quinta-feira, 30 de abril de 2009

DRª MANUELA AGUIAR Mulheres Migrantes - Trabalho Profissional e Intervenção Cívica

A emigração muda, profundamente, a vida das pessoas, homens e mulheres: muda o relacionamento entre eles, na família, na sociedade, com a terra de origem e de destino, com o mundo dos trabalhos.

É verdade em todos os tempos e para todos os povos e nós sabemo-lo por tradição oral, por documentos oficiais, relatos de imprensa, pela experiência de contemporâneos, pelos relativamente poucos estudos sistemáticos que sobre o tema se têm levado a efeito, numa perspectiva comparativa. (1) (2)

Nesta aventura portuguesa sem fim à vista – historicamente, para o Brasil, os EUA, Hawai, Demerara, Argentina, mais tarde para os cinco continentes – o mais intangível, o menos reconhecido é o papel da mulher, a sua quota parte num movimento que foi, largamente, dominado pelo estereótipo masculino, muito embora a proporção de mulheres tivesse aumentado, ao longo do século XIX, atingindo cerca de 30% no início do século passado e sendo, desde as décadas de 60 e 70, de quase 50%. (3)

A componente feminina quando existia em número significativo – ou passava despercebida ou levantava enormes objecções, por parte da “inteligentzia” e do Estado – que não se coibia de tentar limitá-la, através de regulamentação discriminatória.
Elucidativas da percepção geral sobre os inconvenientes da expatriação, das mulheres para políticos e, para cientistas, comentadores são as posições de Emygdio da Silva e de Afonso Costa – na dupla veste de responsável político e, em outra, menos conhecida, de autorizado especialista neste domínio – a considerar a emigração feminina como uma depreciação do fenómeno migratório. (4)

A este juízo não era, como se constata, alheio o facto de a emigração familiar para o Brasil, os EUA, o Hawai, provocar uma inevitável diminuição de remessas e prognosticar o provável enraizamento definitivo no estrangeiro. E assim, ainda que negativamente relevada, a emigração feminina é vista como importante – tão importante que “de per si” pode transformar a natureza do projecto migratório, reconvertendo-o de temporário, em definitivo ou, se não definitivo, mais prolongado. E pouco contava então, numa concepção comum a homens bem pensantes e bem intencionados, a felicidade, a segurança e o sucesso individuais e familiares, quando em oposição (como supunham…) aos interesses colectivos ou do Estado.

2 – A situação das mulheres emigradas, como indivíduos, como cidadãs, não foi, no passado, objecto de particular interesse, de investigação rigorosa, nem a nível de cada país ou grande região, nem a nível global.

Não o foi pelos que se integravam em correntes economicistas (medindo e quantificando em divisas as vantagens da expatriação de trabalhadores) mas também não o foi pelos que se envolveram na luta pelos direitos das mulheres.

Podemos perguntar: porquê? Talvez porque os problemas específicos deste grupo de mulheres se tenham diluído, por um lado, no movimento feminista – movimento social forte e influente desde o último quartel do século XIX (embora mais em outros países do que entre nós, apesar do esforço de uma elite feminista, que nos legou obra, pensamento estratégico e exemplos de determinação e coragem, mas não logrou organizar-se como grupo de pressão…) e, por outro, no domínio mais vasto dos movimentos migratórios, onde o homem ocupava o lugar central, no campo da observação e análise do fenómeno, enquanto a mulher só lateral ou indirectamente via reconhecida a sua presença, quer na decisão de partida (solitária) do companheiro (como decisão comum, que, quase sempre, é…) quer na alternativa de o seguir, no imediato ou no médio prazo.

O panorama não se modificou, substancialmente, até à segunda metade do século XX. A questão feminina, neste domínio, ganhou maior visibilidade no fim de um ciclo de “boom” económico, de desenvolvimento continuado, entre o pós guerra e a crise provocada pelo chamado “choque petrolífero” de 1973-74. É então que a oferta de emprego baixa drasticamente e os mercados de trabalho se fecham aos homens, enquanto as fronteiras se abrem às mulheres (e filhos), a título de reunificação familiar – reclamada e consentida em nome dos direitos humanos fundamentais (face às concepções do início de novecentos um verdadeiro “avanço civilizacional…”.

É uma conjuntura inteiramente nova, e que se irá prolongar por largos anos, caracterizada pela “feminização” das migrações.

Porém, numa primeira fase, ter-se-á mantido, como preocupação maior ligada a esta imparável inversão da proporção dos sexos no êxodo migratório, o receio pela sorte das mulheres no país de destino, como estrangeiras mais vulneráveis, mais isoladas, menos capazes de adaptação cultural e económica. Creio que subsiste ainda a ideia de que elas estão talhadas para ser objecto de uma dupla discriminação: como imigrantes, face aos homens e mulheres do outro Estado; como imigrantes, face aos homens e mulheres do outro Estado; como mulheres, face aos homens imigrados. (5)

Oriundas, na sua maioria, de meros meios rurais, com deficiente formação escolar e profissional pareciam, de facto, condenadas a ocupar os últimos lugares da escala no mercado de “mão de obra”, os de mais baixos salários e menores responsabilidades. Ou pior ainda: ao desemprego, que as deixaram na dependência dos maridos e confinadas no “guetto” familiar.

Nos inícios de 80, os resultados de um inquérito pioneiro, conduzido pela Comissão da Condição Feminina, apontavam, como se esperava, para uma percentagem muito elevada das emigrantes portuguesas, que partilhavam dos preconceitos contra a reivindicação de um papel mais assertivo e igualitário no interior da família e numa ocupação fora de casa.

Estamos confrontados com um pano de fundo onde se projectavam elementos que pesavam, todos, negativamente na previsão dos trajectos migratórios femininos – e que tinham, note-se, fundamento na realidade, ainda que numa realidade estática – sem atender aos que poderiam surgir em função de novas dinâmicas de integração, em sociedades mais prósperas, mais modernas e mais igualitárias, de cujos direitos e liberdades – algumas e, progressivamente, cada vez mais – haveriam de aproveitar.

No começo, os obstáculos surgiam como intransponíveis.

Não se acreditava na atracção exercida por diferentes formas de viver os papéis masculinos e femininos, na família e na sociedade, sobre os nossos emigrantes. Porém, conhecidas as suas tão glosadas capacidades de convívio e de colaboração com diferentes povos, bem podíamos ter previsto as mudanças de mentalidades e de atitudes que iria, em tantos casos, verificar-se – por mimetismo, por adesão natural, pela vontade de ser aceite e respeitado pelos outros…

Neste contexto, a mulher ganha consciência de direitos e de causas que ignorava. Redescobre-se, descobrindo novas maneiras de ser mulher, mãe, trabalhadora. (6)

É, pois, fundamental, acompanhar o percurso da mulher migrante em períodos sucessivos e realçar o circunstancialismo mais ou menos favorável à sua ascensão nos vários círculos em que se move.

3 – Para historiar a evolução do estatuto e das realizações das mulheres nos núcleos de emigração, havia que ouvi-las falar de si: como sujeitos do seu destino, conscientes de problemas, de dificuldades e virtualidades de actuação, no plano individual e colectivo.

A primeira audição mundial de portuguesas da Diáspora aconteceu em Junho de 1985, por iniciativa da Secretaria de Estado da migração, e trouxe a Portugal (Viana do Castelo) uma elite, que então despontava, de dirigentes associativos e de jornalistas.

A proposta para a organização desse grande Encontro foi aprovada, como recomendação ao governo, na secção regional do CCP (Conselho das Comunidades Portuguesas) efectuado em Outubro de 1984, em Danbury, Connecticut. (7)

Uma das constatações do Encontro (que, segundo opinião dos participantes vindos de todo o mundo, expressa nas conclusões, terá sido o primeiro do género convocado por um governo de um país de emigração) é a existência de uma grande heterogeneidade de situações, no que respeita à inserção das migrantes em diferentes sociedades, de emigração recente ou antiga – umas muito mais favoráveis ao emprego e ao empreendedorismo feminino do que outras.

Em qualquer caso, a capacidade individual, a vontade de participação cívica e profissional, é um dado de decisiva relevância. Se as mulheres permanecem isoladas no interior da sua casa, ou mesmo do seu grupo etário, como aproveitar os direitos e as oportunidades que uma sociedade avançada lhes oferece? Como escapar a um “duplo guetto” familiar e social? (8) Provavelmente não fazer o seu caminho entre dois mundos, numa linha de fronteiras psicológica e cultural, que não ultrapassam, de vez, mantendo distâncias no contacto com os naturais do país, por dificuldades de domínio da língua, de compreensão das facilidades do novo meio. O “low-profile” – o perfil das portuguesas como as viam numa pequena comunidade rural de França (corajosas, laboriosas, apagadas), nas conclusões finais, como retrato datado de uma geração. (9)

A aprendizagem da língua, o exercício de uma actividade profissional remunerada, exercida no exterior do lar, o contacto, o diálogo, a convividalidade com mulheres e famílias da sociedade de acolhimento são indispensáveis para a transformação da mentalidade e de condutas. (9)

Outro aspecto abordado no “Encontro” foi o do estatuto da mulher emigrada no interior das organizações do seu próprio grupo étnico – na medida em que estas contribuem para a criação de um espaço cultural, em que se “transplanta” a sociedade de origem (um fenómeno de “extra-territorialidade).

Haverá, em principio, ritmos diversos de progressão das portuguesas na sociedade estrangeira (onde essa progressão se verifica…) e naquela que podemos considerar “sociedade portuguesa” prolongada em comunidades, (vistas como unidades sociais coesas e dinâmicas, animadas por um projecto de futuro e formadas, essencialmente, por uma rede associativa forte e extensa). (10)

É com a chegada das mulheres, de famílias inteiras, que o associativismo ultrapassa a sua fase inicial de mero centro de convívio, café, tertúlia para adquirir a vertente cultural, de guardião de tradições, de modos de ser e de estar colectivamente e de persistir e sobreviver na cadeia de gerações. É com a presença da mulher que clubes e centros associativos se tornam a “casa comum” portuguesa, a sede de uma vivência comunitária, animada pela música, pelo folclore, pelas festas populares, pela gastronomia, pelo teatro, exposições, palestras, cursos de língua pátria…

Todavia, neste associativismo que podemos chamar “misto” – por contraposição ao associativismo feminino – era então, e quase três décadas depois ainda é, maioritariamente liderado por homens. As mulheres, mesmo as que, no estrangeiro, se destacaram na profissão e na intervenção cívica, vêem-se subalternizadas nesta espécie de retorno ao “mundo português”.

A mulher retrocede ao papel que tem, não na família “moderna” em que se insere, mas na família tradicional… A arcaica e rígida divisão de tarefas é a que rege aquele espaço associativo – como se este quisesse propiciar o regresso ao país e ao país do passado: conserva-se tudo, incluindo anacronismo no relacionamento entre os sexos. (11)

A primeira reacção a este estado de coisas – que se manifesta nas comunidades nos quatro cantos do mundo, a indicar a espontaneidade, a vontade de “regresso às origens”, neste particular aspecto em desfavor da participação feminina… - foi a criação de organizações próprias. São dos fins do século XX as pioneiras sociedades fraternais da Califórnia. Hoje, para além dessas seguradoras, de enorme dimensão, podemos referir várias esplêndidas instituições, nascidas no século XX (segunda metade): a “Sociedade Beneficente das Damas Portuguesas” de Caracas, a “Liga da Mulher Portuguesa” da África do Sul, a “Federação das Mulheres Portuguesas” de Piko – com sede em Estocolmo – ou, a mais recente, a “Associação da Mulher Imigrante Portuguesa” da Argentina (criada em 1998). (12) (13)

Terá futuro o associativismo feminino?

Creio que a resposta será dada, em definitivo, quando a participação de mulheres e homens no associativismo misto atingir níveis próximos da paridade. É natural que, então, as instituições femininas acabem por se diluir no “mainstream”, por manter interesse histórico ou simbólico. Mas para já, a paridade é uma meta longínqua. E, a meu ver, todos os meses são bons para fomentar uma maior intervenção cívica das mulheres – em organizações próprias, ou “mistas”, e dentro destas, eventualmente, em áreas específicas.

O diálogo e debate sobre a questão de género estão no seu ponto alto – porque nunca a esperança de obter resultados foi tão grande.

A organização de reuniões internacionais - como as que se vem efectuando década a década - têm sido um instrumento eficaz para a tomada de consciência dos problemas e a busca de soluções. Tem permitido um balanço da evolução verificada e do seu diferente ritmo nas várias comunidades, a tendência para uma maior visibilidade do papel da mulher e para a dinamização que pode trazer a um dirigismo, que em algumas partes do mundo, parece em crise de afirmação.

É no continente norte-americano que os progressos são mais notórios, sobretudo em organizações de juventude. O rejuvenescimento conduz aí, em linha recta, a paridade – o que não é necessariamente verdade em outros continentes. (15)

Mulheres e jovens de ambos os sexos, têm sido, genericamente, marginalizados nas associações mais tradicionais – e, por isso, constituem uma reserva que não pode ser desperdiçada, sobretudo numa conjuntura em que crescem as dificuldades em garantir militância e adesões.

Neste universo, muito heterogéneo (com crescimento e até nascimento de novos centros associativos e o declínio de outros…), em tempo de grandes mutações e incertezas, é um sinal dos tempos – ver mulheres à frente de algumas das mais antigas e prestigiadas associações nas comunidades mais “improváveis”.

Por exemplo, na Argentina, no emblemático “Clube Português” de Buenos Aires, ou na quase centenária “Associação de Comodoro” – Rivadávia.

É também no Equador, no Hawai, na América do Norte (em Mississauga, Toronto, Montreal, Vancouver, San Diego, Elizabeth, N.Y), na Europa, no Brasil (não ainda nas instituições centenárias, mas em Câmaras do Comércio ou Elos Clubes), na Venezuela, na Austrália. E até já em “Academias de Bacalhau” que começaram por ser um paradigma de associativismo especificamente masculino (16), já há mulheres presidente de Academias.

Conhecemos casos pontuais que somados representam uma alteração significativa. A quebra de um tabu, mas num quadro ainda de excepcionalidade e não absolutamente transparente.

Faltam-nos dados rigorosos globais actualizados periodicamente. Por isso, nos “Encontros para a Cidadania” em sido proposta a ideia da criação de um “observatório” para a igualdade (17), ao qual caberia, entre outras finalidades, a de registar os cargos e actividades das mulheres no movimento associativo, sem esquecer as suas realizações à latera do poder formal das direcções, por exemplo em organizações “satélites” ou redutos que lhes estão reservados, como os femininos, ou de senhoras auxiliares, comissões femininas ou os “comités de damas (em países de língua castelhana”). (18)

3 – Partimos de conceitos e preconceitos sobre o destino das mulheres nas comunidades da emigração que, algumas décadas decorridas, tivemos de considerar em larga medida, infundados, pela história das suas vidas.

E não porque não tivessem deparado com situações de discriminação, sob a forma previsível e prevista (isto é, de relativo desfavorecimento para as mulheres e homens do país, assim como aos homens emigrantes).

Porém, mesmo nesse condicionalismo, a simples possibilidade de exercer uma actividade remunerada, deu a muitas mulheres imigradas, uma independência e benefícios materiais, a que não poderia ter aspirado na sua terra. E ganha, com isso, um estatuto de igualdade (ou quase igualdade) na contribuição para o nível de vida familiar (19 (20)

Porque errou a previsão comum?

Creio que por erro de perspectiva, ao não tomar, como referência para aferação, as mulheres portuguesas não emigrantes, as que não tiveram a oportunidade de testar as suas capacidades num contexto de maior abertura à igualdade dos sexos.

Neste quadro de comparação, na maioria dos casos, a mulher emigrante é, afinal, uma dupla vencedora.

Como emigrante, porque pertence a uma “geração de triunfadores” e contribuiu decisivamente, como diria Eduardo Lourenço, com independência, para o sucesso do projecto de emigração e a ascendência alcançada na família e no exterior.

Como mulher, porque soube ultrapassar a distância entre a sua contradição anterior e as possibilidades reais de emancipação, que a emigração lhe permitiu, pelo trabalho independente e pela valorização do seu papel na família e na sociedade

Maria Manuela Aguiar

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Profª NATÁLIA R CORREIA A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO ASSOCIATIVISMO


A Comunidade Portuguesa e Lusa na Argentina, participa desde muitos anos nos Clubes existentes, desde o século passado.
A Mulher começou a estar dentro das Comissões directivas à muitos anos, tínhamos o serviço de um grupo de Damas de Beneficência donde chegávamos com nossa ajuda às pessoas que tinham alguma necessidade social, nosso âmbito era o nosso querido Hospital Português, a doença era tratada pelos profissionais do Hospital Português.
Como Dama de Beneficência se fazia um grande trabalho, não só operativo senão Social, no ano se realizava algumas Galas com jantares importantes, feitos pelas Damas de Beneficência para juntar verbas para continuar com a obra.
A Comunidade ainda se lembra do trabalho realizado com tanto amor, foi muita a pena que sentimos que o Hospital foi intervenido pela Justiça, e logo no ano 2001 o nosso Hospital foi tomado pelas Assembleias barriais e perdemos os direitos que a Comunidade tinha nesse nosocómio que foi feito com muito trabalho e dinheiro de muitos Imigrantes Portugueses

A Mulher detrás de cada Comissão Directiva, é um grande valor para todas as Associações, pelos trabalhos que realiza, com muito valor e coragem, continuam na defesa da Instituição que pertencem.

As Mulheres Portuguesas chegaram de diferentes povos, aldeias, cidades, mas todas elas com um grande amor pela terra distante, e o objectivo é o mesmo NÂO DEIXAR MORRER NOSSAS COSTUMES E NOSSA LÍNGUA, é por isso que depois do tempo de residência nesta querida Argentina, continuamos na abertura e sempre com projectos novos.

Ano 1999 nos visitava uma Mulher visionária, Dra. Maria Manuela de Aguiar, nos deu uma ideia, e podemos concretar uma nova Associação dirigida pelas Mulheres de diferentes Associações, a qual já tem 10 anos de vida, com um trabalho formidável das Mulheres que a integram, o trabalho é Cultural, Social e de Ajuda ao indigente.

As Mulheres sempre estão a apoiar e promover novos convívios com possibilidades diferentes sempre que sejam úteis entre gerações e para promocionar novas ideias para o bem comum.

Dentro das diferentes Associações à Mulheres que promovem e organizam diferentes festejos que são realmente inovadoras e tudo é imaginação da Mulher.

Está na ideia de algumas Mulheres ainda fazer alguma proposta para, adquirir conhecimentos e poder descobrir novas tarefas que possamos demonstrar os sonhos e esperanças para realizar uma brilhante ideia para deixar aos nossos herdeiros para que culminem a nossa obra.

Também cabe destacar as Mulheres Portuguesas e Lusas, que realizam trabalhos de Fotografia, de Artes Plásticas, de Docência, de Gastronomia, de Voluntariado etc., etc. dentro das Associações Portuguesas.

A Mulher Portuguesa trabalha pela sua Comunidade, mas também faz seu aporte na Comunidade donde mora, trabalhando em Cáritas e noutras entidades de bem público, trabalho Social que tanto hoje as Sociedades modernas têm a necessidade do apoio de pessoas que tiveram uma Educação diferente, em que os valores morais e sociais tinham uma grande importância; hoje temos que enfocar a ajudar aos cidadãos que padece dum grande Flagelo que é a Droga, e o paco, este trabalho ainda dentro das Associações não se leva a cabo, mas temos que lutar pelos cidadãos de cada cidade mais perto que possamos melhorar a qualidade de vida daqueles, que não recebem educação e com um agravante pior que é não ter o elementar para poder Estudar, para que amanhã possam inserir-se na vida actual, que tanto conhecimento demanda aos cidadãos de cada País.

Prof. Natália M. Renda Correia
Vice-Presidente da Associação Mulher Migrante na Argentina

terça-feira, 7 de abril de 2009

MESTRE ARCELiNA SANTIAGO Reflexão sobre o Encontro

Cidadãs da Diáspora, uma reflexão sobre o Encontro em Espinho…

Foi com enorme prazer que aceitei o desafio da Professora Dr. Graça Guedes e me envolvi na organização deste Encontro em Espinho, não apenas por ser também entusiasta pela nobre causa que a Associação Mulher Migrante defende e divulga, mas também por ser estudiosa das questões relacionadas com o género e aderente ao feminismo, enquanto forma de humanismo.

Neste Encontro, realço o momento presente como reflexão e ponto de passagem entre o passado e o futuro. Do passado, os testemunho do que foi sendo feito ao longo dos anos, nos quatro continentes. Neles, destaco a importância do associativismo em que homens e mulheres estiveram empenhados e, de forma muito peculiar, as trajectórias das mulheres, mesmo que a conquista aos lugares de direcção ainda não tivesse sido uma realidade. A visibilidade da sua acção destaca-se na forma como mantiveram vivos os traços da lusofonia, através de inúmeras formas de expressão. Este associativismo e voluntariado são sinais de uma intensa fraternidade, solidariedade e luta pela manutenção das marcas da lusofonia em locais tão distantes, mesmo nem sempre tão apoiadas, como deveriam ser, pelo Estado. Dar visibilidade a esta acção tão nobre é missão do presente para que ela se reflicta no futuro que está já ali e no qual os esforços de todos devem incidir. Neste presente, destaco também os estudos científicos, apresentados por ilustres palestrantes, tão importantes para dar visibilidade a estas questões, em torno das quais as reflexões foram acontecendo.

Neste Encontro de gerações e de géneros, alguns aspectos significativos foram realçados. Na verdade, afiguram-se mudanças que têm de ser entendidas, segundo me parece, como algo intrinsecamente necessário, numa sociedade, em transformação alucinante, agora com fluxos migratórios bem diferentes dos de outrora, essencialmente marcada pela globalização. A reflexão em torno de questões como o encorajamento da presença dos jovens nos movimentos torna-se urgente enquanto forma de manter o associativismo e a lusofonia. Os jovens deverão ser chamados a intervir com os seus próprios projectos e não apenas como complementos dos projectos existentes e construído sob o olhar e a perspectiva dos mais velhos. Estes serão necessariamente a retaguarda do apoio, tão necessário, mas é preciso dar mais voz aos jovens. Novas formas de acção são vitais para assegurarmos o associativismo, aquilo que ele tem de bom, combinando novas formas de gerir e gerar acções.

A Associação, a festejar os seus 15 anos de actividade está de parabéns pela sua intensa acção em prol das cidadãs em diáspora. Se o passado foi marcado pelo entusiasmo, o futuro exige forças redobradas onde homens e mulheres devem, mais do que nunca, juntar-se para enfrentar os desafios que se afiguram complicados.

Este momento de Encontro em Espinho, coincide com um momento em que tantas mudanças estão a ocorrer na sociedade, em termos globais. Muitas interrogações se colocam nesta fase de crise profunda, em termos económicos e sociais. No entanto, reconhece-se, talvez mais do que nunca, a necessidade de um olhar, agir e intervir, de forma humanista, perante novos fluxos migratórios e, em particular a situação das mulheres que, sendo já mais precária, tenderá a agudizar-se.

O Encontro em Espinho “Cidadãs da Diáspora” contribuiu não só para a reflexão, como também para dar alento a novas perspectivas e, por isso, mesmo ele foi marcante e inovador. Realço a importância, neste encontro, da presença de jovens, pois motivá-los para estes problemas é pensarmos no futuro que está já a acontecer.

Arcelina Santiago

MARIA MANUELA AGUIAR Um Encontro para continuar

PRIMEIRO E SINTÉTICO BALANÇO

O ” Encontro em Espinho - Cidadãs em Diáspora” trouxe a Portugal representantes dos “Encontros para a Cidadania – A Igualdade entre Mulheres e Homens”, que se realizaram, de 2005 a 2009, sucessivamente, em Buenos Aires, Estocolmo, Toronto, Joanesburgo e Berkeley, e retomou muitos dos temas aí tratados.

Em diálogo, estiveram as participantes, que desempenharam o papel de “porta -voz” de cada uma dessas reuniões regionais, e muitos investigadores, académicos, nomes prestigiados dos vários ramos da ciência que se cruzam no domínio das migrações – uma verdadeira “cimeira de especialistas”! – e emigrantes ou ex- emigrantes, defensores dos direitos dos estrangeiros, dirigentes associativos das diásporas lusófonas ( não só de Portugal, mas também de Moçambique, do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné, de Angola), políticos, os deputados José Cesário e Carlos Páscoa e o antigo deputado Carlos Luíz, autarcas nortenhos, altos funcionários, com destaque para a nova Directora Regional dos Açores Drª Rita Machado Dias, professores de português, a Presidente e alunos da “Universidade Sénior” de Espinho, e – coisa invulgar e deveras gratificante para nós - várias dezenas de estudantes das Escolas secundárias da cidade.

A Associação Mulher Migrante iniciou com esta organização as comemorações do seu 15º aniversário de constante actividade.

Contou, uma vez mais, com a parceria da Fundação Pró Dignitate, através da Presidente Drª Maria Barroso, do Centro de Estudos das Migrações e Relações Internacionais e da Universidade Aberta, com o apoio da Câmara de Espinho e do seu Presidente José Mota, o patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas , e o interesse e estímulo decisivos do Secretário de Estado Dr. António Braga.

Como é habitual nas realizações desta Associação, as migrações, numa perspectiva global e não especificamente “feminina”, estiveram no centro do debate, mas com as mulheres no lugar que neste domínio é o seu, com a visibilidade que lhes é negada, quase sempre, noutros “meetings” ou “fora”.

De facto, o percurso da metade feminina da nossa emigração tem sido, em regra, desvalorizado, desde logo porque é muito menos estudado do que o do homem e esta é uma das formas de discriminação, que ainda subsiste, como tive oportunidade de dizer, na sessão de abertura. E é também inegável que, apesar da evolução a que vimos assistindo, sobretudo no continente norte americano, no sentido de uma sua participação cívica mais igualitária, há ainda um défice de oportunidades – de presença, de opinião, de palavra, de influência… - que a afasta das instâncias de decisão e de poder, sobretudo a nível da comunidade portuguesa. E do movimento associativo, que tanto precisa de se renovar, alargando a base de sustentação, e ganhando um suplemento de ânimo, que ela poderá garantir-lhe.

Este é, a nosso ver, um objectivo comum a todos, independentemente do “género” ou da geração, e um requisito da vida em sociedade e em democracia.

Foi, pois, a Mulher como Cidadã, e Cidadã de duas Pátrias, pelas quais reparte a sua vivência, que procuramos reconhecer, na emigração - que, para ela se tornou, tanto ou mais do que para o Homem, um caminho de auto-afirmação e auto-confiança, assim como promover a sua maior participação na vida colectiva. E o certo é que, nas comunicações e nos debates, destes dois dias intensos, passados em Espinho, foi emergindo, não só um novo paradigma de intervenção feminina nas comunidades do estrangeiro, mas também um novo perfil de mulher-emigrante: jovem, independente, mais qualificada, que parte à procura de valorização profissional, sozinha, ou com o marido, em pé de igualdade, desde a primeira hora.

Falámos muito de uma realidade de que, tradicionalmente, salvo em situação de crise pontual, se fala tão pouco nos “media” e no discurso político em Portugal, como afirmou o Prof. Eduardo Vitor Rodrigues, na última e inesquecível conferência do "Encontro": a de um movimento de saída que aumentou tremendamente, desde o começo do século. Quase em exclusivo para a Europa (Inglaterra, Irlanda, Espanha…) embora no actual clima de depressão económica , pareça procurar, de novo, os destinos longínquos, em África, ou, pelo menos, em Angola, o promissor país lusófono, agora em paz e em processo de reconstrução.

É cedo para fazer o balanço final de um “Encontro” tão rico de ensinamentos e de experiências partilhadas. Esperamos que ele se traduza em iniciativas múltiplas, que iremos contabilizando. De uma temos já a certeza: a criação, na comunidade de Pretória, de uma “Universidade Sénior” seguindo o modelo da de Espinho. Garantia dada, durante os trabalhos, pela representante da África do Sul, a dinâmica Manuela da Rosa, fundadora da “Liga da Mulher” e antiga conselheira do CCP. Vozes muito influentes foram, igualmente, as das representantes dos outros “Encontros para a Cidadania”: Maria Violante Martins, actual presidente da Associação da Mulher Migrante Portuguesa da Argentina, e Claudia Ferreira, do Rio de Janeiro, (no painel sobre os “Media”, ela que é uma "radialista" de sucesso, com programa no ar há muitos anos) pela América do Sul, Maria Amélia Paiva, Cônsul – Geral em Toronto, antiga Presidente da Comissão para a Igualdade, uma maiores especialistas portuguesas neste domínio, pelo Canadá, Deolinda Adão, professora da Universidade de Berkeley e uma "autoridade", no que respeita ao associativismo feminino da Califórnia, pelos EUA, e Isabel Oliveira, a mais jovem de todas, uma brilhante investigadora (do CNRS) e professora em Paris (Sorbonne), pela Europa.


Todavia, o “Encontro em Espinho” não terminou ainda – vai continuar, ao longo deste ano do 15º aniversário da “Mulher Migrante”.
Para já, através do blog, que antecedeu e acompanhou o “Encontro” e continua aberto, como repositório de informação, pronto a aceitar novos contributos. No segundo semestre de 2009, vamos editar os dados nele contidos e apresentar a publicação, em modelo de "seminário", que permita novos debate sobre as ideias, as recomendações e as conclusões desta nossa iniciativa - ou melhor, desta série de iniciativas, com as quais queremos contribuir para melhor conhecer e dar a conhecer a realidade da migrações, femininas e não só, no tempo presente.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

DRª MARIA BARROSO Dia Internacional da Mulher em Montréal - Mensagem da Drª Maria Barroso


Impossibilitada de estar convosco por razões de compromissos tomados antes, quero afirmar-vos, porém, que me sinto junto de vós, em pensamento e coração.
Já tivemos ocasião de nos encontrarmos – por mais de uma vez – nessa terra tão bela e sedutora que é o Canadá.
Vossos pais foram seduzidos por essa parte do mundo, embora levados, a maioria das vezes, por razões de carências ou dificuldades encontradas no nosso país dessa época. E foi o acolhimento generoso e fraterno que encontraram no novo país que os estimulou a trabalharem e a sentirem-se parte integrante dele. E o vosso esforço admirável, obviamente!
Mas o que me emociona no contacto convosco é, para além da gesta por vossos pais e por vós próprias vivida, a maneira como souberam impor-se nessa sociedade, na nova sociedade, integrando-se nela e enriquecendo-a com a vossa postura, inteligência, saber e elevando e honrando o nome do país onde mergulham as vossas raízes. Por isso sinto que representa para mim, de certa forma, uma perda lamentável o não estar hoje convosco, com as que aí vivem e com as que se deslocam de outras partes do mundo a essa.
Os problemas que vão debater são muito importantes e já tenho tido ocasião de o fazer quer aí, quer nos outros países por onde temos andado – a Dra. Manuela Aguiar, minha querida amiga, outras queridas amigas também e eu – e nos quais devemos insistir até que consigamos vê-los, definitivamente, resolvidos. Para bem das mulheres e da sociedade em geral. É que os Direitos Humanos não podem ser apenas declarações de intenção mas deverão ser respeitados, sobretudo os das mulheres que ainda os vêem feridos. Fizemos já grandes progressos mas não os suficientes para que a mulher viva com a dignidade a que tem direito e lhe é conferida pelos documentos que desde há muitos anos assim o declaram.
A mulher migrante tem sido alvo da nossa imensa solidariedade e, por isso, não a queremos esquecer e lhe desejamos levar o apoio, a solidariedade e a amizade que ela nos merece.
E lembrá-lo, nestes dias em que celebramos o Dia da Mulher, é para nós um verdadeiro imperativo da nossa consciência de cidadãs portuguesas.
Abraço todas muito afectuosamente e desejando-vos que mantenham a vossa determinação e coragem nesta grande batalha dos Direitos Humanos cuja vitória respeita a toda a Humanidade.

Maria de Jesus Barroso Soares
22 de Março de 2009