonada por aprender e compartilhar, tenta contribuir para um mundo com mais boa-vontade e menos ignorância. De personalidade adaptável e obstinada, só descansa quando "entrega a carta a Garcia". Sempre pronta a promover o valor dos Portugueses, consegue ultrapassar qualquer xenofobia e relacionar-se seja com quem for como um ser como ela pertencendo à valorosa, sofredora e sempre esperançosa, raça humana. O seu poema "Emigrante Português", faz parte do seu primeiro livro de poemas em Inglês, Whispers in the Wind publicado em 1993.


A Igreja Face ao Fenómeno Migratório

Eugénia Quaresma
Obra Católica Portuguesa das Migrações/ OCPM

Abstract

A pastoral da mobilidade humana tem evoluído, sob o olhar atento do magistério da Igreja, através dos seus documentos e das linhas orientadoras que tem elaborado para o aperfeiçoamento deste campo de ação específico.
No decorrer da sua história a Igreja faz caminho com os migrantes porque é essa a sua natureza e missão. Nesse sentido, procura abraçar os desafios inerentes ao processo. Não obstante as causas ou circunstâncias em que se encontre, fixa o seu olhar no migrante como pessoa detentora de uma dignidade, cultura, religiosidade - sustenta a defesa dos seus direitos fundamentais, permanece na verdade de que os destinos da humanidade, passam por um restaurar das relações sociais, no sentido da justiça, solidariedade e cooperação.
O seu discurso emana do empenho em compreender as causas que estão na origem das migrações; da sua proximidade às populações resulta um trabalho para superar os efeitos negativos e valorizar os impactos positivos nas comunidades de origem, de trânsito e de destino dos fluxos migratórios.
A mobilidade humana revela a transversalidade e a interdependência dos diferentes campos de ação que afetam a vida do migrante e sua família.
Face às exigências sociais e religiosas advêm diversos apelos no sentido de renovar as suas estruturas de acolhimento, apelo à corresponsabilidade de todos, ao diálogo entre estados, instituições e religiões. Uma renovação de atitudes, nomeadamente em relação à forma como são considerados os migrantes, enquanto protagonistas essenciais para o desenvolvimento e solidariedade entre Estados, definem a tentativa de atenuar os desequilíbrios e desigualdades e são fundamentais na edificação de uma só família humana, apesar da sua diversidade.

Palavras-chave: Fé, pastoral, dignidade, desenvolvimento, interdependência, cidadania, humanidade.


Nota Biográfica
Eugénia T. J. Costa Quaresma, nascida em Lisboa, licenciada em Psicopedagogia Curativa, pela Universidade Moderna de Lisboa, em 1999. Especializou-se em Técnicas e Teorias Psicopedagógicas e Grupos Operativos pelo CEPERJ/ Centro de Estudos Psicopedagógicos do Rio de Janeiro e EPISTEMA/Centro de Estudo, Investigação e Atendimento em Psicopedagogia, Lisboa (2001-2004).
Integra a Equipa da Direção Nacional da Obra Católica Portuguesa de Migrações desde 2001, onde iniciou funções como coordenadora do Serviço Psicossocial, sendo atualmente diretora-adjunta. Tem participado em diversos seminários, conferências e workshops representando a OCPM.
Formadora de catequistas no módulo do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente desde 2002. Catequista desde de 1991, na Paróquia de Amora, dinamizada por Missionários e Missionárias de S. Carlos (Scalabrinianos).
Participou na 1ª Edição da Academia Ubuntu, promovido pelo Instituto Padre António Vieira, um projeto de educação não formal, dirigido a jovens descendentes de imigrantes, que teve em vista a capacitação e formação em liderança servidora de jovens descendentes de comunidades de imigrantes em Portugal (2010-2012). Atualmente integra a equipa de formação na 2ª Edição da Academia Ubuntu (2013/2014), programa dirigido a um público-alvo jovem, mais abrangente e multicultural.


O Teatro, o Cinema - a Representação como Meio de Integração - Ponte entre o País de Origem e o País de Acolhimento

Jacqueline Corado
Actriz

Abstract
O teatro e o cinema permitem às várias gerações integrar-se no país onde chegam e de manter o elo com o país de origem.
A reunião do público à volta de um filme e/ou de uma peça estabelece um ponto de partida para desenvolver intercâmbios emocionais e catarses de grupo, como sempre foi a função do teatro desde a Grécia Antiga.
"A Gaiola Dourada", tomada como exemplo, ilustra a verdadeira função de "psicoterapia" gigante entre gerações em França.

Palavras-Chave: teatro; cinema, integração, origem; destino; França; Portugal.


Nota Biográfica
Jacqueline Corado da Silva, nascida em Paris, é filha de pais migrantes Portugueses.
Licenciada em Política Económica e Negócios Internacionais (Universidade de Paris I/ Panthéon Sorbonne e ESCP-EAP/ Escola Superior de Comércio de Paris) em opção Finanças, MBA no ITESM (Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Monterrey), no México.
Finalista do concurso em Economia Política da Universidade de Saint Gall (Suiça).
Membro de uma companhia de teatro desde os 9 anos (composta por migrantes Portugueses em França), segue as aulas de Belle de Mai e de Claude Mathieu em Paris; em Nova Iorque com Marcia Haufrecht e Michael Margotta no Actor's Studio, Larry Moss em L.A., Simon Mc Burney, em Londres.
Representa no teatro e é actriz de cinema e de televisão (Portugal, França, Estados-Unidos, Bélgica, Grécia, Líbano, Espanha, México).
Integra, entre outros, o elenco do filme A GAIOLA DOURADA, primeira comédia realizada sobre os imigrantes Portugueses em França.
Em 2008 cria a sua própria companhia "VIDA VIVA", com sede em Paris, virada para o intercâmbio entre França, Portugal e não só.
Actualmente participa na criação de um novo canal de televisão para a diáspora de língua portuguesa em França e nos países europeus francófonos.



Maria Beatriz Rocha-Trindade, nascida em Faro, socióloga, é Doutorada pela Universidade de Paris V (Sorbonne) e Agregada pela Universidade Nova de Lisboa (FCSH).
É Professora Catedrática na Universidade Aberta, onde fundou (1994) o Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais/CEMRI, Unidade de I&D da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. É Consultor Científico do Museu da Emigração e das Comunidades de Fafe.
Introduziu em Portugal o ensino da Sociologia das Migrações (Universidade Católica, no Curso de Teologia, 1994; a partir de 1996, na Universidade Aberta, a nível de Licenciatura e de Mestrado).
É autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as Migrações e é colaboradora habitual e referee de revistas científicas internacionais neste domínio.
É membro de diversas organizações científicas portuguesas e estrangeiras, designadamente, da Comissão Científica da Cátedra UNESCO sobre Migrações, da Universidade de Santiago de Compostela, Galiza.
Recebeu a Medalha de Mérito do Município de Fafe e foi distinguida pelo Comité National Français en Hommage à Aristides de Sousa Mendes (Hendaye, 2012) pelo seu pioneirismo na investigação da emigração. Ainda, pela Obra Católica Portuguesa das Migrações/ OCPM (Lisboa, 2012) pela vida de trabalho académico sobre migrações, pelo empenho na causa dos migrantes e pela colaboração voluntária e generosa com a OCPM. É titular da Ordre National du Mérite, de França, com o grau de Chevalier e da Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, de Portugal.


Sem comentários:

Enviar um comentário