sábado, 26 de outubro de 2019

NOVO LIVRO SOBRE MARIA ARCHER


CÍRCULO MARIA ARCHER - A MODERNIDADE DE MARIA ARCHER - CÍRCULO MARIA ARCHER

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Lançamento do livro de Elizabet Battista MARIA ARCHER - Homenagem a RITA GOMES




A MODERNIDADE DE MARIA ARCHER

O "Círculo Maria Archer" participa, juntamente com a AMM, numa primeira jornada de homenagem à Drª Rita Gomes, neste mês de outubro,  mês do seu nascimento,  em que, todos os anos, procuraremos lembra-la, de forma especial. Faz todo o sentido associa-la à evocação de Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira, de quem era prima, com quem conviveu desde a infância, e a quem tanto admirava. Temos a certeza de que, se hoje estivesse entre nós, participaria, ativamente, com o maior entusiasmo, no lançamento deste Círculo  e, tal como outros membros da família, veria na sua expansão uma caminhada para o futuro em que as crenças e as causas, o nome e a memória de Maria Archer estarão sempre presentes.
Nos últimos anos da presidência de Rita Gomes na AMM, foram diversas as iniciativas focadas em Maria Archer. Gostaria de as recordar como acções que lhe foram, ou, se me permitem falar no plural, nos foram, especialmente gratas: uma primeira no contexto do Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas da Diáspora, em Novembro de 2011,  congresso em que pretendemos reavaliar a realidade da emigração no feminino, traçando, por um lado, as linhas de evolução de mais de um século de êxodo migratório, com significativa componente feminina, e particular enfoque numa área em que têm estado, pelo menos, tão atuantes como os homens: o domínio da Cultura e do ensino da Língua.  Maria Archer foi, então, homenageada, a par de Maria Lamas, em intervenções do Reitor Salvato Trigo, da Dr.ª Olga Archer Moreira, da Dr.ª Dina Botelho e da Prof.ª. Elisabeth Battista.
Voltou a ser figura de cartaz na comemoração do Dia Internacional da Mulher, em março de 2012, na Biblioteca José Marmelo e Silva, em Espinho, onde a principal oradora foi Olga Archer Moreira, sua sobrinha neta. O programa incluiu uma "entrevista imaginária" com a grande escritora e cidadã, representada  por jovens das Escolas da cidade, que deu ao evento um toque afetivo e pedagógico. A "entrevista imaginária" seria posteriormente encenada em diversas escolas, para levar a públicos jovens o exemplo de vida de uma grande Mulher de Letras, capaz, igualmente, de ação concreta.
Nesse ano, em Lisboa, no Teatro Nacional da Trindade, a força das suas convicções e ideais foi, novamente, saudada em sucessivas intervenções sobre o seu trajeto e a sua obra, por muitas pessoas que com ela conviveram de perto. como seu sobrinho dileto, o Prof. Fernando de Pádua,  Encerrou a sessão, prestando-lhe um vibrante tributo, o Presidente Mário Soares, símbolo da luta vitoriosa pelo Portugal em liberdade, em que ela se empenhou, de alma e coração..Os múltiplos contributos estão publicados, numa das mais belas edições da AMM, coordenada por Rita Gomes e Olga Archer Moreira. Em 2013, foi relembrada, numa apresentação das publicações da "Mulher Migrante", realizada no Palácio das Necessidades e, em 2014, a Associação organizou, juntamente com a Fundação Prof. Fernando de Pádua, um colóquio, a anteceder o lançamento da publicação de Elisabeth Battista ."O legado de uma escritora viajante". E tem permanecido, nos últimos anos na agenda da "Mulher Migrante" -  no Dia Internacional da Mulher, nos colóquios de Monção, (com  repetidas encenações da "Entrevista Imaginária", sempre protagonizadas por estudantes das Escolas locais), no Dia da Comunidade Luso-brasileira, desde 2017, tendo este ano sido o Círculo Maria Archer apresentado formalmente, no âmbito dessas comemorações.
Hoje, para o lançamento do último livro de Elisabeth Battista "Sem o direito de voltar a casa" Maria Archer - uma jornalista portuguesa no exílio", estamos  reunidos, na esplêndida da Casa da Beira Alta, nossa muito acolhedora anfitriã, na pessoa do seu presidente, Dr. Afonso Costa. É uma segunda  parceria da AMM e do “Círculo”, que, esperamos, se repita muitas vezes, na prossecução dos objetivos comuns, em torno da personalidade inspiradora de Maria Archer, cuja vasta e multifacetada obra convida a estudo e a debate e cujo exemplo de inconformismo convoca à militância cidadã.
Temos, entre nós, e devemos sublinhar o facto, a maior especialista no se percurso literário, a Professora Doutora Elisabeth Battista, que todos queremos ouvir, quanto antes, pelo que direi ,agora, apenas umas breves palavras. Primeiramente, para lhe agradecer a esplêndida oportunidade que oferece ao Circulo Maria Archer de dar o melhor dos  inícios a um roteiro de reflexão e debate, ao escolhe-lo, para organizar, no Porto, a divulgação de mais um notável trabalho científico sobre a insigne Autora, nomeadamente sobre o seu trilho jornalística no exílio brasileiro, que, ao contrário dos livros, (ainda que na quase totalidade esgotados) é praticamente desconhecido. A esse agradecimento juntamos um convite, que, sabemos, será aceite, para se tornar associada do Círculo, alargando o seu espaço às fronteiras do Brasil.
Limitar-me-ei, pois, a sumariar as principais razões que nos levam a fazer de Maria Archer uma companheira de jornadas, de diálogos sobre as temáticas de género, de valorização da vivência democrática, de defesa da Igualdade e aproximação dos povos, muito em particular os do universo da lusofonia. e suas Diásporas.
Da Diáspora Portuguesa e do mundo plural da Lusofonia ela é um nome maior, como intelectual, jornalista e romancista, e como precursora na observação e registo, em preciosos textos, sobre os usos e costumes das gentes com as quais, por largas décadas, tanto gostou de  conviver,  em Moçambique, na Guiné-Bissau, em Angola, (nos anos de juventude acompanhando os pais e, depois, o marido), e, já sexagenária, no solitário exílio brasileiro de mais de duas décadas. Mulher de imensa cultura e inteligência, sempre atenta ao que acontecia em seu redor, fora como dentro do próprio país, com inteira compreensão das pessoas, dos ambientes, dos meios sociais, traduziu a experiência vivida em inúmeros escritos de incomensurável valor literário e de enorme interesse etnológico, sociológico e político. Assim se converteu em testemunha rara, em memória crítica de um tempo português, opressivo e cinzento, pautado por preconceitos e discriminações, por regras de jogo viciadas, que ela pôs a nu, frontalmente, sem contemplações. e sem temor.  Ninguém, como ela, retratou o quotidiano desse Portugal do "Estado Novo", estagnado e anacrónico, avesso a qualquer forma de progresso social, em que as mulheres, em particular, se encontravam dominadas pela força das leis, pelo cerco das mentalidades, pela censura dos costumes, depois de terem sido deformadas pela educação, pela entronização rígida dos papéis de género dentro da famílias, numa sociedade fechada ao curso da História, que ia acontecendo na Europa e por esse mundo fora.
A mais feminista das escritoras portuguesas, nascida no último ano de oitocentos, era demasiado jovem para poder ter feito parte dos movimentos revolucionários e feministas do princípio do século XX, mas viria a ser uma das poucas  que, no período de declínio desses movimentos (com o desaparecimento de uma geração memorável), prosseguiu a seu jeito, incessante e solitariamente, a mesma luta  contra o obscurantismo, que condenava a metade feminina de Portugal à subserviência, ao enclausuramento doméstico e à incultura... A escrita foi  para ela uma arma de combate  político. Segundo Artur Portela, "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo rasante".  Mulher livre num país ainda sem liberdade, pagou pela coragem de ser assim um preço muito alto .Viu os seus livros, que atingiam, recordes de popularidade e de vendas,  apreendidos, os jornais onde trabalhava ameaçados de encerramento. Foi obrigada a partir, mas a sanha vingativa da Ditadura não se satisfez com o seu  desterro - ela foi "deliberadamente apagada da História", como escreve Maria Teresa Horta no prefácio da reedição de "Ela era apenas Mulher".
O Circulo Maria Archer surge, em pleno século XXI, para combater esse acto persecutório, consumado há décadas, Tem por assumida finalidade recolocar o  nome de Maria Archer no lugar vazio que é seu na história da nossa Literatura e do feminismo português, e, também, na história  do pioneirismo na construção de pontes entre as culturas lusófonas.  
Revisitar a obra desta Mulher de Letras, através da divulgação e do debate dos seus escritos, visa desocultar o passado, lançar luz sobre a realidade insuficientemente analisada e realçada da sociedade portuguesa de 40 e 50, e  fazer futuro com a modernidade do seu pensamento e das prioridades da sua luta cívica e cultural.
 O Circulo pretende, afinal, sobretudo,   assegurar uma segunda vida a Maria Archer, projecto perfeitamente possível,   porque, como dizia Pascoaes, existir não é pensar, é ser lembrado".
Neste projeto todos os  presentes estão convidados a participar!

Maria Manuela Aguiar
(Circulo Maria Archer e AMM)

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Circulo Maria Archer/ AMM Lançamento do livro de Maria Archer

A MODERNIDADE DE MARIA ARCHER

O "Círculo Maria Archer" participa, juntamente com a AMM, numa primeira jornada de homenagem à Drª Rita Gomes, neste mês de outubro,  mês do seu nascimento,  em que, todos os anos, procuraremos lembra-la, de forma especial. Faz todo o sentido associa-la à evocação de Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira, de quem era prima, com quem conviveu desde a infância, e a quem tanto admirava. Temos a certeza de que, se hoje estivesse entre nós, participaria, ativamente, com o maior entusiasmo, no lançamento deste Círculo  e, tal como outros membros da família, veria na sua expansão uma caminhada para o futuro em que as crenças e as causas, o nome e a memória de Maria Archer estarão sempre presentes.
Nos últimos anos da presidência de Rita Gomes na AMM, foram diversas as iniciativas focadas em Maria Archer. Gostaria de as recordar como acções que lhe foram, ou, se me permitem falar no plural, nos foram, especialmente gratas: uma primeira no contexto do Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas da Diáspora, em Novembro de 2011, congresso em que pretendemos reavaliar a realidade da emigração no feminino, traçando, por um lado, as linhas de evolução de mais de um século de êxodo migratório, com significativa componente feminina, e particular enfoque numa área em que têm estado, pelo menos, tão atuantes como os homens: o domínio da Cultura e do ensino da Língua. Maria Archer foi, então, homenageada, a par de Maria Lamas, em intervenções do Reitor Salvato Trigo, da Drª Olga Archer Moreira, da Drª Dina Botelho e da Profª Elisabeth Battista.
Voltou a ser figura de cartaz na comemoração do Dia Internacional da Mulher, em março de 2012, na Biblioteca José Marmelo e Silva, em Espinho, onde a principal oradora foi Olga Archer Moreira, sua sobrinha neta. O programa incluiu uma "entrevista imaginária" com a grande escritora e cidadã, representada  por jovens das Escolas da cidade, que deu ao evento um toque afetivo e pedagógico. A "entrevista imaginária" seria posteriormente encenada em diversas escolas, para levar a públicos jovens o exemplo de vida de uma grande Mulher de Letras, capaz, igualmente, de ação concreta..
Nesse ano, em Lisboa, no Teatro Nacional da Trindade, a força das suas convicções e ideais foi, novamente, saudada em sucessivas intervenções sobre o seu trajeto e a sua obra, por muitas pessoas que com ela conviveram de perto. como seu sobrinho dileto, o Prof Fernando de Pádua,  Encerrou a sessão, prestando-lhe um vibrante tributo, o Presidente Mário Soares, símbolo da luta vitoriosa pelo Portugal em liberdade, em que ela se empenhou, de alma e coração..Os múltiplos contributos estão publicados, numa das mais belas edições da AMM, coordenada por Rita Gomes e Olga Archer Moreira. Em 2013, foi relembrada, numa apresentação das publicações da "Mulher Migrante", realizada no Palácio das Necessidades e, em 2014, a Associação organizou, juntamente com a Fundação Prof Fernando de Pàdua, um colóquio, a anteceder o lançamento da publicação de Elisabeth Battista ."O legado de uma escritora viajante". E tem permanecido, nos últimos anos na agenda da "Mulher Migrante" -  no Dia Internacional da Mulher, nos colóquios de Monção, (com  repetidas encenações da "Entrevista Imaginária", sempre protagonizadas por estudantes das Escolas locais), no Dia da Comunidade Luso-brasileira, desde 2017, tendo este ano sido o Círculo Maria Archer apresentado formalmente, no âmbito dessas comemorações.
Hoje, para o lançamento do último livro de Elisabeth Battista "Sem o direito de voltar a casa" Maria Archer - uma jornalista portuguesa no exílio". estamos  reunidos, na esplêndida da Casa da Beira Alta, nossa muito acolhedora anfitriã, na pessoa do seu presidente, Dr Afonso Costa. É uma segunda  parceria da AMM e do Círculo,. que, esperamos, se repita muitas vezes, na prossecução dos objetivos comuns, em torno da personalidade inspiradora de Maria Archer, cuja vasta e multifacetada obra convida a estudo e a debate e cujo exemplo de inconformismo convoca à militância cidadã..
Temos, entre nós, e devemos sublinhar o facto, a maior especialista no se percurso literário, a Professora Doutora Elisabeth Battista, que todos queremos ouvir, quanto antes, pelo que direi ,agora, apenas umas breves palavras. Primeiramente, para lhe agradecer a esplêndida oportunidade que oferece ao Circulo Maria Archer de dar o melhor dos  inícios a um roteiro de reflexão e debate, ao escolhe-lo. para organizar, no Porto, a divulgação de mais um notável trabalho científico sobre a insigne Autora, nomeadamente sobre o seu trajeto jornalístico no exílio brasileiro, que, ao contrário dos livros, (ainda que na quase totalidade esgotados) é praticamente desconhecido. A esse agradecimento juntamos um convite, que, sabemos, será aceite, para se tornar associada do Círculo, alargando o seu espaço às fronteiras do Brasil.
Limitar-me-si, pois, a sumariar as principais razões que nos levam a fazer de Maria Archer uma companheira de jornadas, de diálogos sobre as temáticas de género, de valorização da vivência democrática, de defesa da Igualdade e aproximação dos povos, muito em particular os do universo da lusofonia. e suas Diásporas.
Da Diáspora Portuguesa e do mundo plural da Lusofonia ela é um nome maior, como intelectual, jornalista e romancista, e como precursora na observação e registo, em preciosos textos, sobre os usos e costumes das gentes com as quais, por largas décadas, tanto gostou de  conviver, em Moçambique, na Guiné-Bissau, em Angola, (onde passou muito anos de juventude acompanhando os pais e, depois, o marido), e, já sexagenária,  no exílio brasileiro de mais de duas décadas. Mulher de imensa cultura e inteligência, sempre atenta ao que acontecia em seu redor, fora como dentro do próprio país, com inteira compreensão das pessoas, dos ambientes, dos meios sociais,  traduziu a experiência vivida em inúmeros escritos de incomensurável valor literário e de enorme interesse etnológico, sociológico e político. Assim se converteu em testemunha rara, em memória crítica de um tempo português, opressivo e cinzento, pautado por preconceitos e discriminações, por regras de jogo viciadas, que ela pôs a nu, frontalmente, sem contemplações. e sem temor.  Ninguém, como ela, retratou o quotidiano desse Portugal do "Estado Novo", estagnado e anacrónico, avesso a qualquer forma de progresso social, em que as mulheres, em particular, se encontravam dominadas pela força das leis, pelo cerco das mentalidades, pela censura dos costumes, depois de terem sido deformadas pela educação, pela entronização rígida dos papéis de género dentro da famílias, numa sociedade fechada ao curso da História, que ia acontecendo na Europa e por esse mundo fora.
A mais feminista das escritoras portuguesas, nascida no último ano de oitocentos, era demasiado jovem para poder ter feito parte dos movimentos revolucionários e feministas do princípio do século XX, mas viria a ser uma das poucas  que, no período de declínio desses movimentos (com o desaparecimento de uma geração memorável), prosseguiu a seu jeito, incessante e solitariamente, a mesma luta  contra o obscurantismo, que condenava a metade feminina de Portugal à subserviência, ao enclausuramento doméstico e à incultura... A escrita foi  para ela uma arma de combate  político. Segundo Artur Portela, "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo rasante".  Mulher livre num país ainda sem liberdade, pagou pela coragem de ser assim um preço muito alto ..Viu os seus.livros, que atingiam, recordes de popularidade e de vendas, apreendidos, os jornais onde trabalhava ameaçados de encerramento. Foi obrigada a partir, mas a sanha vingativa da Ditadura não se satisfez com o seu  desterro - ela foi "deliberadamente apagada da História", como escreve Maria Teresa Horta no prefácio da reedição de "Ela era apenas Mulher".
O Circulo Maria Archer surge, em pleno século XXI, para combater esse acto persecutório, consumado há décadas, Tem por assumida finalidade recolocar o  nome de Maria Archer no lugar vazio que é seu na história da nossa Literatura e do feminismo português, e, também, na história  do pioneirismo na construção de pontes entre as culturas lusófonas. 
Revisitar a obra desta Mulher de Letras, através da divulgação e do debate dos seus escritos, visa desocultar o passado, lançar luz sobre a realidade insuficientemente analisada e realçada da sociedade portuguesa de 40 e 50, e  fazer futuro com a modernidade do seu pensamento e das prioridades da sua luta cívica e cultural.
 O Circulo pretende, afinal, sobretudo,  assegurar uma segunda vida a Maria Archer, projecto perfeitamente possível,  porque, como dizia Pascoaes, "existir não é pensar, é ser lembrado". Nele todos os  presentes estão convidados a participar!
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domingo, 20 de outubro de 2019



Casa da Beira Alta
Porto, 11 de Outubro de 2019


A AMM, HSTÓRIA E FUTURO
uma homenagem à Dra. Rita Gomes


Maria da Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática aposentada da Universidade do Porto
Presidente da Direção da Associação Mulher Migrante


INTRODUÇÃO


Não é uma frase de circunstância, mas a expressão de um sentimento verdadeiro, dizer a honra e satisfação de estar aqui hoje nesta emblemática Casa da Beira Alta, que nos abriu as portas para mais uma organização da Associação Mulher Migrante e que em nome pessoal, dos órgãos sociais, dos associados e associadas agradecemos reconhecidamente, para a apresentação do livro da Professora Elisabeth Battista intitulado Maria Archer – uma jornalista portuguesa no exílio .


A Prof. Doutora Elisabeth Battista, que tem participado em algumas das nossas organizações (Congressos Mundiais e Encontros), é Licenciada em Letras pela Universidade do Estado de Mato Grosso, onde atualmente  é docente permanente (aposentada) nos programas de Pós-Graduação, Mestrado e Doutoramento em Estudos Literários, tendo realizado o seu Mestrado e Doutoramento na Universidade de São Paulo. Fez Pós-Doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro. 


À autora, também o nosso agradecimento sentido pela honra que nos dá para nos proporcionar este momento: dar a conhecer tão importante obra literária dedicada a esta grande escritora humanista, feminista, lusófona, que é Maria Archer. 


Gostaria de aproveitar  esta sessão para prestar homenagem àquela que durante muitos anos presidiu à direção da Associação Mulher Migrante e em vários mandatos, que nos deixou no ano passado, a Dra. Rita Gomes, grande responsável pelo percurso brilhante que tem marcado a nossa associação.



Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade (AMM), é  também  designada Associação Mulher Migrante (AMM).


Foi constituída em 1993 e destaca-se por ser uma Associação defensora dos direitos de todas as mulheres portuguesas ou estrangeiras, dentro e fora de fronteiras, no domínio das migrações, da luta pelos direitos humanos e pelos direitos das mulheres.


Esta Associação teve um papel singular por preencher uma lacuna no acompanhamento da situação das emigrantes portugueses, sobretudo depois do 1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo, que a Secretaria de Estado da Emigração realizou em Viana do Castelo, em 1985. Um Encontro que constituiu uma espécie de "Conselho das Comunidades no feminino" e foi o primeiro passo de uma política para a igualdade. Tratou-se  de um acontecimento memorável, por ter ultrapassado, em qualidade de reflexão e debate, as expetativas mais positivas e também, por ter consubstanciado o nascimento das políticas de género para a emigração, que contudo só viriam a ser desenvolvidas, sistematicamente, duas décadas depois.


Em 1993, algumas das participantes e das organizadoras do mítico "Encontro de Viana", decidiram instituir a AMM, uma ONG destinada a colocar na ordem do dia as questões da emigração feminina e a repensar o papel das mulheres na Diáspora.


Considerando a divisa da AMM - Não há estrangeiros numa sociedade que vive os direitos humanos – foi determinada a nossa Missão: contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que cada ser humano se possa realizar inteiramente - estrangeiros, mulheres, que sem direitos iguais, são como que estrangeiras no seu próprio país. 


Uma Missão expressa num conjunto de objetivos desde logo definidos nos seus estatutos:
 . Contribuir para a existência de políticas do género dentro e fora de fronteiras;
    . Aprofundar o conhecimento de realidades variáveis de comunidade para comunidade da emigração; aproximar essas comunidades entre si; promover as condições para a cidadania plena em cada uma delas; lutar pela igualdade e cidadania das mulheres;
     . Estabelecer redes de aproximação de mulheres de diferentes comunidades e delas com a AMM, potenciando assim uma vertente internacional;
       . Dar especial incentivo a uma participação cívica e política das mulheres emigrantes, seja pelo seu acesso ao patamar do dirigismo associativo em geral e em alternativa, pelo desenvolvimento de movimentos cívicos;
  . Denunciar situações e promover a mudança;
      . Analisar e debater estudos científicos que favoreçam uma rigorosa interpretação da sociedade onde as mulheres ainda não têm iguais oportunidades;
 . Dar relevo ao papel das mulheres em várias dimensões de cidadania;
    . Motivar as mulheres para a consciencialização do seu papel na mudança de esteriotipos socialmente construídos.


Metodologicamente, procuramos combinar a componente investigação (em diversas áreas, de acordo com a investigação científica desenvolvida nas universidades e centros de investigação), com o serviço público, o jornalismo, a arte, a literatura, o desporto , o associativismo, a música, a academia, a política, cuja divulgação é realizada em Congressos, Encontros, Colóquios, Tertúlias, Mesas Redondas, em parceria com Universidades, Autarquias, Fundações, Escolas e Associações, em Portugal e no estrangeiro, normalmente organizados pelas nossas associadas nesses países, algumas das quais criaram aí delegações da AMM (Argentina, Brasil, África do Sul, Canadá, EUA).  


Sempre que foi possível economicamente e graças ao patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, foram publicados trabalhos científicos, atas dos eventos,  em edições próprias da Associação MM.


A história do já longo percurso desta Associação, é marcada pela competência, tenacidade e grande dinamismo da Dra. Rita Gomes que presidiu à direção durante vários anos em vários mandatos e aqui prestamos homenagem sincera e singela. 


A história da AMM é evidenciada pela transformação em parceira de uma rede de organizações internacionais e de sucessivos governos (com a organização dos congressos mundiais de mulheres da diáspora de 2011 e 2013 e de conferências e colóquios nos vários continentes da nossa emigração e até 2018) para a execução de políticas de género.


A história da AMM demonstra a capacidade de dar corpo a um projeto consistente, agregando vontades e talentos, de mulheres e homens por igual, à volta da problemática tradicionalmente marginalizada das migrações femininas em geral e, em particular, do objetivo da igualdade, pelo não à discriminação e pelo aumento dos níveis de participação cívica e política das mulheres, dentro do movimento associativo português (onde tradicionalmente não tinham voz e não ascendiam à liderança).


Hoje e neste espaço emblemático que nos acolhe, tem agora início esta sessão destinada à apresentação do livro da Profª. Doutora Elisabeth Battista, intitulado Maria Archer – uma jornalista portuguesa no exílio.


Uma obra literária que constitui um relevante contributo para o estudo acerca do comunitarismo cultural que envolve os países de Língua Portuguesa. Para Benjamin Abdala Júnior da Universidade de São Paulo que apresenta desta publicação, a autora … realizou uma profundada análise de caráter crítico e historiográfico, que nos levou a profundas reflexões sobre o percurso crítico dessa escritora portuguesa, que circulou entre Portugal, Brasil e África. E acrescenta, ´... é o sentido crítico que Elisabeth Battista rastreia com densidade analítica os caminhos da jornalista e escritora portuguesa Maria Archer.

Em nome da AMM e de mim própria o nosso reconhecido agradecimento pela sua presença e pelo maravilhoso contributo para a nossa associação.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

AMM INICIATIVAS

(MARÇO A JUNHO)

 - 8 de março, 6ª feira - Homenagem da AMM a Natália Correia na casa dos Açores do Porto, moderado por Otília Santos, com a participação do Presidente da Casa doa Açores do Norte, da Vereadora da Câmara do Porto Ilda Figueiredo e da pintora Do Carmo Vieira
 - 9 de março, sábado  - Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva, Espinho - Tributo a Natália Correia, organização da AMM. Moderação de Manuela Aguiar, palestras de Jose´Emílio Nelson e Do Carmo Vieira
 - ? abril - Monção Parceria AMM Câmara de Monção e instituições de ensino locais - Colóquio sobre a emigração portuguesa para França, moderação Graça Guedes, intervenções das associadas de Engrácia Lendro e Arcelina Santiago, entre outros
3 de maio - Lisboa, Ministério dos Negócios Estrangeiros - Lançamento do livro "Vidas com sentido", 225 histórias de vida, homenagem aos portugueses da América, no 225º aniversário da criação do Consulado de NY, uma iniciativa da Embaixadora Manuela Bairos, que era a responsável pelo Consulado e a primeira mulher a ocupar o posto. A AMM paricipou no projeto e no lançamento, presidido pelo MNE, esteve present e interveio uma das fundadoras, Maria Manuela Aguiar
23 de abril - Lever, Gaia  3ª  Bienal Internacional de Artes de Gaia  - uma "Bienal de causas"A AMM, através das associadas Maria Manuela Aguiar e Luísa Prior comissariou uma das exposições temáticas, com enfoque em "Mulheres e Cidadania, inaugurada neste dia
25 de abril - O dia 25 de abril foi celebrado em Gaia no espaço da Bienal e uma das duas exposições escolhidas para o efeito foi a das "Mulheres e Cidadania. A intervenção esteve a cargo de Maria Manuela Aguiar, que também subscreveu a apresentação do tema para o catálogo da Bienal.
 - 10 de maio, Clube Fenianos Porto. Comemorações do Dia da Comunidade Luso-Brasileira. levadas a cabo pela AMM, pelo 4º ano consecutivo
Colóquio "Portugal Brasil, a descoberta continua" , com intervenções de Graça Guedes, Salvato Trigo, Manuela Aguiar e outros e exposição de pintura comissariada por Constância Néry (Obras de Cássio Mello e Olga Santos)
 - 18 de maio - Biblioteca Almeida Garret, Porto - Comemoração do 10º aniversário do jornal "As Artes entre as Letras", dirigido por Nassalete Miranda, associada da AMM. Pela Associação estiveram presentes a Presidente da Direção Graça Guedes e Maria Manuela Aguiar. Ambas colaboraram com textos no jornal que assinala o aniversário.
 27 maio Biblioteca José Marmelo e Silva, Espinho -  Lançamento de livros de Adelaide Vilela, jornalista e escritora de Montreal e associada da AMM (em colaboração com a Universidade Senior de Espinho)
12 de junho  - Lever, Gaia  Diálogos na Bienal Colóquio sobre a temática "Mulheres e Cidadania". Intervenções de  Ilda Figueiredo Aurora Viera, Graça Guedes e Nassalete Miranda, numa homenagem a Agustina Bessa-Luís. Encerrou o Comissário da Bienal, Agostinho Santos. Moderou Maria Manuela Aguiar
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terça-feira, 8 de outubro de 2019

GRAÇA GUEDES Presidente da AMM, na abertura do ano académico da USE



ASSOCIATIVISMO E BEM ESTAR
UNIVERSIDADE SÉNIOR DE ESPINHO VERSUS ASSOCIAÇÃO MULHER MIGRANTE

Maria da Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática aposentada da Universidade do Porto
Presidente da Direção da Associação Mulher Migrante



INTRODUÇÃO

Não é uma frase de circunstância, mas a expressão de um sentimento verdadeiro, dizer a honra e satisfação de estar aqui hoje e participar nesta sessão que marca o início das aulas da Universidade Sénior de Espinho, neste que será o 23º ano escolar do seu percurso.

Participo com uma abordagem que envolve o associativismo e o bem estar, para explicitar como pode desempenhar um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida de todos e, sobretudo, dos mais velhos, trazendo dois exemplos paradigmáticos: a USE e a AMM.


ASSOCIATIVISMO E BEM ESTAR

Pela sua própria natureza, o Homem tem necessidade vital de se relacionar, de criar laços de cooperação e de entreajuda, de desenvolver projetos comunitários, de trocar experiências, de viver e conviver com as pessoas que vivem junto de si ou nas suas proximidades.

Desde a família nuclear, passando pela família alargada, pelos amigos, pelo clã e tribo, desde os tempos mais remotos e primitivos aos atuais, o instinto de sobrevivência sempre obrigou o Homem à criação e recriação de laços comunitários e a estruturas associativas diversificadas.

O associativismo é assim um dos pilares da sociedade. Uma das mais belas e perfeitas expressões de vida social, que efetiva os valores de entreajuda, de cooperação e de solidariedade.


As associações são normalmente escolas de cidadania e de vida, que fazem desenvolver nos seus membros competências específicas, estruturando a assunção de responsabilidades, rentabilização de recursos, trabalho de equipa.

A sua lógica de interdependência interna, protege-as das vulnerabilidades e rentabiliza as potencialidades individuais e coletivas, permitindo ir mais longe na construção de uma sociedade inclusiva.

Desde confrarias, misericórdias, hansas e guildas dos tempos medievais, de pendor religioso e social, a sociedade foi encontrando formas novas e renovadas para responder às necessidades emergentes.

E Portugal, tal como em muitos países, tem sido um alforge riquíssimo de respostas adequadas aos desafios dos tempos.

Se outrora tudo gravitava à volta das instituições religiosas, que respondiam como podiam e sabiam aos problemas das populações, com a evolução do pensamento e da ciência, começaram a eclodir novas soluções para as aspirações da  sociedade.  

Associações cívicas, patrióticas e humanitárias, de socorros mútuos, sindicatos, caixas de crédito e de consumo, cooperativas de ensino e de outras valências, que juntaram vontades e recursos para minimizarem as limitações materiais, culturais e educativas das comunidades.

Segundo Martins (2009), o associativismo tem a ver com a transformação social e política verificada no advento do liberalismo, das ideias propagadas pela Revolução Francesa (1787) e pelo surgimento da revolução industrial inglesa (sec. XVII).  

Para este autor, o aparecimento em Portugal das primeiras associações acontece na passagem do sec. XVIII para o XIX, quando começaram a surgir as primeiras sociedade filarmónicas de que há registo nacional, tais como a Banda de Música de Santiago de Riba-Ul (1722), a Banda Musical de Figueiredo (Arouca, 1741), a Banda Musical do Pontido (Vila Pouca de Aguiar, 1765), a Sociedade Artística Musical Fafense (Fafe, 1770), a Sociedade Filarmónica de Mões (Castro D´Aire, 1971), a Banda Musical de Oliveira (Barcelos, 1782), a Banda Musical de Monção (1792), a Sociedade dos Artistas Lisbonense (1792), a Filarmónica Verridense (Montemor o Velho, 1808), ou a Banda Filarmónica Ovarense, em 1811. Todas elas estão ainda em atividade.

Serão também de registar as associações de socorros mútuos, que surgem nos inícios do século XIX: o Montepio do Senhor Jesus do Bonfim em 1807, o  Montepio Jesus Maria José (1822) e o Ourives de Prata Lisbonense, em 1822.

Para Costa (2009), é na segunda metade do século XIX que surgem associações com vocações mais diversificadas: de vocação musical (Bandas de Música e grupos corais) de teatro, centros de instrução, de recreio, de desporto e de cultura, que  acumulavam muitas vezes a sua vocação com uma componente beneficiente. Surgiram também as associações humanitárias de bombeiros, os ranchos folclóricos, as sociedade colombófilas, etc.

Este caldo sócio-cultural foi espaço privilegiado para o aparecimento da maioria das associações então criadas e muitas das quais chegaram vivas e ativas até aos nossos dias.

Atualmente há um vasto leque de associações com diversificadas finalidades: científicas e de investigação, de ensino, de moradores, de pais, juvenis,  de defesa do património e do ambiente, de relações internacionais, de entre tantas outras, que se vêm afirmando e aperfeiçoando. Consequentemente, que se afirmam solidamente no universo social em que se inscrevem e para o qual se dirigem.

O associativismo tem também uma forte expressão na diáspora portuguesa, constituindo uma forma de conjugar indivíduos com interesses ou gostos análogos, que tem favorecido a implementação de objetivos comuns - convivência social, práticas culturais, recreativas e desportivas -  que podem ser consideradas como um processo globalizante de interpretações sociais e um meio privilegiado para o estabelecimento de um diálogo intercultural, que se alicerça no fortalecimento dos seus próprios valores culturais. 

As associações portuguesas espalhadas pelo mundo, em grande número e que abrangem todos os continentes, refletem a espontânea necessidade em manter e cultivar a sua própria identidade, de forma a criar mecanismos próprios para defesa dos seus interesses, bem como para manifestar uma presença ativa no país de acolhimento.

Na última década do século passado, nasceram a Universidade Sénior de Espinho e a Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante. 


UNIVERSIDADE SÉNIOR DE ESPINHO VERSUS ASSOCIAÇÃO  MULHER MIGRANTE 

Não vou aqui e agora explicar o que é a USE!
Obviamente!
Mas dizer o que penso: um modelo paradigmático de um associativismo dirigido para os mais velhos e para o seu bem estar, que conjuga magnificamente as aprendizagens em várias áreas científicas, propiciadas por excelentes professores, com a Arte, a Dança e a Música, que justificam a sua vitalidade e crescente desenvolvimento.
Os meus parabéns a todos e a todas: direção, professores, alunos.
Os meus votos de um excelente ano letivo que agora tem início 

Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade (AMM), é  também  designada Associação Mulher Migrante (AMM).

Foi constituída em 1993 e destaca-se por ser uma Associação defensora dos direitos de todas as mulheres portuguesas ou estrangeiras, dentro e fora de fronteiras, no domínio das migrações, da luta pelos direitos humanos e pelos direitos das mulheres.

Esta Associação teve um papel singular por preencher uma lacuna no acompanhamento da situação das emigrantes portugueses, sobretudo depois do 1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo, que a Secretaria de Estado da Emigração realizou em Viana do Castelo, em 1985. Um Encontro que constituiu uma espécie de "Conselho das Comunidades no feminino" e foi o primeiro passo de uma política para a igualdade. Tratou-se  de um acontecimento memorável, por ter ultrapassado, em qualidade de reflexão e debate, as expetativas mais positivas e também, por ter consubstanciado o nascimento das políticas de género para a emigração, que contudo só viriam a ser desenvolvidas, sistematicamente, duas décadas depois.

Em 1993, algumas das participantes e das organizadoras do mítico "Encontro de Viana", decidiram instituir a AMM, uma ONG destinada a colocar na ordem do dia as questões da emigração feminina e a repensar o papel das mulheres na Diáspora.

Considerando a divisa da AMM - Não há estrangeiros numa sociedade que vive os direitos humanos – foi determinada a nossa missão: contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que cada ser humano se possa realizar inteiramente - estrangeiros, mulheres, que sem direitos iguais, são como que estrangeiras no seu próprio país.
E, assim sendo, definidos os seguintes objetivos:
. Contribuir para a existência de políticas do género dentro e fora de fronteiras;
    . Aprofundar o conhecimento de realidades variáveis de comunidade para comunidade da emigração; aproximar essas comunidades entre si; promover as condições para a cidadania plena em cada uma delas; lutar pela igualdade e cidadania das mulheres;
  . Estabelecer redes de aproximação de mulheres de diferentes comunidades e delas com a AMM, potenciando assim uma vertente internacional;
   . Dar especial incentivo a uma participação cívica e política das mulheres emigrantes, seja pelo seu acesso ao patamar do dirigismo associativo em geral e em alternativa, pelo desenvolvimento de movimentos cívicos;
. Denunciar situações e promover a mudança;
  . Analisar e debater estudos científicos que favoreçam uma rigorosa interpretação da sociedade onde as mulheres ainda não têm iguais oportunidades;
. Dar relevo ao papel das mulheres em várias dimensões de cidadania;
    . Motivar as mulheres para a consciencialização do seu papel na mudança de esteriotipos socialmente construídos.

Metodologicamente, procuramos combinar a componente investigação (em diversas áreas, de acordo com a investigação científica desenvolvida nas universidades e centros de investigação), com o serviço público, o jornalismo, a arte, a literatura, o desporto , o associativismo, a música, a academia, a política, cuja divulgação é realizada em Congressos, Encontros, Colóquios, Tertúlias, Mesas Redondas, em parceria com Universidades, Autarquias, Fundações, Escolas e Associações, em Portugal e no estrangeiro, normalmente organizados pelas nossas associadas nesses países, algumas das quais criaram aí delegações da AMM (Argentina, Brasil, África do Sul, Canadá, EUA).  

Sempre que foi possível economicamente e graças ao patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, foram publicados trabalhos científicos, atas dos eventos,  em edições próprias da Associação MM.


O 1º Encontro Mundial de Mulheres Migrantes – Gerações em Diálogo, realizado em Março de 1995 e aqui em Espinho, marcou indelevelmente o início das atividades da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante. Foi Presidente da Comissão de Honra a Dra. Maria Barroso, que presidiu, brilhantemente, à sessão de encerramento.

Na década seguinte, foram realizados diversos colóquios e congressos, no país e no estrangeiro, mas é sobretudo a partir de 2005, por ocasião da comemoração do 20º aniversário do 1º Encontro Mundial, que a AMM organiza os Encontros para a Cidadania (2005-2009), em parceria com a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e outras ONG’s, tais como a Associação Pro Dignitate e a "Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade".

A Dra. Maria Barroso presidiu a todos os Encontros. Ninguém como ela poderia ser o rosto de um projeto de inclusão de género e de geração na vivência plena de cidadania nas comunidades portuguesas.

Maria Barroso, presente nas iniciativas da Associação Mulher Migrante e desde a primeira hora, continuou connosco nestas iniciativas pioneiras, evidenciando o progresso da democracia portuguesa na aplicação das políticas públicas da igualdade fora dos limites do território. Todo o programa foi desenvolvido, ao longo de quatro anos: na Argentina (Buenos Aires, 2005), na Suécia (Estocolmo, 2006), no Canadá (Toronto, 2007), na África do Sul (Joanesburgo, 2008), encerrando em Espinho (2009) – Encontro Mundial de Cidadãs da Diáspora, com a presença de representações de cada um desses Encontros. Simultaneamente, iniciou-se a comemoração dos 15 anos de atividades da AMM.

A história do já longo percurso desta Associação, da sua transformação em parceira de uma rede de organizações internacionais e de sucessivos governos (com a organização dos congressos mundiais de mulheres da diáspora de 2011 e 2013 e de conferências e colóquios nos vários continentes da nossa emigração e até 2018) para a execução de políticas de género, é a demonstração da capacidade de dar corpo a um projeto consistente, agregando vontades e talentos, de mulheres e homens por igual, à volta da problemática tradicionalmente marginalizada das migrações femininas em geral e, em particular, do objetivo da igualdade, pelo não à discriminação e pelo aumento dos níveis de participação cívica e política das mulheres, dentro do movimento associativo português (onde tradicionalmente não tinham voz e não ascendiam à liderança).


Porquê o sub título UNIVERSIDADE SÉNIOR DE ESPINHO VERSUS ASSOCIAÇÃO  MULHER MIGRANTE?

Para além de uma constante presença nas nossas organizações e que muito nos honra e agradecemos, razão pela qual em 2009 lhe foi atribuído em Assembleia Geral da AMM e por unanimidade o título de Sócia Honorária, a USE é de certa forma e muito justamente a madrinha das Universidades Sénior que já se criaram na África do Sul (Joanesburgo, Pretória e Cape Tawn), na Argentina (Buenos Aires e Vila Elisa ), no Canadá (Toronto).

E madrinha porquê?

Em 2008, estávamos em Joanesburgo num dos Encontros para a Cidadania, aí intitulado Mulher - Vertentes de Mobilidade numa Perspetiva de Diálogo Intercultural. 

Após a minha intervenção e no debate que a seguir normalmente acontece, fui questionada acerca da forma que eu achava poder dar resposta à situação de grande parte das mulheres portuguesas, agora aposentadas e limitadas ao seu espaço familiar, sem programas para a ocupação dos tempos livres. 

E  foi com a maior espontaneidade que logo respondi UNIVERSIDADES SÉNIORES, lembrando-me da USE e da sua dinâmica  e da enorme expansão em Portugal.

Acharam uma ideia ótima, que procurei ajudar a implementar. Recorri à USE, logo que aqui cheguei e a Dra. Glória, com a maior gentileza e disponibilidade, forneceu-me todo o material que julgou fundamental para a sua criação e legalização: estatutos, formulários e demais informações acerca dos procedimentos necessários.

Tudo foi enviado para Joanesburgo e lembrei que achava justo que a USE fosse Madrinha. Não sei se a minha sugestão foi implementada! Sei sim que há mais Universidades Sénior na Cidade do Cabo e em Pretória. Teria sido justo!

Este modelo foi entretanto apresentado em outros países por nosso intermédio, estando já a ser implementado pelas nossas associadas na Argentina, nos EUA e no Canadá. Todas elas a funcionar com a maior intensidade.

Todas com o modelo da USE!

CONCLUSÃO

O associativismo é assim um dos pilares da sociedade. Uma das mais belas e perfeitas expressões de vida social, que efetiva os valores de entreajuda, de cooperação e de solidariedade.

As associações são normalmente escolas de cidadania e de vida, que fazem desenvolver nos seus membros competências específicas, estruturando a assunção de responsabilidades, rentabilização de recursos, trabalho de equipa.

A sua lógica de interdependência interna, protege-as das vulnerabilidades e rentabiliza as potencialidades individuais e coletivas, permitindo ir mais longe na construção de uma sociedade inclusiva.

A USE e a AMM são dois exemplos de associativismo a que pertencemos, com o maior orgulho da sua dinâmica, acreditando que continuarão o seu caminho com a qualidade que sempre as tem caraterizado.