domingo, 14 de julho de 2019

GRAÇA GUEDES NO CLUBE FENIANOS



Comemoração do dia da Comunidade Luso Brasileira
PORTUGAL / BRASIL, a descoberta continua
Clube Fenianos Portuenses, 10 de Maio de 2019, 18 horas


CUMPRIMENTOS


Cumprimento a mesa e todos os presentes
Em nome pessoal e da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante, quero agradecer ao Clube Fenianos Portuenses e na pessoa do seu Diretor as suas palavras de boas vindas e o acolhimento neste espaço emblemático da cidade do Porto, para mais uma comemoração do dia da Comunidade Luso Brasileira que a AMM organiza.
Agradecer a presença do Consulado Geral do Brasil no Porto na pessoa da Vice Cônsul Geral, Dra. Maria Lígia Verdi, aos conferencistas, Prof. Doutor Salvato Trigo, Mestre Berta Souza Guedes Santana, Dr. Cassiano Scapini, Dra. Manuela Aguiar e Dra. Constância Nery, comissária da exposição aqui patente e nossa associada, a quem agradeço muito especialmente todo o empenho na organização deste evento.


A todos o meu bem haja.


O dia 22 de Abril, o dia em que em 1500, Pedro Álvares Cabral avistou terra brasileira, foi oficialmente designado DIA DA COMUNIDADE LUSO-BRASILEIRA e tem inspirado comemorações anuais, realizadas sobretudo por associações portuguesas em Portugal e no Brasil, com iniciativas da sociedade civil e muitas vezes com o apoio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, em datas nem sempre coincidentes com este dia, tal como hoje
Fazendo um pouco história destas comemorações, permitam-me recuar a 1985, quando em Belmonte, terra natal de Pedro Álvares Cabral, por iniciativa da então Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Dra. Manuela Aguiar, foram realizadas as primeiras comemorações e, simbolicamente, na terra natal do descobridor do Brasil.
No ano seguinte, as comemorações voltaram a acontecer, dessa vez em Ponte de Lima, às quais estive diretamente ligada na sua organização. Com um programa de luxo e com conferencista escolhidos a dedo pelo Prof. Salvato Trigo e que hoje volta a estar connosco: os Prof. Doutores José Augusto Seabra, na altura Embaixador de Portugal na UNECO, Maria de Lourdes Belchior, Norma Tasca, Eugénio dos Santos, Jorge Braga e, obviamente, Salvato Trigo. E do Brasil, os Prof. Doutores Soares Amora da Usp e Baeta Neves, da Fundação Getúlio Braga (Rio de Janeiro). Estiveram presentes o Bispo de Viana do Castelo, os Embaixadores de Portugal na Santa Sé e do Brasil, bem como os deputados da sub comissão da Emigração.  
A Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante (AMM), a exemplo de anos anteriores, propõe dar continuidade a estas celebrações, sempre com colóquios e exposições de artes plásticas e, este ano no Porto: Portugal / Brasil, a descoberta continua.
E, sendo a cidade do Porto geminada com Recife (estado de Pernambuco), as conferências serão centradas nas ligações passadas e recentes entre estas duas cidades.


Respeitando rigorosamente o PROGRAMA, dou de imediato a palavra 
à Dra. Maria Lígia Verdi, Vice Cônsul Geral do Brasil no Porto, após a qual falarão os restantes palestrantes:


. E, se outros mundos houvera, lá chegavam…: a Lusofonia e o futuro como presente do nosso passado - Prof. Doutor Salvato Trigo, Reitor da Universidade Fernando Pessoa


. O bloco Folia das Deusas : uma ONG enraizada na cultura carnavalesca do Recife  - Prof. Doutora Maria da Graça Sousa Guedes, Professora Catedrática Aposentada da Universidade  do Porto e Presidente da Direção da Associação Mulher Migrante


. O bloco Folia das Deusas e a Associação Mulher Migrante - Mestre Berta Guedes Santana, doutoranda em Psicologia na Universidade do Porto e Vice Presidente da Direção da Associação Mulher Migrante


. 30 anos em Portugal  – Dr. Cassiano Scapini, médico dentista


. O Círculo Maria Archer – Dra. Maria Manuela Aguiar, sócia fundadora da AMM, jurista, ex-Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas


. Exposição A Arte Continua (6ª edição) - Dra. Constância Nery, comissária:
        Artistas: Prof. Cassio Melo e Arqª. Olga Santos
       
       Encerramento

BERTA GUEDES NO CLUBE FENIANOS

COMEMORAÇÃO DO DIA DA COMUNIDADE LUSO-BRASILEIRA
PORTUGAL/ BRASIL, a descoberta continua
Clube Fenianos Portuenses, 10 de maio de 2019, 18 horas

Boa tarde a todas e a todos!
Cumprimento a mesa e todos os presentes, agradecendo o convite para estar aqui esta tarde, num clube com vocação carnavalesca para falar de uma Associação que nasceu como bloco de Carnaval e que, portanto, tem esta característica em comum com o nosso anfitrião.
Como a Prof. Graça Guedes já muito bem referiu, os festejos de Momo, a tradição carnavalesca é muito forte no nordeste do Brasil, mais precisamente em Pernambuco, na cidade do Recife, cidade natal da minha mãe e para onde emigrei aos 11 anos de idade. 
A Associação de que vos falo, a Folia das Deusas, é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que surgiu como um bloco de Carnaval, fruto de conversas e preocupações de duas amigas (eu, que sou Vice-Presidente e fundadora e a presidente, Adelina Cristina). Das nossas reuniões e vivências familiares e profissionais, resultou esta proposta que traz no seu estatuto temas abrangentes e que intuitivamente, em 1999, ano de sua fundação, antevia uma das preocupações do milénio, a equidade de género. O estatuto desta associação contempla desde medidas pró-equidade de género aos direitos da mulher, à sua autonomia e empoderamento. Há também preocupação com a sustentabilidade.
A Associação Folia das Deusas surge como Bloco Carnavalesco Folia das Deusas, porque o bloco é um instrumento enraizado na cultura pernambucana e foi escolhido pela riqueza, vigor e vitalidade com que o Carnaval permeia, penetra e expressa-se em todas as camadas da sociedade, propiciando uma forma lúdica, festiva e acessível aos mais diversos meios sociais. 
Para além dos festejos de Momo, brincando, antevíamos um dos objetivos do Milénio: a equidade de género. Desta maneira, chamamos a atenção para os direitos de cidadã, para a saúde física e mental das mulheres, para a sua educação, autonomia financeira, criatividade,  empreendedorismo e sustentabilidade. Promovemos o tão necessário e desejado empoderamento feminino, que tem por objetivo que a mulher tome as rédeas da sua própria trajetória e seja autora da sua história.
No percurso do Folia das Deusas, para além dos tradicionais desfiles carnavalescos, que acontecem anualmente e seguem diversos itinerários, saindo da casa dos meus pais, seu berço, desfilando pelo bairro das Graças, pelo Poço da Panela, bairro de tradição carnavalesca, homenageando Olinda e o seu carnaval multicultural, bem como prestigiando os festejos do bairro de São José e Santo António, mais conhecido como Recife Antigo. 
Outros eventos já foram promovidos pelo Folia das Deusas. Para além de bazares, oficinas de artesanato, chás de tertúlias, realizamos o primeiro colóquio internacional em parceria com a Associação Mulher Migrante, associação que também represento no Recife. 
Foi em Novembro de 2013, ano em que se comemorou o ano de Brasil / Portugal, que organizamos esse colóquio intitulado Expressões Femininas de Cidadania: As Portuguesas no Recife, realizado no Gabinete Português de Leitura do Recife, nosso parceiro em diversas iniciativas e acerca do qual disponibilizamos uma publicação editada pela Associação Mulher Migrante. No Gabinete Português de Leitura,  também comemoramos os 40 anos do 25 de Abril, a Revolução dos Cravos, com exibição do filme “Capitães de Abril” da atriz e cineasta portuguesa, Maria Medeiros, que gentilmente autorizou gratuitamente tal exibição, seguida de discussão sobre o tema, relembrando a forma feminina da revolução de abril, sem combate e vítimas fatais. 
Outra iniciativa importante foi o seminário que promovemos sobre o Acordo Previdenciário sobre Brasil e Portugal, relativo aos direitos previdenciários e às regras a seguir para garantir tais direitos aos que emigram nos dois sentidos entre os dois países irmãos.
A Folia das Deusas, apesar da sua temática feminista, não é uma associação exclusivamente feminina; conta com a valiosa colaboração de homens sensíveis, que connosco almejam a equidade de género.
As preocupações com as questões de género e a violência contra a mulher, que estão no cerne da nossa associação, surgem do meu trabalho como psicóloga numa unidade de saúde, que tem sede num hospital público de grande porte na cidade do Recife, e onde funciona um serviço pioneiro de atenção e cuidados a mulheres vítimas de violência. 
Concluo esta breve participação, lembrando o tema deste encontro -  PORTUGAL/ BRASIL, a descoberta continua…- dizendo que no Brasil, assim como em Portugal, a condição desigual da mulher na sociedade e a sua vulnerabilidade, infelizmente também continua. Há que se combater esta situação e, para tal, utilizar todas as estratégias que a nossa criatividade nos permitir.
Muito obrigada a todas e todos pela atenção.

Berta Guedes
VICE-PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA AMM

Comemoração do dia da Comunidade Luso Brasileira PORTUGAL / BRASIL, a descoberta continua
Clube Fenianos Portuenses, 10 de Maio de 2019, 18 horas



 O dia 22 de Abril, o dia em que em 1500, Pedro Álvares Cabral avistou terra brasileira, foi oficialmente designado DIA DA COMUNIDADE LUSO-BRASILEIRA, que tem inspirado comemorações anuais, realizadas sobretudo por associações portuguesas em Portugal e no Brasil, com iniciativas da sociedade civil e muitas vezes com o apoio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, em datas nem sempre são coincidentes com este dia. A Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante (AMM), a exemplo de anos anteriores, propõe dar continuidade a estas celebrações, sempre com colóquios e exposições de artes plásticas e, este ano no Porto: Portugal / Brasil, a descoberta continua. E, sendo a cidade do Porto geminada com Recife (estado de Pernambuco), as conferências serão centradas nas ligações passadas e recentes entre estas duas cidades. A AMM orgulha-se de que estas comemorações aconteçam no emblemático Clube Fenianos Portuenses, que gentilmente se associa a esta organização e que muito agradecemos. E hoje, a Associação Mulher Migrante é aqui acolhida e apoiada na organização deste Colóquio e Exposição de Artes Plásticas para comemorarmos o dia da Comunidade Luso Brasileira.

PROGRAMA:
Exposição: Arte continua Artistas: Prof. Cassio Melo e Arqª. Olga Santos Comissária: Constância Nèry

Colóquio:
. Boas vindas – Dr. Fernando Pais Lopes da Silva, Presidente do Clube Fenianos Portuenses . Abertura – Dra. Maria Lígia Verdi, Vice Cônsul Geral do Brasil no Porto . E, se outros mundos houvera, lá chegavam…: a Lusofonia e o futuro como presente do nosso passado - Prof. Doutor Salvato Trigo, Reitor da Universidade Fernando Pessoa . O bloco Folia das Deusas : uma ONG enraizada na cultura carnavalesca do Recife - Prof. Doutora Maria da Graça Sousa Guedes, Professora Catedrática Aposentada da Universidade do Porto e Presidente da Direção da Associação Mulher Migrante . O bloco Folia das Deusas e a Associação Mulher Migrante - Mestre Berta Guedes Santana, doutoranda em Psicologia na Universidade do Porto e Vice Presidente da Direção da Associação Mulher Migrante . 30 anos em Portugal – Dr. Cassiano Scapini, médico dentista . O Círculo Maria Archer – Dra. Maria Manuela Aguiar, sócia fundadora da AMM, jurista, exSecretária de Estado das Comunidades Portuguesas . Exposição A Arte Continua (6ª edição) - Dra. Constância Nery, comissária Encerramento

GRAÇA GUEDES EM MONÇÃO

COLÓQUIO EMIGRAÇÃO PARA FRANÇA NA DÉCADA DE 60
Casa Museu de Monção da Universidade do Minho, 5 de Abril de 2019

1º Painel: Perspetivas sobre a emigração para França (10,30/12,30 h)
Moderação: Graça Guedes


Pela quarta vez e em quatro anos consecutivos a AMM orgulha-se de organizar este Colóquio que tem como título A Emigração Portuguesa para França na Década de 60, em parceria com a Casa Museu da Universidade do Minho, que também nos acolhe nestas belíssimas instalações, com o apoio da Câmara Municipal de Monção e o alto patrocínio de Sua Excelência o Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Mestre José Luís Carneiro. 

Em quatro anos consecutivos importantes temáticas foram desenvolvidas por especialistas de reconhecido mérito científico e que importa agora lembrar:
2016 – Expressões de Cidadania no Feminino
2017 - Euricidade. Monção-Salvaterra de Miño – Expressões de Cidadania no Feminino na Região Luso-Galaica. Neste colóquio tivemos também a parceria do Concello de Salvaterra de Miño. 
Para além de conferências, esteve patente no Museu de Monção e no Castelo de Dona Urraca, uma exposição intitulada Expresións de Cidadanía no Feminino, distribuída nestes dois espaços. 
Houve ainda  o Concerto/Conferência intitulado A Música de Exprésion Ibérica, proferidas pelos Maestros Vitorino d´Almeida e Miguel Leite no Cine Teatro João Verde (Monção).
2018 – Portugal-Brasil, a descoberta continua a partir de Monção.

Todos estes Colóquios aconteceram graças ao empenho da Mestre Arcelina Santiago, que tudo fez e bem, para esta realidade e que aqui registo com o maior orgulho e satisfação, felicitando-a vivamente e com muita amizade.

Todos estes Colóquios foram amplamente anunciados e divulgados pela comunicação social , destacando e agradecendo ao Jornal Entre as Artes e as Letras, na pessoa da sua diretora Mestre Nassalete Miranda, que vai moderar o painel da tarde e é também uma repetente, como eu, nestas funções, bem como ao Jornal A Terra Minhota.
E para este Colóquio, o Jornal Entre as Artes e as Letras, que quinzenalmente entra na minha caixa de correio, ainda na semana passada dedicou três páginas inteiras, uma das quais com o cartaz contendo toda a programação, outra com um texto excelente da Mestre Arcelina Santiago, intitulado Monção continua a colocar na sua agenda cultural e pedagógica a rota dos Colóquios sobra a Emigração e outra com um texto do Presidente da Câmara de Monção , Dr. António Barbosa, intitulado Colóquio A Emigração para França na Década de 60.
A todos e todas o meu bem hajam.

Esta manhã - 1º Painel: Perspetivas sobre a emigração para França  - vamos começar com um conferência proferida pelo Prof. Doutor Henrique Rodrigues, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, que abordará o tema Ligações de papel e tinta e afetos na emigração para França.(30´)
   O Prof. Doutor Henrique Rodrigues, é Doutorado em História Moderna e Contemporânea, Investigador filiado na Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), associado ao CETRAD/UTAD. Proferiu mais de centena e meia de comunicações, palestras e conferências, com  mais de cento e setenta títulos publicados em academias, centros de investigação e outras instituições científicas e fundações nacionais e estrangeiras. 
Tem investigado sobre a temática das mobilidades, das escritas privadas, da guerra e da emigração oitocentista. 

Após a conferência seguem-se os Ateliês da Memória, que nos vão ser apresentados pelo Dr. Henrique Barreto Antunes e que resultam de uma atividade desenvolvida pela Mestre Arcelina Santiago e  integrada na dinâmica cultural e social em Monção, junto das  escolas e universidades Sénior, balizando recolher testemunhos locais de quem viveu esta  emigração na primeira pessoa. (29 ´)

Serão também apresentadas experiências retratadas em  livro, hoje do livro A Terra do Chiculate, de Isabel Maria Fidalgo Mateus, que será dramatizado pelos alunos do 6º ano da Escola Deu-la-Deu Martins e orientada pela Professora Rosa Lima. (20 ´) . 

A terminar e antes do período de debate com que encerra esta manhã (12,30 h), temos A Viagem a Salto, com três testemunhos:
Maria Isabel Português
António Conde Gonçalves
Manuel Luís Ruivo Araújo 

A gestão do tempo vai ter de ser rigorosa...esse é o papel do moderador pelo que peço a todos que não ultrapassem os minutos que dispõem.
Bons trabalhos.




Resumo da conferência:

Há alguns anos, adquirimos um lote de cartas endereçadas a um jovem que, desde novo, ainda estudante, se correspondia com colegas da mesma faixa etária. Eram mais de sete centenas de escritas do Eu; entre elas, cerca de sete dezenas foram enviadas pelo pai, emigrante desde 1970, além de outras missivas circuladas entre o núcleo familiar. O receptor das epístolas iniciou uma carreira futebolística aos dezasseis anos, no escalão júnior do Sport Lisboa e Benfica, tendo depois passado por vários clubes, mas de escalões inferiores. Ao longo de seis anos, podemos acompanhar as ligações de papel entre pai e filho, único descendente, a quem os progenitores deram apoio financeiro, durante o período de permanência em França, emergindo como o centro dos afectos, um “menino mimado” a quem nada faltava, vivendo afastado da mãe e com o ascendente em Paris. A corrente de tinta revela-nos um quadro de “manipulação” pela ausência do progenitor, que tudo fazia para não perder o vínculo com o filho, sempre preocupado com os resultados no desporto, na escola e durante o cumprimento do serviço militar, enviando remessas e tudo ou quase tudo que o filho ia solicitando e que os tempos da moda impunham.
Enquanto presenteava o descendente com “gordas mesadas”, o emigrante recorria ao papel e tinta para avivar os afetos, pedindo resposta a cada carta, correspondendo-se frequentemente com o filho (Fernando Manuel), a esposa (Rosalina Ramalheira), a mãe (Vitalina da Encarnação) e outros atores da escrita, mas apenas tivemos acesso ao espólio conservado pelo jovem que reuniu perto de sete centenas de cartas. 
Desconhecemos a data da emigração Fernando Moita. A avaliar pela missiva mais antiga, datada de Março de 1970, mês em que o jovem ia fazer dezassete anos, a cadeia de papel estava lubrificada, considerando que, como diz o emissor, «cá recebi a tua carta com a qual fiquei muito satisfeito por saber notícias tuas». Como esta epístola tem como local de emissão a sede da empresa onde o trabalhador recebia a correspondência, podemos inferir que se tratava do início de carreira profissional como emigrante. A reforçar esta asserção, emerge a nota sobre as dificuldades de comunicação de quem estava numa terra estrangeira onde «…mete… confusão não saber ainda bem falar francês», lamentava-se o emigrante, e pedia apoio ao filho, através de algum livro para aprender a nova língua.
Neste texto, abriremos com uma síntese sobre escritas de gente sem história, seguindo-se um registo com valores quantitativos sobre a emigração portuguesa após segunda guerra mundial, destacando a mobilidade dos anos sessenta para França e terminaremos com uma abordagem às escritas privadas em contexto migratório, tendo corpo documental o espólio conservado pelo filho de um emigrante.






















COLÓQUIO EMIGRAÇÃO PARA FRANÇA NA DÉCADA DE 60
Casa Museu de Monção da Universidade do Minho, 5 de Abril de 2019

ENCERRAMENTO


Pela quarta vez e em quatro anos consecutivos a Associação Mulher Migrante  orgulha-se de ter organizado este Colóquio que tem como título A Emigração Portuguesa para França na Década de 60, em parceria com a Casa Museu da Universidade do Minho, que também nos acolhe nestas belíssimas instalações, com o apoio da Câmara Municipal de Monção e o alto patrocínio de Sua Excelência o Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Mestre José Luís Carneiro. 

Em quatro anos consecutivos, importantes temáticas foram desenvolvidas por especialistas de reconhecido mérito científico e que importa agora lembrar:
2016 – Expressões de Cidadania no Feminino
2017 - Euricidade. Monção-Salvaterra de Miño – Expressões de Cidadania no Feminino na Região Luso-Galaica. Neste colóquio tivemos também a parceria do Concello de Salvaterra de Miño. 
Para além de conferências, esteve patente no Museu de Monção e no Castelo de Dona Urraca, uma exposição intitulada Expresións de Cidadanía no Feminino, distribuída nestes dois espaços. 
Houve ainda  o Concerto/Conferência intitulado A Música de Exprésion Ibérica, proferidas pelos Maestros Vitorino d´Almeida e Miguel Leite no Cine Teatro João Verde (Monção).
2018 – Portugal-Brasil, a descoberta continua a partir de Monção.

Todos estes Colóquios aconteceram graças ao empenho da Mestre Arcelina Santiago, que tudo fez e bem, para esta realidade e que aqui registo com o maior orgulho e satisfação, felicitando-a vivamente e com muita amizade.

Todos estes Colóquios foram amplamente anunciados e divulgados pela comunicação social , destacando e agradecendo ao Jornal Entre as Artes e as Letras, na pessoa da sua diretora Mestre Nassalete Miranda, que moderou o painel da tarde e é também uma repetente, como eu, nestas funções, bem como ao Jornal A Terra Minhota.


Manhã
1º Painel: Perspetivas sobre a emigração para França (10,30/12,30 h)

Iniciou com uma conferência proferida pelo Prof. Doutor Henrique Rodrigues, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, que abordou o tema Ligações de papel e tinta e afetos na emigração para França.
Seguiram-se os Ateliês da Memória, apresentados pelo Dr. Henrique Barreto Antunes e que resultam de uma atividade desenvolvida pela Mestre Arcelina Santiago e  integrada na dinâmica cultural e social em Monção, junto das  escolas e universidades Sénior, balizando recolher testemunhos locais de quem viveu esta  emigração na primeira pessoa.
Foram também apresentadas experiências retratadas em  livro, hoje do livro A Terra do Chiculate, de Isabel Maria Fidalgo Mateus, que foi dramatizado pelos alunos do 6º ano da Escola Deu-la-Deu Martins e orientada pela Professora Rosa Lima.  
A terminar e antes do período de debate com que encerrou a manhã  - A Viagem a Salto - houve três testemunhos: Maria Isabel Português / António Conde Gonçalves / Manuel Luís Ruivo Araújo 

Tarde
2º painel: O processo de integração dos movimentos migratórios
  * Conferências:
  • Papel da mulher e da família no contexto migratório
Prof. Doutora Maria Engrácia Leandro – Professora Catedrática da Universidade do Minho
  • Jogos de Espelhos entre Emigrantes Residentes
Prof. Doutor Albertino Gonçalves – Professor Catedrático da Universidade do Minho
* Testemunhos de Monçanenses: O Papel do Associativismo
António Costa/Rosa Afonso/João Fernando Rodrigues/Maria Inácia Bartolomeu
    • Dramatização  pelos alunos da Universidade Sénior: O Baile e Memórias Cinzeladas
in A Terra do Chiculate

* Narrativas de Regresso: uma reflexão sobre a segunda geração da emigração portuguesa
    • Prof. Doutora Sofia Afonso
Fundadora e até há pouco tempo Presidente do Observatório dos Luso Descendentes

Muito obrigada a todos e a todos por estes momentos mágicos que aqui nos foram propiciados 

Graça Guedes

Presidente da Direção da AMM