24
e 25 de Outubro de 2013
Migrações
e Migrantes - Conhecer e Sensibilizar
Painel
4
Palácio das Necessidades – Largo
do Rilvas, Lisboa
Dia 24/10/2013 - 16h45
Painel 4 – Migrações e Migrantes - Conhecer e Sensibilizar
- Conteúdo Temático da Sessão:
Até
recentemente muito pouco se conhecia sobre o fenómeno migratório na sua
generalidade, o mesmo acontecendo em relação à diversidade do fenómeno
migratório português.
Este
alheamento e desinteresse pelas migrações e pelos migrantes tem vindo a ser
progressivamente atenuado, graças à informação que circula no espaço global que
partilhamos e à vontade política de membros do Governo e da sociedade civil, da
qual ressalta o papel desempenhado pelas associações.
Partindo
do velho refrão português: "sem conhecer não se pode amar", torna-se
imperioso promover o conhecimento da História da Emigração Portuguesa em toda a
sua amplitude - nos espaços para onde se dirigiu e onde mantém visibilidade,
compreendendo as diferenças que se têm vindo a operar no viver dos elementos
que integram ao longo do percurso cronológico que a tem encaminhado e as
características que a marcam no presente. As vias de consegui-lo são diferentes
e de forma alguma poderá ser considerada nessa acção a mútua exclusividade.
Se
o conhecimento universitário se realiza em espaços próprios e procura atingir
públicos específicos, muitos outros se devem articular entre si para fazer
circular uma informação deste tipo. A informalidade que reveste a actuação em
palco ou filmada, a leitura de textos escritos que ilustrem a realidade
considerada, a dinâmica das imagens e dos sons que lhe dão vida constituem
todas elas vias cuja complementaridade e excelência, se tornam indispensáveis
para poder seguir o propósito militante das que integram esta Sessão.
Qualquer
delas apresentará a potencialidade dos vários discursos que em cada campo de
actuação existe para atingir o fim em vista. Procurou-se, por isso, juntar
vários discursos (religioso, associativo, de representação, literário) de
comunicadores que preenchessem complementarmente as várias vertentes deste
poliedro migratório, cujo conhecimento é necessário para poder difundi-lo.
O
espírito que subjaz à organização do grupo visa mostrar como é verdadeiramente
necessário a quem se aloja nesta categoria conhecer uma dada realidade/fenómeno
social, para poder compreendê-la e aceitá-la com naturalidade. Tal conhecimento
poderá mesmo dar lugar ao nascer de um interesse que faça lutar pelos direitos
que são devidos e encontrar caminhos adequados à resolução dos problemas que
enfrentam.
Organização,
Coordenação e Introdução:
Prof.ª
Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade
- CEMRI - Universidade Aberta
Moderadora:
Dra. Maria Rita Gomes - Presidente da AEMM
Comunicações:
Profª Doutora Rosa Neves Simas - Universidade
dos Açores (Portugal)
“Dando Voz à Mulher Migrante: A Hibridação do
Feminismo e o Estudo da Migração”
Discurso Académico
Mestre Sofia Afonso -
Investigadora - Centro de Estudos Humanísticos/ Universidade do Minho (CEHUM);
Observatório dos Luso-Descendentes (OLD) (Portugal)
"Forever Immigrant"
Discurso Estético-Político
Doutora
Isabel Mateus - Escritora (Reino Unido)
"Quem parte? Os Rostos da Emigração Portuguesa
– A Terra do Chiculate e a Terra da Rainha de Isabel Mateus"
Discurso Literário
Mestre
Maria Victoria Pereira - Poeta e Escritora (África do Sul)
"Caminhos
para a Paz. O Conto, o Diálogo... que mais?"
Discurso Literário
Dra. Eugénia Costa Quaresma -
Adjunta da Direcção da OCPM (Portugal)
"A Igreja Face ao Fenómeno Migratório"
Discurso Religioso
Dra.
Jacqueline Corado - Actriz (França)
"O Teatro, o Cinema - a
Representação como Meio de Integração - Ponte entre o País de Origem e o País
de Acolhimento"
Discurso Teatral
Dando Voz à Mulher Migrante:
A Hibridação do Feminismo e o
Estudo da Migração
Rosa
Neves Simas
Universidade
dos Açores
Abstract
Num
artigo que refere o percurso da crítica feminista, Susan Gubar, nome
incontornável do feminismo académico, afirma a necessidade de persistir neste
rumo e aponta a “hibridação do feminismo” como tendência acentuada, na
atualidade, do estudo do género e da mulher (2006). Ao conjugar a palavra
“mulher” e “migrante”, este evento e a associação que o organiza são exemplos
ilustres desta tendência do feminismo, por si reflexo do hibridismo académico e
da interdisciplinaridade na investigação.
Avaliando
a situação atual do feminismo, Gubar é perentória ao afirmar que “Our job is
not yet done.” Se esta constatação é válida nas questões ligadas ao género e à
mulher, também o é no estudo da migração, globalmente considerada. Neste
âmbito, a antologia bilingue "A Mulher nos Açores e nas Comunidades",
seis volumes publicados entre 2003 e 2008, veio dar voz à mulher migrante nas
comunidades lusas da América do Norte, maioritariamente de origem açoriana. Com
base nesta coletânea, o presente trabalho dá a conhecer múltiplas facetas de
cidadania e entrega – à causa própria, através da descoberta e construção do "eu"
na escrita e na educação, e à causa pública, no contexto da tradução, da
legislação, do ambiente, da política, das associações, do voluntariado e da
saúde.
Palavras-Chave: feminismo,
terceira vaga, cidadania, mulher migrante.
Nota
Biográfica
Rosa Neves Simas, é doutorada em Literatura
Comparada pela University of California. A tese Circularity in Three 20th Century Novels of
the Americas foi editada em 1992 pela Edwin Mellen Press de New York. Ao longo dos anos, tem publicado
Estudos Comparados sobre: a mulher, a migração, o ensino, a língua, a tradução
e o ambiente. Nasceu na ilha do Pico (Açores) e aos 2 anos emigrou com os pais
para os Estados Unidos. Foi criada na Califórnia, onde estudou e leccionou.
Desde 1991 é Professora na Universidade dos Açores (UA). Publicou, entre 2003 e
2008, a colectânea bilingue de 6 volumes "A Mulher nos Açores e nas
Comunidades" e tem organizado vários congressos internacionais sobre a
Mulher Migrante, Gerações e Migração.
Forever Immigrant *
Sofia
Afonso
Centro
de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM)
Observatório
dos Lusodescendentes (OLD)
Abstract
Tem-se
vindo a assistir desde os anos noventa a uma crescente visibilidade da “arte em
diáspora” fundamentalmente protagonizada por artistas africanos e de origem
africana e magrebina. Como objecto de transculturalidade e de
transnacionalidade, que recusa a dicotomia, o binário entre dois opostos - o Um
e o Outro - e que contribui para o questionamento do hibridismo, da
dupla/tripla pertença, da (con)fusão identitária, linguística, pela afirmação
da necessidade de criar uma outra constelação de recursos. A [arte] “bien mieux
que la fragmentation qu’impose souvent l’approche disciplinaire en sciences
sociales, rend infinimement mieux la “totalité” du mouvement (…)".
Trata-se portanto, de uma mise en dialogue entre diversos campos e métodos
disciplinares.
Exposições
como “Lá Fora”, “Sem Saudade ” e “Cinco Autores Luso-Descendentes”, só para
citar três exemplos, que reúnem um conjunto de artistas portugueses e/ou de
origem portuguesa, constituem mostras que possibilitam uma outra visibilidade
da emigração portuguesa. De facto, artistas de outras nacionalidades: franceses,
belgas, luxemburgueses, canadianos, americanos, ingleses, australianos,
actuando em diversas áreas (fotógrafos, realizadores, pintores, músicos,
escritores, contadores …) de origem portuguesa têm, graças a estas exposições que
tiveram lugar tanto em espaço internacional como nacional (em diferentes
espaços e escalas) protagonizado um discurso de reinterpretação política e
cultural das sociedades em diálogo. Por outras palavras, “les oeuvres sont
présentées non pas comme témoins de l’ethnique, mais plutôt comme les
expressions d’une expérience sociale où le spécifique et l’universel sont mis
en évidence, l’un et l’autre et non pas l’un sans l’autre”.
Assim,
a comunicação pretende dar a conhecer alguns exemplos de uma produção estética
que recusa uma inscrição singular no topo da emigração (portuguesa), isto é, na
(re)produção étnica da experiência migratória, materializando e/ou
reivindicando a construção de um posicionamento crítico.
Palavras-Chave: lusodescendentes; artistas; posicionamento crítico.
Nota Biográfica
Sofia Afonso, licenciada em Relações
Internacionais, Universidade do Minho; é Mestre em Sociologia pela Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra, onde apresentou a Dissertação: A segunda geração e o regresso: a geografia
do actor de fronteira. Desenvolve investigação conducente à obtenção de uma
tese de Doutoramento no âmbito do Centro de Estudos Humanísticos da
Universidade do Minho.
É
membro do Observatório dos Luso-descendentes (OLD-Núcleo Estudos); integra a
equipa do projecto de investigação: REPOR - Luso-Descendentes “Regressados” em
Portugal: Identidade, Pertença e Transnacionalismo, financiado pela FCT (CEMRI
- Universidade Aberta).
Quem Parte? Os Rostos da
Emigração Portuguesa – A Terra do Chiculate e A Terra da Rainha de Isabel
Mateus
Isabel
Mateus
Escritora
Abstract
Na
opinião de vários estudiosos das migrações a génese do fenómeno emigratório em
Portugal remonta ao período das Descobertas. Para Miguel Torga, a emigração é
um fenómeno nacional que aparece diretamente ligado ao aspeto telúrico do país.
Por sua vez, Eduardo Lourenço refere que da “emigração em massa dos nossos
aldeões” e da “desnacionalização de milhares de portugueses” resultou
sofrimento, que poderia ser compilado sob o título de “História
Trágico-Terrestre”.
De
facto, há dados estatísticos da sociologia que quantificam o total das saídas,
mas “o nosso conhecimento sobre quem partiu é bem mais frágil” como diz Maria
Ioannis Baganha. Ora, a presente comunicação pretende mostrar quem partiu
(desde os anos 60 a finais dos anos 70) para França e, mais recentemente, parte
para o Reino Unido, servindo de exemplos do ciclo migratório intra-europeu.
Deste modo, tanto nos relatos de A Terra
do Chiculate, como nos retratos de A
Terra da Rainha a presente autora recorre ao eu (ao narrador de primeira
pessoa) e faz uso do método de prospeção para fazer sair do anonimato e dar
visibilidade “aos protagonistas” da diáspora: as crianças e os jovens, os
homens e as mulheres do povo “com habilitações literárias muito fracas ou quase
inexistentes”, os jovens com pouca formação profissional e os qualificados.
Nesta
comunicação será salientado acima de tudo que, no momento atual, o discurso
literário patente nos seus livros, que à aridez dos números e da pesquisa
científica consegue acrescentar um “saber de experiência feito”. E fá-lo,
porque o considera o meio de divulgação (mais) adequado, quer para dar a
conhecer, quer para sensibilizar o grande público leitor para a diáspora
portuguesa.
Palavras-Chave: diáspora, emigração, escritores da emigração, livros, literatura de viagens,
Reino Unido, França.
Nota
Biográfica
Isabel Maria Fidalgo Mateus, nasceu em 1969 nas Quintas do
Corisco, em Torre de Moncorvo (Trás-os-Montes). Residente no Reino Unido desde
2001, obteve o seu doutoramento em Hispanic
Studies na Universidade de Birmingham, onde também ensinou língua
portuguesa e literatura. Publicou artigos em jornais e revistas e apresentou
comunicações em conferências internacionais sobre Miguel Torga e Literatura de
Viagens. Em seguida, conciliou o ensino do Português na Universidade de
Liverpool com a escrita ficcional e a investigação. Em 2011, o seu livro de
contos "O Trigo dos Pardais" foi incluído no Plano Nacional de Leitura.
Em 2012, participou no Forum Mundial de LusoTalentos, na qualidade de
representante do Reino Unido - área da Literatura. De momento, dedica-se à
escrita e é intérprete do City Council of
Stoke-on-Trent, convivendo de perto com a realidade migratória portuguesa. "A
Terra da Rainha – Retratos Portugueses no Reino Unido" é o seu sexto
livro.
Publicações
. A Viagem de Miguel Torga (2007), Gráfica
de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-406-3;
. Outros Contos da Montanha (2009),
Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-452-0;
. O Trigo dos Pardais (2009), Gráfica de
Coimbra 2, ISBN 978-972-603-485-8;
. A Terra do Chiculate – Relatos da Emigração
Portuguesa (2011), Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-516-9;
. Contos do Portugal Rural / Tales of Rural
Portugal (1º Vol. Portuguese Insights: Bilingual Text Collection, 2012),
Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-528-2;
. A Terra da Rainha – Retratos Portugueses no
Reino Unido (2013), Gráfica de Coimbra 2, ISBN 978-972-603-541-1.
CAMINHOS para a PAZ
O Conto, o Diálogo... que mais?
Maria
Victoria Pinto da Fonseca Cardoso Lopes Pereira
Poeta
e Escritora
Abstract
O
estudo sobre a Mulher Migrante Portuguesa na África do Sul refere, embora de
forma breve, o processo de adaptação vivido, os seus triunfos e tribulações, que
incluem o actual declínio na comunicação com as novas gerações que em parte é devido
ao rápido avanço tecnológico e ao desenvolvimento e circulação de ideias
"globais", incluindo o socialismo materialista.
No
espaço em que serão tratadas as organizações que contribuem para uma maior
união, desde clubes a grupos culturais, de que são exemplo a "Liga da
Mulher Portuguesa" e muitos outros projectos, será referido o livro
"Caminhos do Sentir", uma colectânea de estórias reais escritas por
Portuguesas na África do Sul. É enfatizado o efeito na sociedade hospedeira pelo
relato dessas vivências, bem como, o de contos e de poemas. Por exemplo, o
conto "A Borboleta do Arco-Íris" recebeu um subsídio do Departamento
de Educação e Cultura, devido ao efeito que provocou ao ser lido a crianças num
orfanato. Dois dos poemas que integra foram escolhidos para o Curriculum de 2011-13: um deles intitulado
"TV and the Rest". A contribuição da autora foi prestada, através da
criação de grupos de escrita criativa, do conto, do diálogo, de poemas e do
teatro que conduziram a um melhor conhecimento e a uma apreciação muito mais
positiva sobre quem são o Português e a Portuguesa Migrantes na África do Sul -
uma conscientização da igualdade básica do ser humano.
O
tratamento do tema religião e declínio moral da juventude no país, dará conta da
aparente relação entre a quase eliminação do ensino religioso e o problema da
violação de raparigas nos próprios estabelecimentos de ensino.
Mencionando
o livro "Tempo de Mudar, Tempo de Agir", escrito por Mulheres de
Moçambique e de Angola, será referida a necessidade de estabelecer o
"diálogo Mulherista com os textos sagrados,
incluindo o homem no diálogo" - sendo Mulheres e Mães, temos poder.
Usemo-lo!
Tratando
a problemática da existência ou não existência de Deus e também da inerente, ou
não, bondade humana, será mencionado o "Milagre do Sol" (1917), as
Feministas e ainda uma conferência internacional que recentemente teve lugar no
Canadá, com a presença de jornalistas e advogados (alguns deles não católicos).
Alguns
dos caminhos para a Paz são: o conto, o diálogo… e que mais?
Palavras-Chave: Mulher Portuguesa na África do Sul; migração e comunicação; Igrejas e
cultura; contos e livros; socialismo, religião e ciência; diálogo;
patriarcalismo; devoção a Maria em Portugal; Companheirismo Mulherista; futuro
e paz.
Nota
Biográfica
Maria Victoria Pinto da Fonseca
Cardoso Lopes Pereira,
nascida em Moçambique, emigrou para a África do Sul em 1976 com a sua família. Divorciou-se
em 1981 e sofreu a trágica morte dum seu filho em 1983. Contabilista e
tradutora oficial, estudando a noite completou um mestrado sobre O Elo entre Identidade, Religião e
Comunidade - a Mulher Portuguesa Emigrante em Durban. Exerceu várias
profissões e foi professora na Universidade de Durban-Westville, tendo
participado em conferências internacionais, uma em Chicago, onde leu, Integração e Indiferença- Os Portugueses na
África do Sul durante o Apartheid. Oradora, poeta e escritora os seus
trabalhos encontram-se em publicações na África do Sul e no estrangeiro.
Facilitadora de reuniões de escrita criativa, foi Presidente da Liga da Mulher
Portuguesa em Durban. Membro do Live
Poets Society e SA Writers Circle,
o seu primeiro livro foi de poemas, em Inglês, "Whispers in the Wind"
(1993). Dois poemas seus foram escolhidos para o Curriculum de 2011-2013. Compilou
um relato histórico, em Inglês e Português "Igreja de São José –
Greyville, Durban – 1980-2010". Foi coordenadora da colecção de estórias
escritas por Portuguesas na África do Sul (Caminhos
do Sentir) e doutra por Mulheres de Moçambique e Angola (Tempo de Mudar, Tempo de Agir). Em 2012
publicou uma novela em Inglês, "Under a Swirling Sun", ficção baseada
em memórias. (amazon.com e e.kindle). Esta a compilar uma nova colecção de
poemas e de contos, a pedido do então cônsul em Durban, Dr Gomes Samuel. O seu
livro para crianças "The Rainbow Butterfly", em Inglês e Zulu, obteve
um subsídio do Ministério de Educação e Cultura da África do Sul devido ao
extraordinário efeito que teve em crianças num orfanato. Foi coordenadora e
editora do livro Tempo de Mudar, Tempo de
Agir, projecto do Circulo de Teólogas Conscientes Africanas, lançado nos
Camarões em 2007 - estórias experienciais, culturais e religiosas escritas por
mulheres lusófonas, Moçambicanas e Angolanas, em relação com o problema da
Sida.
Apaixonada
por aprender e compartilhar, tenta contribuir para um mundo com mais
boa-vontade e menos ignorância. De personalidade adaptável e obstinada, só
descansa quando "entrega a carta a Garcia". Sempre pronta a promover
o valor dos Portugueses, consegue ultrapassar qualquer xenofobia e
relacionar-se seja com quem for como um ser como ela pertencendo à valorosa,
sofredora e sempre esperançosa, raça humana. O seu poema "Emigrante
Português", faz parte do seu primeiro livro de poemas em Inglês, Whispers
in the Wind publicado em 1993.
A Igreja Face ao Fenómeno
Migratório
Eugénia
Quaresma
Obra
Católica Portuguesa das Migrações/ OCPM
Abstract
A
pastoral da mobilidade humana tem evoluído, sob o olhar atento do magistério da
Igreja, através dos seus documentos e das linhas orientadoras que tem elaborado
para o aperfeiçoamento deste campo de ação específico.
No
decorrer da sua história a Igreja faz caminho com os migrantes porque é essa a
sua natureza e missão. Nesse sentido, procura abraçar os desafios inerentes ao
processo. Não obstante as causas ou circunstâncias em que se encontre, fixa o
seu olhar no migrante como pessoa detentora de uma dignidade, cultura,
religiosidade - sustenta a defesa dos seus direitos fundamentais, permanece na
verdade de que os destinos da humanidade, passam por um restaurar das relações
sociais, no sentido da justiça, solidariedade e cooperação.
O
seu discurso emana do empenho em compreender as causas que estão na origem das
migrações; da sua proximidade às populações resulta um trabalho para superar os
efeitos negativos e valorizar os impactos positivos nas comunidades de origem,
de trânsito e de destino dos fluxos migratórios.
A
mobilidade humana revela a transversalidade e a interdependência dos diferentes
campos de ação que afetam a vida do migrante e sua família.
Face
às exigências sociais e religiosas advêm diversos apelos no sentido de renovar as
suas estruturas de acolhimento, apelo à corresponsabilidade de todos, ao
diálogo entre estados, instituições e religiões. Uma renovação de atitudes,
nomeadamente em relação à forma como são considerados os migrantes, enquanto
protagonistas essenciais para o desenvolvimento e solidariedade entre Estados, definem
a tentativa de atenuar os desequilíbrios e desigualdades e são fundamentais na
edificação de uma só família humana, apesar da sua diversidade.
Palavras-chave: Fé, pastoral, dignidade, desenvolvimento, interdependência, cidadania,
humanidade.
Nota
Biográfica
Eugénia T. J. Costa Quaresma, nascida em Lisboa, licenciada
em Psicopedagogia Curativa, pela Universidade Moderna de Lisboa, em 1999.
Especializou-se em Técnicas e Teorias Psicopedagógicas e Grupos Operativos pelo
CEPERJ/ Centro de Estudos Psicopedagógicos do Rio de Janeiro e EPISTEMA/Centro
de Estudo, Investigação e Atendimento em Psicopedagogia, Lisboa (2001-2004).
Integra
a Equipa da Direção Nacional da Obra Católica Portuguesa de Migrações desde
2001, onde iniciou funções como coordenadora do Serviço Psicossocial, sendo
atualmente diretora-adjunta. Tem participado em diversos seminários,
conferências e workshops representando a OCPM.
Formadora
de catequistas no módulo do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente desde
2002. Catequista desde de 1991, na Paróquia de Amora, dinamizada por
Missionários e Missionárias de S. Carlos (Scalabrinianos).
Participou
na 1ª Edição da Academia Ubuntu, promovido pelo Instituto Padre António Vieira,
um projeto de educação não formal, dirigido a jovens descendentes de
imigrantes, que teve em vista a capacitação e formação em liderança servidora
de jovens descendentes de comunidades de imigrantes em Portugal (2010-2012).
Atualmente integra a equipa de formação na 2ª Edição da Academia Ubuntu
(2013/2014), programa dirigido a um público-alvo jovem, mais abrangente e
multicultural.
O Teatro, o Cinema - a
Representação como Meio de Integração - Ponte entre o País de Origem e o País
de Acolhimento
Jacqueline
Corado
Actriz
Abstract
O
teatro e o cinema permitem às várias gerações integrar-se no país onde chegam e
de manter o elo com o país de origem.
A
reunião do público à volta de um filme e/ou de uma peça estabelece um ponto de
partida para desenvolver intercâmbios emocionais e catarses de grupo, como
sempre foi a função do teatro desde a Grécia Antiga.
"A
Gaiola Dourada", tomada como exemplo, ilustra a verdadeira função de "psicoterapia"
gigante entre gerações em França.
Palavras-Chave:
teatro; cinema, integração, origem; destino; França; Portugal.
Nota
Biográfica
Jacqueline Corado da Silva, nascida em Paris, é filha de
pais migrantes Portugueses.
Licenciada
em Política Económica e Negócios Internacionais (Universidade de Paris I/ Panthéon
Sorbonne e ESCP-EAP/ Escola Superior de Comércio de Paris) em opção Finanças,
MBA no ITESM (Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Monterrey), no
México.
Finalista
do concurso em Economia Política da Universidade de Saint Gall (Suiça).
Membro
de uma companhia de teatro desde os 9 anos (composta por migrantes Portugueses
em França), segue as aulas de Belle de Mai e de Claude Mathieu em Paris; em
Nova Iorque com Marcia Haufrecht e Michael Margotta no Actor's Studio, Larry Moss
em L.A., Simon Mc Burney, em Londres.
Representa
no teatro e é actriz de cinema e de televisão (Portugal, França,
Estados-Unidos, Bélgica, Grécia, Líbano, Espanha, México).
Integra,
entre outros, o elenco do filme A GAIOLA DOURADA, primeira comédia realizada
sobre os imigrantes Portugueses em França.
Em
2008 cria a sua própria companhia "VIDA VIVA", com sede em Paris,
virada para o intercâmbio entre França, Portugal e não só.
Actualmente
participa na criação de um novo canal de televisão para a diáspora de língua portuguesa
em França e nos países europeus francófonos.
Maria Beatriz Rocha-Trindade, nascida em Faro, socióloga, é
Doutorada pela Universidade de Paris V (Sorbonne) e Agregada pela Universidade
Nova de Lisboa (FCSH).
É
Professora Catedrática na Universidade Aberta, onde fundou (1994) o Centro de
Estudos das Migrações e das Relações Interculturais/CEMRI, Unidade de I&D
da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do Ministério da Ciência, Tecnologia
e Ensino Superior. É Consultor Científico do Museu da Emigração e das
Comunidades de Fafe.
Introduziu
em Portugal o ensino da Sociologia das Migrações (Universidade Católica, no
Curso de Teologia, 1994; a partir de 1996, na Universidade Aberta, a nível de
Licenciatura e de Mestrado).
É
autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as Migrações e
é colaboradora habitual e referee de revistas científicas internacionais neste
domínio.
É
membro de diversas organizações científicas portuguesas e estrangeiras,
designadamente, da Comissão Científica da Cátedra UNESCO sobre Migrações, da
Universidade de Santiago de Compostela, Galiza.
Recebeu
a Medalha de Mérito do Município de Fafe e foi distinguida pelo Comité National
Français en Hommage à Aristides de Sousa Mendes (Hendaye, 2012) pelo seu
pioneirismo na investigação da emigração. Ainda, pela Obra Católica Portuguesa
das Migrações/ OCPM (Lisboa, 2012) pela vida de trabalho académico sobre
migrações, pelo empenho na causa dos migrantes e pela colaboração voluntária e
generosa com a OCPM. É titular da Ordre National du Mérite, de França, com o
grau de Chevalier e da Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, de Portugal.
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