quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

DR ANTÒNIO PACHECO os emigrantes e a crise: um tema para debate

A crise económica mundial é tema que domina os media nacionais como se compreende. Os noticiários das rádios e televisões, dos jornais electronicos e da restante imprensa dão um enorme destaque aos efeitos dramáticos da crise sobre os cidadãos. Uma pergunta vai surgindo. E o que acontecerá aos imigrantes do Leste, e dos países africanos e sul americanos? Que respostas serão possíveis?
Os meus colegas jornalistas têm esquecido um outro lado da questão: O que vai acontecer aos nossos emigrantes em países da América do Norte e da Europa? Já há forte desemprego.
Em muitos casos existem percentagens importantes de clandestinos. O que se está a fazer ou o que se pensa fazer? Que tipo de apoio, de solidariedade, de pressão se espera da parte do movimento associativo nos países da nossa emigração? Para lá dos antagonismos e rivalidades entre associações regionalistas é preciso a união para enfrentar uma crise que é comum.
No fundo a pobreza que começa a ensombrar e a dificultar a vida das nossas comunidades terá de ser um tema a abordar no Congresso das mulheres migrantes.
Ontem em conversa com Frei Francisco Sales, o director da Obra CatólicaPortuguesa das Migrações chegámos à conclusão que a Obra Católica gostaria também de estar presente no congresso e de trazer o testemunho da sua experiênca na questão do empobrecimento e dos efeitos da criise sobre a nossa emigração

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Profª Doutora MANUELA MARUJO Congresso em Curitiba sobre Mulher Imigrante

Em Maio de 2009, de 4-7, terá lugar em Curitiba, no Brasil, o IV Congresso Internacional A Vez e a Voz da Mulher Imigrante Portuguesa no Brasil e Outros Lugares.

Para mais informação consultar:
http://www.outsmart.com.br/congresso/

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

MARIA MANUELA AGUIAR "Encontro Mundial" de 1995 - Publicações

Há duas publicações sobre o "Encontro" de 1995 : uma sobre as comunicações apresentadas por escrito, e outra, de autoria do jornalista Eduardo Saraiva, sobre vivências, reflexões, imagens desses dias de constante diálogo e convívio.
Aqui reproduzimos algumas das informações aí contidas







































































sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

RITA GOMES ASSOCIAÇÃO "MULHER MIGRANTE"

Quem aderiu logo de início ao Projecto?
como Associadas/os, Fundadoras/Fundadores

Volto ao blogue, desta vez apenas para uma informação…
À semelhança de outras Organizações não governamentais - ONG’s – a Associação Mulher Migrante, foi constituída por tempo indeterminado, sem fins lucrativos, regida pela lei portuguesa. E, tem ainda “vocação internacional” (Artº 1º dos Estatutos), face aos seus Objectivos de trabalho: migrações femininas…
Constituída que foi por Escritura Pública em 8 de Outubro de 1993, conforme já consta deste blogue, a Associação tem 82 Associadas/os fundadoras/ fundadores, das/dos quais 21 assinaram a Escritura Notarial da sua Constituição, como a seguir se refere, seguindo a ordem das assinaturas que constam nesse documento: Maria Rita Mendes da Silva Amaro de Andrade Gomes; Maria Fernanda Reis Monteiro e Brito Ramos (Brasil); Maria Alice Pereira de Gouveia Ribeiro (Canadá); Maria Manuela Aguiar Dias Moreira; Maria João Pereira Cabral Salema Sande e Lemos; Maria Adelaide Gonçalves Carvalho Pires Lisboa; Maria Raquel Ribeiro; Elvira Moreira Brandão de Oliveira; Maria da Graça Ribeiro de Sousa Guedes; Maria Teresa Pais Ferreira Pinto Álvares de Carvalho; Maria Virgínia Martins Laranjeiro Estorninho; Custódia Maria Rodrigues Domingues (França); Maria Madalena de Azevedo Cosme; Maria de Lourdes de Carvalho Mouco; Leonor Castanho Lombo da Cunha Rêgo; Maria do Céu Farrajota Castanho Lombo da Cunha Rêgo; Margarida Alexandra Ferreira Marcelino Marques; Maria Margarida Silvano de Castro e Almeida Serra e Moura; Maria Luíza de Jesus Mendes Jubilado; Amélia Augusta Alves Monteiro Silva; Maria Beatriz Pinto de Sousa Amorim Rocha da Trindade.
Mais tarde …
Até ao final da Assembleia de Fundadores de 20 de Outubro de 1993, aderiram mais 18 Associadas/os:
Maria Teresa Paulo Sampaio da Costa Macedo; Manuela Da Luz Chaplin (EUA); Maria Fernanda Gomes Fernandes Lopes; Lígia Eunice Almeida Évora Ferreira; Fernando José Alves de Figueiredo; Ana Maria da Silva Miranda Pires; Maria José Cabugueira de Castro Brandão; Maria Isabel Barros Aguiar Pereira; Maria Teresa Barros Aguiar Pereira; Maria Isabel Gonçalves de Araújo; Maria Manuela Barros Aguiar Pereira; Ana Fernanda Milheiro Castro; Felicidade Zita de Oliveira Gonçalves; Maria Luciana Pereira Barros Lopes; Ana Paula Beja Horta; Ivone Carla de Matos Dias Ferreira; Maria de Fátima Melo Soares; Carlos Manuel Cardoso Baião de Morais.
Com estas adesões completámos 39 Associadas fundadoras e Associados fundadores.
Durante a 1ª Assembleia-geral, realizada em 12 de Janeiro de 1994, tivemos mais 22 adesões:
Ana Maria de Andrade Tavares; Maria Amélia de Oliveira Martins; Vera Maria de Paiva Ferreira Nazareth (África do Sul); Maria Manuela Pinto Correia Baptista Rosa (África do Sul); Rosa Maria Domingues Silveira; Mafalda Maria de Campos Durão Ferreira; Bonina Brandão Pedro; Luísa Ferreira da Silva; Ana Maria Braga da Cruz; Isabel O’Sullivan Lopes da Silva; Maria Alzira Lemos; Maria Regina Neves Xavier Amorim Tavares da Silva; Maria do Carmo Marques Nunes; Maria Isabel de Almeida Gonçalves; Maria de Jesus Santa Clara Gomes; Fernanda Gaspar; Rui Fernando Onofre Silva Martins; Maria José Silva; António Ribeiro (Canadá); Maria da Conceição Nogueira de Freitas; Isabel Ricardo Melo; Maria Manuela Field (EUA).
Ficámos, então, em 12/01/1994, com 61 fundadores.
Em Reunião de Direcção de 15 de Março de 1994, aderiram mais 13 fundadores:
Carlos Manuel Vieira de Almeida Álvares de Carvalho; Leonor Xavier; Maria Eulália de Freitas Salgado; Artur Ernesto Madureira; Maria Antónia da Silva de Melo Anjos (Argentina); Luísa Cortesão; Celeste Rosa Mariano da Costa; Célia Mariano Euclides dos Santos Héliotrope; Maria de Lourdes Lara (Canadá); Virgílio Pires (Canadá); Susy Soares (Canadá); Laura Fernandes Bulger; Maria de Lourdes Dias.
Passámos a ter 74 fundadoras e fundadores, em 15/03/1994.
Na Reunião de Direcção, realizada em 25 de Maio de 1994, tivemos uma adesão de mais 8 fundadores:
Ivone de Freitas Leal; Rosete Carvalho Martins; Manuel Victorino Domingues Queiroz; Isabel Arnedo (Alemanha); Adelina Almeida Sedas (Alemanha); Edite D. Vieira Phillips (EUA); Maria Isabel Vieira; Dolores E. Nunes Lowry-Mattos (EUA).
Atingimos, assim o total de 82 Associadas fundadoras e Associados fundadores, como referimos, após cumprimento do disposto no nº 2 do Artº. 4 dos Estatutos, que se transcreve: “São Associadas fundadoras ou Associados fundadores as pessoas que outorguem o acto de constituição da Associação e as que a ela adiram no prazo de seis meses após a publicação do Extracto dos Estatutos no Diário da República.”
Para complementar esta informação, acrescentamos, em síntese, que para além deste tipo de Associadas/os, a Associação tem também Associadas ou Associados efectivas ou efectivos, honorárias ou honorários e apoiantes (Artº. 4 dos Estatutos).
Em relação a 31 de Dezembro de 2008, temos: 227 Associadas/os efectivas/os, distribuídas/os como segue: em Portugal 143, no Estrangeiro 84. Europa (153); África (4); América do Norte (26); América do Sul (42); Austrália (2). Associadas/os apoiantes: 1; Associadas e Associados honorárias/os 57.

Rita Gomes

5ª Feira, 15 de Janeiro de 2009

domingo, 11 de janeiro de 2009

JOAN MARBECK Beng Intrah,

Professora, música, poetisa, líder, no feminino, da comunidade "Kristang" de Malaca.

A ela se devem as mais recentes iniciativas no domínio da preservação das ancestrais tradições portuguesas em Malaca e do creoulo ainda aí hoje falado : um dicionário, uma recolha de contos, e, em 2009, uma publicação anunciada sobre costumes e tradições da "Jenti Kristang" .
Do seu envolvimento nas celebrações do 500º aniversário da chegada dos Portugueses (2009-2011) , ficamos à espera das suas notícias.

Joan tem sido reconhecida pelo seu contributo da defesa da herança portuguesa, não tanto pelas nossas autoridades, mas por organizações actuantes no mundo da cultura, como a Fundação Gulbenkian,em Portugal e, na Malásia, a DIGI, que lhe atribuiu o prémio "Amazing Malaysian 2007".




sábado, 10 de janeiro de 2009

MARIA MANUELA AGUIAR 1995- 2005/2009 De Espinho a Berkeley

Ao "Encontro" de Viana do Castelo, seguiu-se um longo interregno.
Na última fase do CCP associativo - que existiu entre 1981 e 1988 - em 1987, estava em preparação a criação da "Conferência" para o debate sobre a igualdade de sexos, como já disse, a par de outras, para o ensino da língua ou para questões económicas - esta, lembro-me bem, impulsionada por Armando Lopes e outros empresários de França.
A questão da igualdade de sexos tinha entrado, com um alto grau de prioridade, na agenda da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Porém, ainda nesse ano, com as eleições legislativas e a mudança de governo, embora se tratasse de um governo do mesmo partido, a problemática desaparece completamente das preocupações do Executivo, durante quase duas décadas (e só renasce com José Cesário, e, agora, com António Braga).
Com FERNANDA RAMOS, outro nome a reter.

A Associação "Mulher Migrante" fica a dever-se, em muito, à sua energia e combatividade na fase
de arranque, sempre complexo, num país em que, para o acto mais simples é preciso vencer as as barreiras da burocracia. Por exemplo, logo no registo da designação. Não permitiram que a palavra "internacional" constasse do título... De seguida, a escritura pública, já com os estatutos aprontados (com recurso aos talentos jurídicos da Maria do Céu Cunha Rego).
A associação não contou com apoio ou incentivo algum do Estado, nessa fase inicial.
Fernanda não estivera em Viana, mas, em conversa com algumas de nós, que tínhamos estado, e nunca desistiramos do velho projecto de avançar para uma associação internacional de mulheres expatriadas, aderiu à ideia e foi , realmente, quem mais contribuiu para lhe dar forma legal - e não só.
Muita gente ligada à área das migrações portuguesas colaborou - Rita Gomes, Maria do Céu Cunha Rego, Mafalda Durão Ferreira, Graça Sousa Guedes, Maria Beatriz Rocha Trindade, Custódia Domingues (a jovem jornalista, que se tornou na primeira mulher membro do CCP), Teresa Costa Macedo (então muito envolvida num interessante projecto de cooperação entre mulheres da lusofonia). E homens, também! Recordo-me de ver, nas primeiras reuniões, por exemplo, Artur Madureira (ainda hoje membro da direcção), o deputado Fernando Figueiredo (que viria a ser secretário-geral), e o jornalista Carlos Morais.
Fernanda Ramos regressou ao Brasil e já não pôde estar no Congresso Mundial, realizado em Espinho, em 1995.
Todavia não esquecemos o seu estatuto de fundadora, de nº 1 da Associação "Mulher Migrante".
De Montes Claros, Minas Gerais, onde é vice-consul honorária de Portugal, não lhe tem sido possível vir até ás diversas cidades, que têm recebido as nossas reuniões, nos últimos 15 anos.
Um "congresso on line" resolve o problema das viagens longínquas. Por isso, aguardamos a sua palavra.

20 anos depois
A Associação Mulher Migrante vem desenvolvendo as suas actividades no que considera ser o "espírito" da reunião inicial de Viana, mas não tinha ocorrido a ninguém promover uma comemoração de efeméride, 20 anos depois.
Para a "petite histoire" eu posso contar como é que um telefonema da Suécia acabou, indirectamente, por desencadear a sequência de "Encontros para a cidadania", ligados a essa comemoração...
Rosa Silva, dirigente da Federação de Mulheres Portuguesas (PIKO), falou-me a pedir que telefonasse à Embaixadora Gradin (minha amiga desde os tempos em que lutávamos, sempre em perfeita sintonia, pelos direitos dos imigrantes e pelos direitos das mulheres nas Conferências de Ministros do "Conselho da Europa") para estar presente nos festejos do 20º aniversário da PIKO. Eu disse, evidentemente, que iria entrar, de imediato,em contacto com Anita Gradin. E, entretanto, comecei a fazer contas, dizendo-lhe qualquer coisa como isto: "Há 20 anos, estávamos em 1985. Que coincidência! Foi o ano em que organizámos, em Portugal, o primeiro Encontro de mulheres emigrantes".
Assim recordada do acontecimento, parecia-me oportuno, tal como a PIKO, partir para uma celebração condigna!
E, como o " Encontro" de 1985 fora iniciativa governamental, pedi uma audiência ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, para lhe falar do assunto e ver em que termos ele queria assumir, directamente, o projecto ou apoiar-nos. Do apoio, sendo Secretário de Estado o Dr. António Braga, eu não duvidava...
A opção dele foi no sentido de assumirmos, nós, a organização, com um decisivo patrocínio da SECP.
E a ele se deve a originalidade de promover diferentes "Encontros" regionais, de preparação para o mundial, que, logo ali, nessa conversa a dois, foram delineados.
A Doutora Maria Barroso foi convidada como presidente de honra dos "Encontros".
Desde 1995, é alguém que tem estado sempre connosco. É um símbolo da luta pela liberdade e pela igualdade. Disse-nos "sim", felizmente !
De seguida, fomos somando parceiros - Pro Dignitate, CEMRI, Rede Jovem, UNIR, RDP, RTP, Lusa , jornais nacionais, como o Público, rádios como a TSF... Fundamental era, em cada caso, a parceria local com uma ou várias ONGs e o suporte de embaixadas e consulados. Em moldes diversos, porque a autonomia dessas entidades, na organização, foi, sempre a que consideraram desejável. Algumas recorreram mais à nossa colaboração, outras menos.
O esquema e matérias que propusemos foi praticamente adoptado em cinco dos "Encontros": América do Sul, Europa, Canadá (Toronto), EUA (Newark) - este último mais apoiado pela FLAD e organizações locais - e África do Sul. Foram "encontros" com uma multiplicidade de temas, discutidos durante dois a três dias.
Em Toronto, a Consul Geral teve um papel verdadeiramente central. Em Buenos Aires, com a Associação Mulher Migrante Portuguesa da Argentina na liderança, integrando o evento internacional nas comemorações do seu 7º aniversário, foram também muito interventivos os serviços da Embaixada e, pessoalmente, o Embaixador Almeida Ribeiro e a Embaixatriz - a quem se deve a possibilidade de realizar as reuniões na Biblioteca Nacional, no anfiteatro Jorge Luis Borges, assim com a presença da viúva de Borges, Maria Kodama, na recepção que ofereceram ao Secretário de Estado e aos participantes.
De formato mais reduzido - um colóquio, ao fim da tarde - e com uma selecção própria e singular de temáticas, dois "Encontros":
o de Montreal (em que esteve presente apenas a Associação Mulher Migrante, colaborando com duas ONG´s de jovens, o "Carrefour Lusophone" e a Associação de Estudantes Portugueses da Universidade de Québec em Montreal );
o de Berkeley (a cargo da Prof. Doutora Deolinda Adão da Universidade de Berkeley ) como parte do programa da visita do SECP à Califórnia, com a Fundação Pro Dignitate a liderar o projecto, contando, naturalmente com a colaboração da Associação "Mulher Migrante" - que foi o elemento aglutinador de todas estas iniciativas.
De notar que em Montreal e em Newark se ensaiou, por proposta nossa muito bem acolhida pelos interlocutores, as Comissões Organizadoras do Dia Nacional, uma orientação das comemorações para o reconhecimento da importância do papel das Mulheres, que são metade das comunidades, e que bem o merecem.

Devo acrescentar que tenho pena de me não ter lembrado de o propôr, quando estava no governo. O mesmo se diga quanto ao enquadramento da realização de Berkeley , incluida na visita oficial do SECP (quantas oportunidades perdidas, anteriormente...). Mas mais vale tarde do que nunca... Em Agosto de 2008, uma conversa com o Dr. António Braga, em Santa Maria da Feira, desencadeou todo o processo. Ele ia deslocar-se à área de S. Francisco, precisamente no mês seguinte. O consul de S Francisco incumbiu Deolinda Adão de preparar o seminário, com características novas. Apesar da escassez de tempo, foi, como os demais, um sucesso.
Em imagens, aqui fica a sequência desse percurso, de mais de 3 anos, por quatro continentes.
Viana do Castelo, Junho 1985








Espinho, Março de 1995










Buenos Aires, Novembro de 2005









Estocolmo, Março de 2006









Montreal, Junho de 2006










Newark, Junho de 2006













Toronto, Fevereiro de 2007

















Joanesburgo, Fevereiro de 2008





















Newark e Berkeley, Setembro de 2008


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

MARIA MANUELA AGUIAR Os Encontros para a Igualdade - um pouco da sua história

NA REUNIÃO DO CCP, EM DANBURY

Na história dos "Encontros" para a igualdade entre os sexos, iniciados em 1985, os nomes de Natália Dutra e de Maria Alice Ribeiro não podem ser esquecidos.
Sem elas, nada teria sido como foi.
São as autoras da ideia.
Não sei dizer se a tiveram em simultâneo, ou se uma a comunicou à outra.
Estávamos em Danbury, Connecticut, na Paróquia Portuguesa do Imaculado Coração de Maria, em Outubro de 1984. O pároco, Dr. José Alves Cachadinha era o presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) dos Eua e , a seu convite, aí se realizava a 1ª Reunião Regional do CCP - América do Norte ( EUA e Canadá). A primeira, nos novos moldes de um "Conselho" regionalizado, em cumprimento de uma recomendação dos seus membros eleitos. uma das melhores oua melhor de todas aquelas em que participei!
O ambiente de trabalho era de tal forma mobilizador e fraterno - há palavras que parecem "gastas", mas, neste caso, são as mais ajustadas ao que se passou... - que os temas em debate circulavam das reuniões formais, entre " conselheiros", para as informais - almoços, cafés, jantares - entre eles e outras pessoas, que nos acompanhavam, portugueses da comunidade local, cônjuges, amigos.
Digo "nos acompanhavam", porque eu era, então, na qualidade de Secretária de Estado da Emigração, a presidente do CCP.
Natália Côrtes Dutra era a mulher do eleito no sul da Califórnia, Prof. Doutor Ramiro Dutra. Maria Alice ( ou Málice, como lhe chamávamos, familiarmente) era a única mulher "conselheira" , em representação dos "media"do Canadá.
Foi na vertente "tertúlia", que a questão me foi posta. Primeiramente, pela Natália, que era uma activíssima dirigente associativa, ensaidora de folclore, professora, presidente da Irmandade de Nossa Senhora de Fátima Peregrina, uma sociedade fraternal feminina da área de Los Angeles. Mas seria Málice, fundadora e directora do mais antigo jornal português de Toronto (O Correio Português), quem redigiria a proposta de uma convocatória, pela Secretaria de Estado de um encontro mundial de portuguesas residentes no exterior.

MULHERES NA CADEIA DE DECISÃO

Agora que conhecemos o percurso da proposta e sabemos que o "Encontro" foi muito mais do que "um igual a tantos" - que, de algum modo, ainda hoje faz caminho e permanece como referência e inspiração de outros que se sucedem - será interessante perguntar até que ponto o facto de estarem, maioritaria, inesperada e invulgarmente, mulheres na cadeia de decisão determinou a forma célere e eficaz da sua concretização...
Na verdade, do ponto de vista institucional, tudo principia na proposta de uma das pouquíssimas mulheres pioneiras do CCP. Interlocutoras são duas mulheres presentes em Danbury: a Secretária de Estado (eu própria), a primeira mulher a desempenhar um cargo governamental no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em mais de 250 longos anos da sua existência existência, e a Presidente do Instituto de Apoio à Emigração e Comunidades Portuguesas (IAECP), Maria Luísa Pinto, das primeiras mulheres num cargo equiparado a director-geral no mesmo Ministério (não esqueçamos que a carreira diplomática esteve vedada ao sexo feminino até 1974).
Entre a recomendação do CCP e a realização do Encontro não contamos mais de 8 meses.
E não foi tarefa fácil " descobrir", então, mulheres em lugares de prestígio e visibilidade, porque a pesquisa nunca tinha sido sequer tentada.
A organização fica nas mãos de Maria do Céu Cunha Rego, jovem e muito competente jurista do IAECP e uma entusiasta da "causa" , que, mais tarde, na década de 90, seria Secretária de Estado da Igualdade. Trabalhava então com Rita Gomes, Directora dos Serviços de Informação Especializada e Acordos de Emigração, uma das testemunhas do nascimento deste projecto, em Danbury.
No Porto, à frente do "Centro de Estudos" do IAECP , outra mulher, Graça Sousa Guedes faz a ligação às entidades que, no norte, co-participam na iniciativa.

A ELITE FEMININA DA DIÁSPORA, NOS ANOS 80

Do estrangeiro são convidadas, através das embaixadas e dos consulados, pelos "curricula", trinta e cinco dirigentes associativas e jornalistas.
É justo, porém, não esquecer, na extensa lista dos nossos aliados o Prof. Duarte Mendes, Director dos Serviços de Emigração da Região Autónoma dos Açores. Conhecia bem as comunidades da Califórnia, tinha os contactos de todas as associações e das suas dirigentes numa parte do mundo onde as portuguesas - maioritariamente açoreanas - se impuseram de uma forma singular, desde o século XIX até nossos dias. Daí a justificação para o peso da participação de portuguesas do oeste dos EUA no conjunto de um grupo de "notáveis" : era a tradução da realidade do presente, consequência de uma história e de uma tradição única e paradigmática.

AS MULHERES NS "MEDIA"

Estamos, hoje, particularmente, atentos à importância dos "media" como espaço de representação e de intervenção cívica das mulheres na emigração. Essa era, em 1985, já, uma componente muito visível no Encontro de Viana do Castelo, onde tiveram voz activa 14 portuguesas ligadas , em diferentes qualidades, aos meios de comunicação social. Umas neles fazendo a actividade profissional exclusiva, outras acumulando com diferentes actividades laborais ou empresariais, ou em regime de voluntariado, em defesa da língua portuguesa e da comunidade - directoras de jornais, do Brasil à Austrália, produtoras de rádio e de televisão, em canais "étnicos" de vários continentes e países, correspondentes, consultoras , locutoras. De meios de comunicação como a Radio France Internationale, os maiores quotidianos de Paris, a BBC ou a CBS americana, e também dos "media" das nossas comunidades.
Agustina Bessa Luíz , grande mulher de Letras e grande oradora encantou-nos com o seu verbo inspirador. Presente, igualmente, Olga Gonçalves, uma escritora que tão bem conhece a emigração, e muitos universitários, políticos, jornalistas. Recordo-me, por exemplo, da Maria Elisa, do Nuno Rocha.

UMA VISAO ABRANGENTE

As reuniões de trabalho foram formaram uma cadeia de excelentes surpresas, com muitos momentos empolgantes, comoventes, divertidos. Excederam, largamente, as expectativas gerais... a começar, devo confessar, pelas minhas.
Faltou, é certo, a conflitualidade a que estavámos, habituados nas assembleias e debates do "universo masculino" (caso do CCP, a instituição que deu origem ao "Encontro"), numa época ainda muito "próxima dos afrontamentos ideológicos do pós 25 de Abril, que , na emigração, sobretudo na europeia, se prolongaram mais do que no interior do País. Porém, sobrou a qualidade das intervenções, a intenção absolutamente construtiva daquelas "cidadãs do mundo", que gostaram de se conhecer, e de trocar experiências vividas dos problemas da emigração.
Curiosamente, falou-se muito das comunidades, das associações, da sua criação e do seu futuro, mais do que apenas da "questão de género".
Nunca, para mim, fora tão claro que só a presença feminina, ainda que discreta, quase invisível em muitos casos, permite a construção de uma verdadeira comunidade orgânica, com um projecto viável de sobrevivência. Homens sós criam, sobretudo, bares ou cafés, tertúlias com existência fatalmente efémera...
Ali, em Viana, as intervenientes foram capazes de fazer a história da nossa Diáspora, sem preconceitos, sem discriminação de um ou outro sexo, embora conscientes de muitas discriminações...
Conduziram as temáticas à sua maneira. Não quiseram falar, em primeira linha, de si próprias, mas de um todo em que se integram. Dos meios de procurar a melhoria da dinâmica associativa, a expansãoda cultura portuguesa e do ensino da língua, da prestação de solidariedade aos que precisam - em conjunto com os homens, como regra.
Questões fundamentais, em que eram ouvidas, pela primeira vez, conforme queriam.
O Estado cumprira a obrigação de as reunir. A partir daí, entenderam que estavam criadas as condições assumirem o controlo do processo.
E, por isso, nas "Conclusões", manifestaram a vontade de continuar o Encontro em futuros
reencontros e com estruturas associativas próprias.










































UMA CONFERÊNCIA PARA A IGUALDADE, NA ÓRBITA DO CCP

Durante os meses que se seguiram, não houve novas acções do Governo, neste domínio. Mas, na ausência de qualquer iniciativa da parte da "sociedade civil", a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas , no quadro do alargamento das competências do CCP, através da constituição, na sua órbita, em 1987, de várias "Conferèncias" temáticas, em áreas prioritárias, como o ensino de português ou as questões económicas e o empreendedorismo, considerou também da maior importância a criação da "Conferência para a Promoção e Participação de Mulheres Portuguesas no Estrangeiro" .
Com a convocação de eleições antecipadas, em meados desse ano, e com a tomada de posse de um novo governo ( ainda que do mesmo partido...) nenhuma das "Conferências" chegaria a ter existência real. Assistiu-se, de resto, à imediata desvalorização e ao subsequente bloqueamento das actividades do CCP, que se pode considerar praticamente extinto, a partir de 1988.
E apenas no sector económico haveria uma cooperação entre a Secretaria de Estado e uma "Confederação dos Empresários Portugueses", constituida com o seu apoio.
Cooperação que se não verificou, e que também não foi solicitada, aquando do nascimento da Associação "Mulher Migrante" , em 1993/94.
A nível governamental, a ligação, durante muitos anos, estabeleceu-se mais estreitamente com outros departamentos, sobretudo com a "Comissão para a Igualdade" (com esse ou outro título oficial)

comentários
Maria Manuela Aguiar disse...

Ainda sobre o 1º Encontro:
Das comunidades portuguesas do estrangeiro vteram:
Alice Vieira, Caracas, Venezuela; Angela Giglitto, San Diego, Califórnia; Aurora Silva Vackier, Dijon, França; Barbara Angeja, SF, Califórnia; Benvinda Maria, Rio, Brasil; Berta Ávila Madeira,Oackland, Califórnia; Cláudia Rios,Hartford,EUA; Custódia Maria Domingues, Paris, França; Debora Morais, Toronto, Canadá; Dolores nunes Lowry, San Jose, Califórnia; Fernanda Cláudio, Montreal, Canadá; Helena Guerreiro-Klinowsky, Toronto, Canadá; Helena Amaral, Boston, EUA; Heroina de Pina, Luxemburgo; Julieta Maia,Toronto, Canadá; Laura Bulger, Toronto, Canadá; Manuela da Luz Chaplin, Newark, EUA; Manuela Faria, Perth, Austrália; Maria Adelaide Vaz,Montreal, Canadá; Maria Amélia Afonso, Buenos Aires, Argentina; Mary da Rosa giglitto, San Diego, EUA; Maria Antónia da Silva Anjos, Buenos Aires, Argentina; Maria do Céu Cunha, Paris, França; Maria Eulália Salgado, JNG; África do sul; Maria mília Pedreira, Fortaleza, Brasil; Mara Fernanda Gabriel Hanning, Estrasburgo, França; Maria da Graça Santos,França; Maria Isabel Vieira, Paris, França; Maria josé Brântuas, San diego, Califórnia, EUA; Maria Juliana Resende,Valência, Venezuela; Mª Leonor Xavier, Rio, Brasil; Maria de Lourdes Lara, Toronto, Canadá; Edite Phillips,Londres, RU; Maria Manuela Miranda França; Natália Côrtes Dutra, Los Angeles, Califórnia; Rosa Silveira, Boston, EUA.
Particitantes de Portugal:
Secretária de Estado da Emigração, Maria Manuela Aguiar; Organização (SEE-IAECP): Presidente do Instituto de Apoio à Emigração e às Comunidades Portuguesas (IAECP), Maria Luísa Pinto; Vice- Presidente do IAECP, Carlos Correia; Directora do Centro de Estudos (IAECP), Graça Sousa Guedes; , Director de Serviços, IAECP, Bento Coelho; Coordenadora do Encontro, IAECP, Maria do Céu Cunha Rego.
Convidados para intervenção no programa do "Encontro": Isabel Romão, Presidente da Comisão da Condição Feminina; Amélia Azevedo, Deputada; Eduardo Costa, Perito do CCP; Agustina Bessa Luís, Escritora; Nuno Rocha, Jornalista; Barroso da Fonte, Director Regional da Comunicação Social; Leonor Quaresma, Jornalista, Vanda Maria, Radialista; Salvato Trigo, Director da Escola Superior de Jornalismo; Teresa Costa Macedo, Deputada; Carlos Léllis, Secretário -geral do CCP; Duarte Mendes, Director dos Serviços de Emigração dos Açores.(indicados pela ordem em que são mencionados no programa) .Houve muitas outras presenças não registadas na publicação sobre o "Encontro", nomeadamente de jornalistas dos média nacionais
As Portuguesas vindas de fora do país eram, dirigentes de associações,jornalistas,professoras, investigadoras,escritoras, artistas, estudantes universitárias, empresárias... Com um traço comum, que era o envolvimento na sua comunidade local:
12 dos EUA, 7 de França, 7 do Canadá, 2 do Brasil 2 da Argentina, 1 de cada um destes países: Austrália, África do sul, Reino Unido e Luxemburgo.O
continente norte-americano, conta com um total de 19 presenças. Já ao tempo era, e, creio que ainda continua a ser, aquele em que a participação das mulheres no movimento associativo é mais igualitário.