terça-feira, 26 de dezembro de 2017

CONGRESSO MUNDIAL DE MULHERES DA DIÁSPORA

Em 2018/2019 O projeto visa reunir num encontro em Portugal mulheres da nossa Diáspora, de vários países e de diferentes áreas académicas e profissionais, individualidades que se impuseram nas Letras e nas ciências, na política, no mundo empresarial, no movimento associativo, no voluntariado, a fim de procederem, em conjunto, a um balanço, quer dos progressos alcançados no campo da igualdade de género e da vivência da cidadania, quer do que falta fazer. Ou seja, do contributo que se sentem capazes, pelo seu próprio exemplo, para o dar visibilidade à comunidade em que se inserem, e para, pela via da comparação de diversos percursos e experiências, pensarem estratégias para a mudança no "status quo", procurando o nivelamento por cima. Espera-se que, da reflexão e debate sobre a história do presente, nasça o impulso de união para dinamizarem a história do futuro. Será, assim, objetivo fundamental o conhecimento de situações concretas, avaliadas pelas próprias mulheres. e, a partir desse conhecimento, o traçar de caminhos para a consecução de mais igualdade, de melhor sociedade e democracia. 
Outras finalidades podem vir a enriquecer a iniciativa - por exemplo, a defesa da lusofonia, da língua e da cultura, vertente em que as mulheres se têm distinguido...
A ideia partiu do Secretário de Estado José Luís Carneiro, que aponta para um modo de execução que já deu boas provas no passado - uma parceria com ONG's (lembramos os "Encontros para a Cidadania", presididos pela Drª Maria Barroso, entre 2005 e 2009, uma colaboração entre a Secretaria de Estado das Comunidades, a Associação Mulher Migrante, a Fundação Por Dignitate e outras organizações da sociedade civil).
A "Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade" foi a primeira a aderir ao projeto, que foi apresentado pelo Secretário de Estado José Luís Carneiro e por uma das fundadoras e dirigentes da AMM, Maria Manuela Aguiar, em Viana do Castelo, a 16 de dezembro, durante o II Encontro Mundial de Empresários da Diáspora.
Foi o lugar ideal para fazer o anúncio! Primeiramente, porque Viana é a cidade onde se realizou em junho de 1985 o 1º Encontro Mundial de

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

MESTRE BALBINA MENDES

A 13 de dezembro, no Museu Teixeira Lopes, a Amiga Balbina Mendes, que tantas vezes tem participado nas iniciativas da AEMM, defendeu brilhantemente a sua tese de mestrado e foi aprovada com 18 valores

MUITO IMPORTANTE. ENSINO DA EMIGRAÇÃO NAS ESCOLAS

Resolução da Assembleia da República n.º 267/2017 Recomenda ao Governo a valorização do ensino da história da emigração portuguesa A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que: 1 — Reforce a presença nos currículos escolares da história da emigração portuguesa, de forma integrada e nas suas várias dimensões. 2 — Apoie o desenvolvimento da investigação sobre a emigração portuguesa nas instituições de ensino superior portuguesas e estrangeiras, em particular em países com presença relevante de comunidades portuguesas. Aprovada em 27 de outubro de 2017. O Presidente da Assembleia da República Ferro Rodrigues

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

AS ACADEMIAS DE BACALHAU E A QUESTÃO DE GÉNERO - ASSOCIATIVISMO FEMININO, MASCULINO E GLOBAL



Em 1980, por gratificante "dever de ofício", como membro do Governo responsável pela emigração, iniciei um infindável roteiro de viagens ao mundo da nossa Diáspora, que até aí desconhecia na sua verdadeira dimensão, como era comum e ainda hoje é, entre os portugueses que de deixaram ficar no território das fronteiras geográficas. 
Cheguei à África do Sul, em setembro desse ano, já com a experiência de contactos com coletividades portuguesas de três continentes, e, assim, facilmente, pude constatar, viver e sentir a absoluta originalidade das Academias de Bacalhau, enquanto modelo de reunir os portugueses para fazerem coisas grandes na campo dos valores do humanismo, da lusofonia, da entreajuda, em ambiente de tertúlia, a partir da festa, de ditames e rituais, que se diria (e bem...) inspirados nas tradições académicas, numa fraternidade de jovens de espírito, se não de idade...  Nos momentos divertidos em que levantava, baixava e bebia um copo de vinho no meu primeiro " gavião de penacho", pensava: "que ideia tão bem achada e tão bem conseguida!". Estava em Joanesburgo, na Academia-mãe, num almoço certamente mais formal do que habituais, mas onde (não obstante esse "senão"...), o espírito da festa se mantinha intacto. Entre tiradas de humor, graça "académica", boa disposição geral, ao lado do mítico fundador  Durval Marques, aprendi que nas Academias, já então pujantes em outras cidades do África austral, ninguém se ficava no "convívio pelo convívio". Eram todos militantes da intervenção solidária na sociedade! Aprendi que a ação se desenrolava, sempre, em dois tempos sucessivos:
 Primeiro, o dos almoços de amigos, puramente lúdicos, com as suas regras estritas de convivialidade, as proibições (como falar de religião, de política...), cuja infração frequente, garantia multas pesadas:
 Segundo,  o da gestão das generosas "multas". Com essas verbas lançaram,por exemplo, a primeira pedra do lar de terceira idade de Joanesburgo, que talvez seja o melhor de todos os que existem na Diáspora, prestaram assistência aos refugiados de Moçambique e Angola, em 1974 e 1975, e prosseguem, hoje nos quatro cantos da terra, projetos adequados ao perfil de cada comunidade, ás suas aspirações culturais ou ao apoio a desfavorecidos.
Aquele primeiro "almoço de descoberta" converteu-me em incondicional admiradora de tão eficaz paradigma de, "ridendo",  fazer o bem ! Ainda por cima, vi.me aceite como membro da "Academia-mãe", com um sentimento de genuína adesão aos seus princípios e práticas, fundados na amizade, na alegria de conviver e na vontade de tornar o mundo melhor e mais divertido. 
Não era, diga.se, a primeira portuguesa a ser assim chamada ao convívio dos auto-designados "compadres". Na altura, os almoços e, com eles, a titularidade de associado,  eram, em regra, reservados aos "compadres", mas tudo o que se passava em horário pós-laboral, jantares, encontros, abrangiam as mulheres, as "comadres".  Era a evidência de que a "praxis" se baseava em formas de relacionamento preexistentes - o do almoço, na pausa do trabalho, entre profissionais (todos homens, porque a metade feminina estava, de facto, ausente desse círculo), o do jantar, naturalmente, reunindo famílias inteiras. Nunca foram, bem pelo contrário, uma espécie de "clube inglês" segregacionista! Quando as Academias chegaram a comunidades onde as mulheres partilhavam  com colegas homens o meio profissional, logo se abriram à sua plena participação e logo as vimos assumirem cargos de direção e até a presidência - o que nas instituições mais tradicionais foi, ou ainda é, um caminho longo...
Defensora, como sou, de uma associativismo misto, onde os géneros de completam como fator de progresso e democracia, compreendo a existência de organizações femininas - ou masculinas - quando moldam realidades  de cooperação, que, de outro modo, seriam prejudicadas, esperando, embora, vê-las evoluir para um harmonioso encontro das duas metades, do todo. Também neste aspeto, que tende a ser sempre menos valorizado, as Academias de Bacalhau nos deram uma lição de boas práticas, na rota dos bons princípios!

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

PORTO, CONFERÊNCIA PORTUGAL /BRASIL - HOMENAGEM A RUTH ESCOBAR



DE MARIA RUTH DOS SANTOS A RUTH ESCOBAR

Ruth Escobar foi, porventura, no Brasil, a mais destacada  mulher portuguesa da sua geração. Nome célebre na cultura, na política -  ativista de direitos humanos, voz indomável contra a ditadura, feminista tardia mas convicta, pioneira na vida política brasileira, primeira mulher eleita deputada, em dois sucessivos mandatos, à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, 
 Maria Ruth dos Santos, na pré-história de Ruth Escobar, foi uma emigrante comum. Aos 16 anos acompanhou a mãe numa partida, de onde não haveria retorno. Invulgar era, sim, o facto de ser uma aventura no feminino, de uma mulher solteira e da sua filha única - a menina rebelde que estava destinada a convolar o modesto projeto de futuro, com o ímpeto da sua ambição e o fulgor da sua personalidade, num trajeto épico de permanentes rupturas e incríveis desafios, em rota da continuada transcendência do seu "eu", no cenário movente de novas fronteiras físicas e culturais. O seu saber é todo "de experiência feito" -  as viagens pela geografia, pelas alteridades culturais, são fonte de conhecimentos avidamente absorvidos e inspiradores de ação. Ousada e vanguardista, fará dessa mundividência em progressão uma arma para mudar o mundo, e, com ela,om ela haveria de revolucionar a realidade e o devir do teatro brasileiro.
Através de todas as metamorfoses, Maria Ruth será, porém, sempre a portuguesa do Porto, nascida em Campanhã, criada na rua do Bonjardim, no coração da cidade que levou consigo, em gratas recordações, A sua autobiografia, desde o primeiro parágrafo, é uma história portuense, começa num calcorrear de ruas e praças familiares, nas festas do São João, nas sessões de cinema do Rivoli, nas excursões de elétrico até à Foz, quando chegava o verão, ou até aos jardins do Palácio de Cristal, e, também, nos longos dias de aulas no Carolina Michaellis, onde se inicia na arte dramática, a representar, ao som dos primeiros aplausos, todos os diabos dos autos de Gil Vicente...
Nas suas próprias palavras: "quando embarquei para o Brasil, no Serpa Pinto, com a minha mãe, levava também a certeza de um destino, pois soube que tudo o que sucedeu na minha vida, mesmo antes do meu nascimento, estava moldado por uma força universal, cósmica, transcendente".
Na esteira dessa certeza, a sua vida avançará, vertiginosamente. No "Roosevelt" , mal acabara de chagar, a sua graça em palco, encarnando, de novo, os diabos de Gil Vicente logo, granjeia-lhe  o prémio oficial de "rainha" do colégio. Passa os exames, sem dificuldade.  Todavia, logo troca os estudos pelo trabalho, a vender a "Revista das Indústrias". É um sucesso, já ganha mais do que a mãe, mas depressa dá um passo em frente, angariando apoios na comunidade portuguesa para criar e vender a sua própria revista, "Ala Arriba". Tem apenas 18 anos. Na sua nova veste, apercebe-se das ameaças que se desenham sobre a presença portuguesa na Índia e propõe-se defende-la à volta do planeta. 
Corria o ano de 1954 e, uma vez mais, com o patrocínio dos compatriotas de S Paulo, a improvisada jornalista, ainda "teenager", vai ombrear com os melhores correspondentes de imprensa internacional, entrevistando uma longa lista de celebridades, como Foster Dulles e Christian Pinaud, Bulganin e Krushev, o Principe Norodan Sihanouk, o presidente das Filipinas, os primeiros-ministros da Turquia e da Tailândia, o mítico Nasser (a única a ter esse privilégio, no meio de quinhentos jornalistas presentes no Cairo!), e entre compatriotas, os governadores de Macau e da Índia e até Salazar. Os seus exclusivos são disputados por revistas como a "Life" e por prestigiados jornais de S, Paulo e Lisboa, É um primeiro vislumbre de fama.... Convidada a integrar a comitiva do Presidente Craveiro Lopes na visita oficial a Moçambique, acaba expulsa por ato considerado subversivo -  a revelação perante os "media" nacionais e internacionais de um trágico acidente aéreo, que a propaganda do regime queria ocultar. Será o primeiro de muitos gritos de liberdade, pelos quais não hesitará nunca em arriscar tudo, 
Na casa dos seus vinte anos, lança-se como empresária e produtora teatral, depois como atriz. Constrói um teatro com o seu nome, na cidade de São Paulo, e  e faz história com a fundação, em 1963, do Teatro Nacional Popular, que leva ao povo das periferias do Estado, a muitos milhares  de pessoas, espetáculos de qualidade (Martins Pera, Suassuna...) no palco improvisado num velho autocarro. 
Não é menos arrebatadora é a sua vida fora de cena, com quatro filhos de três casamentos (o primeiro anterior a esta década, o segundo com o poeta e dramaturgo Carlos Escobar, o terceiro com o arquiteto Wladimir Cardoso, que viria a ser o cenógrafo das suas peças de enorme êxito artístico - como "Cemitério de automóveis" de Arrabal, com montagem do argentino Vitor Garcia, e encenação dela mesma: Uma dupla que, em 1969, com "O balcão" de Jean Genet, venceria todos os prémios, no Brasil.
Os trinta anos de Ruth são passados no tempo conturbado de repressão e de medo em que se afunda o país, a partir de 1964. O seu teatro converte-se em palco de luta pela liberdade de expressão, Sucedem-se as ameaças, as pressões, os ataques de comandos para-militares, a violência sobre os próprios atores.  Na sua autobiografia, Ruth Escobar diz-nos que perdeu a conta ao número de ameaças, de prisões e interrogatórios, aos quais ia respondendo sempre com desafios a rondar o excessivo, como reconhecerá, retrospetivamente. De uma das vezes, é Cacilda Becker, sua referência, mentora e grande amiga, que intervém junto do Prefeito de São Paulo para conseguir liberta- la: "Prefeito, temos de tirar a Ruth, aquela portuguesa vai pôr fogo no quartel, é um serviço que o Senhor vai prestar às Forças Armadas, tire-a de lá quanto antes". E ele tirou...
É nesta sua década que traz a Portugal alguns dos maiores sucessos, "Missa leiga" e "Cemitério de automóveis" , logo proibida em Lisboa, mas não em Cascais, onde, pelo visto, a censura supunha ser inacessível a camadas populares...
É então que conhece as três Marias, lê as " Novas cartas portuguesas", Simone de Beauvoir, e se converte ao feminismo, uma metamorfose que contribuirá para a conduzir aos hemiciclos da intervenção parlamentar, onde volta a fazer história como pioneira, no universo masculino e fechado da política brasileira (ao abrigo do Tratado de Igualdade de Direitos entre Portugueses e Brasileiros, visto que nunca teve outra nacionalidade além da portuguesa). Como feminista, torna-se a primeira Presidente do "Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres" e, durante muitos anos, a Representante do Brasil nas Nações Unidas para o acompanhamento da Convenção contra a discriminação das Mulheres.
Entretanto, tinha casado, uma última vez, e tido o seu quinto filho.
Em 1974, organizara o primeiro Festival Internacional de Teatro. Ela que, aos 19 anos, fora de São Paulo explorar as riquezas culturais do mundo, traz, então, a São Paulo, o mundo das artes cénicas - o que de melhor se apresentava nas grandes capitais. Em 1976, igual iniciativa teria a mesma força renovadora no panorama da arte dramática brasileira. 
Depois de quase uma década nos palcos políticos de um Brasil democrático, regressa, nos anos noventa, aos palcos do teatro, como atriz e como empresária e como promotora de festivais, em novos moldes, porventura menos elitistas, mas mais abrangentes de outras artes ,  
Conheci-a em 82, num jantar na residência do nosso Cônsul- Geral de São Paulo, em que estávamos lado a lado e, como toda a gente, não fiquei imune ao seu carisma, que era feito de espontaneidade e de extroversão, de inteligência e de humor, de uma vivacidade incomparável. Do que falámos? Do Porto, é claro, da sua e da minha cidade, que nos uniu em afinidades imediatas. Era evidente que ela permanecera portuguesa e portuense, e sempre, assim, se sentira parte do Brasil. A sua herança teatral, enraizada no Gil Vicente da juventude, e no vanguardismo em que projetou o seu talento ao longo de décadas, mudou para sempre a face do moderno teatro brasileiro . A sua última produção - a que, por sorte, pude assistir -  pôs em cena "Os Lusíadas" , bem no centro de São Paulo, e, depois, em Portugal.
Em vida, Ruth recebeu as mais altas condecorações brasileiras. a Legião de Honra da França. E até também Portugal a distinguiu, com a Ordem do Infante Dom Henrique.
Fica a faltar o Porto. Mas, talvez, agora que ela nos deixou, o Porto a queira reclamar, bem viva na sua memória e na toponímia da cidade

LUXEMBURGO: ROSTOS DA EMIGRAÇÂO/ VISAGES DE L'ÉMIGRATION, NO INSTITUTO CAMÕES

Dia 19 de outubro, Apresentação do livro de TENREIRA MARTINS, nas versões francesa (L ' Harmattan) e portuguesa (Orfeu). Patrocínio do Instituto Camões. Oradores: o Autor, o Padre Melícias Lopes e eu mesma. Presentes a anfitriã, Doutora Adília Martins de Carvalho , o Consul-Geral de Portugal, Dr Manuel Gomes Samuel, o antigo Embaixador em Portugal Paul Schmidt, hoje chefe do Protocolo no MNE luxemburguês, numerosos dirigentes associativos, o Conselheiro das Comunidades e muitos outros compatriotas. Excelente tarde para falar de um livre singular sobre histórias comuns e incomuns das nossas migrações.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS - OS GRANDES AUSENTES 1 - Nesta campanha os grandes ausentes foram os emigrantes, Sobre eles não ouvi uma só palavra, apesar de a Constituição da República Portuguesa, desde 1976 até hoje, lhes vedar qualquer forma de participação, ao nível local. O direito de voto foi-lhes, sim, reconhecido, no processo eleitoral para a Assembleia da República, desde os alvores da democracia, ainda que limitado à eleição de quatro deputados (uma espécie de quota minimalista). Seguiu-se, após anos e anos de protestos e reivindicações, vindos das comunidades do estrangeiro e dos seus representantes, a concessão do sufrágio nas presidenciais e nos "referenda" de âmbito nacional - com algumas restrições absolutamente injustificadas... Muito estranho que a sua exclusão nas eleições autonómicas e nas autárquicas, venha sendo, sobretudo nestes últimos tempos, objeto de escassa contestação. No que respeita às Regiões Autónomas, a Lei Fundamental, garante o direito de iniciativa às respetivas Assembleias Legislativas mas, apesar de algumas tentativas de o consagrar, nenhuma foi ainda por diante. Não assim nas autarquias, onde se exige uma revisão constitucional, que passa pelo entendimento entre os maiores partidos portugueses. Não quer isto dizer que os autarcas e a sociedade civil, tanto na emigração como dentro do país, não possam e devam mobilizar-se para colocar na agenda política esta questão, que é, acima de tudo, uma questão de cidadania. Os emigrantes são portugueses de pleno direito, tal como os vê a própria Constituição, ao assegurar-lhes o sufrágio no que respeita a órgãos de soberania. São, juricamente, parte da Nação e a Nação começa na terra em que nasceram. É à sua aldeia, (ou vila ou cidade) que os prendem, porventura, os laços fortes. É nelas que mais investem, é a elas que regressam, todos os anos, em verdadeiras peregrinações de verão ou que sonham voltar, em definitivo Face a um quadro semelhante, outros países europeus - o caso paradigmático da França - concederam aos seus expatriados o direito de voto nas eleições municipais várias décadas antes de o alargarem ao âmbito nacional. Nós começamos ao contrário. Isso, agora, pouco importa. Importa é que se complete o estatuto de direitos o mais depressa possível, com o voto dos emigrantes nas autárquicas! É tempo de relançar o tema caído no esquecimento, de exigir ação aos políticos, para darem força de lei à ligação telúrica dos emigrantes à terra-mãe. 2 - Esta é uma realidade que ninguém ousará pôr em dúvida, mas que nenhum candidato ousou fazer bandeira eleitoral na longa e mediática campanha a que acabámos de assistir. Admito que alguma voz solitária se tenha levantado em seu favor, talvez no interior quase desertificado pelo êxodo para o estrangeiro (ou para o litoral, dentro do país), mas, se isso aconteceu, não teve o devido eco ou impacto... O mesmo se pode dizer sobre o voto dos estrangeiros no nosso país, que é concedido sem restrições, sob condição de reciprocidade - o que. a nível local, se me afigura errado, discriminatório, porque todos são, afinal, "vizinhos" e merecem, participar, do mesmo modo, na "res publica", Ou seja, não devem ser penalizados pela falta de abertura, ou mesmo de democracia, nos seus Estados de origem, tanto mais quanto essa pode ter sido uma das razões determinantes da sua partida para e emigração ou o exílio. Até dentro do espaço da CPLP é notória a divisão. Entre os nossos eleitores estão Brasileiros ou Cabo verdeanos, porque Brasil e Cabo Verde nos concedem iguais direitos. Angola ou Moçambique não, pelo que se encontram eleitoralmente sem voz os seus nacionais que connosco vivem. A meu ver, cabe-nos dar, unilateralmente, o bom exemplo, quer se trate de lusófonos, ou de norte coreanos ou paquistaneses.... O número de estrangeiros recenseados é, aliás, baixíssimo - apenas 26980, o que corresponde a cerca de 11% do total. 12992 são nacionais da UE e 13988 pertencem a outros países. O número de eleitores da UE vem aumentando, gradualmente, desde o início do século, o dos outros países foi em crescendo de 2000 a 2007, atingindo nesse ano o apogeu, com 19727, e vem diminuindo, desde então, sinal claro do declínio da imigração por motivos de ordem económica, obviamente. Porém, com tão baixa taxa de recenseamento entre eles, é enorme a "margem de progressão", como se diz no futebol As autoridades nacionais e os autarcas devem, pois, chama-los a essa forma de convívio democrático, que é umavia por excelência para a sua plena integração. Em França, na nossa comunidade, que era pouco participativa, foram os líderes associativos, que mais tentaram (e conseguiram) mobiliza-la. com um slogan que é válido universalmente: "Quem não vota, não conta". Hoje o número de eleitores e, sobretudo, de eleitos de origem portuguesa em França é verdadeiramente impressionante! 3 - Nós queremos contar tanto com os nossos imigrantes como com os nossos emigrantes, para sermos mais e para sermos melhores. Queremos um Portugal mais multicultural e mais cosmopolita, onde os estrangeiros, as suas culturas, o perfil dos seus países de origem tenham mais visibilidade e mais simpatia. Um Portugal onde os Portugueses expatriados estejam politica e afetivamente mais próximos. No dia em que puderem votar na sua terra, os autarcas vão ter de os ouvir, de procurar saber onde estão (hoje não sabem, ou têm apenas uma noção vaga...), de os visitar, de conhecer os seus problemas e os seus anseios e de lhes dar resposta. Acho que os emigrantes ganharão muito com isso - e as suas terras ainda mais. A começar pelo crescimento demográfico no mapa eleitoral, que, em alguns concelhos será significativo, a continuar no reforço de solidariedades e de intercâmbios, a culminar na projeção internacional de cada terra, transmutando a ausência física dos seus munícipes em presença no mundo. Maria Manuela Aguia

domingo, 22 de outubro de 2017

CONFERÊNCIA CEMRI na GULBENKIAN - 27 e 28 de outubro

COMUNICAÇÂO ORAL

Título: AS MULHERES NA HISTÓRIA DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EMIGRAÇÃO.

MARIA MANUELA AGUIAR (Ex. Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas; Associação Mulher Migrante) 

Resumo  
As migrações portuguesas começam como uma aventura masculina, onde o sexo feminino só excecionalmente tem lugar. As primeiras políticas públicas neste domínio são de limitação ou condicionamento dos fluxos migratórios masculinos, quase sempre considerados excessivos, e de proibição da saída de mulheres, em regra, vista como contrária aos interesses do País. Ao longo dos tempos, centenas de milhares de homens e também um número crescente de mulheres, que querem juntar-se aos maridos ou aos pais, ou mesmo partir com eles, vão ultrapassar todos os obstáculos para alcançarem o "novo mundo". É com a chegada das mulheres e a reunificação das famílias que nascem as comunidades de cultura portuguesa, mas o seu papel, ainda que  matricial, é escassamente visível e reconhecido e a sua participação obedece à divisão tradicional de trabalho entre os sexos, no associativismo, como no núcleo familiar. Os movimentos feministas descuram a emigração e são raras e extraordinárias as organizações femininas de entreajuda até meados do século XX - caso do movimento mutualista feminino da Califórnia.   Após a revolução de 1974, a Constituição de 1976 vem proclamar a igualdade entre Mulheres e Homens e estabelecer a inteira liberdade de emigrar. As políticas públicas, que, até início da década de 70, se restringem à proteção dos emigrantes na viagem de ida e os abandonam nas terras de destino, evoluem para a defesa dos direitos dos cidadãos e  tomada de medidas de apoio social e cultural, e para o reconhecimento do papel do movimento associativo, Todavia, só uma década depois, no quadro de funcionamento do Conselho das Comunidades Portuguesas  - quase 100% masculino - se dá o primeiro passo para a prossecução de políticas com a componente de género, com a convocatória do "1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo".(em junho de 1985). Mais de trinta anos decorridos sobre esse histórico Encontro Mundial, qual o balanço da ação da sociedade civil e do Estado no campo da igualdade de género nas comunidades do exterior? Eis o que nos propomos abordar. 


Nota Biográfica

Licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra. "Diplôme Supérieur d'Études et de Recherche en Droit" pela Universidade Católica de Paris. É atualmente presidente da Assembleia da Associação Mulher Migrante: Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade. Foi docente da Universidade Católica de Lisboa, da Universidade de Coimbra e da Universidade Aberta, Mestrado de Relações Interculturais (Regeu o curso de "Políticas e Estratégias para as comunidades Portuguesas). Secretária de Estado do Trabalho (1978/79) e Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas (1980/87). Vice-Presidente da 2ª Conferência de Ministros do Conselho da Europa para as Migrações (Roma,1983) e Presidente da 3ª Conferência de Ministros do Conselho da Europa para as Migrações (Porto, 1987). Deputada à Assembleia da República eleita, em mandatos sucessivos, entre 1980 e 2005. Vice-Presidente da Assembleia da República (1987/1991). Presidente da Subcomissão das Comunidades Portuguesas (2002/05). Presidente da Subcomissão das Migrações da APCE (1994/1995), Presidente da Comissão das Migrações, Refugiados e Demografia da APCE (1995/97). Legislação, criação e reforma de organismos que impulsionou: Comissão para a Igualdade no Trabalho e Empresa (CITE), 1979; Instituto de Apoio à Emigração e Comunidades Portuguesas (IAECP), 1980; Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), 1980; Lei da Nacionalidade, 1981; Centro de Estudo do IAECP e "Fundo Documental e Iconográfico das Comunidades Portuguesas" (1984); Comissão Interministerial para as Comunidades Portuguesas (1987). Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres entre Portugueses e Brasileiros (reciprocidade), 1989-2001; Lei da Nacionalidade (recuperação automática), 2004; Direito de voto nas eleições para o Parlamento Europeu (fora do espaço da UE), 2004. Algumas publicações: Políticas para a Emigração e Comunidades Portuguesas (1986); Emigration policies and the Portuguese Communities (1987); Portugal, País das Migrações sem fim (1999); Círculo de Emigração (2002); Mulheres Portuguesas Emigrantes, Rio de Janeiro, coord. (2004); Comunidades Portuguesas - Os Direitos e os Afectos (2005); Migrações - Iniciativas para a Igualdade de Género, Coord. (2007); Problemas Sociais da Nova Imigração, Coord. (2009) Relatórios apresentados na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (coletânea); Cidadãs da Diáspora - Encontro em Espinho, Coord (coletânea). Numerosos artigos publicados em revistas da especialidade sobre Direito do Trabalho, Migrações, Igualdade de Direitos, Direitos Humanos. Condecorações: Nacional Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique. Estrangeiras: Grã-Cruz da Ordem do cruzeiro do Sul (Brasil), Grã-cruz da Ordem do Império Britânico (OBE), Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco (Brasil), Grã-Cruz da Ordem de Mérito (Itália), Grã-Cruz da Ordem de Mérito (Alemanha), Grã-Cruz da Ordem de Mérito (Luxemburgo), Grã-Cruz da Ordem de Leopold II (Bélgica), Grã-Cruz da Ordem Fenix (Grécia), Grã-Cruz da Ordem Francisco Miranda (Venezuela), Grande Oficial da Ordem da Estrela Polar (Suécia), Grande Oficial da Ordem de Mérito (França).

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

DR. CARLOS LEMOS - O NOSSO ADMIRÁVEL CONSUL EM MELBOURNE

Estão, de novo, em Portugal a Doutora Molly e o Dr. Carlos de Lemos, um dos mais extraordinários casais da nossa Diáspora. Cidadãos exemplares, com impressionantes "curricula" não só no plano académico como no da intervenção cívica. Nonagenários ativos e brilhantes, atentos aos problemas do sociedade atual e capazes de procurar soluções, de tornar o mundo melhor. Viajantes infatigáveis, para quem voar para o outro lado do planeta é coisa de somenos. O ano passado, o Dr Lemos publicou a sua autobiografia e correu o país de norte a sul apresentando esse seu livro, que tive o privilégio de prefaciar, Aqui fica o meu restemunho UMA HISTÓRIA DE VIDA - O NOSSO ADMIRÁVEL CONSUL EM MELBOURNE Numa linguagem simples, límpida, coloquial. que nos prende da primeira à última página, esta narrativa na primeira pessoa do singular não cessa de nos surpreender e encantar, através de uma vertiginosa sucessão de factos, de aventuras, e de encontros com pessoas, no quadro de variadas realidades sócio-culturais, em paragens longínquas..É uma trajetória individual meteórica que acompanhamos, aceitando o convite do Autor para uma longa viagem de memórias, que atravessa épocas, regiões, continentes, desde remotos lugares do Alto Minho, como Cousso, Cubalhão, a Serra da Peneda (onde um menino orfão e desprivilegiado, pareceria condenado a crescer e trabalhar num confinamento insuperável), até aos espaços imensos, aos horizontes que alargou, com o seu inconformismo e uma insaciável vontade de conhecimento, caminhando, os pés na terra, de terra em terra, incansavelmente, indo cada vez mais longe - primeiro num Portugal que o discurso do "Estado Novo" conceptualizava como uma unidade pátria pluricontinental, que, sob a mesma bandeira, se estendia "do Minho a Timor". O jovem Carlos Lemos vai precisamente do Minho a Timor, cruza os mares, ajuda a desbravar matas virgens, nas margens de rios africanos, a explorar as costas das possessões portuguesas do Indico ao Pacífico, ultrapassa fronteiras, converte-se ao destino tão português da emigração, na lonjura do sul da África e da Oceânia... "História de uma vida", assim denomina, discretamente, como é seu timbre, tão fascinante encadeamento de relatos, confidências, observações, comentários e ensinamentos do maior interesse histórico, antropológico, político. A primeira tentação de quem a lê é o de lhe acrescentar adjetivos expressivos, como "vida excecional", ou "vida fantástica"! Desde o princípio, desde a infância, o mais insólito e espantoso é que todas as decisões, afinal tão avisadas, são dele, apenas dele, depois de terminar prematuramente a escola, e de ficar entregue a si mesmo, em trabalhos árduos, trabalhos de adulto, que despertam a sua precocidade e força de ânimo. E, assim, em dificuldades e desafios ilimitados, se forja uma personalidade independente, honesta e tenaz, mas também sensível e gentil. Num dos seus primeiros empregos urbanos, em Monção, num café bem frequentado, um velho e arguto doutor diz-lhe, a certa altura: "és um perfeito diplomata"!. Retive, muito em especial, essa exclamação profética, porque, cerca de quatro décadas decorridas, quando o Dr. Carlos Lemos organizou a minha primeira visita a Melbourne, e o conheci mais de perto, não fiz, mas poderia ter feito idêntica apreciação. Ali estava um diplomata nato, amabilíssimo, hábil e pragmático, qualidades que juntas, em regra, não se encontram ...Ali estava um emigrante que prosseguia, apaixonada e eficazmente, a missão de enaltecer a história e os valores eternos da lusofonia, e de defender a imagem e os interesses dos seus compatriotas - antes mesmo de ser nomeado cônsul honorário, em1988. O seu dom natural de se aproximar das pessoas, independentemente da classe social, do estatuto académico, de tendências ideológicas, de origem étnica, a par de uma inteligência invulgar explica, o que, por modéstia, nunca explicita - a facilidade com que, rapaz solitário, vindo de um pequeno povoado rural, é aceite nos círculos mais fechados e "snobs" das elites de então, ou nas tertúlias de estudantes, com quem, sem dúvida, aprende a refectir e debater.sobre quaisquer questões É nas suas novas funções de topógrafo - com uma formação, em boa hora, adquirida nas Minas da Panasqueira - que conversa, em Cascais, com o Presidente Carmona, e passa a conviver com as netas do Presidente, com jovens da alta burguesia, alguns dos quais virão a ser embaixadores e artistas de renome. A Póvoa do Varzim é o destino seguinte, e bem marcante no longo roteiro que tem pela frente. Faz parte de grupos de estudantes e recém licenciados, como Salgado Zenha. É aí que decide retomar os estudo e completa cinco anos do liceu de uma vez só! Mais tarde, em Moçambique, conta entre os seus íntimos Paulo Vallada, João Maria Tudela e, como eles, pertence ao mais seletivo dos clubes, o Clube de Lourenço Marques. Em Pretória, é amigo de Mary, a filha de Henry Oppenheimer, de Tamara, a ex-toureira, em Durban. do filho de Alan Paton - em casa de quem conhece Mandela, Oliver Tambo,Sisulu e Lutuli e tem o privilégio de assistir a inúmeras conversações entre eles -, .em Hong Kong do famoso português que, como Presidente da Câmara, projetou a cidade para o apogeu, o Comendador Arnaldo Sales, em Timor, de Ruy Cinatti, a quem admira imensamente, na Austrália de Kenneth McIntyre, cujas teses sobre a descoberta portuguesa deste país defende e apregoa por todo o lado, a começar por Portugal e por Macau (onde, por sua influência, o Museu Marítimo dedica uma secção a esse achamento secreto e onde o texto original inglês é traduzido para a nossa língua). Exemplos, entre centenas. de ilustres personalidades que se nos tornam familiares nas páginas deste livro! De destacar ainda, relacionamentos ocasionais e incomuns, caso de Samora Machel (que dele cuida no Hospital de Lourenço Marques!), e, numa conturbada Indonésia, durante umas férias improváveis, da mulher do General Yani, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, e ela própria uma celebridade. A Senhora Yani, logo convida o simpático casal Lemos para animados passeios por lugares turísticos, jantares nos melhores restaurantes, e até para uma visita a casa de Sukarno. Eis um Português de quem, obviamente todos gostam - moçambicanos, timorenses, indonésios, egípcios, sul-africanos, negros e brancos, aborígenes do deserto australiano... artistas, homens de letras e ciências, empresários, embaixadores, políticos de um sem números de países - uma impressionante rede universal de contactos fraternos, que ficam para sempre, que cultiva e reencontra em intermináveis expedições. Como não olhar retrospetivamente séculos de história, e lembrar a velha arte portuguesa de fazer amigos entre gentes de todo o Globo? Eis um português que nos dá a certeza de que somos ainda o mesmo povo, com a mesma ânsia de movimento, de que se teceu o "século de ouro" dos Lusíadas - movimento de caravelas, de homens, de ideias… Em meados do século XX, a um ousado Carlos Lemos, com pouco mais de 20 anos, a especialização em topografia e hidrografia faculta modernos meios de exploração ou reconhecimento da terra e dos mares, primeiramente ao longo do retângulo continental, depois, em Moçambique, nos vales do Limpopo e do Rio dos Elefantes (já na fronteira norte da RAS) , em Timor, de lés a lés, e, posteriormente, nos desertos da Austrália, onde percorre, em trabalho de campo, 34.000 km, inscrevendo o seu nome como pioneiro em diversos lugares intocados de território austral Ao tentar esta breve apresentação (certamente arbitrária e redutora....) da sua autobiografia, devo acrescentar que a considero uma digna herdeira da literatura de viagens de sabor quinhentista, na medida em que o Autor vai muito além de uma mera menção de ocorrências, de apontamentos sobre lugares de exótica beleza - que também abundam... - para nos dar a sua visão sobre costumes, conflitos sociais e políticos, sobre personalidades que deixaram indeléveis marcas na história. É a mundivisão de um homem culto e cosmopolita, do sociólogo e do observador político, que já era, antes mesmo de terminar os estudos universitários nestes domínios ( iniciados na África do Sul, na Rhodes University, onde conhece Molly, sua futura mulher, e concluídos, uns anos depois, em Melbourne). Um incansável "peregrino em terra alheia" (como o definiria Adriano Moreira), disposto a partilhar com o leitor mil e uma experiências vividas e o seu olhar sereno sobre vicissitudes com que permanentemente se confronta, o seu sentido de humor, que irrompe aqui e ali, direcionado de preferência a si próprio, na menção de alguns pequenos desaires, pelos quais se penitencia, com muita graça... O casamento com Marion Murray, a jovem britânica doutorada em psicologia, que se lhe junta nessa "ilha do fim do mundo" , Timor,a revelar um simétrico gosto pela aventura e pelo movimento (juntos, levados pelo trabalho del um ou de outro, ou pelo puro prazer do turismo, darão várias voltas ao mundo.....) iria, a breve prazo, ser o início de uma "segunda vida" para ambos - a vida de emigrantes, definitivamente enraizados num novo país. A carreira académica da Professora Marion, centrada na Austrália, será o factor de estabilização. A partir daqui, a autobiografia regista novas profissões exercidas pelo Autor, em Melbourne - professor da universidade, do liceu, agente de bancos comercias, gestor... - E revela-nos, também, uma nova faceta: a de líder, de principal construtor de uma comunidade forte e coesa, onde antes só havia portugueses dispersos e ignorados na sociedade de acolhimento... A partir de então, com o seu "ímpeto de Portugal ( como diria Pessoa), e capacidade de mobilização, a história portuguesa em Victoria fica intimamente ligada à sua própria história. Um exemplo que os estudiosos da génese das comunidades da emigração contemporânea e da nossa diáspora precisam de analisar, como um "case study"! Na verdade, muitas famílias portuguesas estavam já radicadas naquele Estado, mas sem qualquer dinâmica de agregação entre si. Tudo muda pela ação e pelo carisma de um "homem de causas". Começa pelo fundamental: cria uma escola de português (em 1972), um programa de rádio em língua portuguesa, do qual é diretor e locutor, uma "Comissão de atividades da comunidade", (a que preside, (entre 1976 e 1984). o"Portuguese Community Trust", (1983), destinado a angariar fundos para uma sede associativa condigna, projeto que, por obstáculos burocráticos, é reconvertido, dando origem ao famoso "Café Lisboa", restaurante português de alto nível, no centro de Melbourne, que atrai as elites políticas e culturais da cidade e oferece, como era sua vocação inicial, um espaço aberto a iniciativas comunitárias. O Dr. Carlos Lemos vê-se na obrigação de encabeçar o projeto recconvertido, garantindo-lhe um sucesso espetacular. Aí recebe individualidades do mundo lusófono de visita ao país: D Ximenes Belo, Ramos Horta, Alberto João Jardim, Carlos do Carmo, os escritores da diáspora Vasco Calixto e Marcial Alves, o Secretário de Estado Correia de Jesus, o Governador Rocha Vieira (com quem se inicia uma colaboração estreita com Macau, mantida depois da passagem para administração chinesa), os sucessivos embaixadores e cônsules de Sydney e tantos, tantos mais - sem esquecer o chamativo lançamento de um CD de música para as crianças de Timor, que foi trazido em mão pelo Arcebispo Deacon, depois de aterrar de helicóptero, num terreno contíguo ao Café Lisboa. Anteriormente, enquanto dirigente da "Comissão de atividades", promovera as primeiras festas a Nª Sª de Fátima, com uma procissão que circulou nas ruas de Melbourne, seguida de um piquenique gigante, ao qual não faltaram o Arcebispo da diocese, o Ministro da Imigração, o Cônsul-Geral de Sidney e outras individualidades (que obviamente aceitaram o convite de um amigo especial...), para além de uma multidão de milhares de portugueses, que, assim, ganham visibilidade na sociedade australiana. A visibilidade da Pátria - da sua história, das suas tradições e qualidades bem vivas na emigração - é uma causa maior assumida numa ação constante, em que podemos destacar: a divulgação das teses de Kennett McIntyre sobre a descoberta secreta da Austrália pelos navegadores lusos, corroborada pelas investigações de PeterTrickett (sobre o Atlas Vallard de 1547) e do Professor catedrático John Mollony (sobre vocábulos de origem portuguesa entre os aborígenes) e a procura de outros laços de ligação com a Austrália - como o facto do que é considerado o fundador da nação moderna, o Governador Arthur Philip, ter sido oficial da nossa Marinha, ou o enfoque na nacionalidade portuguesa de Artur Loureiro, o grande pintor portuense, porventura, hoje, mais recordado em Melbourne, onde se radicou por uns anos, do que na terra onde nasceu, ou na solidariedade luso- timorense dada a Bernard Collinan, herói australiano, que comandou a "Coluna independente", na resistência ao invasor japonês, durante a grande guerra Há, porém, um feito que deve ser salientado, como expoente máximo, pois só por si, mais do que justificaria a alta condecoração, que em 2002, lhe foi entregue pelo Presidente Sampaio: a proposta, bem concretizada, de erguer, em solo australiano, um padrão evocativo dos navegadores portugueses! Foram muitas e morosas as diligências que permitiram garantir o espaço perfeito, numa belíssima colina sobre o mar agreste, em Warrenambool, onde, em oitocentos, foram avistados, por inúmeras testemunhas oculares, os vestígios prováveis de uma caravela quinhentista e, ulteriormente, uma inauguração, com honras de presença dos mais altos representantes do Estado. o Governador Geral, o Embaixador, Ministros, deputados, Kenneth McIntyre, uma massa imensa de participantes e, o que não é despiciendo, com uma enorme cobertura dos grandes "media.! Warrenambool é doravante um lugar de culto da história e da presença portuguesa. O Portuguese Festival, de periodicidade anual. atrai milhares de turistas ao monumento (entretanto enriquecido com a inauguração das estátuas do Infante D Henrique e de Vasco da Gama, oferecidas, por proposta do Dr Carlos Lemos, pelo último Governador de Macau – um evento muito mediático, a colocar Portugal no centro das atenções!). Em que outro país ou continente, dos que foram, como sabemos, descobertas secretas de Portugal, conseguiu a nossa diplomacia algo de semelhante? Obviamente, em mais nenhum… É, assim, uma realização esplêndida e única, a coroar uma consistente trajetória de intervenção, em defesa das pessoas e dos valores nacionais, junto dos Governos, de lá e de cá - intervenção lúcida e corajosa nos domínios da emigração, da lusofonia, da política internacional, com uma participação ativa nos “fora” e congressos mundiais da Diáspora, com uma voz que clama, desassombradamente, contra o negativismo dos historiadores, ao renegarem teses verosímeis, favoráveis à grandeza pátria, ou contra a mediocridade dos políticos e servidores públicos, contra a injustiça e a intolerância. Uma palavra final para agradecer ao Dr. Carlos Lemos a sua amizade e a sua preciosa colaboração de décadas, na luta pelos direitos dos emigrantes e dos timorenses e, também, para manifestar ao escritor e ao Homem, a minha admiração, pela forma como soube dar um sentido humanista e fraternal ao movimento incessante da sua vida, que muitos feitos nos promete ainda, futuramente

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

BRASIL PORTUGAL a descoberta continua 14 de OUTUBRO - ESPAÇO PORTO CRUZ

CONVITE Maria Manuela Aguiar – ex- Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas e Fundadora da AMM – Associação da Mulher Migrante, Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade; Francisco Gil Silva - Diretor da Escola Artística e Profissional Árvore-Porto, Professor de História, Consultor Cultural do Espaço Porto Cruz ; NassaleteMiranda, Diretora do Jornal As Artes entre as Letras e Constância Nèry, artista plástica e poetisa, Comissária da exposição de 26 artistas brasileiros e portugueses, Organizadores da iniciativa "Portugal-Brasil, a descoberta contínua” têm o prazer de o convidar V.Exa para a sessão de encerramento que decorrerá no dia 14 de outubro às 17 horas, no Hotel Porto Cruz, em Gaia, conforme programa em anexo. O evento “Portugal-Brasil, a descoberta contínua”, tem como objectivo principal sublinhar as virtualidades das relações fraternas entre Portugal e Brasil e repensar a sua importância na expansão do mundo da lusofonia no século XXI. Assim, procura-se dar ênfase às datas do Descobrimento e da Independência do Brasil país que, tal como Portugal, abraça com generosidade cidadãos do mundo inteiro, na busca de uma permuta cultural constante. Esta segunda edição do evento, teve lugar no dia 8 de setembro, no emblemático espaço do Hotel Porto Cruz em Gaia.Do programa constou a abertura da exposição seguindo-se a intervenção do Professor Dr. Salvato Trigo, Reitor da Universidade Fernando Pessoa com o tema "Da descoberta da mátria aos equívocos da pátria: ou de como se reinventa a história das relações luso-brasileiras". Segui-se a intervenção da Historiadora, Dra. Maria do Carmo Serén, com o tema "Dois brasileiros no Porto - Encontros e Desencontros de José Bonifácio de Andrada e Silva e D.Pedro I". PROGRAMA Sessão de encerramento - dia 14 outubro . 17:00h - visita à exposição de obras de 26 artistas plásticos brasileiros e portugueses . 18:00h às 18h20, "Lusos Ilustres no Cinema Brasileiro - a outra Carmen e o Português da Cinemoda" - Escritor Danyel Guerra . 18h25 às 18h45 "Maria Archer, uma portuguesa no Brasil" - Mestre Arcelina Santiago; Entrevista imaginária a Maria Archer pelas alunas universitárias Mariana Patela e Cíntia Ribas Silva . 18h50 às 19h10 "Quatro coroas de D.Pedro, ou uma inspiração para o movimento Elista" Dr. Joaquim Matos Pinheiro, economista, escritor e Presidente do Elos Clube do Porto . Debate Moderadora: Dra Nassalete Miranda . Encerramento das comemorações pelo Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Mestre Luís Carneiro.

terça-feira, 13 de junho de 2017

VIVER A DEMOCRACIA NUM PAÍS DE EMIGRAÇÃO E DIÁSPORA

Breve comentário ao colóquio de 24 de maio, na Sociedade de Geografia A Comissão das Migrações da Sociedade de Geografia (atualmente presidida pela Profª Maria Beatriz Rocha Trindade), em parceria com a Associação Mulher Migrante, escolheu esta temática para debate, sobretudo, porque ela não tem sido suficientemente pensada, nem na agenda do "congressismo" voltado para as nossas migrações, nem nos "fora" sobre o estado da democracia em Portugal, onde se tende sempre a esquecer os emigrados... O Colóquio, organizado no passado dia 24 de maio, centrou-se na caminhada democrática, que tem, gradualmente, aproximado os portugueses, aquém e além fronteiras, Como indica o título, "Dar voz à Diáspora Portuguesa - Perspetiva Diacrónica dos Mecanismos de Diálogo", esteve em análise a natureza e a direção do movimento, que se iniciou antes mesmo de 1974 e que progrediu, depois, com novas políticas públicas e novos direitos, na procura do aperfeiçoamento de meios concretos de ação. O diálogo foi convertido em instrumento privilegiado de construção de um todo nacional verdadeiramente inclusivo, não só no campo juridico-constitucional e político, mas, mais latamente, nos vários domínios da vida coletiva. A reflexão tinha, obrigatoriamente, de começar nos anos sessenta do século passado, na primeira grande iniciativa que "deu voz à Diáspora", equacionou as formas de a unir e de expandir o mundo da lusofonia: os Congressos das Comunidades de Cultura Portuguesa, promovidos pela Sociedade de Geografia, sob a presidência e com a visão do Prof Adriano Moreira. O colóquio realizava-se, pois, num lugar muito significativo, no Auditório que recebeu o seu nome, e com ele mesmo a recordar, num empolgante improviso, esses míticos Encontros pioneiros em que se projetava o futuro da "Nação peregrina em terra alheia", como realidade "sui generis", que haveria de sobreviver ao fim do império. Seguidamente, o Deputado José Cesário levou-nos, com a força do seu entusiasmo, a lançar "um olhar retrospetivo projetado sobre o futuro", ou seja, à análise do que foi feito e do "por fazer", numa perspetiva pragmática, para facilitar, por exemplo, o exercício do voto no estrangeiro, a transmissão da nacionalidade, ou a operacionalidade do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). Coube-me trazer a discussão o acidentado percurso do primeiro CCP, órgão de representação e audição da Diáspora, que foi sendo implementado , em interação Governo/sociedade civil, numa busca nem sempre fácil, mas eminentemente democrática, de consensos, de expressão das preocupações sentidas pelas pessoas e da sua vontade de influir na mudança, através daquela instituição inovadora. A voz das comunidades ouviu-se no Conselho, ao longo de sete anos (1981/88), através dos dirigentes das suas organizações e dos seus "media", sem os quais as comunidades, como presença coletiva, não existem. O CCP renasceria em 1996, com idêntica finalidade, ainda que em moldes diversos, aliás, objeto de sucessivas modificações, que nunca alteraram a sua identidade. A única "assembleia" de cidadãos emigrados em todos os continentes é imprescindível e insubstituível, mas não veio diminuir a importância de outras componentes do espaço de cooperação e fraternidade de que falávamos. Particular destaque mereceu o primeiro jornal que, a partir de Lisboa, quis ser um traço de união entre as comunidades emergentes.nos inícios da década de setenta, O painel intitulado "O Emigrante/Mundo Português - razões de um projeto singular" teve como oradores o Padre Vitor Melícias, um dos fundadores do jornal, e o Dr Carlos Morais, seu atual diretor, que evocaram, emotivamente, os tempos da chamada "emigração a salto" e, também, a memória do co-fundador falecido poucos dias antes - o Comendador Valentim Morais, que muitos de nós tivemos o privilégio de conhecer e que todos admiramos como "homem de causas". O papel da Igreja neste campo (" a igreja face à mobilidade - solidariedade e ação social") foi historiado por Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo Emérito das Forças Armadas (que, como estudante, acompanhou, de perto, a realidade da emigração portuguesa em Paris, no seu período mais dramático) e a Drª Eugénia Quaresma (a primeira mulher a dirigir a "Obra Católica das Migrações"), focando as preocupações sociais e culturais das paróquias do estrangeiro e os relevantíssimos serviços que, nessas vertentes, têm prestado aos portugueses O último painel foi dedicado a "novas formas de diálogo", com Mestre Emmanuelle Afonso a salientar os contributos reais e potenciais da "geração Europa", a que ela própria pertence, e os estudos promovidos pelo "Observatório dos Luso Descendentes", e com o Prof José Marques a trazer-nos testemunhos filmados de uma emigração passada e, afinal, ainda presente, agora que o êxodo migratório recomeçou, . É tarefa difícil sumariar as intervenções de uma jornada que constituiu ocasião para ampla troca de ideias e de experiências muito variadas, abriu perpetivas para outras abordagens e apontou para outros campos de intervenção. Diz-se que qualquer realização só deve ser avaliada pelo "dia seguinte". Esta promete continuação em próximos debates, onde se possa refletir sobre o progresso da democracia, como tempo e lugar de reencontro entre os portugueses, numa emigração crescente e cada vez mais heterogénea

Colóquio na Sociedade de Geografia - link

http://www2.uab.pt/TVUAb/detailMenu.php?Menu=11 .

PORTUGAL, CAMÕES E OS LUSÍADAS DO SEC XXI

PORTUGAL; CAMÕES E OS LUSÍADAS DO SÉCULO XXI 1 - O "10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas” é uma expressão da liberdade de ser português, da "lusitana antiga liberdade", que o Poeta cantou e do seu renascimento contemporâneo, na trilha acidentada de uma revolução. Veio ocupar, naturalmente, o lugar do "10 de junho, Dia da Raça”, que o regime deposto celebrava, com pompa imperial, no Terreiro do Paço, mantendo a data e, numa cidade diferente, em cada ano, a evocação de Camões, com outra leitura de "Os Lusíadas", outra visão da história e de nós, hoje. A revolução de 74 derrubou uma ditadura de meio século, resolveu o impasse de uma guerra sem sentido e fechou o ciclo colonial, recolocando o Estado nas suas fronteiras geográficas europeias, mas não quis, nem poderia querer, pôr fim à presença universal dos portugueses. Presença que tem "vida própria", à margem dos desígnios e do poder do Estado, em múltiplas formas de integração nas mais diversas sociedades que, não por mero acaso, certamente, ganhou, então, uma nova visibilidade. “Há um Portugal maior do que o Império que se fez e desfez e que é constituído pelos portugueses, onde quer que vivam”, diria Vitorino Magalhães Godinho num 10 de junho, realizado sob a égide do primeiro presidente eleito da jovem democracia, António Ramalho Eanes. Com a mesma clareza, falava o Primeiro-ministro Sá Carneiro, em 1980: “Portugal foi uma Nação de colónias. Hoje não é apenas uma Nação territorial, é uma Nação de povo" .“Uma Nação de Comunidades”. “É uma cultura, mais do que uma organização rígida”. A existência da Diáspora, parte integrante da Nação, precedeu, de facto, em alguns séculos, o seu conceito, o seu reconhecimento - uma Diáspora que se afirmou na construção de espaços extra territoriais da sua cultura, em fácil diálogo com outras culturas, numa malha densa de instituições focadas na defesa da língua e na fidelidade a tradições e valores humanistas. Pura “sociedade civil”, que ao Estado nada deve…. 2 - A nossa vocação migratória revelou-se, é certo, a partir do plano estatal de expansão marítima e colonização de vastas possessões, mas depressa o transcendeu, de uma forma espontânea e imparável. O êxodo foi assumindo, crescentemente, o carácter de aventura individual, em destinos transoceânicos, longínquos (sobretudo, o Brasil colonial e, depois, com o mesmo espírito e os mesmos objetivos, o Brasil independente…) e, por isso, os historiadores das nossas migrações não conseguem determinar, precisamente, os termos da transição de um ao outro dos fenómenos – da colonização à emigração – mas reconhecem a prevalência desta última, dentro e fora do universo colonial. O Estado tentou, em vão, proibi-la, ou limita-la, porque, na sua ótica, como, aliás, na dos académicos e até na da opinião pública, os males de uma debandada de tamanha grandeza superavam as suas vantagens, avaliadas, essencialmente, em termos economicistas (contributo para a exploração de recursos das colónias, réditos do comércio, remessas de emigrantes). Valores substanciais, mas perecíveis, que tiveram o seu tempo e com ele se desvaneceram. O que persiste, afinal, é o incomensurável espaço de lusofonia e de lusofilia, um universo linguístico e cultural em expansão, engendrado pela vontade de cidadãos, muitos dos quais partiram à revelia dos governos. Faz, pois, todo o sentido, colocar no centro das comemorações do Dia de Portugal a língua de Camões (que de europeia se volveu, mais por mérito dos povos que a partilharam, no seu relacionamento quotidiano, do que dos Estados, também, em americana, africana, asiática, universal) e as comunidades portuguesas, que vivem, em paz e harmonia, nos principais lugares onde aconteceu a aventura coletiva que o Poeta imortalizou. O povo.... Solúvel e insolúvel este povo, na memória dos outros e na sua própria, nas palavras de Jorge de Sena. . 3 - A ideia de um "Portugal - Nação de Comunidades", dentro e fora do território, ganha força em consensos alargados, traduzidos no estatuto de direitos dos expatriados, nas leis e nas iniciativas com que o Estado acolhe Nação inteira, num tempo de recomeço de migrações em massa. Uma realidade que exige dos responsáveis pela "res publica", políticas de reencontro com os portugueses, e entre portugueses onde quer que vivam – verdadeiras políticas de "desterritorialização”… O 10 de junho convida, muito em especial, à reflexão sobre as infinitas potencialidades que elas nos abrem... Um passo em frente, de grande significado, se ficou a dever ao Presidente Marcelo, quando, em 2016, em início de mandato, decidiu "desterritorializar" a própria comemoração e a foi celebrar a Paris, com os seus concidadãos. Depois será a vez de São Paulo, a par do Porto, ou de Newark, ou de Macau... Um gesto inédito, porventura, a nível planetário, que nos diz mais do que muitos discursos. Diz-nos que na história da civilização “fizemos a diferença” e diz-nos, também, que essa história, ainda hoje, faz a nossa diferença. (PUBLICADO NO JORNAL "AS ARTES ENTRE AS LETRAS, 31 de maio de 2017)

terça-feira, 23 de maio de 2017

MAIS DE UM MILHÃO DE EMIGRANTES SERÃO RECENsEADOS!

Recenseamento Eleitoral Automático - O Conselho de Ministros aprovou na passada quinta-feira, dia 13 de abril, uma proposta de lei a apresentar ao Parlamento que introduz o recenseamento eleitoral automático para os cidadãos portugueses residentes no estrangeiro, eliminando-se a necessidade da sua inscrição voluntária junto da representação consular da área da residência. Com a aprovação deste projeto pela Assembleia da República, os Portugueses no estrangeiro maiores e portadores de cartão de cidadão ficam automaticamente recenseados, tal como acontece já com os Portugueses residentes em território nacional. - A inovação legislativa proposta constitui uma importante reforma em matéria de desburocratização administrativa, uma vez que, para se inscreverem no recenseamento eleitoral, os Portugueses no estrangeiro portadores de cartão de cidadão deixarão de ter de se deslocar às nossas Embaixadas e aos nossos Consulados, evitando as despesas que estão associadas. Prevê-se que a medida abranja 1,2 milhões de portugueses. - A medida corresponde também a um legítimo anseio dos cidadãos portugueses residentes no exterior e é uma forma de aproximação do País aos Portugueses no estrangeiro, pois é removido um entrave administrativo à sua participação na vida política do país.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

LANÇAMENTO DO LIVRO DO DR TENREIRA MARTINS

Rostos da emigração portuguesa (Visages de l' émigration portugaise) - o prefácio Rostos da emigração portuguesa é uma viagem ao interior do mundo da emigração portuguesa, com alguém que alia a experiência de anos e anos de contacto com situações concretas - difíceis, problemáticas... - a uma grande sensibilidade para o sofrimento de pessoas inadaptadas, marginalizadas, e ao conhecimento das regulamentações jurídicas, das burocracias dos países envolvidos no trajecto migratório, dos contornos sociais de questões, que se colocam, com premência, a exigir soluções. Ao que acresce a arte de bem escrever, o dom de apaixonar o leitor pelas personagens, pelas vicissitudes da sua aventura de procuraram em outras terras, no confronto com outras leis, costumes e formas de estar em sociedade, o que o seu próprio país lhes não garantia - emprego, perspectivas profissionais, ou mesmo, num contexto hoje já ultrapassado, liberdade e democracia. Ficção ou realidade? “Diário Provável” é uma expressão tão sugestiva quanto ambígua, no que respeita a essa interrogação. Se percorrêssemos todos os capítulos do livro, deixando para o final o primeiro, intitulado "Vidas em tom menor" - onde a explicação nos é dada, sob a forma de um diálogo do Autor com um amigo, que é também um diálogo connosco -, julgaríamos estar face ao verídico registo de casos anotados, dia a dia, pelo responsável do serviço social do Consulado de Portugal em Bruxelas. É o que parece, mas, em rigor, não é - nem poderia ser, por razões deontológicas. Nomes, datas, frequentemente as circunstâncias, ou até o desfecho efectivo, foram, naturalmente, alterados. Isso é, porém, coisa de somenos. Na essência, estamos perante um impressionante relato de ocorrências, captadas na sua verdade humana, bem presente em todos os textos, através de vibrantes narrações, ora focando um determinado evento, ora sumariando o percurso migratório de mulheres e homens, ao longo de muitos anos. Sou levada a traçar um paralelo com crónicas de uma “realidade ficcionada” na prosa acutilante de Maria Archer, que previamente confidencia aos leitores: "O meu trabalho neste livro ["Eu e Elas"] foi quase o de um artista plástico. Moldei as obras sobre o modelo vivo". Deparamos aqui com uma outra fascinante aplicação desse paradigma - uma obra rigorosamente moldada sobre “modelo vivo”, gizada, do princípio ao fim, com uma profunda compreensão afectiva, uma simpatia que não exclui ninguém. Por vezes, tudo quanto os interlocutores querem é falar, falar em português, reencontrando um espaço cultural perdido, pelo tempo de uma conversa amiga - reclusos, que sofrem a perda da liberdade, agravada pelo estatuto de estrangeiros, doentes internados em hospitais, em instituições sócio psiquiátricas... Outras vezes, há que agir - para valer, de imediato, a vítimas de violência doméstica, à menina órfã que precisa de uma nova família, à mulher sequestrada pelo marido, a jovens que chegam "ao Deus dará"... Há que proceder com bom senso e perspicácia, ajudando a que, por si mesmos, encarem novos rumos, porque, como diz, com a sageza aprendida na formação académica e aprofundada na prática profissional, "sempre pensei que as soluções têm de vir das próprias pessoas". São vivências do quotidiano, a que o "saber contar" dá densidade dramática e emoção, aqui e ali pontuada por um subtil sentido de humor, permitindo-nos partilha-las, ver e sentir o que ele próprio viu e sentiu, no seu gabinete acolhedor. Muitas delas revelam-nos personalidades ou circunstâncias extraordinárias- porque o real rivaliza, quando não ultrapassa, frequentemente, o potencial imaginativo do romanesco... Penso na jovem reclusa (correio de droga - a tentação fatal do dinheiro fácil...), planeando casar no consulado, logo depois do nascimento do filho, que espera no confinamento da prisão. ( No dia da cerimónia, de Portugal vem o noivo, a mãe, duas filhas pequenas, da penitenciária chega ela, num carro celular. E logo o consulado se converte para eles numa casa de família, aberta para uma festa comovente e inesquecível). Penso no velho mendigo português, que, no centro de Bruxelas, aproveita o segmento lusófono de "mercado", sempre com um sorriso no rosto e conversação jovial - um sem abrigo, que tivera antes muitas profissões, graças às quais, por intervenção do Consulado, vai mudar de estatuto, de mendigo para reformado, com pensão, casa própria e amigos...E em outras excêntricas figuras: o pescador que aparece todos os anos, na primavera, e se faz repatriar para o Porto, ora pelo consulado de Portugal, apresentando o BI, ora pelas autoridades belgas, por quem se deixa prender por vagabundagem, sem qualquer documento de identificação; o tatuador que vem dos Andes e pede repatriamento para os Açores; o portuense que se julga primo do Rei dos Belgas e não quer ser repatriado antes de apresentar cumprimentos na corte... A religar estes e tantos outros protagonistas existe um só denominador comum: são,todos, numa cidade estrangeira, portugueses cujas vidas, por instantes significativos, se cruzaram com a do Autor, deixando o seu rasto de memórias, umas tristes, muitas outras felizes, porque recordam pontos de viragem, na destino dessas pessoas. A narração atravessa, assim, o campo da chamada "emigração de sucesso", conduz-nos ao outro lado, o mais esquecido, o das "vidas em tom menor". No vasto fresco da representação das comunidades portuguesas contemporâneas, a geração do "salto", para a Europa, tomou o seu lugar, de início num quadro de exploração generalizada, que gradual e maioritariamente superou, de uma forma corajosa e assertiva. Uma "geração de triunfadores", nas palavras de Eduardo Lourenço, nos anos 80, ao fazer um balanço do processo global. Mas a minoria dos que ficaram para trás - e ainda hoje alguns ficam - é uma parte do todo, que não pode ser abandonada à sua sorte. E não o será, enquanto houver profissionais competentes e dedicados, cuja função é, justamente, a de combater a marginalidade e cooperar na procura de vias e condicionalismos propícios a uma boa integração. Nesta outra perspectiva, que vai muito para além de um enfoque puramente literário, devemos realçar o valor da publicação como testemunho histórico, como marco das grandes mudanças nas políticas contemporâneas de emigração, que romperam com a atitude de descaso tradicional do Estado para com os expatriados, reconhecendo um novo estatuto de direitos aos nacionais, dentro e fora de fronteiras, no domínio político, social, cultural. A ruptura com um passado de indiferença face à situação dos cidadãos fora do território nacional, tem a sua origem em medidas embrionárias de acompanhamento dos emigrados nas vésperas da revolução de 1974, mas só vem a afirmar-se, definitivamente, nos anos seguintes. A criação de serviços sociais junto dos consulados foi, de facto, o primeiro instrumento eficaz destas políticas de cunho humanista. Um dos muitos méritos do "Diário Provável" é, precisamente, o de nos mostrar, como, a partir das leis, das intenções e declarações oficiais, se passou à prática, dando aos consulados, antes vistos como serviços meramente burocráticos, um rosto mais humano. É, pois, uma incursão até ao cerne dos serviços sociais, revelando a sua enorme importância e constituindo um alerta para que não haja, em nome da austeridade, a tentação de os limitar ou suprimir, precisamente quando explode uma nova vaga imparável de emigração.. Uma palavra final de agradecimento pelo honroso convite para prefaciar este livro e de manifestação do regozijo com que o faço, porque posso dizer que me deu, como dará certamente a todos os leitores, um retrato de época da emigração portuguesa recente, das novas políticas de protecção implementadas, com autonomia e criatividade, pelos executores “no terreno”, e, também - ainda que não fosse obviamenteo esse o seu propósito –, um admirável auto-retrato do Autor, da sua vocação e qualidade profissional, do seu gosto de viver e conviver no universo em expansão das nossas comunidades do estrangeiro.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

CAMPOS DE INTERVENÇÃO NO FEMININO - COLÓQUIO, 2 de MAIO - EPRAMI, MONÇÃO

MULHERES NA POLÍTICA
 Aurora Viães - vereadora de Vila Nova de Cerveira (documento em anexo em PDF) ------------------------------------------------------------------------------ 2 Elisabete Maria Lourenço de Araújo Domingues, nascida a 18 de novembro de 1976, casada, mãe de dois filhos e natural de Clermont Ferrand, França. Licenciou-se em Direito em 1999, na Faculdade de Direito da “Université D'Auvergne”, de Clermont Ferrand, tendo obtido a necessária equivalência académica após concluir com aproveitamento exame na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Em 2000, terminou uma Pós Graduação na área de “Proteção de Menores”, na mesma Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tendo elaborado o trabalho final subordinado ao tema do rapto internacional de crianças. Teve uma breve experiência profissional no setor bancário. Frequentou e concluiu com aproveitamento, a sua formação inicial teórica e complementar de estágio na área da advocacia, entre os anos de 2003 e 2005. Desde então, até 2009, exerceu a profissão de advogada na Comarca Judicial de Valença. Em 12 de outubro de 2009 foi eleita Vereadora da Câmara Municipal de Valença tendo assumido, entre outros, os pelouros da Educação, Ação Social e Gestão de Pessoal. Em 29 de setembro de 2013, renovou o mandato autárquico no Município de Valença, e diversificou competências, passando a acumular com aqueles pelouros, os que se referem aos Transportes Escolares, Biblioteca Municipal, Refeitório Municipal ou CIAB – Centro de Informação, Mediação e Arbitragem de Consumo, cuja Assembleia Geral preside. Durante a sua experiência enquanto eleita local, tem vindo a usufruir do privilégio de aprofundar e aplicar os conhecimentos adquiridos na área da proteção de menores, através das funções exercidas na CPCJ - Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Valença, enquanto comissária representante do Município. 3. Maria José Nóvoas Pinheiro Gonçalves Codesso Natural de Melgaço Profissão: professora do 1º ciclo Vereadora da educação e cultura ------------------------------------------------------------------------------------------------- 4. Maria da Conceição da Cunha Aragão Soares Casada, mãe e natural de Monção Formação Académica : Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Pós-graduação Desenvolvimento e implementação de metodologias de participação pública: o caso prático das Agendas 21 Locais Foi Técnica Superior de Planeamento / Ordenamento do Território Desde 21 de Outubro de 2013 Vice-presidente da Câmara e Vereadora do Pelouro de Obras e Urbanismo Responsável pela Divisão de Planeamento e Obras Públicas e pela Divisão de Produção e Pelas candidaturas aos diferentes programas. Chefe de Gabinete e responsável pela Divisão de Educação e Cultura Apoio à Presidência, nomeadamente na área do Ordenamento do Território e elaboração de candidaturas aos diferentes programas Trabalhos mais representativos: • Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico de Monção • Plano de Pormenor de Renovação Urbana de Lapela • Plano de Pormenor de Salvaguarda e Valorização da Ponte de Mouro • Plano Director Municipal de Monção • Plano de Ação da Agenda 21 Loca
l MULHERES – da POLÍTICA à GESTÃO DE TOPO
 3. Rosalina Maria Barbosa Martins Natural: Paredes de Coura Licenciatura em Ensino de Português Situação Profissional Presidente da Direção Pedagógica da EPRAMI Alguns Cargos Exercidos Presidente do Conselho Diretivo da Escola Secundária de Monserrate Fundadora da Escola Profissional Alto Minho Interior Deputada à Assembleia da República pelo círculo de Viana do Castelo nas legislaturas (1999 a 2011) Membro das Comissões de Educação, Ciência, Cultura, Juventude e Desporto em todas as legislaturas Conselheira do CNE, em representação da Assembleia da Republica, quadriénio 2009-2013. 4. Rosália Esteves Natural de Monção 40 anos Licenciada em Gestão de Recursos Humanos Abriu a PROBE em 2005 no concelho de Valença e, atualmente, é proprietária do grupo PRB : Probe Laser, Depilfree, Nectariana; PRB-Clinic, PRB- venda de equipamentos medico-estéticos. Lideres no distrito de Viana em depilação a Laser, conta com 21 colaboradores que trabalham de Norte a sul, abrangendo todo o país. Como costuma dizer: “Eu não sabia muito bem o que queria da vida, apenas sabia o que não queria (o que já não é mau” “a minha vida é uma sequência de coincidências de coisas felizes… e a PROBE cresceu porque realmente houve imensas coincidências felizes … dedicação, muito trabalho e persistência” “Sinto muito orgulho na minha equipa que lidero, mas também em ter e representar uma empresa Minhota já reconhecida a nível nacional” 5. Susana Miguel Afonso Mendes Moura Natural de Monção • Licenciada em Engenharia Agrícola, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro • Mestre em Biologia do Desenvolvimento e Reprodução Vegetal, pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Situação profissional Subdiretora da Escola Superior Agrária – Instituto Politécnico de Viana do Castelo
 PROGRAMA
 Campos de intervenção no feminino Parceria: EPRAMI ( escola profissional ) , Associação Estudo, Cooperação e Solidariedade -Mulher Migrante e Câmara Monção

 9.30 recepção 10 h Igualdade de género : a liderança no feminino João Paulo Viriato - Manuela Aguiar Moderadora : Arcelina Santiago (15 minutos para cada palestrante , seguido de debate 25 minutos, conclusão 5 ) 11h Cofre break 11.15h Gestão de topo no feminino - Mulheres na Política 1. Aurora Viães - Vila Nova de Cerveira 2. Elisabete Maria Lourenço de Araújo Domingues - vereadora cultura e …Valença , 3. Maria José Nóvoas Pinheiro Gonçalves Codesso - vereadora de Melgaço 4. Conceição Soares – Veradora Monção Mais palestrantes da politica à gestão 5 Dra Rosalina Maria Barbosa Martins 6. Dra. Rosália Esteves 7. Dra Susana do IPVC escola agrária de Ponte de Lima Moderadora: Dra Leonor Fonseca 10 minutos para cada - 1hora e 30 m 15 minutos para debate Conclusão, síntese : 10 minutos Almoco 13h 14.30 Maria Archer Entrevista imaginária - Pedro Cerqueira e Beatriz Lopes Maria Archer a escritora e o Exílio Manuela Aguiar e Arcelina Santiago P1ª painel Igualdade de género : a liderança no feminino João Paulo Viriato - Manuela Aguiar Moderadora : Arcelina Santiago João Vieito . investigador, professor … 1993 - Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas - Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (I.S.C.T.E.), 2000 - M.B.A em Gestão de Operações Comerciais - Universidade Católica 2001 - Mestrado em Finanças - Universidade Católica Portuguesa - . Tese institulada "Complex Financial Contracts as Solution to Agency Problems: Analysis of Risk Sharing Rules and Agency Costs of Executive Stock Options”, sob orientação do Prof. Doutor T.S.HO, da Universidade de Lancaster (Reino Unido) e Stern School - New York University (Estados Unidos da América). 2008 – Doutoramento em Ciências Empresariais - especialização em Finanças, pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto Tese intitulada “Essays in Executive Compensation”, sob a orientação do Prof. Catedrático Elísio Brandão e do Prof. Doutor António Cerqueira. 2014 -Pós-Doutoramento - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil, cujo tema foi “Atividade Cerebral do Investidor Financeiro: Uma Análise do Género”, sob a orientação do Prof. Doutor Eduardo Massad. Manuela Aguiar Licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra.Pós graduação pelo Instituto Católico de Paris. Assistente da Faculdade de Direito de Coimbra e da Universidade Católica de Lisboa. Docente na Universidade Aberta (mestrado de Relações Interculturais).Assistente do Centro de Estudos do Ministério das Corporações. Assessora do Provedor de Justiça. Secretária de Estado do Trabalho, e também da Emigração, Deputada na AR, Primeira mulher Vice-Presidente da AR, Presidente da Comissão da Condição Feminina na AR. Representante de Portugal na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, (onde presidiu à Comissão de Migrantes e Refugiados e à Sub-comissão da Igualdade, e onde chefiou a Delegação Portuguesa). Vereadora da Cultura da Câmara de Espinho. Leonor Fonseca – Licenciada em Direito

sábado, 6 de maio de 2017

DAR VOZ Á DIÁSPORA PORTUGUESA - COLÒQUIO 24 de MAIO

DAR VOZ À DIÁSPORA PORTUGUESA PERSPETIVA DIACRÓNICA DOS MECANISMOS DE DIÁLOGO Sociedade de Geografia de Lisboa Sala Adriano Moreira – 4º andar 10h30 – ACOLHIMENTO E INSCRIÇÃO 11h00 - SESSÃO DE ABERTURA Presidente da SGL Grupo Migrações – SGL Mulher Migrante: Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade/ AEMM 11h30 – CONFERÊNCIAS OS PRIMEIROS CONGRESSOS DAS COMUNIDADES DE CULTURA PORTUGUESA Prof. Doutor Adriano Moreira UM OLHAR RETROSPETIVO PROJETADO SOBRE O FUTURO Deputado José Cesário Moderadora: Dra. Mafalda Durão Ferreira 13h00 – Almoço 14h30 –OCONSELHO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS (CCP): INATITUCIONALIZAÇÃO DO DIÁLOGO COM O MOVIMENTO ASSOCIATIVO Dra. Manuela Aguiar Moderador: Dr. Vítor Gil 15h15 – O EMIGRANTE/ MUNDO PORTUGUÊS – RAZÕES DE UM PROJETO SINGULAR Padre Vítor Melícias Lopes e Dr. Carlos Morais Moderadora: Prof.ª Doutora Maria da Graça Ribeiro de Sousa Guedes 16h00 – Pausa para café 16h15 – A IGREJA FACE À MOBILIDADE - SOLIDARIEDADE E AÇÃO SOCIAL Dom Januário Torgal e Dra. Eugénia Quaresma Moderadora: Prof.ª Doutora. Maria da Conceição Pereira Ramos 17h00 – COMUNIDADES PORTUGUESAS EM ESPAÇO TRANSNACIONAL - NOVAS FORMAS DE DIÁLOGO EXPRESSÃO RECÍPROCA DE RELACIONAMENTOS Prof.ª Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade OS DESCENDENTES – "GERAÇÃO EUROPA" Mestre Emmanuelle Afonso CHAMPIGNY À BEIRA DO TEJO Prof. Doutor José Alexandre Cardoso Marques Moderadora: Prof.ª Doutora Ana Paula Beja Horta 19h00 – ENCERRAMENTO

sexta-feira, 14 de abril de 2017

A MODERNIDADE DE MARIA ARCHER - INSPIRAÇÃO PARA AS NOVAS GERAÇÕES

A 8 de março, em Espinho, na Escola Dr Gomes de Almeida, MARIA ARCHER foi figura central de uma jornada comemorativa do Dia Internacional da Mulher. Ganhou jus a essa homenagem pela sua luta incessante pela liberdade e pela igualdade das mulheres, num país que era uma ditadura anacrónica e particularmente misógina, e, também, pelo seu talento como escritora, como jornalista, como observadora e crítica da sociedade do seu tempo. A 3 de maio, em Monção, na Escola Profissional (EPRAMI) será lembrada de novo, num colóquio sobre "Campos de intervenção feminina". Uma vez mais, a encenação da "entrevista imaginária" com a Escritora, um esplêndido texto de Mestre Arcelina Santiago, interpretado por alunas das Escolas, tornará mais viva e mais próxima Maria Archer, personagem fascinante, que obviamente não é, mas poderia ser a heroína de um dos seus romances! A primeira representação da "Entrevista" aconteceu em Espinho, na Biblioteca José Marmelo e Silva, a 8 de março de 2012, com duas alunas do secundário. a Inês, como entrevistadora, e Mariana Patela no papel de Archer. Teriam ambas apenas cerca de 13 anos, mas nem por isso foram menos verosímeis, a ponto de serem saudadas com lágrimas de emoção de muitos dos presentes, entre os quais Olga Archer Moreira, sobrinha neta da grande Senhora. A partir daí foram chamadas a muitas "performances" e não deixaram de aperfeiçoar a representação e de enriquecer, com novas perguntas e respostas, um texto que vai crescendo e dando aos espetadores mais facetas originais de Maria Archer. Mariana e Inês são agora duas jovens universitárias que vivem o seu papel com intensidade. A esse encontro pela força da teatralização, segue-se, com mais facilidade o diálogo sobre uma enorme variedade de leituras de Maria Archer. Em Monção, caberá a estudantes da EPRAMI a responsabilidade de trazer ao palco uma Mulher que esteve sempre à vontade no palco das conferências e dos congressos e no palco da vida!

COLÓQUIO EM MONÇÃO -Auditório José Emílio Moreira - EPRAMI, 3 de maio

CAMPOS DE INTERVENÇÃO NO FEMININO \\ 09: 30 Receção \\ 10: 00 Painel I _Igualdade de Género - A Liderança no Feminino_ Professor Doutor João Paulo Vieito e Dra. Manuela Aguiar Moderadora: Mestre Arcelina Santiago \\ 11: 00 Coffee Break \\ 11:15 Painel II _Gestão de Topo no Feminino_ (mulheres vereadoras em exercício e gestoras) Moderadora: Professora Dra. Graça Guedes \\ 13: 00 Almoço \\ 14: 30 Painel III _ Maria Archer_ Entrevista Imaginária - Maria Archer Pedro Cerqueira Beatriz Lopes Maria Archer - A Escritora e o Exílio Dra. Manuela Aguiar e Dra. Arcelina Santiago \\ 16.30 Encerramento Organização da Escola Profissional do Alto Minho Interior (EPRAMI) e da AEMM - Norte

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Joan MARBECK pela Língua KRISTANG

Dear MariaManuela, Keeping you in the loop re my Kristang interest and Activities with the Singapore-Eurasians, recently. The 40 Singaporeans who came to visit me in Seremban made me feel my work, travel and research in the Kristang Language and Culture done over a period of 20 years and the production of 3 books in the Kristang Language has definitely come to fruition. Thank you for your help, guidance, caring cooperation and love, without which I could not have successfully reached my desired goals. Mutu grandi merseh. Joan

NOTÍCIAS DE MALACA

Subject: 1st Singapore Kristang Language Festival: Poetry Competition Dearest Joan Thank you for hosting such a warm and lively luncheon. We had a wonderful time in Seremban and look forward to seeing you in Singapore! If we have not said it yet we are ecstatic that you have agreed to be part of our panel and a judge for the poetry competition! As we had discussed at the luncheon, I list below a rough timeline we have drawn up for the development of the poetry competition: By 20 Jan, we would have come up with the number of winners we intend to have, the method of scoring poetry and how we intend to present the winning poetry pieces. We are working with an arts group on these details but we welcome any helpful suggestions as well. By 10 Feb, we intend to finalize the publicity for the competition and have our Publicity group put up the submission form for the Poetry Competition on the website. By 1 Mar, submissions are open. Entries would be sent in to judges on a rolling basis. By 31 Mar, submissions close and judging begins in earnest. By 1 Apr, design of the Poetry Competition winners certificates will be completed. By 7 Apr, Judging completed and winners notified. By 10 Apr, we will send poetry competition winners to the arts group to work on performing their pieces at the festival. By 24 Apr, poetry presentation performances should be finalized. 12 May - REHEARSAL Attached is the updated version (V4) of our proposal with more info. If you have any questions and need to connect with me, you can do so via my mobile 65 97235268. I am also on WhatsApp. I look forward to working with you on this historic event! Regards Petrina