sábado, 19 de setembro de 2009

O CONGRESSO E A BIBLIOTECA

A Associação Mulher Migrante vai já no seu segundo blogue - primeiro este, sobre o congresso, agora a "biblioteca"!
Excelente a idéia de colocar na NET, na vossa "BIBLIOTECA" as publicações, que vão sendo editadas em papel - porque estas se esgotam, ou são de difícil acesso a quem está longe, e o blogue serve todos, onde quer que estejam e por muitos que sejam, desde que saibam ler português...
Eu sou uma das leitoras atentas, admiradoras e obrigadas!
Também pertenço ao "grupo 60+" e gosto de ver as jovens da minha geração a criar blogues e a navegar na "blogosfera".
Conheço a Manuela Aguiar, das férias de verão em Espinho, há mais de meio século, e sei que ela resistiu por muitos e muitos anos à tentação do telemóvel e dos SMS e ao mundo de oportunidades da Internet, mas converteu-se subitamente às suas virtudes e virtualidades no final do verão de 2008.
Acompanhei de perto a sua "alfabetização" nestas matérias, a sua iniciação nestes misteriosos avanços da nosso tempo, que a gente nem percebe rigorosamente, mas utiliza muito bem, agradecendo o "milagre". Eu estava por perto e de princípio ainda partilhei a minha superior literacia com ela...
Um ou dois meses depois, ei-la a criar os blogues da Associação Mulher Migrante, para além dos seus, o blogguiar e o aguiaríssimo, que também frequento e recomendo.
Agora que está pouco mais ou menos reformada ( e talvez mesmo desiludida das políticas, mas não das migrações) acho que vai ser menos "a Manuela a voar" e mais "a Manuela a navegar".
Sempre imparável.
Muito a sério: PARABÉNS!

Rosa Maria Gayoso

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ALGUNS MOMENTOS E FACTOS VIVIDOS

Rita Gomes
«Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade»,
mais conhecida por «Associação Mulher Migrante».

alguns momentos e factos vividos

Pareceu-nos oportuno recordar, alguns momentos e factos que temos vivido e que em conjunto acompanhámos, os quais na sua diversidade contribuíram para que tivéssemos conseguido atingir esta etapa de 15 anos de existência com trabalho realizado positivamente.
Lembramos o entusiasmo com que vivemos os primeiros passos para a constituição da «Associação»: a parte burocrática, a escolha de objectivos, as primeiras Reuniões em Grupo com participação activa de mulheres – na sua maioria – mas também de homens e envolvendo já algumas/alguns participantes do Estrangeiro.
Caminhámos juntos desde 8 de Outubro de 1993, dia em que assinámos a Escritura Notarial da constituição da Associação. Então ainda sem sede própria, o que só veio a concretizar-se em 2004: em 2003 assinámos um Protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa, através do qual passámos a dispor de instalações, pagando naturalmente em contrapartida uma renda mensal. Houve depois que realizar algumas Obras e por isso só em 2004 nos reinstalámos. Tínhamos iniciado a nossa actividade numa sede, cedida por empréstimo e por pouco tempo, passámos depois a dispor de outra instalação em conjunto com um Centro de Apoio a Jovens e a Idosos, conseguida por intermédio de pessoas Amigas, que muito nos ajudaram e também por intermédio de um Protocolo, pagando renda. O espaço passou a ser exíguo para as 2 ONG’s. Daí que após várias diligências junto da Câmara Municipal de Lisboa - desde 1994 - tivéssemos conseguido concretizar esse objectivo – ter Sede própria - em finais de 2004.
Desde o início que temos lutado com dificuldades de ordem financeira, que com a nossa persistência e boa vontade temos vindo a conseguir superar; o nosso trabalho é feito em regime de voluntariado, o que sucede de igual modo a outras ONG’s .
Sempre que consideramos necessário, ao prosseguimento dos nossos trabalhos, apresentamos Projectos a diversas Entidades Públicas e Privadas e assim temos caminhado desde o início.
Contamos sempre com o nossos trabalho, com a solidariedade de Associadas/os, com a cooperação das referidas Entidades e é com esse conjunto de apoios que temos prosseguido os Objectivos do nosso Projecto em Portugal e no Estrangeiro, junto das Comunidades Portuguesas.
Conforme consta do nosso blogue,* criado em Dezembro de 2008, pode verificar-se através dos diversos eventos que realizámos ou em que participámos durante estes 15 Anos, que as nossas preocupações no que respeita à área da Mulher Migrante, têm abrangido estudo e muita reflexão de acordo com a evolução da conjuntura das Migrações, procurando chamar a atenção para as dificuldades sentidas. Sempre que possível se tem também procurado conseguir o contacto directo com quem vive e sente mais directamente os problemas, chegando-se quantas vezes a situações de carência de apoio imediato, para que temos procurado conseguir o necessário apoio.
Em Portugal, no Ano de 2001, iniciámos a realização de uns Seminários em colaboração com algumas Câmaras Municipais e com a Região Autónoma da Madeira, sobre Mulheres Migrantes, abrangendo consequentemente também as Mulheres Imigrantes na perspectiva das Entidades Locais, para que se conseguiu a presença e participação dessas mulheres. Ver Blogue.
Em Fevereiro de 2002, com a preocupação da «nova imigração», organizámos mesmo um Colóquio sobre esta temática. Ver Blogue.
Podemos acrescentar que fomos das primeiras Associações que, à data, concretizaram Iniciativas na área da «nova imigração».
Temos também participado e colaborado em vários eventos, dando a nossa contribuição, através de parcerias, nomeadamente, com outras ONG’s.
Mais recentemente, desde 2005, como se pode verificar também através de textos mais completos, publicados no nosso aludido Blogue, trabalhámos , em parceria, os «Encontros para a Cidadania», que constam igualmente desta Publicação, dirigidos a Mulheres Migrantes, nas Comunidades Portuguesas.
A «nova emigração»
Portugal, já desde há alguns anos está a viver uma nova fase no que respeita às Migrações: a da «nova emigração», que envolve uma multiplicidade de aspectos e a exigir estudo, muito estudo, mas sobretudo a necessidade de adopção de medidas adequadas, antes da partida e no País de trabalho.
As Migrações constituem um Mundo que exige sempre uma actualizada análise das situações existentes e que impõem nas mais diversas áreas uma activa actuação, visando a melhoria, a solução dos mais complexos problemas sociais, económicos, jurídicos, políticos…
Importará um mais concreta actuação, «as saídas» dos nossos compatriotas, continua a processar-se sem que possuam o indispensável conhecimento!
««««««
E, a terminar esta breve Nota, mais alguns elementos sobre a Associação Mulher Migrante:
Fomos admitidas no Conselho Consultivo da então CIDM - Comissão para a Igualdade e para os Direitos da Mulher - desde 1993. E viemos a ser readmitidas mais recentemente no actual Conselho Consultivo da GiG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género; tem-nos sido concedido Cartão do ACIDI – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural - como Associação de Imigrantes e seus descendentes; mais recentemente fomos eleitas/os para o Conselho Municipal para a Interculturalidade e a Cidadania – CMIC – Câmara Municipal de Lisboa. Este Conselho implantou já o Fórum Municipal da Interculturalidade – FMINT- que constitui um “espaço de debate, reflexão e estudo, visando aumentar o conhecimento, a partilha e a qualificação das práticas dos actores sociais relevantes para a promoção do diálogo em torno da imigração, diversidade e interculturalidade”.
Em cerimónia pública foi atribuída à «Associação», durante a Festa comemorativa dos Aniversários do jornal «A Voz de Azeméis» e da revista «Portugal», a respectiva Medalha de Mérito.
Pelo Governo Civil de Lisboa, foi passada à «Mulher Migrante», uma certidão atestando a sua idoneidade.
Continuaremos a nossa actividade na busca constante de melhor conhecer, para melhor apoiar e crescermos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MENSAGEM DRª MARIA BARROSO 8 março

Retida em Lisboa por vários compromissos assumidos antes da marcação do Congresso da Mulher Migrante a que apenas assisti, presidindo à Mesa de Abertura com a Drª Manuela Aguiar e o Presidente da Câmara Municipal de Espinho, José Mota, não posso estar hoje convosco.
Lamento-o profundamente porque seria uma celebração da maior importância e entre as extraordinárias mulheres que vieram de várias comunidades espalhadas pelo mundo.
Foi-me extremamente agradável e até emocionante poder reencontrar queridas, corajosas e até ilustres amigas do Canadá, da Argentina, da África do Sul, do Brasil, dos Estados Unidos e de alguns outros lugares, cujo contacto é sempre para mim altamente estimulante. Elas estão por esse mundo fora prestigiando não só os países onde se integram, mas conquistando um grande prestígio também para o país onde as suas raízes afundam. É verdade que não vieram sós e acompanha-as um grande número de homens, também eles portugueses ilustres, que vieram reflectir connosco sobre os problemas que enfrentam as mulheres migrantes e dizer do que pensam das experiências que juntos, mulheres e homens da diáspora têm tido.
Foi, pois, com mágoa que os deixei por exigência da minha presença num acontecimento importante na vida cultural do país e a que não podia faltar.
Também no sábado teria de estar num encontro com a Governadora Civil de Lisboa e o Ministro da Administração Interna. Era tudo muito apertado para poder regressar a Espinho e celebrar convosco o Dia da Mulher, como tanto desejaria fazer.
De qualquer modo não quero deixar de vos enviar a minha mensagem de solidariedade por esse dia que constituiu um marco importante na história do percurso da mulher em todo o mundo.
Gostava de ter lembrado convosco os nomes de algumas das mais ilustres mulheres portugueses que lutaram pela emancipação da mulher, pelo seu direito a gozarem da mesma dignidade que era conferida aos homens e que lhes era negada.
As desigualdades que existiam entre ambos, a inferiorização a que foi sujeita durante séculos fizeram emergir algumas figuras que se revoltaram contra essa situação humilhante e desencadearam numa luta constante e determinada para a eliminar, conseguindo que numerosas e extraordinárias conquistas fossem alcançadas. O acesso à educação, à libertação do domínio do homem espartilhando e até anulando os seus direitos mais elementares, a conquista do direito de voto, a modificação do seu estatuto no Código Civil – tudo isso foi o resultado da luta corajosa da mulher para se sentir - como hoje o consegue – em igualdade de posição com a do homem, ambos tendo hoje a possibilidade de afirmar e viver iguais direitos.
Através dos tempos ainda lembramos os nomes de algumas portuguesas ilustres. Mais afastadas, mas não menos empenhadas, vem-nos à lembrança Luísa de Sigein, a Rainha D. Filipa de Lencastre, a D. Leonor que se distinguiram no campo da Educação e da Cultura. Mais perto já de nós não esquecemos a médica Adelaide de Cabete, Ana de Castro Osório, Branca de Gonta Colaço e muitas outras que foram verdadeiras heroínas neste sector.
Ainda mais perto de nós Maria Lamas e Maria Isabel Aboim Inglês, duas extraordinárias mulheres que lutaram pelo respeito dos Direitos Humanos no que se refere a mulheres e também a homens. Elina Guimarães foi também uma dessas mulheres, ilustre e incansável lutadora até à sua morte, ocorrida há poucos anos.
Claro que a Revolução do 25 de Abril veio facilitar essa progressão no domínio desses Direitos.
E, apesar do que já foi conseguido na letra da lei, nos documentos que nos afirmam a igualdade entre mulheres e homens, ainda há que lutarmos para conseguir que esses documentos, essas declarações não sejam apenas intenções, mas uma prática constante, clara e inequívoca desses Direitos.
A nossa voz tem de ser ouvida tal como a dos homens porque somos duas metades da mesma Humanidade. As decisões que dizem respeito ao destino das duas metades terão de ser tomadas sempre com a participação das vozes e pareceres das duas.
Para que possamos caminhar para um mundo melhor – mais fraterno, mais justo, mais solidário e pacífico, abrindo horizontes de esperança a gerações futuras.
Queridos Amigos – um abraço muito afectuoso da vossa

Maria Barroso Soares

8 – 3 - 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ABERTURA Maria Manuela Aguiar

ABERTURA DO ENCONTRO

Maria Manuela Aguiar

Obrigada por terem, todos, respondido à convocatória para este Encontro em Espinho, que é, afinal, um reencontro, a dar continuidade e a projectar numa dimensão futura os "Encontros para a cidadania - A Igualdade entre mulheres e homens, que, de 2005 a 2009 se organizaram nas comunidades portuguesas da América do Sul, da Europa, da América do Norte e da África do Sul

.Um agradecimento muito especial é devido:

À Dr-ª Maria Barroso, Presidente de Honra dos Encontros, que connosco percorreu o mundo da Diáspora Portuguesa, levando -lhe a força das suas palavras inspiradas e mobilizadoras e, também, do seu exemplo de vida.

Ao Presidente da Câmara de Espinho, Senhor José Mota, que, desde a primeira hora, nos encorajou e influenciou, decisivamente, a seguir em frente, com a sua solidariedade e apoio muito concreto. Fê-lo como alguém que é amigo e aliado, porque conhece e compreende a importância das migrações para esta cidade, para esta região e para o País, globalmente.

Ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. António Braga, a quem se fica a dever a própria ideia de realizar conferências e seminários, em diferentes continentes, para fazer um ponto de situação, no que respeita à questão de Género, antes desta reunião internacional de encerramento que, à semelhança das antecedentes, assumimos como uma iniciativa conjunta do Governo e de ONG's. Espera-se que, no olhar pela diversidade das realidades da emigração, em várias regiões e continentes, o método comparatista sirva, sobretudo, para promover um nivelamento pelo alto, através do efeito de atracção do paradigma superior.

Às representantes do Encontros para a cidadania, D.Maria Violante Martins, da Argentina, D. Claudia Ferreira, do Brasil, Dr.ª Maria Amélia Paiva, Cônsul-Geral de Portugal em Toronto, Dr.ª Manuela Baptita Rosa, da Àfrica do Sul e Profª Doutora Deolinda Adão, dos EUA. Vieram de longe para nos falar das suas comunidades, das vivências e perspectivas de evolução, nesta longa caminhada das mulheres no sentido da igualdade de intervenção cívica.

E, do mesmo modo, estamos gratos a todos quantos aceitaram ser parte nos debates que estão prestes a começar, trazendo-nos o resultado de reflexão e de estudo em universidades e centros de investigação, ou os seus saberes de experiência feitos, na militância de movimentos cívicos e associativos, assim como a sua vontade de construir uma sociedade mais tolerante e aberta à diferença, à alteridade, seja dos portugueses do estrangeiro, seja dos estrangeiros em Portugal.

NENHUMA PESSOA É ESTRANGEIRA NUMA SOCIEDADE QUE VIVE OS DIREITOS HUMANOS

Com este lema a Associação Mulher Migrante se apresentou há 15 anos, e com ele tem desenvolvido as suas actividades, numa trajectória de constante militância cívica. Igualdade e cidadania para os estrangeiros, para as mulheres, estiveram sempre e permanecem no centro das nossas preocupações. Olhamos as mulheres como cidadãs, face aos Países, de origem e de destino, no quadro singular de uma vivência repartida entre o país de origem e o de integração. Um vivência relativamente pouco conhecida, porque lhe não tem sido dada visibilidade suficiente, porque tem sido menos estudada... Bem vistas as coisas, as omissões que podem apontar-se, nesta área, constituem mais uma forma larvada de discriminação de "género". É nosso propósito combate-la no presente, erradica-la no futuro.

À reflexão e acção, neste domínio, convocamos não apenas as mulheres, porque entendemos que a atitude, por demais comum, de pôr as pôr a debater, entre si, questões ditas "femininas" pode marginalizar uma causa que é central, reduzindo o seu impacte e capacidade de desencadear transformações... Queremos mulheres e homens a pensar, em conjunto, coisas que dizem respeito a todos, à sociedade , ao País - como é o caso das migrações, que envolveram, sempre, ainda que em proporções variáveis, ambos os sexos, e que, ao longo dos tempos, fizeram e refizeram Portugal em outros espaços geográficos, assim como - o que é ainda menos reconhecido... - dentro do nosso próprio interior. Acreditamos que a mudança dentro de Portugal, tal como a sobrevivência e expansão das comunidades do exterior dependerá da inclusão de grupos tradicionalmente excluidos da tomada de decisão, do primeiro plano, do dirigismo : as mulheres e os mais jovens. Neste sentido alguns progressos se registam, já...

É o que indicia a história dos sucessivos congressos mundiais de Portuguesas da Diáspora, ao longo das últimas três décadas, bem como as conclusões de inúmeros seminários, colóquios, reuniões e trabalhos de investigação, a revelar o seu percurso gradualmente ascensional - não muito espectacular, talvez, mas consistente.

O Encontro Mundial, em 1985, em Viana do Castelo ( o primeiro que terá organizado, na Europa, o governo de um pais de emigração para a diáspora feminina...) dá-nos a imagem de mulheres conscientes do valor do seu papel, tanto quanto da falta de reconhecimento geral da sua verdadeira força matricial, nas comunidades. Década a década, no de 1995, em Espinho (organizado por uma ONG, acabada de nascer...) e, desde 2005, nos Encontros para a Cidadania ( uma parceria Estado/ONG's) vemos crescer os níveis de auto-confiança das mulheres, tanto como os níveis de partilha de responsabilidades e decisões, das emigrantes e dos emigrantes nos vários sectores da vida familiar e profissional, incluindo, mais lentalmente, em regra, no associatiativismo, nas instituições das comunidades.

Podemos falar de uma caminhada em frente, sem retrocessos, na prossecução de um projecto português cívico, humanista e feminista. Feminista, sim! Não tenhamos medo das palavras: o feminismo, que pomos em prática, é o humanismo no feminino.

Animadas destes espíritos, duas Portuguesa das Américas, Natália Dutra, da Califórnia, e Maria Alice Ribeiro, de Toronto lançaram, em 1994, a ideia da organização de um 1º Encontro de Mulheres, jornalistas e dirigentes associativas, de âmbito mundial, que a Secretaria de Estado da Emigração veio a concretizar, pontamente. Merecem ser lembradas aqui e agora.

Aqui, em Espinho, terra jovem, nascida, apenas, em fins e oitocentos, de um encontro de gente do mar (uma pequena colónia piscatória) e de gente de fora, os primeiros raros visitantes, que gostaram desta terra e deste mar. Alguns vieram passar o verão e acabaram por ficar para sempre. Em linguagem usada no domínio das migrações: Chegaram como "´sazonais", reconverteram o projecto de vida, ficaram e integraram-se, definitivamente!

Espinho, Cidade de convívio, Cidade-tertúlia, comunidade rica em instituições, num associativimo polivalente e dinâmio, como o da Diáspora. Cidade aberta, onde ninguém se sente estranho ou estrangeiro. Lugar ideal para acolher os congressos sobre emigração e cidadania. Foi a nossa escolha em 1995 e agora, de novo. Não queremos que seja última vez: haveremos de voltar!

Agustina Bessa Luís, uma das presenças inesquecíveis do mítico Encontro de Viana, perguntava: "Como se termina uma reunião feliz?" E respondia:"Não terminando!" É assim mesmo: com este "Encontro" se encerra um ciclo de trabalhos, mas não esgota o sonho e o projecto que nos move.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Carlos Páscoa MULHER MIGRANTE - -ASSOCIATIVISMO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

CARLOS PÁSCOA

Deputado pela Emigração eleito pelo Círculo de Fora da Europa



Nas diversas comunidades que tenho tido a oportunidade de visitar, é indiscutível a importância da mulher migrante para o associativismo e para a prestação social. É muito comum que à frente das direcções das associações nas comunidades estejam visíveis os cargoa ocupados por homens, aliás, a regra é de que somente os homens ocupem os cargos de direcção, no entanto, se olharmos mais atentamente para o funcionamento dessas instituiçõoes, podemos constatar que o que as faz efectivamente funcionar são as mulheres.

Essa parte menos visível, que não se vê normalmente nas fotografias, é que é verdadeiramente o motor que faz funcionar essas associações. Isto é assim no Brasil, na Venezuela, na Argentina,no Canadá, na África do Sul, nos Estados Unidos e em praticamente todas as comunidades que visito com regularidade, que são as do círculo de Fora da Europa.

No tocante ao apoio social, aí sim as mulheres não só se destacam como a sua face é totalmente visível. Neste domínio, apoiam e se destacam com trabalhos e exemplos belíssimos, É importante salientar que em muitos casos, aliás creio que na maioria, se organizam de maneira informal e conseguem funcionar com um dinamismo e com uma força muitas vezes impensável.

Temos grupos organizados como a Mulher Migrante a sa Damas de Caracas, mas a maioria dos grupos se reune informalmente em chás beneficentes com programas e planos de actuação muito bem concebidos e muito bem realizados.

É importante destacar que a actuação dessas mulheres valentes substitui na maioria dos casos o que seria a responsabilidade do Estado, e que sem essa prestação social, muitos dos nossos emigrantes não teriam outras formas de apoio. Sou testemunha de trabalhos desenvolvidos inclusive em favelas de países sul americanos, muitas vezes até com riscos de segurança pessoal, mas sempre que há notícia de que algum português se encontra em situação de necessidade lá haverá um grupo de senhoras da comunidade que se fará presente para levar confortoo e ajuda a esse português. É de toda a justiça falarmos desses exemplos pois eles não aparecem na imprensa, no entanto, são muito mais comuns do que se imagina.

A organização das mulheres em grupos próprios ou em apoio às associações cuja face visível são os homens, são hoje uma prática comum tal como foi no passado, mas hoje percebemos que ganham mais espaço na imprensa e talvez por isso tenhamos a sensação de que actualmente as mulheres participam mais do que em tempos passados no associativismo da diáspora.

Não podemos deixar de destacar a importância crescente que as mulheres passaram a ocupar na divulgação da Cultura, nas Letras, nas Artes e principalmente à frente de meios de comunicação nas comunidades, seja na direcção de jornais e revistas, seja na direcção de programas de rádio, o que comprova que já é parte do passado essa ideia de que ficavam reservadas para ass mulheres da Diáspora somente as importantes tarefas de educação dos filhos e de cuidar dos assuntos domésticos.

Finalmente gostaria de deixar registada minha total convicção de que o futuro das associações nas comunidades passa pelas mulheres.