segunda-feira, 12 de novembro de 2018

ARCELINA SANTIAGO EM TORONTO


Arcelina Santiago <arcelinasantiago@gmail.com> escreveu no dia terça, 6/11/2018 à(s) 13:54:

Queridas amigas 
Volto a reiterar os meus agradecimentos por terem promovido o fantástico Encontro. 
Gostei muito daquele momento e reflecti  muito sobre ele . 
Confesso que ia muito expectante sobre cada uma de vós, por saber que eram pessoas fantásticas , muito dinâmicas e interventoras na sociedade Canadiana  e junto da comunidade  portuguesa . 
Tudo graças ao vosso  desempenho  profissional e reconhecimento social ! 
Conhecia a Ilda e a Manuela e agora fiquei mais rica por ter conhecido mais associadas. Todas  com um potencial  enorme! Trata-se , como  já mencionei, de um Grupo de mulheres  com muitas potencialidades, quer em temos académicos, quer em termos de trabalho no terreno. 

Como  gostei de ouvir o vosso conhecimento sobre  a comunidade portuguesa , as vossas preocupações, as vossas  interessantes propostas, projetos que já iniciaram ou que  desejam encetar.

Amigas, estão  reunidas todas as condições para serem, não meras associadas  da AMM em Portugal, mas  antes,  uma Delegação da AMM em Toronto . Podem constituir-se com autonomia para abraçar os projetos que vierem a decidir ser os mais pertinentes para a comunidade e, como  Delegação, poderão  apresentar-se às  entidades, quer  consular, quer Municipal , em nome da AMM.  Como falamos , deve ser constituída  uma Comissão  onde a coordenadora será a Manuela Marujo tal como concordou já na reta final da reunião( deveríamos ter tido mais  tempo, mas  não foi possível)  . Deverão ser  escolhidos os restantes membros dessa comissão . Tenho  a certeza que mesmo sendo mulheres muito  ocupadas todas as que estiveram presentes poderão fazer parte desse grupo de orientação e coordenação. 
Ventilaram muitas propostas que, depois  de organizadas em projetos, devidamente sustentados e com a indicação do líder de cada um, serão apresentados às entidades  competentes . 

Sobre as atividades  em Toronto, elas   integração o Plano geral da AMM . No final, será  feito um relatório  tal como acontece com as realizadas em Portugal ou noutro país. 
Agora, apresento  a sumula  das interessantes  propostas que debatemos na Reunião: 


- Recolha de informação pertinente sobre a comunidade portuguesa no Canadá ( em particular em Toronto). Estudo  para o qual seria pedido colaboração ao consulado , manifestando a necessidade de recolher dados , constituindo-se um observatório que permita conhecer melhor a comunidade  para melhor se poder atuar ; 

- Projeto  de solidariedade , de apoio às vítimas de violência e discriminação de mulheres da comunidade portuguesa.  A Felicidade já fez este trabalho no terreno e gostaria de o retomar em termos de voluntariado ) - solicitação de apoio à vereadora do apoio social e envolver o Consûl também ; 

- Desenvolver academias seniores ( ASAS) começando pelas estruturas que já existem , pois têm a vantagem de ser estruturas de proximidade e estão interessadas , ( caso  da Casa do Alentejo ou de outras que estão abertas a estas iniciativas e que a AMM pode lançar) ; 

-Promover  os ateliês da memória ( recolha de histórias de vida de emigrantes portugueses desde os primórdios ) , junto das escolas e nas academias seniores ( relatei algumas experiências) 
 - dar relevo a histórias de exemplos de cidadania dentro da comunidade portuguesa ...

- clube de leitura , danças tradicionais , exposições  

- pesquisar  no Portal de apoio  de projetos de âmbito cultural e social ( até dezembro )  exposições itenerantes ( caso da fotos de portuguesas seniores representando o artesanato tipicamente português ) 
Museu do brinquedo  ... 

- Lançamento  de publicações de membros da comunidade portuguesa e incentivo para que seja bilíngue ( Irene , Humberta , Daniela Beça...) .


Estaremos prontas para vos apoiar no que concerne a reiterar junto das entidades da qual somos parceiros para mobilizar esforços e afirmar a qualidade e interesse dos projetos que venham a apresentar . 


Ficarei a guardar as respostas ate dia 15 novembro às  duas questões que  foram  colocadas e para as quais há urgência para podermos tomar conhecimento do contributo de cada uma das / dos associadas/os  na AMM .
Depois até dia 20 novembro  , aguardo a narrativa na primeira pessoa como vos referi . 

Sobre as ideias de futuros  projetos que apresentaram , espero  não ter esquecido nenhum ou ter distorcido algum.  Caso assim seja  indiquem, por favor. 
Sobre outras actividades que  ventilei ainda não há certezas de serem concretizadas . Logo que se saiba ao  certo,  serão seguramente informadas . 


Com amizade 
Arcelina Santiago

sábado, 10 de novembro de 2018

Maria Manuela Aguiar AS SINGULARIDADES DA AMM



As singularidades da Associação MULHER MIGRANTE


1 - A "Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade" (AMM) está aberta a todos os que se dedicam ao estudo do fenómeno migratório e ao combate das desigualdades e discriminações, que atingem, de forma especial, as mulheres migrantes e as minorias étnicas. 
Sua divisa: "Não há estrangeiros numa sociedade que vive os direitos humanos". Objetivo principal: aprofundar o conhecimento de realidades variáveis de comunidade para comunidade da emigração, aproximar essas comunidades entre si, promover as condições para a cidadania plena.em cada uma delas. 
Na lista das suas singularidades destacaremos: o ter nascido voltada para a Diáspora feminina, dentro do país; o não ser uma associação feminina, mas mista; o reconhecer, antes de uma história própria, a influência inspiradora de uma "pré-história". De facto, a ideia de constituir uma organização internacional de mulheres antecedera em quase uma década a fundação da AMM, Surgira em 1985, durante o "1º Encontro de Mulheres Portuguesas no Associativismo e no Jornalismo", promovido pela Secretaria de Estado da Emigração, na cidade de Viana. Esse congresso de mulheres migrantes, absolutamente pioneiro em termos europeus, e, tanto quanto se sabe, universais, dava cumprimento a uma recomendação do Conselho das Comunidades Portuguesas subscrita pela jornalista Maria Alice Ribeiro, do Canadá, uma das primeiras mulheres a nele ter assento. O "Conselho",  órgão de consulta do governo, formado por representantes do movimento associativo e dos "media" das comunidades, espelhava, então, fielmente a marginalização feminina em cada associação - membro. Era exclusivamente masculino, com a exceção de duas jornalistas, de Toronto e de Paris!    
 O Encontro de 1985, reunindo cidadãs envolvidas no associativismo e no jornalismo, constituiu, na verdade, uma espécie de "Conselho das Comunidades no feminino". Foi um acontecimento memorável por ter ultrapassado, em qualidade de reflexão e debate, as expetativas mais positivas, e, também, por ter consubstanciado o nascimento das políticas de género para a emigração. Políticas que só viriam a ser desenvolvidas, sistematicamente, duas décadas depois.

 2 - As congressistas haviam transformado uma oportunidade inesperada num êxito absoluto, mas não conseguiram, nos anos seguintes, lançar a sua ambicionada rede internacional. Em 1993, perante a ausência de políticas públicas para a a igualdade na emigração, assim como de iniciativas das próprias emigrantes, algumas das participantes e das organizadoras do mítico "Encontro de Viana" decidiram instituir a AMM, ONG destinada a colocar na ordem do dia as questões da emigração feminina, o repensar o papel das mulheres na Diáspora. Como começar (ou recomeçar) essa tarefa? Com um grande congresso mundial, evidentemente! E onde? Em Espinho, onde éramos residentes duas das "guardiãs" da memória do" Encontro de Viana", e, nessa veste, fundadoras da associação -  Graça Guedes, antiga Diretora do Centro de Estudos da Secretaria de Estado da Emigração, e eu, ao tempo responsável por esse pelouro governamental . Avançámos com a candidatura da nossa cidade, logo aceite consensualmente. Aqui reunimos cerca de 300 personalidades dos cinco continentes. O Encontro Mundial de Espinho, sob o lema "Diálogo de Gerações", foi , até hoje, o maior de todos quantos houve e conferiu à AMM a credibilidade bastante para se converter em parceira de sucessivos governos, no esforço de promover a paridade de género nos núcleos da emigração. A colaboração mais estreita com sucessivos governos situou-se na que podemos chamar uma "década de ouro" para a defesa ativa da igualdade, de 2005 a 2015. Iniciou-se com os " Encontros para a Cidadania" presididos pela Dr.ª Maria Barroso,  entre 2005 e 2009, nos vários continentes, e prosseguiu com os Encontros Mundiais de 2011 e 2013, realizados em Portugal, e com série de conferências e colóquios em diversos países de emigração, em 2012, 2014 e 2015 - todos organizados pela AMM, em cooperação com a Secretaria de Estado das Comunidades. Cooperação que, de modo menos sistemático, mas com o mesmo espírito, se vem mantendo, ininterruptamente.

 3 -  A AMM, como disse, não seguiu o modelo das associações femininas, que é, na Diáspora, o dominante na prossecução de finalidades semelhantes.  Lá fora, foi sempre mais fácil às mulheres terem visibilidade e influência à frente das suas próprias coletividades do que no associativismo misto, no interior do qual só em anos recentes começaram a aceder a lugares de direção. Onde, diga-se, são ainda uma minoria... 
Todavia, para a AMM, já em 1993, as circunstâncias eram diferentes. A nossa ligação afetiva ou profissional à problemática da emigração fazia-se a partir da investigação universitária, do serviço público, do jornalismo. Formávamos um círculo onde mulheres e homens partilhavam uma visão humanista/feminista das transformações necessárias neste domínio. Como dizia um fundadores, o Comendador Luís Caetano, ainda hoje o representante da AMM no Uruguai: "Não é preciso ser jovem para tentar resolver os problemas dos jovens, Não é preciso ser idoso para compreender e apoiar os mais velhos. Não é preciso ser mulher para lutar pela igualdade de sexo".
 Todas, todos nós queremos, mais do que dois associativismos paralelos, o masculino e o feminino, um só, ainda que para aí chegar possam ser indispensáveis organizações  exclusivamente femininas. A  meta é, todavia, a mesma: uma sociedade mais justa e igualitária, em que cada ser humano se possa realizar inteiramente -  estrangeiros, mulheres, que sem direitos iguais, são como que estrangeiras no seu próprio país... 
Por fim, gostaria de salientar mais uma singularidade: a forte presença de Espinho nas origens da AMM e ao longo de um quarto de século. Na verdade, neste ano de 2018, embora a sede continue em Lisboa, de Espinho são as presidentes de todos os órgão sociais: Direção (Arcelina Santiago), Assembleia Geral (eu mesma) e Conselho Fiscal (Ester Sousa e Sá). Mais a Secretária-geral (Graça Guedes). Num momento difícil, foram as que disseram "sim" à assunção de responsabilidades. De facto, Arcelina Santiago acaba de ser eleita para suceder a Rita Gomes, saudosa amiga, a líder histórica da AMM, ..
 De Espinho, em conjunto com associados do país e de muitas comunidades, procuraremos refletir e agir no espaço imenso das nossas migrações. Na cidade o "Núcleo" cresce -  o mais recente dos inscritos é o Dr. Lúcio Alberto. Somos, assim, também, um exemplo de boas práticas, (coisa sempre difícil...), em matéria de descentralização a norte da capital..

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

ASSOCIAÇÃO MULHER MIGRANTE – UM MODELO DE CIDADANIA

Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática Aposentada da Universidade do Porto
Secretária Geral da AECSMM


É normal pensar que POLÍTICA significa governo dos homens, administração das coisas e direção dos Estados.
Mas este conceito é muito mais lato e abrangente.
Pode ser considerado Arte, Ciência, Ideologia, Filosofia, Ética, Metafísica, Teologia, com diferentes níveis, dimensões e aspetos, que se interligam ou dialeticamente se postulam. O problema reside em saber o que é que verdadeiramente se encontra unido.
Porque POLÍTICA releva da intuição criadora, do juízo teórico-prático, da perceção das mediações necessárias entre quem governa e a comunidade que é governada, releva também dos diversos corpos que constituem o universo social e estatal que se relacionam com as aspirações que polarizam a vida dos Homens.
E, assim sendo, POLÍTICA é um FAZER e, sobretudo, um AGIR.
         Esta perspetiva é aliás já muito antiga e inspirada em Aristóteles, que assim define Política: … uma espécie de savoir-faire, de que nem a sensibilidade nem a imaginação podem estar ausentes, embora a prioridade seja atribuída à racionalização tecnológica e à reflexão crítica.
POLÍTICA será um ponto de focagem de um campo larguíssimo de relações entre governantes e governados; entre as Instituições e a vida real; entre as partes e o todo. E, todos nós, somos a parte deste todo!
Embora lhe estejam normalmente associadas questões ideológicas e partidárias, teremos de pensar sobretudo em CIDADANIA, que deverá nortear os nossos comportamentos e os nossos relacionamentos, qualquer que seja a idade, o género, a etnia, a religião; qualquer que seja o contexto onde possamos estar inseridos.

Comecei assim a minha comunicação no II Encontro de Mulheres em Movimento, que aconteceu em Espinho, na Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva, organizado pela Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante em Outubro de 2012 e intitulada Universidade, Política e Cidadania.
Com base neste minha reflexão, julgo poder afirmar que a nossa Associação pode bem ser definida como um ato de CIDADANIA, expressa nas diversas singularidades que a caraterizam e que tão bem estão agora explicadas neste Jornal pela Drª. Manuela Aguiar, como também de todas quantas nela se têm envolvido.
Não há estrangeiros numa sociedade que vive os direitos humanos é o seu lema, concretizado na multiplicidade de eventos (mundiais, internacionais e nacionais) realizados ao longo de 25 anos em Portugal, na Europa, na América do Norte e do Sul, em África e muitos dos quais estão relatados em publicações que editamos.
A ideia colocada em 1985, no 1º Encontro de Mulheres Portuguesas no Associativismo e Jornalismo, realizado em Viana do Castelo e onde estive presente, transformou-se em sonho... , mas que logo se foi tornando realidade pela mão da então Secretária de Estado da Emigração, Drª. Manuela Aguiar com a realização de diversos eventos; após a sua saída do governo, com a fundação da Associação Mulher Migrante.
Com sede em Lisboa e mais de uma centena de sócias e sócios em Portugal e no estrangeiro,   sempre demos preferência a Espinho para a realização de muitos dos nossos eventos, de entre os quais tenho orgulho em destacar os dois Encontros Mundiais: em 1995 e em 2009. O terceiro Encontro Mundial, em 2011, foi em Lisboa, no Palácio das Necessidades.
Sendo agora espinhenses todas as presidentes dos orgãos sociais, bem como a secretária geral, tudo será mais fácil para utilizarmos Espinho como palco de muitas das nossas organizações.

Haja apoio, porque a vontade permanece