quinta-feira, 29 de março de 2018

MONTREAL EM FESTA

COMUNIDADE PORTUGUESA MONTREAL MARÇO 2018 Síntese de uma viagem contada na primeira pessoa A minha anfitriã foi Adelaide Vilela, que conheci numa primeira visita a Montreal em 1980. "Como o tempo passa". Há títulos de livros que são verdades eternas. Difícil de acreditar subjetivamente, mas 1980 foi há 38 anos, e essa minha "viagem de achamento", foi, se não me engano, precisamente em março. Recordo, como se tivesse sido ontem, a receção do célebre Maire Drapeau, a conversa sobre os Jogos olímpicos e sobre De Gaulle, na chão da varanda, onde gritara e seu "slogan" mobilizador. "Vive le Québec libre" - (hélas, nenhum referendo cumpriu, ainda, o sonho gaullista e o voto dos portugueses sempre foi no sentido de manter o Canadá maior e mais multicultural). Lembro a visita às escolas de português, à igreja de Santa Cruz e aos clubes... Todo esse mundo permanece. no horizonte há tanto de esperanças como de receios. Menos alunos nas escolas, alguns clubes a fecharem as portas. incerteza nas configurações que o futuro reserva ao movimento associativo tradicional, que evoluiu com gente da minha geração... Foi ainda esse o universo que revisitei, graças aos convites de Adelaide Vilela e de Norberto de Aguiar. Adelaide Vilela é uma daquelas raras mulheres, que conseguiu irromper, ostensiva e imparavelmente, numa "república de homens", como são, ou eram até há pouco, as comunidades da emigração. Uma mulher guerreira de boas causas, cheia de ímpeto e generosidade. Incrível a coragem e a energia que mantém aos 63 anos, apesar de um doença muscular, que já a obrigou a dezenas de cirurgias, a última das quais muito recente! Fez o lançamento de dois livros, num jantar de gala, com duas centenas de convivas, em que voluntários de todas as idades, leram poesia e prosa da Autora. O Cônsul- geral e eu integrámos a longa lista. Foi diferente, interessante, caloroso, nas instalações de um dos mais 200 - ou 300 - salões do Espírito Santo, que existem nas duas costas da América do Norte. E, no domingo, o jornal Luso presse, que é um dos melhores do mundo da emigração, organizou pela 18ª vez consecutiva o seu "dia internacional da Mulher", com uma homenagem a ... Maria Barroso! Depois, ficámos à conversa num excelente e tranquilo restaurante até às tantas. Já não ia a Montreal há 10 anos!!! Aceito estes convites, sempre que posso - prefiro pagar viagens longas para estes reencontros de amigos do que para passar férias em praias paradisíacas. Para férias, basta-me o mar de Espinho

OBSERVATÓRIO DAS MIGRAÇÕES - REMESSAS 2017

28/mar/2018 Valor das remessas cresceu em 2017 Segundo dados do Banco de Portugal, em 2017 entraram no país 3,554.75 milhões de euros em remessas de emigrantes, valor mais elevado do que o observado em 2016 (mais 6.3%). Confirma-se, assim, a tendência mais geral de crescimento registada desde 2010. + O valor de remessas atingido em 2017 é, em termos nominais, o mais alto da era do euro. Na série em análise, só em 2001, ainda antes da introdução do euro, foi aquele valor superado (3,736.82 milhões de euros). Ao longo do século, de 2001 a 2017, a variação no valor das remessas dos emigrantes recebidas em Portugal descreve uma curva em U, descendo até 2009, de modo mais pronunciado em 2002 e 2003, e predominando, desde 2010, uma tendência para a subida, mais acentuada em 2012 e 2013. Todas estas variações devem ser analisadas com cautela tendo em conta que são medidas em valores nominais e que podem ser, em alguns casos, explicadas mais por variações cambiais do que por mudanças na emigração.

sexta-feira, 16 de março de 2018

MANUELA AGUIAR em MONTREAL

De 23 a 26 de março, Manuela Aguiar estará em Montreal, a convite do Jornal Luso Presse e da jornalista Adelaide Vilela, para participar na celebração do Dia Internacional d Mulher, que aquele jornal promove desde a sua fundação, e no lançamento dos mais recentes livros de Adelaide vilela

Entrevista de Manuela Aguiar ao jornal "TERRA MINHOTA"

A ASSOCIAÇÃO MULHERES MIGRANTES VEM PROPOR A COMEMORAÇÃO DO DIA DA COMUNIDADE LUSO BRASILEIRA EM MONÇÃO. PORQUÊ? Monção é uma escolha perfeita, porque foi de terras do Minho que partiu a maioria dos emigrantes e dos colonizadores do Brasil. Foi a elas que regressaram os chamados "brasileiros de torna viagem", os portugueses mais ou menos enriquecidos, que se converteram em grandes mecenas e em contadores de relatos fascinantes de um Mundo Novo, o que levava a que cada vez mais conterrâneos os imitassem, atravessando o mar, em busca de fortuna. Nem todos a alcançaram, mas quase todos, de algum modo, trouxeram bem-estar às suas famílias, progresso às suas regiões e ao país, ao mesmo tempo que criavam um outro país, imenso. Muito deve o Brasil a um número incontável de monçanenses e, através deles, muito deve Monção ao Brasil. É disso que vamos falar no Colóquio, na data simbólica da sua descoberta pela expedição de Pedro Álvares Cabral. Desde 1967, por uma iniciativa legislativa do senador brasileiro Vasconcelos Torres, o 22 de abril está oficializada como "Dia da Comunidade Luso Brasileira". Nos termos da lei, cabe aos Governos organizar as comemorações, mas, na prática, tem sido a "sociedade civil" a fazê-lo, de norte a sul do Brasil - sociedade civil ou, mais precisamente, o poderoso movimento associativo da emigração portuguesa, muitas vezes em parceria com municípios, como o de São Paulo e de Santos ou com as autoridades de cada Estado. Este ano, por exemplo, o Governador do Rio Grande do Sul instituiu não só um dia mas uma semana de festejos, em honra da "Comunidade". Em Portugal, a data tem andado quase completamente esquecida. Julgo que Monção será, em 2018, a nossa única Câmara Municipal a celebrar condignamente, a efeméride. Acho importante destacar este facto e tudo faremos, a Drª Arcelina Santiago, ilustre e ativa monçanense, e eu para que tenha o merecido eco junto na nossa Diáspora. É CURIOSO QUE ESTE PROJETO SEJA PRIORITÁRIO PARA UMA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES.... Para nós, faz sentido um grande empenhamento no projeto, porque somos uma associação, formada por mulheres e homens que se preocupam, essencialmente, com questões de emigração, de cidadania e de igualdade - igualdade de género, não discriminação de minorias étnicas e de estrangeiros - , nos vários aspetos em que as consideramos, tais como a defesa do interculturalismo e da aproximação dos povos através dos mais fortes laços que unem os Estados, e que são os laços humanos, aprofundados pela partilha de vidas e experiências, pela convivência e amizade. Vemos como exemplo admirável desta união pela convivialidade a história do Brasil, uma história que nasce das migrações portuguesas, e com elas se continua, antes e sobretudo depois da independência do país. Ao longo de séculos, para lá que se dirigiu um êxodo sem fim de portugueses, e, crescentemente, desde fins do de oitocentos, de mulheres portuguesas. Com elas e com eles, se construiu a nação onde mais se expandiu a lusofonia, num espaço cem vezes maior do que o nosso território! É uma aventura fantástica do nosso passado, que devia ser aprendida, aprofundadamente, no programa das escolas, na disciplina da história de Portugal. Neste colóquio chamaremos a atenção para isso e para o futuro que poderemos dar a essa aventura, bem viva na comunidade luso-brasileira, na língua comum, nas afinidades culturais, no genuíno afeto dos dois povos. Um afeto que se revela tanto mais quanto melhor se conhecem!. No colóquio de 20 de abril, convidamos à reflexão sobre as formas de potenciar o conhecimento mútuo, num tempo em que há, felizmente, recomeço de partidas para o Brasil, a par do fenómeno inédito de uma imigração significativa de brasileiros entre nós. O título do colóquio expressa exatamente a vontade que nos anima de explorar e de divulgar as variadas facetas do mundo luso-brasileiro, através da partilha de saberes e de memórias, dos resultados de investigações científicas, de pesquisas jornalísticas, de vivências pessoais, de recordações familiares. Penso, por exemplo, em cartas, objetos, fotografias, relatos orais... É uma tarefa inadiável e infindável! Todas as terras deveriam seguir o exemplo de Monção, e iniciar a recolha sistemática de material documental e iconográfico relativo à sua Diáspora. Em alguns casos, esse esforço pode constituir um primeiro passo para a organização de um museu da emigração local e, em qualquer caso, será uma valiosa contribuição para o museu de âmbito nacional, de que tanto se tem falado e que há-de arrancar um dia... Muito me regozijo por constatar a recetividade com que a ideia está a ser trabalhada, aqui, pela Autarquia, pelas instituições, pelo jornal Terra Minhota, e também pelo Governo, pelo Secretário de Estado Mestre José Luís Carneiro, com cuja presença contamos nesse dia. É um esplêndido projeto de recuperação e salvaguarda de memórias, assim aberto a todos, a académicos, a políticos e diplomatas, a técnicos de emigração, a professores e alunos, a antigos emigrantes, a quaisquer cidadãos interessados numa jornada que será uma espécie de nova "viagem de descoberta" do Brasil. A PENSAR MAIS NA DESCOBERTA DE CABRAL OU NA ATUALIDADE? Sim, como disse, a escolha da data tem o seu valor simbólico, contudo o colóquio quer ir além da evocação dos feitos e acontecimentos de há quinhentos anos. Procura resultados práticos no relacionamento não só entre os Estados, mas entre gente concreta, procura mobilizar para a ação.. Acreditamos na possibilidade de dinamizar a fraternidade na comunidade transnacional de que somos parte, de despertar o sentimento de pertença, também deste lado do Atlântico. O ambiciosos objetivo é menos difícil se começarmos pelas terras de "tradição brasileira", como são as do Minho!. Para isso, contará muito o diálogo entre as gerações, a procura das raízes pelos mais novos. Não são só os brasileiros que precisam de saber mais sobre o seu passado português. Nós, de igual modo, temos de ir desvendando o nosso passado brasileiro - os nossos antepassados, os parentes que por lá andaram ou por lá ficaram, alguns dos quais já só vivem na recordação dos mais velhos e são um precioso legado para os gerações atuais ou vindouras. O projeto "ateilers de memória", que o "Terra Minhota" tão bem noticiou, é um dos meios de aprofundar a tomada de consciência da existência desta Comunidade, que, enquanto realidade sociológica se deve a um vai-vem migratório multissecular, embora seja recente (de meados do século XX), enquanto estrutura jurídica, que veio instituir a "cidadania luso-brasileira". O estatuto de cidadania luso-brasileira não foi uma proposta do governo português, foi uma reivindicação natural dos nossos emigrantes (nessa época, mais de um milhão!), aceite, espontaneamente, sem controvérsias, pelos políticos brasileiros. Na sua primeira formulação, no "Tratado de Amizade e Consulta" de 1953, assinado no Rio de Janeiro, o estatuto incluía uma ampla liberdade de circulação, de residência, de estabelecimento para os nacionais de um país no outro e a concessão dos direitos da nacionalidade, que não fossem incompatíveis com as respetivas Constituições. Em 1969, uma emenda à Constituição brasileira veio reconhecer explicitamente aos portugueses direitos civis e políticos a nível local, estadual e federal, incluindo o sufrágio nas eleições legislativas. Portugal soube, então, dar a reciprocidade de tratamento aos brasileiros e, em 1971, foi celebrado por ambas as partes a "Convenção de Igualdade de Direitos e Deveres entre Portugueses e Brasileiros", consagrando, nomeadamente, o acesso à magistratura judicial e o direito de voto num órgão de soberania, o parlamento. Se compararmos este estatuto de direitos com o da "cidadania europeia" constatamos que já na década de 70 conseguimos ir muito mais longe do que ainda agora vai a União Europeia (onde a participação política continua limitada ao nível autárquico...). Em 1988, o Brasil tomou de novo a dianteira e, na revisão constitucional desse ano, alargou o estatuto de direitos políticos, equiparando plenamente os portugueses aos brasileiros naturalizados, sob condição de reciprocidade - isto é, com direito de voto em todas as eleições, a possibilidade de serem deputados, membros do governo federal ou juízes dos tribunais superiores. Portugal levou treze longos anos e três processos de revisão constitucional, até dar reciprocidade de direitos políticos aos brasileiros, o que só veio a acontecer. em outubro de 2001. Não há, no nosso tempo, no mundo inteiro, comunidade que consagre estatuto semelhante - o que é muito revelador da fraternidade real, que sobra entre brasileiros e portugueses e falta, ao menos em grau e intensidade, entre europeus, na União Europeia. A EMIGRAÇÃO FEMININA VAI ESTAR EM FOCO? Obviamente, sim!. Temos a preocupação constante de a retirar do esquecimento em que ficavam, desde sempre e até à atualidade, as mulheres migrantes, mas na perspetiva de um movimento global das migrações, reunindo mulheres e homens que se preocupam com os problemas da persistente desigualdade entre os sexos neste domínio, onde as discriminações assumem, com frequência, caraterísticas especiais, tanto na integração na sociedade estrangeira, como no meio português. Este tende a ser muito conservador, pondo, em regra, mais obstáculos à plena participação das mulheres do que a sociedade de acolhimento, onde as mulheres se integram mais depressa e melhor, levando com elas a família inteira para novos patamares de prosperidade. Foi uma Mulher do norte, a Professora Engrácia Leandro, da Universidade do Minho, a primeira a mostrar, numa brilhante tese de doutoramento, esta surpreendente realidade. O seu estudo centrou-se apenas na região de Paris. mas a situação no resto da França é semelhante, e até também o é em outros países, onde as emigrantes acederam à autonomia económica pelo trabalho remunerado e pela aprendizagem da língua e dos costumes, normalmente mais depressa do que os maridos, pelo facto de trabalharem no setor dos serviços, em contacto diário com os naturais desses países. No Brasil não se põe o problema da língua e há especificidades, também, na forma de inserção. Na emigração tradicional, que ascendeu às classes média ou média/ alta, as mulheres são, em regra, "donas de casa" e praticamente invisíveis na direção das grandes associações portuguesas. Tudo como dantes!.. . Não assim entre as mais jovens. que se afirmam nas mais prestigiadas profissões e carreiras, e participam em atividades cívicas ou políticas..Não sendo embora tema central do colóquio, falaremos de portuguesas que foram, no Brasil, exceções à regra, no século passado, caso da grande escritora feminista Maria Archer e de Ruth Escobar, uma portuguesa do Porto que, para além de ter sido uma grande atriz e empresário de teatro vanguardista, foi a primeira mulher eleita na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - e ao abrigo da Convenção da Igualdade, pois nunca se naturalizou brasileira. DIZ-SE QUE, EM QUALQUER EVENTO, O SUCESSO SE MEDE NO DIA SEGUINTE... O QUE ESPERA DESTE COLÓQUIO, COMO RESULTADO CONCRETO? Espero, sobretudo, que os participantes do colóquio vivam no futuro este espírito de descoberta contínua do Outro, sendo o Outro, neste caso, a grande potência cultural, linguística e económica, que é o Brasil. Espero que todos se sintam mais orgulhosos de Portugal e mais brasileiros, como eu me sinto desde uma primeira visita ao Rio de Janeiro, para as comemorações do 22 de abril de 1980. Em síntese, a mensagem é esta: somos todos luso.brasileiros!

TERRA MINHOTA sobre o COLÒQUIO de 20 ABRIL

ENVIADO POR ARCELINA SANTIAGO Artigo abril terra minhota 1 de abril Colóquio Portugal / Brasil - a descoberta continua, a partir de Monção - com especial destaque para as mulheres da diáspora Nesta edição de Abril , já mais perto do dia da realização deste colóquio que colocará Monção, como pioneira na realização da celebração do Dia das Comunidades Luso- Brasileiras iremos dar a conhecer o teor de mais comunicações que farão parte de um programa constituído por dois momentos, com a participação de palestrantes de destaque nacional, do mundo académico e da comunidade. Investigadores/as, professores, estudantes, decisores políticos, interessados/as nesta temática, todos os Monçanenses são desafiados a participar neste colóquio e torná-lo num momento de debate e reflexão em torno da história da emigração, da cidadania e da lusofonia que ganha agora novo incentivo através da decisão legislativa que visa reforçar o estudo da emigração, fazendo-se jus a esta parte importante da história do povo português. Dar-se-á especial ênfase às questões da Igualdade e relevo a mulheres e homens da diáspora lusa com cunho minhoto. Rui Miguel Pires, Mestre em Relações Internacionais da Universidade Lusíada do Porto, dar-nos-á uma panorâmica da emigração com a sua intervenção intitulada A Emigração de Viana do Castelo para o Brasil (1929-1950) a partir dos livros de registo de passaporte Nesta apresentação, será feita uma análise e caraterização da emigração do distrito de Viana para o Brasil, através do levantamento, tratamento e análise dos dados recolhidos nos livros de registo de passaportes do Governo Civil de Viana do Castelo que integram o acervo documental do seu Arquivo Distrital. Recorrendo a métodos estatísticos de interpretação dos dados é esboçado um perfil do emigrante do distrito de Viana para o Brasil, dando conta do volume dos efetivos migratórios para esse país e sua importância relativa no contexto nacional; da sua distribuição por destino; por naturalidade; por género; por estado civil; por grupos etários; pela classificação socioprofissional e pelos agrupamentos familiares ou profissionais. Trata-se essencialmente de uma análise dos fatores explicativos desse fenómeno, enquadrando-o nos seus condicionalismos endógenos e exógenos resultantes da evolução política e económica internacional e nacional, que simultaneamente são fatores de repulsa e atração que potenciam e se refletem na emigração portuguesa para o Brasil, num período particular da História das Relações Internacionais. Francisco Alves, Diretor do jornal local A Terra Minhota, apresentará um breve historial do Jornal e da sua dinâmica nas trajetórias da diáspora, com enfoque especial para a nova vaga de emigração, numa rubrica do Jornal "Monçanenses pelo mundo " . Arcelina Santiago, Mestre em Ciências Sociais Políticas e Jurídicas - Universidade de Aveiro abordará o tema dos Ateliês da memória e o significado que os testemunhos podem ter na reconstituição da história da emigração com cunho minhoto, desafio que lançou a toda a comunidade Monçanense . Estas perspetivas poliédricas, assim denominadas por se tratarem de pontos intermináveis que reúnem aspetos fundamentais para a compreensão deste fenómeno com cunho monçanense continuará a ter expressão com a intervenção eloquente do Dr. José António Barreto Nunes, Juiz Conselheiro , colaborador do jornal A Terra Minhota, cidadão dedicado à investigação da história social de personalidades minhotas. Apresentará em Monçanenses para o Brasil algumas figuras femininas desta diáspora lusa para o Brasil. Seguem-se mais abordagens em torno da emigração, cidadania e lusofonia onde as mulheres da diáspora continuam a ser homenageadas. Isabel Cristina Mateus , doutorada pela Universidade do Minho, docente de Literatura Portuguesa do Instituto de Letras e Ciências Humanas e investigadora do Centro de Estudos Humanísticos, autora de vários estudos sobre autores da literatura portuguesa e coordenadora responsável pela edição da obra completa de Maria Ondina Braga, fará uma comunicação em torno de uma mulher notável no mundo das letras: Maria Ondina Braga: do coração do Minho ao coração do mundo. Maria Ondina Braga fez da viagem e da condição migrante a sua forma de vida, o seu modo singular de estar no mundo e da sua voz, uma voz única no panorama literário português. Nascida em Braga, a sua itinerância cruza vários continentes, tendo vivido em várias cidades europeias, africanas e asiáticas. Apesar de não ter vivido no Brasil, a presença deste país não deixa, todavia, de ser marcante para a escritora e de fazer parte da sua geografia pessoal e literária, nomeadamente através da memória, do imaginário e da representação de uma das tias, mulher de coragem e grande contadora de histórias que há-de ser uma permanente fonte de inspiração para Maria Ondina. Do mesmo modo que não deixa de estar presente na correspondência que a autora nos legou e nos dá testemunho da viagem que, em 1972, fez a este país e do modo como se confrontou com as suas gentes e paisagens. Depois, será tempo de dar destaque a uma emigração forçada, o exilio, personificado em Maria Archer. Revisitar Maria Archer, é uma forma de homenagear uma mulher vanguardista, defensora dos direitos das mulheres numa sociedade austera, orientada pelos princípios da ditadura salazarista e que a autora retrata nas suas obras. Precisamos de lembrar mulheres corajosas, dá-las a conhecer, principalmente, aos mais jovens, para que possam consciencializar-se de quão árdua foi a luta pela liberdade e defesa dos direitos das mulheres e que essa caminhada ainda continua. Muito poder-se-á dizer sobre Maria Archer e sobre a sua trajetória de cidadania em Portugal, a partida forçada para o exílio, as suas viagens por África, o Brasil que a recebeu de braços abertos... Foi reconstituindo a sua vida enquanto mulher defensora de causas, usando como arma a escrita, que Arcelina Santiago organizou um texto que será dramatizado por dois jovens da EPRAMI, Beatriz Lopes e Pedro Cerqueira em Maria Archer, uma portuguesa no Brasil - Entrevista Imaginária a Maria Archer. Por fim, teremos a intervenção de Manuela Aguiar, ex- secretaria de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas e presidente da Associação Milher Migrante , com o tema da Cidadania Luso- Brasileira: Tratado de Igualdade Portugal- Brasil a "questão da reciprocidade" - homenagem a Ruth Escobar. Manuela Aguiar apresenta-nos o historial deste processo de afirmação que vai muito para além de estatutos jurídicos pois esta Comunidade baseia-se em laços de afeto, de sangue e de língua, em memórias de família - comunidade a que todos podemos pertencer pelo coração. É essa comunidade, que vai evocar em Monção em abril de 2018. Tempo depois para homenagear RUTH ESCOBAR, CIDADÃ LUSO- BRASILEIRA Ruth Escobar foi no século XX, a mais famosa das imigrantes portuguesa no Brasil, país para onde partiu, aos 16 anos, com a mãe. Um exemplo invulgar de emigração feminina, em meados de novecentos. Atriz, empresária, ativista de direitos humanos, feminista e pioneira no mundo masculino da política, Ruth nunca requereu a nacionalidade brasileira. Fez história ao abrigo da Convenção de Igualdade de Direitos, como a primeira mulher eleita, em dois sucessivos mandatos, à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A sua caminhada para a fama foi meteórica - aos 18 anos criou uma revista de cultura portuguesa "Ala Arriba", aos vinte e poucos anos, era atriz e produtora teatral, construiu um teatro com o seu nome, na cidade de São Paulo e fundou o Teatro Nacional Popular, que levava a muitos milhares de pessoas, na periferia do Estado, espetáculos itinerantes de reconhecida qualidade. A partir de 1974, organizou os primeiros Festivais Internacionais de Teatro, que constituíram uma força renovadora das artes dramáticas do Brasil. Resistente à ditadura, converteu o seu teatro em palco de luta pela liberdade. Em democracia, foi a primeira mulher Deputada, a primeira Presidente do "Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres" e, durante muitos anos, a líder da representação do Brasil nas Nações Unidas, para o acompanhamento da Convenção contra a discriminação das Mulheres. .Pode dizer-se que esta genial atriz, que se iniciou nos autos de Gil Vicente, foi uma verdadeira cidadã luso brasileira, no seu afeto pelos dois países, na defesa dos seus valores culturais, e na sua carreira teatral, pelo modo como soube preservar e divulgar a herança vicentina num percurso de muitas décadas marcado pelo vanguardismo. Vanguardismo com que mudou a face do teatro no Brasil, e pelo qual recebeu, em vida, as mais altas condecorações brasileiras, a Legião de Honra da França, e a Ordem do Infante Dom Henrique. Prestar-lhe homenagem, no Dia da Comunidade Luso-Brasileira, é uma forma de levar os portugueses à descoberta desta imigrante tão célebre.

PORTUGAL BRASIL: A DESCOBERTA CONTINUA, A PARTIR DE MONÇÃO PROGRAMA

COLÓQUIO Portugal / Brasil - a descoberta continua, a partir de Monção DATA: 20 abril 2018 LOCAL: EPRAMI (Escola Profissional do Alto Minho Interior) - Monção ORGANIZADORES : Câmara Municipal de Monção , Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade, Casa Museu de Monção da Universidade do Minho, EPRAMI PARCEIROS: Universidade Sénior de Monção, Agrupamento de Escolas de Monção, Centro de Formação Vale do Minho, Jornal As Artes entre Letras, jornal A Terra Minhota SOBRE O COLÓQUIO: O Colóquio " Portugal/Brasil - a Descoberta contínua, a partir de Monção " vem celebrar o momento histórico em que Pedro Álvares Cabral avista terra do Brasil, onde é hoje Porto Seguro, a 22 de abril de 1500. Foi essa a data que o Senado Brasileiro aprovou como "Dia da Comunidade Luso Brasileira" - iniciativa que viria a ser ratificada por Portugal. A efeméride é celebrada em todo o Brasil, com grande empenho dos Portugueses, mas passa quase despercebida em Portugal. É essa falta que, nos últimos anos, a AMM tem procurado colmatar promovendo esta celebração há já três anos, em cidades diferentes. Esta iniciativa dará oportunidade de debate em torno de questões de Emigração, Cidadania e Lusofonia, a nível nacional, com particular enfoque para o Minho e, em especial, para Monção. Assim a proposta apresentada pela Mulher Migrante-Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade ( AMM) foi abraçada de imediato pela Câmara Municipal de Monção à qual se juntaram outras entidades. Esta iniciativa tem o alto patrocínio do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Investigadores/as, professores, estudantes, decisores políticos, interessados/as nesta temática, são desafiados a participar neste colóquio e torná-lo num momento de debate e reflexão em torno da história da emigração, da cidadania e da lusofonia que ganha agora novo incentivo através da decisão legislativa que visa reforçar o estudo da emigração, fazendo-se jus a esta parte importante da história do povo português. Dar-se-á especial ênfase às questões da Igualdade e relevo a mulheres e homens da diáspora lusa com cunho minhoto. Haverá dois momentos com a participação de palestrantes de destaque nacional, do mundo académico e da comunidade. COMISSÃO CIENTÍFICA: Graça Guedes, Professora Catedrática Aposentada da Universidade do Porto. José Viriato Capela, Professor Catedrático da Universidade do Minho e Presidente da Casa Museu de Monção da UMInho Alexandra Esteves, Professora Auxiliar da Universidade Católica, Pólo de Braga PROGRAMA 9.30h - Sessão de abertura Senhor Embaixador do Brasil ( aguarda-se confirmação) Senhor Presidente da Câmara Municipal de Monção, Diretora da EPRAMI, Associação Mulher Migrante 10h 1º painel: DIMENSÕES DO POLIEDRO DA EMIGRAÇÃO . A Emigração de Viana do Castelo para o Brasil (1929-1950) a partir dos livros de registo de passaporte Rui Miguel Pires, Mestre em Relações Internacionais - Universidade Lusíada do Porto . Ateliês da memória - Monçanenses pelo mundo Francisco Alves, Diretor do jornal local A Terra Minhota Arcelina Santiago, Mestre em Ciências Sociais Políticas e Jurídicas - Universidade de Aveiro Alunos do Agrupamento de Escolas de Monção , Universidade Sénior de Monção e leitores do Jornal A Terra Minhota Coffee break . Maria Ondina Braga: do coração do Minho ao coração do mundo Isabel Cristina Mateus, Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Lusófonos do Instituto de Letras e Ciências Humanas (ILCH) da UMinho . Maria Archer, uma portuguesa no Brasil . Entrevista Imaginária a Maria Archer Alunos da EPRAMI - Beatriz Lopes e Pedro Cerqueira . História de uma Vida Carlos de Lemos, Cônsul Honorário de Portugal em Melbourne . Entrevista pelos alunos do 6ºB da Escola Deu la Deu Martins Moderadora: Nassalete Miranda, Diretora do Jornal As Artes entre as Letras Almoço 13 h - 14 h 14h - 2º painel: EMIGRAÇÃO E CIDADANIA . Os “brasileiros” no norte de Portugal no século XIX: marcas de uma presença e histórias de vida Alexandra Esteves, Professora Auxiliar da Universidade Católica, Pólo de Braga . Capitão general João Pereira Caldas. De Monção para o Grão Pará – Um “migrante” ao serviço do Rei Ernesto Português, Investigador/Colaborador do Centro de História da Universidade de Lisboa. . Monçanenses no Brasil José António Barreto Nunes, Juiz Conselheiro e colaborador do jornal A Terra Minhota Cidadania Luso- Brasileira: Tratado de Igualdade Portugal- Brasil a "questão da reciprocidade" - homenagem a Ruth Escobar Manuela Aguiar, ex-Secretaria de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas, Presidente da Assembleia Geral da Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Moderadora: Graça Guedes, Professora Catedrática Aposentada da Universidade do Porto. . Sessão de Encerramento Senhor Secretário das Comunidades Portuguesas, Mestre José Luís Carneiro (enviado por ARCELINA SANTIAGO)

VIDAS COM SENTIDO . 225 histórias de vida a celebrar os 225 anos do Consulado de NY

A AMM tem a honra de participar num extraordinário projeto da Drª Manuela Bairos, a primeira Mulher Cônsul- Geral de Portugal em NY, em 225 anos:a publicação de 225 histórias de vida passadas na área deste Consulado!

NOVA YORK - Colóquio "A MEMÓRIA COMO HERANÇA"

Uma organização da Consulado - Geral de Portugal, em parceria com a "Mulher Migrante, Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade" e as Escolas Comunitárias, realizou-se em 20 de janeiro, em instalações do município de Mineola o colóquio - MEMÓRIA COMO HERANÇA - (MANHÃ) 10.00 – 11.30 Encontro com professores das escolas comunitárias Moderador: Dr José Carlos Adão 1. Coordenador-Adjunto de Ensino - Dr José Carlos Adão “língua portuguesa como língua de herança” As escolas comunitárias como suporte da herança portuguesa e da identidade luso-americana 2. Consul-Geral Manuela Bairos Projecto escolar: entrevista dos alunos aos avós sobre as suas histórias de emigração 3. Período de interação com professores e diretores das Escolas comunitárias 4. Presidente da Mulher Migrante, Dra Manuela Aguiar O papel dos professores e dos alunos, das famílias na defesa do património da língua de herança e da cultura portuguesa 111.45-1300 Debate 13.00 – 14.00 (almoço) (TARDE) Identidade Luso-Americana como Herança Portuguesa 14.30 – 15.00 Apresentação da convidada Manuela Aguiar de honra e do programa da tarde pela Cônsul-Geral Um projeto para o diálogo do movimento associativo português no mundo 15.00 – 15.45 Identidade de origem portuguesa Moderador: Paulo Pereira Josh Mendes (jewish) Diane Macedo Manny Frade 16.00 – 16.45 Participação cívica e associativismo Moderador: Agostinho Saraiva Felisbela Ferreira Anália Beato/Amélia Gonçalves Bruno Machado 17.00 – 17.45 Afirmação profissional Moderadora: Paula Mendes Amelita Moreira Srª Martins Tony Castro Luis Tormenta 18.00 – 18.45 Participação política Moderadora: Maria João Ávila Rosa Rebimbas Paulo Pereira Maria Araujo Khan Jack Martins Janice Duarte 19.00 Jantar no Mineola Portuguese Center Por trás do grande sucesso do colóquio está a experiência, a criatividade, a energia da Cônsul-Geral Drª Manuela Bairos, emotivamente homenageada no jantar da comunidade, com a presença de centenas de portugueses e luso -americanos, que destacaram o seu trabalho em NY nos últimos três anos. Fica uma das frases que marcou a homenagem: "nunca mais teremos ninguém como ela", no ano em que se celebra o 225º aniversário da criação do Consulado de Portugal, em NY. Como escreveram no prefácio a quatro mão Mariano Gago e Onésimo de Almeida, citados por Manuela Aguiar "era preciso cloná-la no MNE".

RUTH ESCOBAR, CIDADÃ LUSO BRASILEIRA (sinopse para o Colóquio de Monção)

RUTH ESCOBAR, CIDADÃ LUSO - BRASILEIRA Ruth Escobar foi, bo Brasil do século XX, mais célebre portuguesa, como atriz, empresária teatral de vanguarda, ativista de direitos humanos e pioneira na vida política brasileira. Sem nunca ter adotado a nacionalidade do país, ao abrigo da Convenção de Igualdade, fez historia como a primeira mulher eleita deputada, em dois sucessivos mandatos, à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Nascida e criada no centro da cidade do Porto, onde, no Liceu Carolina Michaelis se iniciara na artes cénicas, em autos de Gil Vicente, emigrou com a mãe aos de. Duas mulheres sozinhas, a mãe com a vontade de melhorar a vida, a filha cheia de sonhos que haveria de cumprir, grandiosamente. Nas suas próprias palavras: "quando embarquei para o Brasil, no Serpa Pinto, com a minha mãe, levava também a certeza de um destino, pois soube que tudo o que sucedeu na minha vida, mesmo antes do meu nascimento, estava moldado por uma força universal, cósmica, transcendente". No colégio paulista, logo se destaca e ganha o prémio de "raínha", pelo seu carater expansivo e talento para representar. Aos 18 anos, troca o estudo pelo trabalho, e, com apoios da comunidade portuguesa, cria a sua própria revista, "Ala Arriba". Como jornalista amadora, lança-se numa campanha pela presença portuguesa em Goa e percorre o mundo, ombreando com os melhores correspondentes de imprensa internacional, entrevistando uma lista de celebridades, como Foster Dulles e Christian Pinaud, Bulganin e Krushev, o Principe Norodan Sihanouk, o presidente das Filipinas, os primeiros-ministros da Turquia e da Tailândia, o mítico Nasser (a única a ter esse privilégio, no meio de quinhentos jornalistas presentes no Cairo), os governadores de Macau e da Índia e até Salazar. Os seus exclusivos são disputados por revistas como a "Life" e por grandes jornais de S, Paulo e Lisboa. Com pouco mais de vinte anos, torna-se produtora teatral, depois como atriz. Constrói um teatro com o seu nome, em São Paulo, faz sensação com a fundação, em 1963, do Teatro Nacional Popular, que leva ao povo das periferias do Estado, a muitos milhares de pessoas, espetáculos de qualidade (Martins Pera, Suassuna...), Durante a ditadura, o seu teatro é um palco de luta pela liberdade de expressão, Sucediamm-se as ameaças, os interrogatórios e prisões, os ataques de comandos para-militares, a violência sobre os próprios atores, mas Ruth Escobar tudo afrontava com a sua coragem de guerreira. Em Lisboa, conhece as três Marias, e por sua influência descobre a atualidade do feminismo, uma metamorfose que contribuirá para a conduzir aos hemiciclos da intervenção parlamentar, a ser a primeira presidente do "Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres" e, durante muitos anos, a representante do Brasil nas Nações Unidas para o acompanhamento da Convenção contra a discriminação das Mulheres. No mundo do teatro, organiza, a partir de 1974, os primeiros Festivais Internacionais de Teatro., reconhecidos como a força renovadora do panorama da arte dramática brasileira. Nos anos noventa, deixa a política, mas não a intervenção cívica, e regressa aos palcos, como atriz e empresária . A sua herança teatral, enraizada no Gil Vicente da juventude, e no vanguardismo em que projetou o seu génio e a sua energia, ao longo de décadas, mudou a face do moderno teatro brasileiro . Ruth recebeu, em vida, as mais altas condecorações brasileiras. a Legião de Honra da França,e, por fim, até a Ordem do Infante Dom Henrique. Esta ilustre cidadã luso.brasileira, tão famosa no Brasil, não é, ainda, e queremos contribuir para que seja, conhecida e homenageada na sua terra de origem