sexta-feira, 7 de maio de 2010

Acção e Representação das Mulheres nos media - Seminário de New Bedford

Os seminários sobre esta temática foram propostos pela Associação "Mulher Migrante" à SECP, num quadro de patrocínio ou parceria semelhante aquele em que se efectivaram, em quatro continentes do mundo, os "Encontros para a Cidadania - A Igualdade entre mulheres e homens" e em que estava a ser preparado o Encontro Mundial em Espinho (Março de 2009). Pretendia-se justamente autonomizar esta questão e lançar as bases do debate num painel desse futuro Encontro - assim como, posteriormente, dar-lhe eventual sequência.
O projecto mereceu a concordância e apoio do Senhor Secretário de Estado, Dr. António Braga.
As acções estavam previstss para a segunda quinzena de Fevereiro, em New Bedford (Dartmouth), Toronto e Montreal.
Atrasos no processamento burocrático do processo só permitiram levar a cabo em Fevereiro o que decorreu nos EUA, uma realização conjunta do Consulado de Portugal em New Bedford e da Universidade de Massachussets-Dartmouth, só possível graças à extraorinária capacidade de resposta e de execução de ambas as entidades. Aos consulados de Montreal e Toronto foi solicitado um adiamento.

I EUA

New Bedford, 18 de Fevereiro
(Auditório da Universidade de Massachussets-Dartmouth)

Deslocamo-nos de Portugal aos EUA, para participar no seminário, o dr António Pacheco, jornalista das Nações Unidas e assessor da Fundação Pro Dignitate, e eu própria, em representação da "Associação Mulher Migrante".
Com a presença dos organizadores, Drª Fernanda Coelho, Cônsul de Portugal, Profª Glória de Sá (Directora dos Arquivos Luso-americanos Ferreira Mendes), Prof. Franck Sousa (Director do Centro de Estudos Portugueses) e pela Profª Gina Reis, (Coordenadora-associada do Centro de Estudos), muitos professores, jornalistas, dirigentes associativos e o Conselheiro das Comunidades Portuguesas, procedeu-se à abertura dos trabalhos, seguida de dois paineis:
"A media e os problemas da comunidade", com introdução e moderação do Dr. António Pacheco, da parte da manhã:
"A imagem da Mulher nos Media", com introdução e moderação a meu cargo (durante o período da tarde).
Com esta iniciativa se pretende partir da percepção comum do leitor atento da imprensa, para o seu aprofundamento, através da investigação orientada por esta vontade de conhecimento, atrvés de estudos científicos, que, esperamos, venham a ser uma das consequências destes seminários.
Sabemos que são ainda uma minoria, as proprietárias e as directoras de jornais das comunidades, mas as jornalistas, as autoras de comentários, e fora da imprensa escrita, as locutoras, apresentadoras de programas de rádio e televisão, são em número crescente. Mas será que esse aumento de participação feminina contribui para dar uma imagem da mulher-cidadã, mais do que da mulher tradicional, vista como esposa, mãe de família, com interesses muito condicionados por essa "prioridade" de vida? As páginas dos jornais dedicadas à mulher, vão obviamente mais nesta linha. Mas a parte dos media que não tem, aparentemente, conotação de género, continua ou não a ser "padronizada" no masculino, dominada por notícias sobre homens e pela sua imagem? Em que medida os media nos dão conta da evolução do papel da mulher na família , na comunidade, na sociedade? E o facto de o meios de comunicação estarem, em casos contados, nas mãos de mulheres tem servido o fim de um maior equlíbrio de visibilidade da mulher?
Há um caso que mereceria um estudo especial: o do jornal "Correio Português" de Toronto, o mais antigo periódico de língua portuguesa nessa cidade, que se publicou durante décadas, tendo como proprietários Maria Alice e António Ribeiro, como directora Maria Alice Ribeiro, para além de jornalista, uma verdadeira líder da comunidade, que veio a ser uma das primeiras mulheres membros do Conselho das Comunidades Portuguesas. Julgo que é um dos casos exemplares, em que a presença feminina na direcção determinou uma atenção a novas problemáticas e a maior visiblidade do "feminino". em várias acepções.
Ficaram lançadas muitas perguntas. Algumas tiveram as primeiras respostas imediatas, num esforço de reflexão sobre a realidade daquela parte do mundo, outras não, até porque só porfiados estudos as permitirão.
Mas os objectivos do seminário atingem-se quando se cria a consciência do problema e se motiva as pessoas, os jornalistas, os académicos, os dirigentes associativos - as mulheres, como "sujeitos da história" , nomeadamente da história das comunidades portuguesas do estrangeiro.Isto é, quando se estimula uma nova maneira de "ler" a notícia, uma atitude mais crítica face à ausência da imagem - ou da imagem actual, verdadeira... - das mulheres nos media. E, também, nos novos meios mais informais e abertos, nessa medida mais democráticos: a internet, blogues, facebooks, onde as mulheres dependem só de si para ganhar a igualdade de acesso. Como o estão a fazer?...
Pelo que dissemos, consideramos plenamente atingida a meta que nos tinhamos proposto neste primeiro "brainstrorming", como o comprova a disponibilidade da Universidade para futuras acções conjuntas.
A Reitora da Universidade e representantes do "Centro de Estudos sobre a Mulher" (Women' Studies) quiseram estar presentes no almoço, em que o diálogo continuou. É de salientar o facto de o departamento de "Women´s Studies" ter manifestado interesse em acompanhar os trabalhos, pela importância que lhes reconheceu. Tendo, como nos foi dito, ficado agradavelmente surpreendido pela proposta de debate - e pelo nível desse debate - num domínio, onde a comunidade portuguesa, aí como em muitas outras comunidades do mundo, não costuma ser das mais interventivas...
Suscitaram entusiamo as propostas que fizemos de promoção da investigação neste domínio, como já dissemos, assim como em outro que se lhe pode associar: a recolha e divulgação de histórias de vida de mulheres emigrantes nessa área dos EUA. Há, em Dartmouth, muitos estudantes, a preparar teses de mestrado, que poderiam ser envolvidos, dando suporte de qualidade aos trabalhos e reduzindo muito o seu custo. A procura de patrocinadores, em Portugal, através do Governo ou de Fundações, de mecenato, ou na própria comunidade, é o passo seguinte.
Por outro lado, essas actividades podem ser potenciadas, facilitadas e aproveitadas pelos Arquivos Ferreira Mendes, que estavam em vésperas de serem inaugurados oficialmente e que são já, nos EUA, os mais importantes, no que aos imigrantes portugueses respeita. Introduzir neste espólio, no seu aproveitamento, a componente de género é aliciante. Ferreira Mendes, que dá o nome aos Arquivos, foi, com o seu jornal, um pioneiro dos media de língua portuguesa na costa leste dos EUA. Nas suas estantes, sobeja material para análise na perspectiva que estes seminários abordam, tentando, sobretudo, ser um ponto de partida para aprofundar o conhecimento sobre as especificidades da situação das mulheres migrantes, tal com as detecta ou pode detectar, a leitura da imprensa, de ontem e de hoje. E, por outro lado, para estimular a participação das mulheres - objectivo comum de todos os "encontros para a cidadania", temáticos, como estes, ou mais "generalistas", abordando temáticas diversas.
O debate prosseguiu, informalmente, durante o jantar oferecido aos principais intervenientes pela Cônsul Fernada Coelho, cujas declarações, tanto no seminário, como nas ocasiões mais protocolares e nas entrevistas dos media, foram sempre absolutamente notáveis. Uma ainda jovem diplomata, que mostra já uma grande experiência das realidades da emigração e uma vontade firme de mobilizar portuguesas e portugueses para a vivência da cidadania.

New Bedford, 19 de Fevereiro
Encontros com os media

Do gabinete, a abordagem da temática passou, neste dia, para o espaço dos póprios media, que, na cidade, têm uma expressão singular. A rádio do Dr. Edmundo Diniz é ouvida em todo o Estado e, também em Rhode Island e boa parte de Connecticut, e o jornal Portuguese Times é um dos mais antigos e prestigiados jornais luso-americanos.
Para além de darmos conta dos resultados do seminário, nomeadamente em termos de acção futura, a Cônsul realçou uma "cultura europeia de trabalho feminino", que as imigrantes portuguesas trouxeram para esta área de Massachussets, dando às americanas um exemplo de compatibilização entre profissão e maternidade - altura para António Pacheco e eu lembrarmos a vontade expressa do legislador nacional de encorajar, em diplomas recentes, os homens a assumirem a paternidade, designadamente, através das licença para se ocuparem dos filhos recém-nascidos.
É uma das facetas em que os meios de comunicaçaõ social, como salientamos, podem ajudar a mudar estereótipos, na sociedade e no espelho da sociedade e dela parte integrante que oa media são.
Cremos que a mensagem terá passado - mas a meta da igualdade de oportunidades, de visibilidade e de reconhecimento social entre os géneros não se atinge num instante. Há que continuar este tipo de acções, persistentemente.

Nos dias seguintes, o Dr António Pacheco em Rhode Island e eu em Elizabeth e Newark, prosseguimos contactos com as comunidades portuguesas e lusófonas, sem custos para o projecto. Seria importante associar à investigação sobre a imagem da mulher nos media e, bem assim, a acções de formação de jornalistas, no que respeita à questão de género e em outras áreas, as comunidades de língua portuguesa nos EUA - a caboverdeana e a brasileira, que são as mais numerosas, e todas as outras.
Em 2008, uma primeira accção de sensibilização, com esta finalidade, e um pequeno e activo grupo de jornalistas das várias culturas lusófonas foi realizado em Elizabetth, NJ, com a participação da Drª Maria Barroso, o Dr. António Pacheco e eu própria, por altura da deslocação à Califórnia, para o "Encontro para a Cadadania", que teve lugar na Universidade de Berkeley.

O futuro desta iniciativa

Uma das conclusões a que chegamos foi, pois, a de que escasseiam estudos sobre a mulher portuguesa na emigração. Têm, sem dúvida, sido relativamente descurados, a nível do Estado, das universidades, das comunidades...
E há, sobretudo em países como os EUA, um interesse, na sociedade, nos centros universitários, por estas matérias que contrasta com a sua tradicional subvalorização entre nós, ainda que sesta situaçaõ vá dando alguns sinais de progresso.
Por isso, julgamos que deve ser aceite o repto da Universidade de Massachussets-Dartmouth para voltarmos, com iniciativas semelhantes, assim como deve ser prosseguido o esforço de envolvimento de outras instituições académicas, nos EUA e no Canadá.
Espero que isso seja possível, e que a contribua para motivar as comunidades dos EUA para a reflexão e acção neste domínio.

II CANADÁ

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Abril em Espinho - o segundo lançamento da publicação

Em Espinho, o óbvio lugar ideal para o lançamento a norte. "A las cinco in punto de la tarde". Uma tarde de primavera, cheia de sol!
E na Biblioteca Municipal, onde decorreu o momento alto, informal e poético, que constituiu "A Tertúlia da Lusofonia".
Nas mesmas provisórias instalações da Biblioteca, à beira-mar, porque a mudança para o novo edifício ainda não tem data marcada. Para nós, era o local que fazia mais sentido, que carreia tão gratas memórias...
Muitos dos participantes nortenhos do "Encontro" de 2009 tomaram a palavra - incluindo José Mota, agora Governador Civil de Aveiro, e Carlos Luís, que proferiu uma palestra magnífica sobre "Emigração e Exílio nas vésperas da Revolução de 1910".
Faltou-nos a presença de Aníbal Araújo, que em Lisboa, em Dezembro, fez questão de estar connosco, apesar de ter, horas depois uma consulta médica. Agora, esteve em memória e nas palavras de seu filho e de muitos dos seus amigos e colaboradores mais próximos.


Mais notícias na "Tertúlia da Diáspora".

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Mensagem para Rudáia

Obrigada pelo seu belo testemunho sobre o Dia Internacional da Mulher!
Só hoje o li, porque não tenho visitado este blogue. Depois da sua publicação em livro, abrimos um outro.
Se me permite vou transcrevê-lo nesse novo blogue, em que estamos dando conta das nossas actividades ou opiniões:

tertuliadadiaspora.blogspot.com

Em nome da Associação da Mulher Migrante, e no meu próprio, uma homenagem sentida à memória de seu Pai.

Para a Rudáia, um abraço grande de todas nós.

Mulher Migrante . Eleições.

A Assembleia Geral que vai escolher os dirigentes do próximo biénio está agendada para 30 de Junho.
Antes mesmo dessa data se realizará, em princípio, no continente norte-americano, mais um seminário sobre a acção e representação das mulheres migrantes nos "media".