quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

AMIGA MANUELA
FELIZES FESTAS
UM SANTO NATAL E UM ANO NOVO CHEIO DE MUITA FELICIDADE, QUE SE CONCRETEM TODOS V/ ANHELOS
COM AMIZADE,
NATÁLIA

O Encerramento das comemorações do nosso 15º aniversário

Cumpriu-se o programa do dia 14 de dezembro, num ambiente de amizade, de trabalho, de reflexão, de chamada de atenção para as realidades, problemas, aspirações de uma categoria especialmente marginalizada de cidadãos, pelos quais passa a edificação de uma sociedade melhor, mais justa e mais coesa: os estrangeiros, os migrantes, mulheres e homens.
Mulheres e homens juntaram-se no auditório da Picoas Plaza, unidos pela mesma vontade de mudar as coisas. Os direitos dos migrantes e a criação de condições para a sua prática entre nós, sem esquecer as especificidades de género, que quase sempre são esquecidas em desfavor do género feminino.
Uma breve sessão de abertura, presidida pela Drª Maria Barroso, participada por Frei Sales Dinis, pela Presidente da CITE, as representantes do ACIDI e da Secretária de Estado da Igualdade - todos a mostrar como se pode lançar as bases de um debate com muitas ideias e poucas palavras.
Depois, uma magistral conferência da Profª Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade, sobre "Nós e os outros, no contexto das migrações", seguida de debate, com excelentes intervenções, entre elas as do presidente da Associação dos Portugueses do Estrangeiro, Comendador João Morais e outros membros da APE.
Á tarde, uma singela homenagem à Drª Alcestina Tolentino, que, assim, em memória esteve sempre connosco (como sempre estará!) e a apresentação das publicações da Associação Mulher Migrante, em 2009:
"Problemas Sociais da Nova Imigração", "Cidadãs em Diáspora - Encontro em Espinho" e "Mulher Migrante - O Congresso on line". Feita, como era nosso propósito, pelos próprios intervenientes nos colóquios, palestras e paineis - não todos, mas os que puderam estar em Lisboa - e logo seguida de diálogo.
Por fim, após um momento de poesia, esplendidamente dita pelas Doutoras Elsa de Noronha e Maria Barroso, e as palavras das representantes da Mulher Migrante, Rita Gomes e eu mesma, da Drª Maria Barroso, do Governador Civil de Aveiro, José Mota (que, na qualidade de presidente da autarquia de Espinho nos apoiou desde a 1ª hora).
Encerrou esta jornada, o 15º aniversário da Associação e o ciclo de múltiplas iniciativas, incluindo os "Encontros para a Cidadania" e as edições a que deram origem, o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas Dr. António Braga. A ele se fica a dever, em grande medida, tudo o que foi possível fazer, ultrapassando largamente o que, de outro modo, estaria ao nosso alcance.
A sua presença, a sua manifesta vontade de continuar a colaboração que tão bons resultados permitiu, a sua solidariedade e simpatia, os seus elogios, foram o perfeito encerramento deste dia singular.

O primeiro comentário veio de Coimbra.
Aqui o transcrevemos, com o nosso agradecimento.


À Associação “Mulher Migrante”:

Permitam-me em nome pessoal e em nome da Associação Graal de Coimbra, agradecer o convite para assistir e escutar as intervenções de grande qualidade no encontro “Mulher Migrante Perspectivas Sociais e Culturais”. Cumprimentar a Associação “Mulher Migrante” por esta iniciativa, por ocasião de celebração dos 15 anos de actividade e dizer-vos, que, com trabalho tão consistente, muitos mais virão, com certeza.

Escutaram-se diferentes perspectivas, sobre o tema Migrações, todas elas interessantes e sustentadas. De facto, este tema, ainda necessita de muita luta, de muita vontade e da continuação de Boas Práticas por parte das associações, da sociedade civil e dos nossos governantes.

Recordo as palavras da Doutora Maria Beatriz R. Trindade: “Portugal foi, desde sempre, país aberto ao mundo, exposto à universalidade o que o tornou mais criativo com o resultado do contacto de povos e de culturas”. Foi na época das Descobertas que começámos a ter os primeiros contactos com outras culturas, com novos produtos, com novos povos e com novas línguas, fomentando, assim, a abertura a novos conhecimentos transnacionais a novos contactos e a novas formas de pensar.

As novas mobilidades da migração trouxeram uma grande diversidade de povos e culturas, como podemos constatar. Associado a esta mobilidade, está o factor género, que não pode ser esquecido das agendas associativas e políticas – factor crucial das novas formas de mobilidade e diversidade migratória.

Hoje cruzamo-nos com a imigração a que chamamos “feminizada”, ou seja, a crescente participação das mulheres nas migrações, quer para o reagrupamento familiar quer em situação autónoma com o desejo de proporcionar uma vida melhor aos filhos, à família e a elas própria, claro. Mas também feminizada, no sentido de ocuparem postos de trabalho na esfera doméstica, lares, creches ou em casas de famílias ricas. Não esquecendo ainda, as profissões feminizadas da educação e saúde, no que diz respeito às imigrantes mais qualificadas.

Citando a Drª Maria Manuela Aguiar no livro, “Problemas Sociais da Nova Imigração”, “olho precisamente com optimismo a nossa condição de país de imigração. É necessário encarar os imigrantes com os mesmos olhos com que vejo os nossos emigrantes”. Sabemos que sempre que lhes são dadas, nos países estrangeiros, condições de integração, se tornam realmente cidadãos/ãs de duas pátrias. Pois é isto que os/as nossos/as emigrantes sentem e o que realmente querem quando emigram, o mesmo se aplica aos/às nossos/as imigrantes: O que querem é sentirem-se cidadãos e cidadãs com direitos.

Depois de um (final) de encontro inesquecível e produtivo deixo os parabéns à Associação “Mulher Migrante” e, em especial, à Drª Rita Gomes com quem me cruzei e tive o gosto de conhecer, entre outros/as participantes. Os parabéns pela árdua tarefa de lançamento dos livros, que debatemos no encontro, os quais já tive o prazer de ler.

Em meu nome e do Graal – Coimbra, obrigada e mais uma vez parabéns.



Sara Cruz

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

LANÇAMENTO DA PUBLICAÇÃO "CONGRESSO ON LINE"

No próximo dia 14 de Dezembro, no Picoas Plaza, Rua do Viriato, 13, Bloco E, 1º andar.
Com a presença de muitos dos participantes no blogue ou autores de comunicações apresentadas no Encontro de Espinho.
A partir das 10.00.
Com esta iniciativa se encerra o ciclo de comemorações do 15º aniversário da Mulher Migrante.
O programa completo será publicado brevemente no blogue "Tertúlia das Migrações".

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Escolher a capa da publicação





Até amanhá há que fazer a opção entre as capas que nos são propostas, em duas cores.
Qual a preferida? Parece-me que as opiniões se dividem...
Eu, sem querer influenciar ninguém, digo já que "voto" no azul!

sábado, 19 de setembro de 2009

O CONGRESSO E A BIBLIOTECA

A Associação Mulher Migrante vai já no seu segundo blogue - primeiro este, sobre o congresso, agora a "biblioteca"!
Excelente a idéia de colocar na NET, na vossa "BIBLIOTECA" as publicações, que vão sendo editadas em papel - porque estas se esgotam, ou são de difícil acesso a quem está longe, e o blogue serve todos, onde quer que estejam e por muitos que sejam, desde que saibam ler português...
Eu sou uma das leitoras atentas, admiradoras e obrigadas!
Também pertenço ao "grupo 60+" e gosto de ver as jovens da minha geração a criar blogues e a navegar na "blogosfera".
Conheço a Manuela Aguiar, das férias de verão em Espinho, há mais de meio século, e sei que ela resistiu por muitos e muitos anos à tentação do telemóvel e dos SMS e ao mundo de oportunidades da Internet, mas converteu-se subitamente às suas virtudes e virtualidades no final do verão de 2008.
Acompanhei de perto a sua "alfabetização" nestas matérias, a sua iniciação nestes misteriosos avanços da nosso tempo, que a gente nem percebe rigorosamente, mas utiliza muito bem, agradecendo o "milagre". Eu estava por perto e de princípio ainda partilhei a minha superior literacia com ela...
Um ou dois meses depois, ei-la a criar os blogues da Associação Mulher Migrante, para além dos seus, o blogguiar e o aguiaríssimo, que também frequento e recomendo.
Agora que está pouco mais ou menos reformada ( e talvez mesmo desiludida das políticas, mas não das migrações) acho que vai ser menos "a Manuela a voar" e mais "a Manuela a navegar".
Sempre imparável.
Muito a sério: PARABÉNS!

Rosa Maria Gayoso

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ALGUNS MOMENTOS E FACTOS VIVIDOS

Rita Gomes
«Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade»,
mais conhecida por «Associação Mulher Migrante».

alguns momentos e factos vividos

Pareceu-nos oportuno recordar, alguns momentos e factos que temos vivido e que em conjunto acompanhámos, os quais na sua diversidade contribuíram para que tivéssemos conseguido atingir esta etapa de 15 anos de existência com trabalho realizado positivamente.
Lembramos o entusiasmo com que vivemos os primeiros passos para a constituição da «Associação»: a parte burocrática, a escolha de objectivos, as primeiras Reuniões em Grupo com participação activa de mulheres – na sua maioria – mas também de homens e envolvendo já algumas/alguns participantes do Estrangeiro.
Caminhámos juntos desde 8 de Outubro de 1993, dia em que assinámos a Escritura Notarial da constituição da Associação. Então ainda sem sede própria, o que só veio a concretizar-se em 2004: em 2003 assinámos um Protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa, através do qual passámos a dispor de instalações, pagando naturalmente em contrapartida uma renda mensal. Houve depois que realizar algumas Obras e por isso só em 2004 nos reinstalámos. Tínhamos iniciado a nossa actividade numa sede, cedida por empréstimo e por pouco tempo, passámos depois a dispor de outra instalação em conjunto com um Centro de Apoio a Jovens e a Idosos, conseguida por intermédio de pessoas Amigas, que muito nos ajudaram e também por intermédio de um Protocolo, pagando renda. O espaço passou a ser exíguo para as 2 ONG’s. Daí que após várias diligências junto da Câmara Municipal de Lisboa - desde 1994 - tivéssemos conseguido concretizar esse objectivo – ter Sede própria - em finais de 2004.
Desde o início que temos lutado com dificuldades de ordem financeira, que com a nossa persistência e boa vontade temos vindo a conseguir superar; o nosso trabalho é feito em regime de voluntariado, o que sucede de igual modo a outras ONG’s .
Sempre que consideramos necessário, ao prosseguimento dos nossos trabalhos, apresentamos Projectos a diversas Entidades Públicas e Privadas e assim temos caminhado desde o início.
Contamos sempre com o nossos trabalho, com a solidariedade de Associadas/os, com a cooperação das referidas Entidades e é com esse conjunto de apoios que temos prosseguido os Objectivos do nosso Projecto em Portugal e no Estrangeiro, junto das Comunidades Portuguesas.
Conforme consta do nosso blogue,* criado em Dezembro de 2008, pode verificar-se através dos diversos eventos que realizámos ou em que participámos durante estes 15 Anos, que as nossas preocupações no que respeita à área da Mulher Migrante, têm abrangido estudo e muita reflexão de acordo com a evolução da conjuntura das Migrações, procurando chamar a atenção para as dificuldades sentidas. Sempre que possível se tem também procurado conseguir o contacto directo com quem vive e sente mais directamente os problemas, chegando-se quantas vezes a situações de carência de apoio imediato, para que temos procurado conseguir o necessário apoio.
Em Portugal, no Ano de 2001, iniciámos a realização de uns Seminários em colaboração com algumas Câmaras Municipais e com a Região Autónoma da Madeira, sobre Mulheres Migrantes, abrangendo consequentemente também as Mulheres Imigrantes na perspectiva das Entidades Locais, para que se conseguiu a presença e participação dessas mulheres. Ver Blogue.
Em Fevereiro de 2002, com a preocupação da «nova imigração», organizámos mesmo um Colóquio sobre esta temática. Ver Blogue.
Podemos acrescentar que fomos das primeiras Associações que, à data, concretizaram Iniciativas na área da «nova imigração».
Temos também participado e colaborado em vários eventos, dando a nossa contribuição, através de parcerias, nomeadamente, com outras ONG’s.
Mais recentemente, desde 2005, como se pode verificar também através de textos mais completos, publicados no nosso aludido Blogue, trabalhámos , em parceria, os «Encontros para a Cidadania», que constam igualmente desta Publicação, dirigidos a Mulheres Migrantes, nas Comunidades Portuguesas.
A «nova emigração»
Portugal, já desde há alguns anos está a viver uma nova fase no que respeita às Migrações: a da «nova emigração», que envolve uma multiplicidade de aspectos e a exigir estudo, muito estudo, mas sobretudo a necessidade de adopção de medidas adequadas, antes da partida e no País de trabalho.
As Migrações constituem um Mundo que exige sempre uma actualizada análise das situações existentes e que impõem nas mais diversas áreas uma activa actuação, visando a melhoria, a solução dos mais complexos problemas sociais, económicos, jurídicos, políticos…
Importará um mais concreta actuação, «as saídas» dos nossos compatriotas, continua a processar-se sem que possuam o indispensável conhecimento!
««««««
E, a terminar esta breve Nota, mais alguns elementos sobre a Associação Mulher Migrante:
Fomos admitidas no Conselho Consultivo da então CIDM - Comissão para a Igualdade e para os Direitos da Mulher - desde 1993. E viemos a ser readmitidas mais recentemente no actual Conselho Consultivo da GiG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género; tem-nos sido concedido Cartão do ACIDI – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural - como Associação de Imigrantes e seus descendentes; mais recentemente fomos eleitas/os para o Conselho Municipal para a Interculturalidade e a Cidadania – CMIC – Câmara Municipal de Lisboa. Este Conselho implantou já o Fórum Municipal da Interculturalidade – FMINT- que constitui um “espaço de debate, reflexão e estudo, visando aumentar o conhecimento, a partilha e a qualificação das práticas dos actores sociais relevantes para a promoção do diálogo em torno da imigração, diversidade e interculturalidade”.
Em cerimónia pública foi atribuída à «Associação», durante a Festa comemorativa dos Aniversários do jornal «A Voz de Azeméis» e da revista «Portugal», a respectiva Medalha de Mérito.
Pelo Governo Civil de Lisboa, foi passada à «Mulher Migrante», uma certidão atestando a sua idoneidade.
Continuaremos a nossa actividade na busca constante de melhor conhecer, para melhor apoiar e crescermos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MENSAGEM DRª MARIA BARROSO 8 março

Retida em Lisboa por vários compromissos assumidos antes da marcação do Congresso da Mulher Migrante a que apenas assisti, presidindo à Mesa de Abertura com a Drª Manuela Aguiar e o Presidente da Câmara Municipal de Espinho, José Mota, não posso estar hoje convosco.
Lamento-o profundamente porque seria uma celebração da maior importância e entre as extraordinárias mulheres que vieram de várias comunidades espalhadas pelo mundo.
Foi-me extremamente agradável e até emocionante poder reencontrar queridas, corajosas e até ilustres amigas do Canadá, da Argentina, da África do Sul, do Brasil, dos Estados Unidos e de alguns outros lugares, cujo contacto é sempre para mim altamente estimulante. Elas estão por esse mundo fora prestigiando não só os países onde se integram, mas conquistando um grande prestígio também para o país onde as suas raízes afundam. É verdade que não vieram sós e acompanha-as um grande número de homens, também eles portugueses ilustres, que vieram reflectir connosco sobre os problemas que enfrentam as mulheres migrantes e dizer do que pensam das experiências que juntos, mulheres e homens da diáspora têm tido.
Foi, pois, com mágoa que os deixei por exigência da minha presença num acontecimento importante na vida cultural do país e a que não podia faltar.
Também no sábado teria de estar num encontro com a Governadora Civil de Lisboa e o Ministro da Administração Interna. Era tudo muito apertado para poder regressar a Espinho e celebrar convosco o Dia da Mulher, como tanto desejaria fazer.
De qualquer modo não quero deixar de vos enviar a minha mensagem de solidariedade por esse dia que constituiu um marco importante na história do percurso da mulher em todo o mundo.
Gostava de ter lembrado convosco os nomes de algumas das mais ilustres mulheres portugueses que lutaram pela emancipação da mulher, pelo seu direito a gozarem da mesma dignidade que era conferida aos homens e que lhes era negada.
As desigualdades que existiam entre ambos, a inferiorização a que foi sujeita durante séculos fizeram emergir algumas figuras que se revoltaram contra essa situação humilhante e desencadearam numa luta constante e determinada para a eliminar, conseguindo que numerosas e extraordinárias conquistas fossem alcançadas. O acesso à educação, à libertação do domínio do homem espartilhando e até anulando os seus direitos mais elementares, a conquista do direito de voto, a modificação do seu estatuto no Código Civil – tudo isso foi o resultado da luta corajosa da mulher para se sentir - como hoje o consegue – em igualdade de posição com a do homem, ambos tendo hoje a possibilidade de afirmar e viver iguais direitos.
Através dos tempos ainda lembramos os nomes de algumas portuguesas ilustres. Mais afastadas, mas não menos empenhadas, vem-nos à lembrança Luísa de Sigein, a Rainha D. Filipa de Lencastre, a D. Leonor que se distinguiram no campo da Educação e da Cultura. Mais perto já de nós não esquecemos a médica Adelaide de Cabete, Ana de Castro Osório, Branca de Gonta Colaço e muitas outras que foram verdadeiras heroínas neste sector.
Ainda mais perto de nós Maria Lamas e Maria Isabel Aboim Inglês, duas extraordinárias mulheres que lutaram pelo respeito dos Direitos Humanos no que se refere a mulheres e também a homens. Elina Guimarães foi também uma dessas mulheres, ilustre e incansável lutadora até à sua morte, ocorrida há poucos anos.
Claro que a Revolução do 25 de Abril veio facilitar essa progressão no domínio desses Direitos.
E, apesar do que já foi conseguido na letra da lei, nos documentos que nos afirmam a igualdade entre mulheres e homens, ainda há que lutarmos para conseguir que esses documentos, essas declarações não sejam apenas intenções, mas uma prática constante, clara e inequívoca desses Direitos.
A nossa voz tem de ser ouvida tal como a dos homens porque somos duas metades da mesma Humanidade. As decisões que dizem respeito ao destino das duas metades terão de ser tomadas sempre com a participação das vozes e pareceres das duas.
Para que possamos caminhar para um mundo melhor – mais fraterno, mais justo, mais solidário e pacífico, abrindo horizontes de esperança a gerações futuras.
Queridos Amigos – um abraço muito afectuoso da vossa

Maria Barroso Soares

8 – 3 - 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ABERTURA Maria Manuela Aguiar

ABERTURA DO ENCONTRO

Maria Manuela Aguiar

Obrigada por terem, todos, respondido à convocatória para este Encontro em Espinho, que é, afinal, um reencontro, a dar continuidade e a projectar numa dimensão futura os "Encontros para a cidadania - A Igualdade entre mulheres e homens, que, de 2005 a 2009 se organizaram nas comunidades portuguesas da América do Sul, da Europa, da América do Norte e da África do Sul

.Um agradecimento muito especial é devido:

À Dr-ª Maria Barroso, Presidente de Honra dos Encontros, que connosco percorreu o mundo da Diáspora Portuguesa, levando -lhe a força das suas palavras inspiradas e mobilizadoras e, também, do seu exemplo de vida.

Ao Presidente da Câmara de Espinho, Senhor José Mota, que, desde a primeira hora, nos encorajou e influenciou, decisivamente, a seguir em frente, com a sua solidariedade e apoio muito concreto. Fê-lo como alguém que é amigo e aliado, porque conhece e compreende a importância das migrações para esta cidade, para esta região e para o País, globalmente.

Ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. António Braga, a quem se fica a dever a própria ideia de realizar conferências e seminários, em diferentes continentes, para fazer um ponto de situação, no que respeita à questão de Género, antes desta reunião internacional de encerramento que, à semelhança das antecedentes, assumimos como uma iniciativa conjunta do Governo e de ONG's. Espera-se que, no olhar pela diversidade das realidades da emigração, em várias regiões e continentes, o método comparatista sirva, sobretudo, para promover um nivelamento pelo alto, através do efeito de atracção do paradigma superior.

Às representantes do Encontros para a cidadania, D.Maria Violante Martins, da Argentina, D. Claudia Ferreira, do Brasil, Dr.ª Maria Amélia Paiva, Cônsul-Geral de Portugal em Toronto, Dr.ª Manuela Baptita Rosa, da Àfrica do Sul e Profª Doutora Deolinda Adão, dos EUA. Vieram de longe para nos falar das suas comunidades, das vivências e perspectivas de evolução, nesta longa caminhada das mulheres no sentido da igualdade de intervenção cívica.

E, do mesmo modo, estamos gratos a todos quantos aceitaram ser parte nos debates que estão prestes a começar, trazendo-nos o resultado de reflexão e de estudo em universidades e centros de investigação, ou os seus saberes de experiência feitos, na militância de movimentos cívicos e associativos, assim como a sua vontade de construir uma sociedade mais tolerante e aberta à diferença, à alteridade, seja dos portugueses do estrangeiro, seja dos estrangeiros em Portugal.

NENHUMA PESSOA É ESTRANGEIRA NUMA SOCIEDADE QUE VIVE OS DIREITOS HUMANOS

Com este lema a Associação Mulher Migrante se apresentou há 15 anos, e com ele tem desenvolvido as suas actividades, numa trajectória de constante militância cívica. Igualdade e cidadania para os estrangeiros, para as mulheres, estiveram sempre e permanecem no centro das nossas preocupações. Olhamos as mulheres como cidadãs, face aos Países, de origem e de destino, no quadro singular de uma vivência repartida entre o país de origem e o de integração. Um vivência relativamente pouco conhecida, porque lhe não tem sido dada visibilidade suficiente, porque tem sido menos estudada... Bem vistas as coisas, as omissões que podem apontar-se, nesta área, constituem mais uma forma larvada de discriminação de "género". É nosso propósito combate-la no presente, erradica-la no futuro.

À reflexão e acção, neste domínio, convocamos não apenas as mulheres, porque entendemos que a atitude, por demais comum, de pôr as pôr a debater, entre si, questões ditas "femininas" pode marginalizar uma causa que é central, reduzindo o seu impacte e capacidade de desencadear transformações... Queremos mulheres e homens a pensar, em conjunto, coisas que dizem respeito a todos, à sociedade , ao País - como é o caso das migrações, que envolveram, sempre, ainda que em proporções variáveis, ambos os sexos, e que, ao longo dos tempos, fizeram e refizeram Portugal em outros espaços geográficos, assim como - o que é ainda menos reconhecido... - dentro do nosso próprio interior. Acreditamos que a mudança dentro de Portugal, tal como a sobrevivência e expansão das comunidades do exterior dependerá da inclusão de grupos tradicionalmente excluidos da tomada de decisão, do primeiro plano, do dirigismo : as mulheres e os mais jovens. Neste sentido alguns progressos se registam, já...

É o que indicia a história dos sucessivos congressos mundiais de Portuguesas da Diáspora, ao longo das últimas três décadas, bem como as conclusões de inúmeros seminários, colóquios, reuniões e trabalhos de investigação, a revelar o seu percurso gradualmente ascensional - não muito espectacular, talvez, mas consistente.

O Encontro Mundial, em 1985, em Viana do Castelo ( o primeiro que terá organizado, na Europa, o governo de um pais de emigração para a diáspora feminina...) dá-nos a imagem de mulheres conscientes do valor do seu papel, tanto quanto da falta de reconhecimento geral da sua verdadeira força matricial, nas comunidades. Década a década, no de 1995, em Espinho (organizado por uma ONG, acabada de nascer...) e, desde 2005, nos Encontros para a Cidadania ( uma parceria Estado/ONG's) vemos crescer os níveis de auto-confiança das mulheres, tanto como os níveis de partilha de responsabilidades e decisões, das emigrantes e dos emigrantes nos vários sectores da vida familiar e profissional, incluindo, mais lentalmente, em regra, no associatiativismo, nas instituições das comunidades.

Podemos falar de uma caminhada em frente, sem retrocessos, na prossecução de um projecto português cívico, humanista e feminista. Feminista, sim! Não tenhamos medo das palavras: o feminismo, que pomos em prática, é o humanismo no feminino.

Animadas destes espíritos, duas Portuguesa das Américas, Natália Dutra, da Califórnia, e Maria Alice Ribeiro, de Toronto lançaram, em 1994, a ideia da organização de um 1º Encontro de Mulheres, jornalistas e dirigentes associativas, de âmbito mundial, que a Secretaria de Estado da Emigração veio a concretizar, pontamente. Merecem ser lembradas aqui e agora.

Aqui, em Espinho, terra jovem, nascida, apenas, em fins e oitocentos, de um encontro de gente do mar (uma pequena colónia piscatória) e de gente de fora, os primeiros raros visitantes, que gostaram desta terra e deste mar. Alguns vieram passar o verão e acabaram por ficar para sempre. Em linguagem usada no domínio das migrações: Chegaram como "´sazonais", reconverteram o projecto de vida, ficaram e integraram-se, definitivamente!

Espinho, Cidade de convívio, Cidade-tertúlia, comunidade rica em instituições, num associativimo polivalente e dinâmio, como o da Diáspora. Cidade aberta, onde ninguém se sente estranho ou estrangeiro. Lugar ideal para acolher os congressos sobre emigração e cidadania. Foi a nossa escolha em 1995 e agora, de novo. Não queremos que seja última vez: haveremos de voltar!

Agustina Bessa Luís, uma das presenças inesquecíveis do mítico Encontro de Viana, perguntava: "Como se termina uma reunião feliz?" E respondia:"Não terminando!" É assim mesmo: com este "Encontro" se encerra um ciclo de trabalhos, mas não esgota o sonho e o projecto que nos move.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Carlos Páscoa MULHER MIGRANTE - -ASSOCIATIVISMO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

CARLOS PÁSCOA

Deputado pela Emigração eleito pelo Círculo de Fora da Europa



Nas diversas comunidades que tenho tido a oportunidade de visitar, é indiscutível a importância da mulher migrante para o associativismo e para a prestação social. É muito comum que à frente das direcções das associações nas comunidades estejam visíveis os cargoa ocupados por homens, aliás, a regra é de que somente os homens ocupem os cargos de direcção, no entanto, se olharmos mais atentamente para o funcionamento dessas instituiçõoes, podemos constatar que o que as faz efectivamente funcionar são as mulheres.

Essa parte menos visível, que não se vê normalmente nas fotografias, é que é verdadeiramente o motor que faz funcionar essas associações. Isto é assim no Brasil, na Venezuela, na Argentina,no Canadá, na África do Sul, nos Estados Unidos e em praticamente todas as comunidades que visito com regularidade, que são as do círculo de Fora da Europa.

No tocante ao apoio social, aí sim as mulheres não só se destacam como a sua face é totalmente visível. Neste domínio, apoiam e se destacam com trabalhos e exemplos belíssimos, É importante salientar que em muitos casos, aliás creio que na maioria, se organizam de maneira informal e conseguem funcionar com um dinamismo e com uma força muitas vezes impensável.

Temos grupos organizados como a Mulher Migrante a sa Damas de Caracas, mas a maioria dos grupos se reune informalmente em chás beneficentes com programas e planos de actuação muito bem concebidos e muito bem realizados.

É importante destacar que a actuação dessas mulheres valentes substitui na maioria dos casos o que seria a responsabilidade do Estado, e que sem essa prestação social, muitos dos nossos emigrantes não teriam outras formas de apoio. Sou testemunha de trabalhos desenvolvidos inclusive em favelas de países sul americanos, muitas vezes até com riscos de segurança pessoal, mas sempre que há notícia de que algum português se encontra em situação de necessidade lá haverá um grupo de senhoras da comunidade que se fará presente para levar confortoo e ajuda a esse português. É de toda a justiça falarmos desses exemplos pois eles não aparecem na imprensa, no entanto, são muito mais comuns do que se imagina.

A organização das mulheres em grupos próprios ou em apoio às associações cuja face visível são os homens, são hoje uma prática comum tal como foi no passado, mas hoje percebemos que ganham mais espaço na imprensa e talvez por isso tenhamos a sensação de que actualmente as mulheres participam mais do que em tempos passados no associativismo da diáspora.

Não podemos deixar de destacar a importância crescente que as mulheres passaram a ocupar na divulgação da Cultura, nas Letras, nas Artes e principalmente à frente de meios de comunicação nas comunidades, seja na direcção de jornais e revistas, seja na direcção de programas de rádio, o que comprova que já é parte do passado essa ideia de que ficavam reservadas para ass mulheres da Diáspora somente as importantes tarefas de educação dos filhos e de cuidar dos assuntos domésticos.

Finalmente gostaria de deixar registada minha total convicção de que o futuro das associações nas comunidades passa pelas mulheres.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Manuela Aguiar VOTAR NO ESTRANGEIRO

Aconteceu o que desde o início se previa à tentativa governamental de impor o voto presencial dos emigrantes, nas eleições legislativas, então já proximas: foi vetada pelo Presidente da República.
E, a meu ver, com uma sólidos e abundantes fundamentos, salvo uma excepção - e de algum peso...
Refiro-me a uma aceitação de diferentes modos de votação nas eleições presidencial e parlamentar, a pretxto de que se trata, naquela, de voto em círculo único e, nesta, de voto em círculos específicos. Não se percebe porquê, porque será de somenos garantir a maior participação dos cidadãos num do que no outro processo eleitoral!...
Não há dúvida de que é relevante permitir e incentivar o exercício, muito concreto, do direito de voto, a partir do estrangeiro. Nas actuais circunstâncias, a experiência prova que ele é drasticamente reduzido, a cerca de metade, se a opção for o sufrágio presencial. E sabe-se a razão para esse fenómeno - nada mais , nada menos do que a enorme distância a que muitos dos eleitores vivem dos locais de voto (distância que se não encurta, quer esteja em causa votar, para um ou outro círculo…).

Vamos falar claro: o sufrágio pela via postal corresponde a um tempo histórico, em que o PS o aceitava, como bom. Abrangeu, apenas, a eleição parlamentar, após o 25 de Abril, e, depois da adesão à CEE, a eleição para o Parlamento Europeu (notem bem: em “círculo único" - não incluido, todavia, os não residentes no espaço comunitário).
A partir de então, na Lei Eleitoral para o Presidente da República, reformulada na sequência da revisão constitucional de 1997, e, em 2004, na Lei Eleitoral para o Parlamento Europeu, que consagra a extensão do sufrágio aos Portugueses residentes fora do território da EU, (por sinal, a minha última iniciativa legislativa e a última intervenção no Plenário da Assembleia da República), só foi possível juntar as metades desavindas no hemiciclo no contexto da adopção do voto presencial.
A eleição, por sufrágio directo e universal, em 1997, do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), com uma abstenção “recorde”, foi o primeiro ensaio do voto "in loco". nos consuladose, e, a título excepcional, em algumas associações (umas, sim, outras não admitidas a prestar essa colaboração...).
O segundo, foi a reeleição do Presidente Sampaio, em 2000, frustrando-se, então, as expectativas de ver subir os números, a contrariar a tendência para o decréscimo verificado nas sucessivas escolhas dos deputados da Nação.

Os males denunciados pela abstenção têm de ser procurados aquém dos modelos de votação, muito embora se deva admitir que estes podem acrescentar-lhes contributo não despiciendo, positivo ou negativo. E, por isso, ao invés de partir em cruzada, em favor de um ou de outro, como me parece que está a suceder, melhor seria, repensar uma proposta do PSD, feita em anos não muito distantes - mas, pelo visto, totalmente esquecida, pelo próprio PSD, o que não deve surpreender-nos, atendendo à grande renovação de lideranças, global e sectorial – no sentido de aproveitar o melhor de ambos os modelos.
Preferível é o voto presencial, tal como se pratica no País - e aqui estou de acordo com o José Machado.

É possível leva-lo a efeito, em moldes não muito dissemelhantes, para aqueles que residem perto dos consulados. Sabe-se que a nossa emigração se caracteriza pela existência de grandes concentrações de famílias e comunidades, em destinos como Paris, Luxemburgo, Rio, Toronto, Montreal, Joanesburgo, Caracas, Newark, New Bedford, Buenos Aires, Macau, para dar apenas alguns exemplos.
A realização de votação em urna, nos consulados, que servem esses e outros núcleos de portugueses - não, talvez, todas as contas feitas, a maioria, mas uma considerável proporção – só lhes traria benefícios.
Mas, para os demais, havia que manter a opção, não a obrigatoriedade, do voto postal.
Uma conciliação fácil, de que há precedente em alguns insuspeitos “Estados de Direito” – e, aliás, não só para os expatriados.
Não duvido de que o voto postal, ainda que, porventura, limitado aos que vivem distanciados dos locais de voto, é absolutamente necessário, e sê-lo-á até à futura concretização do voto electrónico. Por esta simples e democrática razão: não retirar, na prática, o exercício do direito a quem viva a centenas ou milhares de quilómetros de um consulado, seja qual for a eleição considerada!
Porém, dizer isto não significa relevar os seus inconvenientes… O primeiro dos quais é o péssimo funcionamento dos correios em muitos países, e mesmo em continentes inteiros… Há milhares de cartas que não chegam ao destinatário, ou ao cidadão ou á entidade oficial, em Lisboa.
Estou a lembrar-me do caso de um meu companheiro de lista do “Circulo de Emigração Fora da Europa”, o Comendador Vasco Frias Monteiro, que não pôde votar em si próprio, porque não recebeu o indispensável boletim. Não é coisa assim tão rara, infelizmente.
E, de entre os boletins que conseguem concluir, em tempo útil, a viagem de ida e volta, muitos são, pura e simplesmente, anulados, sobretudo pelo facto de a fotocópia do cartão de eleitor não vir em subscrito separado, como foi, anos atrás, tornado obrigatório.
Uma complicação burocrática de monta, imposta pelo legislador, em nome da luta contra hipotéticas fraudes.
E, falando em fraudes, lembro que há os que receiam mais a possível “chapelada” nos consulados ou nas associações, em urnas abertas durante 3 dias (um perigo potencial, para além de ser um desperdício e umabsurdo), do que no sufrágio por correspondência…

Até agora, o voto postal nunca impediu o PS de ter, na Europa, quase sempre, vitórias não muito inferiores às do PSD no círculo transoceânico (em 2004 ficou muito, muito perto do segundo deputado, que também já teve, anteriormente…). E o socialista Dr. Jorge Sampaio, previsível vencedor, para um segundo mandato na presidência, obteve, na emigração, com o sufrágio em urna, um triunfo semelhante ao que, cinco anos depois, alcançaria o candidato não socialista, mas “com aura de vencedor”, Cavaco Silva. Lá fora, como cá dentro…
Aguardemos o fim de toda a polémica, com o voto electrónico…
O José Machado e eu estamos, como se vê, à espera da sua boa execução, no futuro próximo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

INTERVENÇÃO DEPUTADO JOSÉ CESÁRIO Tópicos

M. Teresa AGUIAR

“1 Saudações a Manuela Aguiar, Amélia de Azevedo, Amândio, Rita Gomes e alfobre de jovens técnicos que trabalharam com ela.
2 Debate no momento adequado –há uma explosão de emigração, de que não se fala, já não por razões políticas, mas puramente económicas.
Muitos dos jovens, que estiveram aqui, vão conhecer os caminhos da emigração.
3 Emigração com características novas: gente mais qualificada, mais mulheres a partirem sozinhas – conheço casos concretos em Viseu – com ou sem os cursos tirados. Vão para vários países da Europa, também para os EUA e Canadá.
4 Novas formas de discriminação e de xenofobia, que não existiam na emigração do passado.
5 Desponta, hoje, nas comunidades, a nível dos jovens luso-descendentes, sobretudo nas comunidades transoceânicas, uma extraordinária apetência por tudo o que respeita a Portugal – à língua, à cultura. Grande diferença, em relação aos antigos emigrantes, que chegavam a ponto de terem vergonha de ser portugueses.
6 Alterou-se a problemática. O associativismo, aspecto central da vida das comunidades, já não é o mesmo. Mulheres contribuíram para a mudança.
7 Exemplos de assoc. feminino:
Argentina, Assoc. Mulher Migrante. Argentina, país dos menos conhecidos , dos que são pior tratados pelas estatísticas oficiais.
RAS, Liga da Mulher,ex. de vitalidade.
Suécia, experiência das mais interessantes. Pequeníssima comunidade com grande dinâmica. Acompanhei - a mais no passado.
8 Assoc. Jovem, com grande participação de mulheres.
A Manuela referiu o “Carrefour”. Um bom exemplo. Resistiu, quando muitos vaticinavam o seu fim. Mas aqui perto há um outro bom exemplo – em Estrasburgo, numa assoc. muito diferente do modelo tradicional.
9 Assoc. empresarial – forte participação de mulheres, e não só nas Câmaras de Comércio.
10 Assoc. político – ultrapassado o nosso défice tradicional de participação democrática. Muitas centenas de eleitos. Em França, a Civitas, dirigida por jovens e mulheres (lá, fruto da Lei da Paridade).
11 Universidades Seniores – impressionante a de Montreal, ligada à Paróquia de Santa Cruz, do Padre José Mª Cardoso

12 Termino com referência à sobrevivência das dinâmicas.
Sou defensor do mercado, de libertar as pessoas do estado. Mas, muitas iniciativas exigem o acompanhamento dos agentes do Estado. Não só políticos, também altos funcionários – ex. Drª Amélia Paiva, aqui presente, que destaco pela sua dedicação – leitores de português, dirigentes do Aicep…
È necessário enquadramento legislativo. Com alguns colegas apresentei projecto de lei sobre o assoc. das mulheres migrantes – incentivos do estado, promovendo acções, debates na comunicação social, apoio ao empreendedorismo, luta contra a violência de género.
Criar uma cultura de comunidades.”

INTERVENÇÃO DE CUSTÓDIO PORTASIO tópicos

M Teresa AGUIAR
Os Tópicos da intervenção de Custódio Portásio

Começa por salientar a responsabilidade de ter sido convidado, de surpresa, a substituir um dos oradores num painel sobre “dinâmica de género e geração” com gente tão sabedora– homens e mulheres jovens e menos jovens

Ouve-se dizer que os jovens estão alheados, não participam. Discorda.
Esteve, na véspera, num jantar da Confraria do empreendedorismo. Falou de empreendedorismo jovem no Luxemburgo – da visão que se tem das comunidades de França, até às 4.00 da manhã .
Movimento associativo em refluxo?
Dá o exemplo da Associação deAmizade Portugal – Luxemburgo, que festejou 40 anos com a presença de 3 ministros e muitos deputados e representantes de outras comunidades, para além da nossa.
Jornalista perguntou como mantêm tanto dinamismo.
O tecido associativo é visto momo não evoluído, gangrenoso. .. Um dos maiores problemas nossos são as “capelinhas”.
Aquela associação soube abrir-se: quem tem uma ideia bate à porta e eles ajudam a concretizar o projecto.
Um exemplo: a linha de apoio psicológico à comunidade portuguesa. Contactaram as estruturas luxemburguesas e verificaram que havia espaço para esse projecto, que hoje funciona nos 2 sentidos. Os luxemburgueses recorrem às 3 especialistas portuguesas da "linha" e elas, por seu lado, pedem o apoio de que precisem a essas entidades.
É preciso dar espaço às mulheres nas associações. Elas trazem ideias novas.
O velho dirigismo associativo teve papel fundamental, mas não pode agora acantonar os mais jovens em mero trabalho administrativo.
Nas listas para o PE há uma portuguesa de 28 anos.
Também na secção de estrangeiros do partido Conservador há mulheres de todas as idades. Sinal do novo papel das mulheres na sociedade luxemburguesa.
Uma antiga e famosa dirigente da banca israelita – mulher de topo no domínio de gestão - aceitou portuguesas como estagiárias.
No prémio do empreendedorismo, um quinto de candidatos foram mulheres e houve uma portuguesa.
As Mulheres comprometem-se, crescentemente, no movimento associativo!
É necessário vencer a barreira psicológica: dialogar com os que estão dentro.

As associações portuguesas não estão a morrer, estão a transformar-se. Com ousadia, audácia, criatividade, que se espera das mulheres e dos jovens.

terça-feira, 7 de julho de 2009

DRª GORETI SÁ - Comemoração do Dia Internacional da Mulher

Comemoração do Dia Internacional da Mulher

A discriminação é uma realidade que tem acompanhado gerações e gerações. A discriminação de género não só está enraizada na nossa sociedade como dita muitos dos actuais comportamentos desviantes e muitas das violações de Direitos Humanos cometidas na actualidade.

As mulheres e raparigas de todo o mundo enfrentam situações de discriminação de género ao longo dos seus percursos de vida. Um pouco por todo o mundo, elas são vítimas de violência sexual, assédio e perseguição. Sofrem violações dos seus direitos básicos, ficando com mazelas físicas e psicológicas para toda a vida. Os seus direitos humanos – direito à liberdade sem violência, à igualdade e à educação – são violados.

A Escola e outras instituições deverão constituir espaços seguros de aprendizagem, para a construção profissional e pessoal das Mulheres e Jovens. Por isso, diferentes autoridades estatais e administrativas, como os professores e outros profissionais deverão proporcionar a discussão da discriminação de género. A violência existente, por exemplo, entre casais, considerada, por vezes, como “normal”, obriga-nos à acção urgente e imediata. Neste contexto, a educação para os direitos humanos é considerada um elemento fulcral para a existência de uma cultura de paz, baseada nos direitos humanos, como oposição a uma cultura de violência.

No dia 6 de Março de 2009, a Escola Secundária Dr. Manuel Laranjeira comemorou o Dia Internacional da Mulher. No âmbito da disciplina de Área de Estudo da Comunidade, do décimo segundo ano, do Curso de Animação Sociocultural, os professores Goreti Sá e José Neves organizaram duas sessões de debate sobre a discriminação de género, dirigidas por três colaboradores da Amnistia Internacional Portugal. Uma sessão foi vocacionada para os alunos das turmas A e B, do sétimo ano de escolaridade, que decorreu na Biblioteca da Escola. A outra sessão foi dirigida aos alunos do décimo segundo ano, do Curso de Animação Sociocultural, que decorreu no Anfiteatro.

A comemoração do Dia Internacional da Mulher incluiu também uma exposição no polivalente da Escola, com cartazes de divulgação da “Origem do Dia Internacional da Mulher”, da “Breve História da Amnistia Internacional” e dos “Direitos das Mulheres”. Contou, igualmente, com uma apresentação de cinco mulheres activistas, duas das quais portuguesas, Maria da Conceição Zagalo e Manuela Silva, defensoras da Responsabilidade Social e da Paz e dos Direitos Humanos, respectivamente. Os alunos do décimo segundo ano da turma F, do Curso de Artes Visuais, sob a coordenação dos professores Madalena Pinho e Sérgio Silva, participaram nesta iniciativa com a realização de lindíssimos trabalhos de pintura e fotografia, entre outros, que contribuíram para tornar mais bela a exposição. Também podiam ser admiradas imagens de rostos de Mulheres oriundas de diferentes partes do mundo e, consequentemente, de diferentes culturas, com o objectivo de sensibilizar a comunidade escolar para a aceitação da diversidade cultural. A professora Adélia Reis promoveu a actividade “Mulher na poesia”, solicitando aos seus alunos a recolha de poesias sobre a Mulher. As alunas do curso de Animação Sociocultural foram fotografadas pelos alunos da turma G do décimo ano, do Curso de Multimédia. Os alunos manipularam posteriormente as fotografias, no sentido de evidenciarem nas jovens sinais de violência. As fotografias estavam exibidas num placard com o título “Diga não à violência contra as Mulheres”. Esta actividade foi orientada pela professora Isabel Couto. Todas as portas das salas de aula de cada um dos pavilhões continham informação sobre factos e números da violência sobre as Mulheres, fornecidos pela AI Portugal. No seguimento de um contacto efectuado junto da instituição “Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género”, foram oferecidos cartazes, panfletos, livros e outra documentação concebida para ajudar os estudantes no processo de consciencialização sobre as questões de género.

No mesmo dia, os alunos, do décimo primeiro ano, das turmas A e D, acompanhados das professoras Silvina Silva e Susana Resende, participaram na conferência “Migrações e Mudança. Os Actores e o Género”, no âmbito da iniciativa “Mulheres da Diáspora – Encontro em Espinho”, que decorreu de 6 a 8 de Março de 2009, no Centro Multimeios.

Esta iniciativa teve como objectivos sensibilizar toda a comunidade escolar para a valorização da dignidade da Mulher e apelar quer para a participação activa na promoção e defesa dos seus direitos, quer para a responsabilização de cada um de nós na sua protecção.

Aproveitamos para agradecer o elevado empenho dos colaboradores da AI Portugal, de todos os professores e alunos, dos órgãos de gestão e dos funcionários, na dinamização das actividades, para comemorar, este dia na Escola. Agradecemos, igualmente, o convite da Dra. Arcelina Santiago para a participação dos alunos e professores da nossa Escola no encontro “Mulheres da Diáspora”. A todos muito, muito obrigada, sobretudo em nome das Mulheres e Raparigas que estão impedidas de agir livremente e precisam da nossa acção por elas.

Goreti Sá
Escola Secundária Dr. Manuel Laranjeira

MESTRE IVONE FERREIRA - Querer é poder…

As dificuldades inerentes a um estudo sobre as mulheres e os media da emigração

A representação das mulheres nos media da diáspora portuguesa é um tema pouco desenvolvido e estudado até hoje. E, no entanto, os jornais, as rádios e até algumas televisões, criadas por e para portugueses e seus descendentes, são um dos elos mais importantes de coesão entre os nossos compatriotas, em todo o mundo.

Começa por não existir uma base de dados credível de todos os órgãos de comunicação social que foram criados e mantidos por portugueses. Depois, os que são referenciados, por exemplo, no site da Secretaria de Estado das Comunidades, ou não têm formas de contacto mais rápido e actual, como, por exemplo, o email, como, se o têm, não está, na maioria das vezes, actualizado.

Quando se fala da representação das mulheres nos media das comunidades portuguesas, devemos ter em conta dois tipos de representação. O primeiro, o quantitativo. Quantas mulheres portuguesas existem nas comunidades a estudar, quantos órgãos de comunicação social lusa existem, qual a sua tiragem ou audiência e, finalmente, qual o número de mulheres que neles desenvolve a sua actividade profissional ou neles colabora, a tempo parcial. Este é um estudo estatístico que terá, naturalmente, repercussões sociológicas.

Depois, a segunda área de estudo, a representação das mulheres nesses mesmos media, através das notícias que, sobre elas, neles são publicadas. Como é que são referenciadas? Porque é que o são e quantas vezes. E ainda, se as noticias que se referem ao género feminino estão em capa, páginas interiores, pares ou ímpares e com que dimensão. Com fotografia ou sem ela. Todos estes pormenores, que por vezes podem parecer excessivos aos que têm uma visão generalista destes assuntos, são afinal, essenciais, para podermos determinar se podemos falar de uma verdadeira evolução para a igualdade de direitos e, claro, de deveres, ou se mantemos as tradições que pouco nos podem e devem orgulhar, da discriminação secular da mulher, ao longo da História.

O trabalho que tenho vindo a levar a cabo, sobretudo pela dificuldade de contacto, é moroso. Primeiro porque é necessário fazer o levantamento, tão exaustivo quanto possível, do maior número de órgãos de comunicação social existente em todo o Mundo. E sabemos bem que a expressão “em todo o Mundo” é correcta. Porque, muitas vezes, em locais que nem imaginávamos, existem portugueses, muitos ou poucos, mas que têm um pequeno espaço radiofónico, uma newsletter, um jornal ainda em formato de papel…

A segunda dificuldade é, depois do levantamento feito, a procura de um contacto correcto. Na Internet, de uma forma geral, os números de telefone já estão errados, não existe o contacto por email, e, muitas vezes, encontram-se endereços e nomes de órgão que até já nem existem…

É pois um trabalho lento, difícil, mas que acredito que deve ser continuado, com a persistência que deve ser posta em tudo o que possa vir a ser importante para o estudo da diáspora portuguesa nas suas mais variadas áreas.

Um outro ponto que seria relevante estudar, seria a forma como os media de cada um dos países, em que as nossas comunidades vivem e trabalham, as representam e, nessa representação, que papel têm as mulheres lusas. Este é um repto que gostaria de lançar a todos os que, nesses países, estudam em Universidades locais, que poderão contribuir para que, em Portugal, conheçamos e admiremos mais e melhor, o trabalho e o papel destes portugueses que, muitas vezes sem qualquer apoio, continuam a divulgar e defender a Língua e a Cultura portuguesas.

Voltando, no entanto, ao estudo de que já falei, e que desenvolvo há quase um ano, ele tem sido, apesar de todas as dificuldades já referidas e outras de que não vale a pena agora falar, um estudo produtivo e enriquecedor.
No final deste ano de 2010 penso começar a redacção final do trabalho que tentarei depois apresentar, pessoalmente, em vários locais.

A Associação Mulher Migrante tem sido um forte apoio deste estudo. Tenho conversado várias vezes, sobre o mesmo, com a Dra. Manuela Aguiar. Com as suas ideias, a sua experiência, tem-me ajudado a caminhar com maior acerto, nesta aventura. Tenho a certeza que, em parceria, (porque só partilhando é que construímos verdadeiramente), poderemos chegar a conclusões mais acertadas e encontrar mais e melhores espaços de debate para apoiar e desenvolver, cada vez mais, entre as nossas comunidades, a luta pela Igualdade e pelos Direitos de todos e de todas. Só Iguais somos Felizes.

Ivone Dias Ferreira

sexta-feira, 29 de maio de 2009

MARIA VIOLANTE MARTINS Mensagem


Quero agradecer o convite para o Encontro "Cidadãs da Diáspora" em Espinho.
Foi, para mim, uma honra ter participado, assim como ter compartilhado com amigos das Comunidades Portuguesas de diferentes países dias de convívio e fraternidade entre todos nós.
As mesas dos diversos painéis, com oradores tão sabedores e prestigiados, falando de temas muito próximos da realidade de vida de todos os presentes, os debates animados e sempre cheios de um sentimento de grande Portuguesismo, vão ficar na memória de todos quntos tiveram o privilégio de estar ali .

Também devo dizer que Espinho é uma cidade fantástica e a sua gente muito simpática. Sentimo-nos, todos, como em casa. Revimos amigos e fizemos novos amigos. Partilhamos experiências e ideias, desse intercâmbio surgiram ideias e projectos de trabalhos futuros.

Por isso, ao fazer o balanço final, quero reafirmar que valeu a pena, que aprendemos bastante com os outros e lhes demos conta da nossa própria maneira de atingir objectivos comuns. Estes "Encontros" são uma fonte de conhecimento e de inspiração e aprofundam a solidariedade entre os que vivem longe, sempre trabalhando para o seu País. É importante que continuem a realizar-se, para que a energia, a mobilização criada naqueles momentos altos não se perca, em prol das comunidades portuguesas.

Em nome da Associação Mulher Migrante Portuguesa de Argentina, no meu próprio e, se me permitem, no de tantos compatriotas residentes neste esplêndido pais de acolhimento, a Argentina, em sintonia de pensamento connosco, quero felicitar todos os organizadores do Encontro de Espinho, em especial a Dra. Manuela Aguiar, a Dra. Rita Gomes, que trabalharam de maneira árdua para que tudo fosse um êxito.

Bem-haja "Mulher Migrante" de Portugal !

26 de Maio de 2009

MARIA VIOLANTE MENDES MARTINS
Presidenta Mulher Migrante na Argentina


Cargos anteriormente exercidos pela Senhora Dona Maria Violante:
Presidenta de Damas casa de Portugal (1983-2008)
Vice-Presidenta fundadora (Mulher Migrante 1998-2001)
Presidenta Mulher Migrante (2001-2004)
Secretaria Mulher Migrante (2004-2006)
Presidenta Mulher Migrante (2006-2010)

Distinções pelo trabalho realizado:
Medalha de Mérito da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas (2004)
Plaqueta al mérito comunidades portuguesas da Argentina (2008)







quinta-feira, 21 de maio de 2009

ALICE MATOS Primeira Presidente da Associação "Mulher Migrante" da Argentina

MARIA ALICE MATOS
IMIGRANTE

O ASSOCIATIVISMO , como factor de progresso da Mulher, dependeu do tempo e lugar.
As mulheres imigrantes que, como eu, vieram de diferentes aldeias, cidades, e, todas juntas, sentíamos estar mais pertinho da nossa querida Pátria.
Mais tarde chamavam-lhe convívio.
A mulher começou a ganhar postos nas comissões directivas há 20 anos, quando muito.
Postos directivos para homens (diziam eles).
A finalidade de ambos era reforçar os valores de nossas tradições e cultura, e não esquecer a nossa amada língua.

A MINHA PARTICIPAÇÃO NOS MEIOS ASSOCIATIVOS
Começou como sócia e logo como secretária da Associação da Cidade Tesei, secretária do Conselho das Comunidades Portuguesas da República Argentina. Esta mesmo me designou representante na FAC (Federação Argentina de Colectividades), integrada por mais de 40 colectividades.
Éramos representantes junto do Ministério de Relaciones del Interior e Migraciones.
Também aí, na FAC, ocupei o cargo de Secretária Interinstitucional e Secretária-Geral.
Desejo expor o meu testemunho como desse lugar a "Solidariedade entre Colectividades" promove uma grande participação no associativismo.
E, ao mesmo tempo, exibimos as nossas tradições, a nossa cultura, gastronomia, bailes, admiramos os referentes a outras comunidades, tais como Festas Rotarias de colectividades, Feiras de colectividades. Convites para palestras, simpósios, mesas redondas, etc..

Exemplos de mecanismos e convénios:
Criação de Cursos para Líderes e Agentes comunitários (capacitação dos dirigentes para as problemáticas sociais e suas possíveis soluções.
O Fomento do desenvolvimento social, económico e cultural das comunidades baseados no reforço, consolidação e criação de redes sociais
Relações Públicas que incluirão encontros entre diferentes sectpores da comunidade, autoridades políticas e empresários.
A criação de um centro permanente onde se possa apresentar preocupações e projectos, a interlocutores idóneos.
Um Prédio destinado a ser Centro Social Cultural e de Negócios, com exposições permanentes e itinerantes.
Uma equipa de profissionais destinados a executar e supervisionar o desenvolvimento do presente programa.

Subscrevi, em nome da "Colectividad Portuguesa " a "Declaration Conjunta de las Colectividades Extranjeras en Nuestro Pais "luego de la Entrevista con el Ministro del Interior Dr. Carlos Corach.

Cada um de nós, representantes, na reunião do coselho das Comunidades, ao qual pertencíamos, informávamos sa novidades, e cada presidente comunicava à sua comissão directiva, e paticipava se desejasse.
Sobretudo me interessava:
a política interna de cada colectividade, a integração entre políticas do governo do País de origem e entre os gogernos locais
A juventude, as crianças, unidas pela apendizagem da língua supervisada por professores;
Interessantes programas de apoio, um grande desenvolvimento social, desportivo e intelectual. Não havia carenciados, a ajuda processava-se através do governo correspondente. Era uma pensão digna, a pessoa que era ajudada tinha conteção moral, não se sentia pobre. E assim funcionavam algumas comunidades.
Outra das finalidades da FAC:

AJUDA AO IMIGRANTE LEGAL
PEDIDO DE MELHORIA NAS INSTALAÇÕES DE MIGRAÇÕES
Depois de vários pedidos de audiências ao Sr. Director das Migrações conseguimos que se mudassem alguns artigos em leis da imigração
O fluxo migratório era cada vez maior e muito diferente dos de outrora.
Muito grande e complicado o prblema de imigrantes ilegais e as suas colectividades lutam para ajudá-los.
Os exemplos expostos mostram parte das actividades realizadas pela FAC.

Visitou-nos no ano de 1998, no Clube Português de Villa Elisa, Dr.ª Manuela Aguiar, onde teve uma reunião com as mulheres presentes, e onde se abordaram temas diversos entre elas - como ajudar os nossos carenciados.
Vocês, mulheres corajosas, que têm tanta força, animem-se a criar uma associação. Dessa forma, podem ajudar, ser conhecidas. quem sabe...
Eu tinha muito presente o que me havia impressionado noutras colectividades, e nem queria crêr que se estava abrindo uma possibilidade, uma intenção, de a mulher integrar um PROJECTO POR SI SÓ!
Meses mais tarde, já estava tomando vida A ASSOCIAÇÃO dA MULHER MIGRANTE NA RUPÚBLICA ARGENTINA, da qual tive a honra de ser a primeira presidente.

E aqui considero o ASSOCIATIVISMO COMO FACTOR DE PROGRESSO DA MULHER


Maria Alice de Matos


Comentários
Maria Manuela Aguiar disse...
Sem o saber, a consciência da necessidade e a vontade de lutar, sem a experiência que Maria Alice de Matos tinha, como uma das primeiras mulheres portuguesas a exercer cargos importantes em instâncias associativas argentinas e luso-argentinas teria sido possível o fulgurante lançamento da nova Associação de Mulheres?
Sempre considerei que o êxito desta iniciativs se deveu ao trabalho conjunto daquelas que conheciam bem os mecanismos da participação asociativa e daquelas que aprendiam depressa!
Parabéns, Maria Alice. Bem-haja, por tudo o que fez e faz pela nossa comunidade, pelos portugueses e por outros imigrantes, e pela Argentina, esse País de oportunidades e de acolhimento.






sexta-feira, 8 de maio de 2009

ALÍPIO JORGE Desporto e Cidadania


Encontro "Cidadãs da Diáspora"

Caríssima Dra. Maria Manuela Aguiar,

Desde já não posso deixar de lhe agradecer o convite, que tanto nos honrou, para fazer parte do painel “Desporto e Cidadania” e simultaneamente felicitá-la pela organização e pelo êxito daquele Encontro.

No desporto todos devem seguir obrigatoriamente as mesmas regras - as chamadas regras do jogo - independentemente da sua cultura, raça, cor, género, religião, educação, opções políticas...

O desporto é assim um veículo privilegiado no combate à exclusão.

Os objectivos educativos perseguidos pelo desporto são muito semelhantes às competências necessárias para a prática da cidadania; a inserção num grupo social de interesse, o desenvolvimento de atitudes positivas face à concretização de objectivos, a cristalização de valores socialmente aceites, a capacidade de interagir positivamente com os outros, de iniciativas de cooperação, de autonomia e de responsabilidade.

Associados à prática desportiva estão valores como a tolerância, o espírito de inter-ajuda e a solidariedade, que contribuem desse modo para a construção de um mundo melhor e mais pacífico, educando a juventude através do desporto que ao ser praticado sem discriminações, reclama compreensão mútua, espírito de amizade, solidariedade e jogo limpo, competências transversais à cidadania.

A secção feminina de bilhar do FCPorto é, afirmo-o com orgulho, tetra-campeã nacional, para além de ser detentora de inúmeros outros troféus.

As nossas atletas participam activamente nas várias vertentes associadas à vida desportiva; ocupam cargos dirigentes, são formadoras de novos talentos, são árbitras, são participantes activas na organização de eventos do clube, como a já mundialmente celebre TAÇA DO MUNDO.
Aos (bons) resultados não é alheia esta integração.

Apenas mais uma palavra para mencionar as actualmente designadas Filiais e Delegações do FCPorto espalhadas profusamente por Portugal e pelo estrangeiro, pontos de encontro da cultura portuguesa, e do papel activo da Mulher, bem como do seu trabalho e do seu apoio desportivo caloroso e incondicional, de que a minha querida amiga é um magnifico veículo e exemplo para todos nós.

Mais uma vez o meu obrigado pela oportunidade que nos deu, a mim e à Joana, em participar num tão pertinente e oportuno, quão agradável convívio.

Sexta-feira, 8 de Maio de 2009

Alípio Jorge Fernandes e Joana Silva

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DRº TERESA HEIMANS Heroínas de ontem e de hoje

segunda-feira, 4 de maio de 2009

MARIA GUERREIRO- Tempo de guardar / Olhar gavetas



Señora
Dra. Manuela de Aguiar

A Sra. Natalia Correia me solicitou um texto sobre meu trabalho.

Eu estive participando no Seminário Português “Encontros para a Cidadanía”.
“A igualdade de Homens e Mulheres nas Comunidades Portuguesas”.
America do Sul Bs.As. 2005
Nessa oportunidade falei sobre a mulher artista, o espaço que ocupava e que hoje ocupa na cultura, no mundo.

Não sei se é valida uma experiência minha como mulher e como artista, mas considero que é universal.
As mulheres alguma vez têm sofrido mudanças de casa, de país e de costumes. No simple ato de ter que descartar
Algumas coisas ou muitas já é um motivo para remover sentimentos.

Mudar coisas de lugar, fazer uma selecção e guardar aquelas que se levam. é todo um jogo.
Os espaços vazios que se produzem são motivos para pensar, para sentir pequenos lutos...más também são espaços que permitirão que nosso espírito, em um futuro, possa ter a sensação de estar completo com coisas novas.
Esses espaços vagos, são o motivo do meu trabalho.

Em homenagem a todas as mulheres que têm passado alguma vez por esta situação:
Tempo de guardar / Olhar gavetas

Meus melhores cumprimentos,
Maria Guerreiro

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Tempo de guardar / Olhar gavetas

… Levar à luz
Aquilo que está oculto, guardado, velado, escondido, como pequenos segredos
Descobri-los e mostrá-los
Atenta ao causal e ao caso fortuito
Escolher, descartar, deixar espaços vagos, embrulhar e guardar
É um jogo diferente, mas jogo ao fim


Gaveta I

Abri a gaveta...
Três estojos de óculos originam o cheiro
a couro o que se percebeu ao abri-lo.
Uma faca com cabo de prata para abrir cartas Quanto tempo esteve Miguel à tua procura!
Sempre pensou que te tinha perdido em uma das suas viagens
gostava de te levar consigo.
Um apontador e um gude de vidro, dos grandes, com o qual jogava de criança
de vidro azul-verde com estrias brancas.
Uma chave de bronze, que dava corda a um
antigo relógio que se cansou do tique-taque.
Tubos de vidro com minas pretas. Um carimbo com a assinatura de Miguel, com uma marca
Gallo y Torrado S.R.L. PLACAS GRABADOS TE. 31 4138 San Martín 506
Três notas de moeda brasileira, valores, 20, 10 e 5 cruzeiros
Uma nota mais, de 1 peso Moeda Nacional. Uma caixinha cor-cinza com cartões pessoais
Um chaveiro da Frota Mercante do Estado... abrir o passado


Gaveta II

A caixa de profundo azul, mostrava um dos seus lados marcado, estragado
Tentei tirar a tampa, foi muito mais fácil do que achava
Pequenas sacolinhas e estojos de joalharia, veludo vermelho, camurça preta e papéis brilhantes
agradável ver a variedade de cores e texturas.
Os brincos de ouro, com os quais perfuraram as orelhas de Marcela, dixes ganhos de presente, corações, mãozinhas, trevos
Uma cruz de prata, uma medalha da sua primeira comunhão, outra da Virgem quando criança, um braçaletinho com seu nome, um pesebre, preciosa miniatura feita em prata
Risinhos invadiram o lugar....
E meu sorriso quando me lembrava dela


Gaveta III

Todas as paisagens estão aqui, com as fortes cores dos cartões postais
Marrocos, Moçambique, Cabo Verde. Enviados pelo correio com breves cumprimentos
Outros, comparados para não esquecer, para guardar momentos duma viagem
Cartões postais incapazes de transmitir o vivido. Madrid, Lisboa, Roma...
O ar salgado em Vigo. As castanhas assadas em Lisboa e o ronronar do eléctrico.
A chuva molhando o corpo em Roma, no entanto ria e ria por motivos que não quero contar
Sol do Algarve, céu azul, os barcos pesqueiros, outra vez o sol no rosto
Novamente a chuva em Paris sentir a água nos sapatos, e nenhum táxi ao redor (por perto)
caminhar e caminhar., Paris, cor-cinza, Paris com nevoeiro, Paris molhado...comer uma panqueca
....descartar cartões postais.


Gaveta IV

Custou abri-la...Trancavam-na fitas que laçavam uma quantidade de cartas
agora espalhadas na gaveta. Observei os selos dos envelopes, era fácil ver
destinos e destinatários. Nas cartas lia arrivos e despedidas como se seguissem roteiros designados, como se nunca tivessem deixado de viajar
ARGENTINES FINE PIER FOOT 29Th STREET BROOKLYN N.YORK
...será até amanha.
...continuarei escrevendo.
...continuamos fundeados.
...desejo voltar logo.
Algumas fotografias antigas. Numa delas está escrito
Diaca Moçambique15/4/65.
Amostra ao tio Ricardo com dois filhotes de leão nos braços, a seu lado seu colega de viagem, por trás um pequeno aeroplano que ele dirigia
...Histórias, histórias...tudo pode ser reinventado.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

DRª MANUELA AGUIAR Mulheres Migrantes - Trabalho Profissional e Intervenção Cívica

A emigração muda, profundamente, a vida das pessoas, homens e mulheres: muda o relacionamento entre eles, na família, na sociedade, com a terra de origem e de destino, com o mundo dos trabalhos.

É verdade em todos os tempos e para todos os povos e nós sabemo-lo por tradição oral, por documentos oficiais, relatos de imprensa, pela experiência de contemporâneos, pelos relativamente poucos estudos sistemáticos que sobre o tema se têm levado a efeito, numa perspectiva comparativa. (1) (2)

Nesta aventura portuguesa sem fim à vista – historicamente, para o Brasil, os EUA, Hawai, Demerara, Argentina, mais tarde para os cinco continentes – o mais intangível, o menos reconhecido é o papel da mulher, a sua quota parte num movimento que foi, largamente, dominado pelo estereótipo masculino, muito embora a proporção de mulheres tivesse aumentado, ao longo do século XIX, atingindo cerca de 30% no início do século passado e sendo, desde as décadas de 60 e 70, de quase 50%. (3)

A componente feminina quando existia em número significativo – ou passava despercebida ou levantava enormes objecções, por parte da “inteligentzia” e do Estado – que não se coibia de tentar limitá-la, através de regulamentação discriminatória.
Elucidativas da percepção geral sobre os inconvenientes da expatriação, das mulheres para políticos e, para cientistas, comentadores são as posições de Emygdio da Silva e de Afonso Costa – na dupla veste de responsável político e, em outra, menos conhecida, de autorizado especialista neste domínio – a considerar a emigração feminina como uma depreciação do fenómeno migratório. (4)

A este juízo não era, como se constata, alheio o facto de a emigração familiar para o Brasil, os EUA, o Hawai, provocar uma inevitável diminuição de remessas e prognosticar o provável enraizamento definitivo no estrangeiro. E assim, ainda que negativamente relevada, a emigração feminina é vista como importante – tão importante que “de per si” pode transformar a natureza do projecto migratório, reconvertendo-o de temporário, em definitivo ou, se não definitivo, mais prolongado. E pouco contava então, numa concepção comum a homens bem pensantes e bem intencionados, a felicidade, a segurança e o sucesso individuais e familiares, quando em oposição (como supunham…) aos interesses colectivos ou do Estado.

2 – A situação das mulheres emigradas, como indivíduos, como cidadãs, não foi, no passado, objecto de particular interesse, de investigação rigorosa, nem a nível de cada país ou grande região, nem a nível global.

Não o foi pelos que se integravam em correntes economicistas (medindo e quantificando em divisas as vantagens da expatriação de trabalhadores) mas também não o foi pelos que se envolveram na luta pelos direitos das mulheres.

Podemos perguntar: porquê? Talvez porque os problemas específicos deste grupo de mulheres se tenham diluído, por um lado, no movimento feminista – movimento social forte e influente desde o último quartel do século XIX (embora mais em outros países do que entre nós, apesar do esforço de uma elite feminista, que nos legou obra, pensamento estratégico e exemplos de determinação e coragem, mas não logrou organizar-se como grupo de pressão…) e, por outro, no domínio mais vasto dos movimentos migratórios, onde o homem ocupava o lugar central, no campo da observação e análise do fenómeno, enquanto a mulher só lateral ou indirectamente via reconhecida a sua presença, quer na decisão de partida (solitária) do companheiro (como decisão comum, que, quase sempre, é…) quer na alternativa de o seguir, no imediato ou no médio prazo.

O panorama não se modificou, substancialmente, até à segunda metade do século XX. A questão feminina, neste domínio, ganhou maior visibilidade no fim de um ciclo de “boom” económico, de desenvolvimento continuado, entre o pós guerra e a crise provocada pelo chamado “choque petrolífero” de 1973-74. É então que a oferta de emprego baixa drasticamente e os mercados de trabalho se fecham aos homens, enquanto as fronteiras se abrem às mulheres (e filhos), a título de reunificação familiar – reclamada e consentida em nome dos direitos humanos fundamentais (face às concepções do início de novecentos um verdadeiro “avanço civilizacional…”.

É uma conjuntura inteiramente nova, e que se irá prolongar por largos anos, caracterizada pela “feminização” das migrações.

Porém, numa primeira fase, ter-se-á mantido, como preocupação maior ligada a esta imparável inversão da proporção dos sexos no êxodo migratório, o receio pela sorte das mulheres no país de destino, como estrangeiras mais vulneráveis, mais isoladas, menos capazes de adaptação cultural e económica. Creio que subsiste ainda a ideia de que elas estão talhadas para ser objecto de uma dupla discriminação: como imigrantes, face aos homens e mulheres do outro Estado; como imigrantes, face aos homens e mulheres do outro Estado; como mulheres, face aos homens imigrados. (5)

Oriundas, na sua maioria, de meros meios rurais, com deficiente formação escolar e profissional pareciam, de facto, condenadas a ocupar os últimos lugares da escala no mercado de “mão de obra”, os de mais baixos salários e menores responsabilidades. Ou pior ainda: ao desemprego, que as deixaram na dependência dos maridos e confinadas no “guetto” familiar.

Nos inícios de 80, os resultados de um inquérito pioneiro, conduzido pela Comissão da Condição Feminina, apontavam, como se esperava, para uma percentagem muito elevada das emigrantes portuguesas, que partilhavam dos preconceitos contra a reivindicação de um papel mais assertivo e igualitário no interior da família e numa ocupação fora de casa.

Estamos confrontados com um pano de fundo onde se projectavam elementos que pesavam, todos, negativamente na previsão dos trajectos migratórios femininos – e que tinham, note-se, fundamento na realidade, ainda que numa realidade estática – sem atender aos que poderiam surgir em função de novas dinâmicas de integração, em sociedades mais prósperas, mais modernas e mais igualitárias, de cujos direitos e liberdades – algumas e, progressivamente, cada vez mais – haveriam de aproveitar.

No começo, os obstáculos surgiam como intransponíveis.

Não se acreditava na atracção exercida por diferentes formas de viver os papéis masculinos e femininos, na família e na sociedade, sobre os nossos emigrantes. Porém, conhecidas as suas tão glosadas capacidades de convívio e de colaboração com diferentes povos, bem podíamos ter previsto as mudanças de mentalidades e de atitudes que iria, em tantos casos, verificar-se – por mimetismo, por adesão natural, pela vontade de ser aceite e respeitado pelos outros…

Neste contexto, a mulher ganha consciência de direitos e de causas que ignorava. Redescobre-se, descobrindo novas maneiras de ser mulher, mãe, trabalhadora. (6)

É, pois, fundamental, acompanhar o percurso da mulher migrante em períodos sucessivos e realçar o circunstancialismo mais ou menos favorável à sua ascensão nos vários círculos em que se move.

3 – Para historiar a evolução do estatuto e das realizações das mulheres nos núcleos de emigração, havia que ouvi-las falar de si: como sujeitos do seu destino, conscientes de problemas, de dificuldades e virtualidades de actuação, no plano individual e colectivo.

A primeira audição mundial de portuguesas da Diáspora aconteceu em Junho de 1985, por iniciativa da Secretaria de Estado da migração, e trouxe a Portugal (Viana do Castelo) uma elite, que então despontava, de dirigentes associativos e de jornalistas.

A proposta para a organização desse grande Encontro foi aprovada, como recomendação ao governo, na secção regional do CCP (Conselho das Comunidades Portuguesas) efectuado em Outubro de 1984, em Danbury, Connecticut. (7)

Uma das constatações do Encontro (que, segundo opinião dos participantes vindos de todo o mundo, expressa nas conclusões, terá sido o primeiro do género convocado por um governo de um país de emigração) é a existência de uma grande heterogeneidade de situações, no que respeita à inserção das migrantes em diferentes sociedades, de emigração recente ou antiga – umas muito mais favoráveis ao emprego e ao empreendedorismo feminino do que outras.

Em qualquer caso, a capacidade individual, a vontade de participação cívica e profissional, é um dado de decisiva relevância. Se as mulheres permanecem isoladas no interior da sua casa, ou mesmo do seu grupo etário, como aproveitar os direitos e as oportunidades que uma sociedade avançada lhes oferece? Como escapar a um “duplo guetto” familiar e social? (8) Provavelmente não fazer o seu caminho entre dois mundos, numa linha de fronteiras psicológica e cultural, que não ultrapassam, de vez, mantendo distâncias no contacto com os naturais do país, por dificuldades de domínio da língua, de compreensão das facilidades do novo meio. O “low-profile” – o perfil das portuguesas como as viam numa pequena comunidade rural de França (corajosas, laboriosas, apagadas), nas conclusões finais, como retrato datado de uma geração. (9)

A aprendizagem da língua, o exercício de uma actividade profissional remunerada, exercida no exterior do lar, o contacto, o diálogo, a convividalidade com mulheres e famílias da sociedade de acolhimento são indispensáveis para a transformação da mentalidade e de condutas. (9)

Outro aspecto abordado no “Encontro” foi o do estatuto da mulher emigrada no interior das organizações do seu próprio grupo étnico – na medida em que estas contribuem para a criação de um espaço cultural, em que se “transplanta” a sociedade de origem (um fenómeno de “extra-territorialidade).

Haverá, em principio, ritmos diversos de progressão das portuguesas na sociedade estrangeira (onde essa progressão se verifica…) e naquela que podemos considerar “sociedade portuguesa” prolongada em comunidades, (vistas como unidades sociais coesas e dinâmicas, animadas por um projecto de futuro e formadas, essencialmente, por uma rede associativa forte e extensa). (10)

É com a chegada das mulheres, de famílias inteiras, que o associativismo ultrapassa a sua fase inicial de mero centro de convívio, café, tertúlia para adquirir a vertente cultural, de guardião de tradições, de modos de ser e de estar colectivamente e de persistir e sobreviver na cadeia de gerações. É com a presença da mulher que clubes e centros associativos se tornam a “casa comum” portuguesa, a sede de uma vivência comunitária, animada pela música, pelo folclore, pelas festas populares, pela gastronomia, pelo teatro, exposições, palestras, cursos de língua pátria…

Todavia, neste associativismo que podemos chamar “misto” – por contraposição ao associativismo feminino – era então, e quase três décadas depois ainda é, maioritariamente liderado por homens. As mulheres, mesmo as que, no estrangeiro, se destacaram na profissão e na intervenção cívica, vêem-se subalternizadas nesta espécie de retorno ao “mundo português”.

A mulher retrocede ao papel que tem, não na família “moderna” em que se insere, mas na família tradicional… A arcaica e rígida divisão de tarefas é a que rege aquele espaço associativo – como se este quisesse propiciar o regresso ao país e ao país do passado: conserva-se tudo, incluindo anacronismo no relacionamento entre os sexos. (11)

A primeira reacção a este estado de coisas – que se manifesta nas comunidades nos quatro cantos do mundo, a indicar a espontaneidade, a vontade de “regresso às origens”, neste particular aspecto em desfavor da participação feminina… - foi a criação de organizações próprias. São dos fins do século XX as pioneiras sociedades fraternais da Califórnia. Hoje, para além dessas seguradoras, de enorme dimensão, podemos referir várias esplêndidas instituições, nascidas no século XX (segunda metade): a “Sociedade Beneficente das Damas Portuguesas” de Caracas, a “Liga da Mulher Portuguesa” da África do Sul, a “Federação das Mulheres Portuguesas” de Piko – com sede em Estocolmo – ou, a mais recente, a “Associação da Mulher Imigrante Portuguesa” da Argentina (criada em 1998). (12) (13)

Terá futuro o associativismo feminino?

Creio que a resposta será dada, em definitivo, quando a participação de mulheres e homens no associativismo misto atingir níveis próximos da paridade. É natural que, então, as instituições femininas acabem por se diluir no “mainstream”, por manter interesse histórico ou simbólico. Mas para já, a paridade é uma meta longínqua. E, a meu ver, todos os meses são bons para fomentar uma maior intervenção cívica das mulheres – em organizações próprias, ou “mistas”, e dentro destas, eventualmente, em áreas específicas.

O diálogo e debate sobre a questão de género estão no seu ponto alto – porque nunca a esperança de obter resultados foi tão grande.

A organização de reuniões internacionais - como as que se vem efectuando década a década - têm sido um instrumento eficaz para a tomada de consciência dos problemas e a busca de soluções. Tem permitido um balanço da evolução verificada e do seu diferente ritmo nas várias comunidades, a tendência para uma maior visibilidade do papel da mulher e para a dinamização que pode trazer a um dirigismo, que em algumas partes do mundo, parece em crise de afirmação.

É no continente norte-americano que os progressos são mais notórios, sobretudo em organizações de juventude. O rejuvenescimento conduz aí, em linha recta, a paridade – o que não é necessariamente verdade em outros continentes. (15)

Mulheres e jovens de ambos os sexos, têm sido, genericamente, marginalizados nas associações mais tradicionais – e, por isso, constituem uma reserva que não pode ser desperdiçada, sobretudo numa conjuntura em que crescem as dificuldades em garantir militância e adesões.

Neste universo, muito heterogéneo (com crescimento e até nascimento de novos centros associativos e o declínio de outros…), em tempo de grandes mutações e incertezas, é um sinal dos tempos – ver mulheres à frente de algumas das mais antigas e prestigiadas associações nas comunidades mais “improváveis”.

Por exemplo, na Argentina, no emblemático “Clube Português” de Buenos Aires, ou na quase centenária “Associação de Comodoro” – Rivadávia.

É também no Equador, no Hawai, na América do Norte (em Mississauga, Toronto, Montreal, Vancouver, San Diego, Elizabeth, N.Y), na Europa, no Brasil (não ainda nas instituições centenárias, mas em Câmaras do Comércio ou Elos Clubes), na Venezuela, na Austrália. E até já em “Academias de Bacalhau” que começaram por ser um paradigma de associativismo especificamente masculino (16), já há mulheres presidente de Academias.

Conhecemos casos pontuais que somados representam uma alteração significativa. A quebra de um tabu, mas num quadro ainda de excepcionalidade e não absolutamente transparente.

Faltam-nos dados rigorosos globais actualizados periodicamente. Por isso, nos “Encontros para a Cidadania” em sido proposta a ideia da criação de um “observatório” para a igualdade (17), ao qual caberia, entre outras finalidades, a de registar os cargos e actividades das mulheres no movimento associativo, sem esquecer as suas realizações à latera do poder formal das direcções, por exemplo em organizações “satélites” ou redutos que lhes estão reservados, como os femininos, ou de senhoras auxiliares, comissões femininas ou os “comités de damas (em países de língua castelhana”). (18)

3 – Partimos de conceitos e preconceitos sobre o destino das mulheres nas comunidades da emigração que, algumas décadas decorridas, tivemos de considerar em larga medida, infundados, pela história das suas vidas.

E não porque não tivessem deparado com situações de discriminação, sob a forma previsível e prevista (isto é, de relativo desfavorecimento para as mulheres e homens do país, assim como aos homens emigrantes).

Porém, mesmo nesse condicionalismo, a simples possibilidade de exercer uma actividade remunerada, deu a muitas mulheres imigradas, uma independência e benefícios materiais, a que não poderia ter aspirado na sua terra. E ganha, com isso, um estatuto de igualdade (ou quase igualdade) na contribuição para o nível de vida familiar (19 (20)

Porque errou a previsão comum?

Creio que por erro de perspectiva, ao não tomar, como referência para aferação, as mulheres portuguesas não emigrantes, as que não tiveram a oportunidade de testar as suas capacidades num contexto de maior abertura à igualdade dos sexos.

Neste quadro de comparação, na maioria dos casos, a mulher emigrante é, afinal, uma dupla vencedora.

Como emigrante, porque pertence a uma “geração de triunfadores” e contribuiu decisivamente, como diria Eduardo Lourenço, com independência, para o sucesso do projecto de emigração e a ascendência alcançada na família e no exterior.

Como mulher, porque soube ultrapassar a distância entre a sua contradição anterior e as possibilidades reais de emancipação, que a emigração lhe permitiu, pelo trabalho independente e pela valorização do seu papel na família e na sociedade

Maria Manuela Aguiar