terça-feira, 31 de março de 2009

Painel A MULHER E OS MEDIA (Síntese)

Estávamos no último painel da manhã. Mais uma vez se tornava manifesta a dificuldade de cumprir horários... O programa era muito ambicioso, os intervenientes muitos. Havia que apelar à capacidade de síntese de todos.
O moderador, Prof. Doutor Salvato trigo, fez uma introdução breve, mas excelente. O Reitor da Universidade Fernando Pessoa é, nestas matérias, não só um catedrático, mas alguém que viveu, por dentro, a realidade da emigração. E deu-nos conta da sua experiência de trabalho no jornalismo na África do Sul, à frente dos destinos do Século de Joanesburgo, um jornal muito diferente do que hoje conhecemos.
Era impresso em Lourenço Marques e chegava de combóio à RAS. Era um típico exemplo do "corte e cola", com notícias e crónicas importadas de Portugal, sem nada sobre a comunidade local. O contrário do que, segundo ele, deve ser um jornal da Diáspora, próximo das pessoas e reflectindo a sua vida no estrangeiro.
O Prof. Salvato Trigo trouxe a comunidade e trouxe as mulheres para as páginas do jornal! tornou-o umpromotor de iniciativas culturais, projectou artistas e músicos, grandes fadistas, por exemplo.
Uma das iniciativas mais espectaculares foi a organização do concurso da "Miss Comunidade Portuguesa". Não como um vulgar concurso de beleza, mas de popularidade. As candidatas votos, através do envio de cupões, publicados em cada número do "Século". O entusiasmo foi tão grande que o semanário pasou a publicar-se 3 vezes por semana! Todos, sobretudo as mulheres, começavam por querer recortar os cupões. Mas, depois, encontravam no jornal notícias de interesse
Uma ideia engenhosa de criar hábitos de leitura!
Com uma menção dos primeiros periódicos das comunidades, o "Luso-havaiano", "O fado", também do Havai, "A voz de Portugal" daCalifórnia, chamou a atenção para uma distinção a fazer a "jornalismo da diáspora" e "jornalismo para a diáspora".
Todas as intervenções que se seguiram tiveram a vivacidade e até marcaram alguma divergência de pontos de vista e civilizada controvérsia, que devem caracterizar os media, numa sociedade democrática...
O Dr. António Pacheco falo em matérias mais consensuais, apresentando-se, ali, como um homemdo terreno entre mestres da teoria.
Jornalista da Rádio Renascença e da Rádio das Nações Unidas, nos últimos anos, tem trocado essas actividades pela formação de jornalistas nos Palop's. Nessa formação incluindo "o que não se aprende nas universidades", a preocupação com uma "linguagem de paz". Neste contexto, a importância dos títulos, que pode ter graves consequências, e muito diferentes de um país a outro. Por ex. escrever na Guiné, em "manchete"que "estalou a guerra entre dois partidos" tem implicações que não teria em Portugal...
Na Guiné, a linguagem usada nas rádios, o próprio tom de voz geram sentimentos de permanente conflitualidade nas populações, que é preciso combater pela pedagogia.
Desencontro de algumas opiniões da Mestre Ivone Ferreira e do Dr. Carlos Morais sobre o significado da presença e ausência das mulheres nos media. Da imagem da mulher migrante nos media. O pensamento da primeira está muito bem expresso na sua comunicação, pelo que para ela remetemos. Há vários anos que esta óptima jornalista, que era o rosto dos programas da manhã na RTP- Porto, enveredou pela carreira académica, pelo ensino e pela investigação na temática de "género". E, aí, nos confidenciou que Manuela Aguiar e Graça Guedes tiveram, nesse tempo, influência na sua orientação para as questões que se colocam, neste domínio.
O Dr. Carlos Morais, director do Jornal "Emigrante- Mundo Português", que, em 2010, completa 40 anos,considera que o importante é o jornal conter matérias que interessem às mulheres, e não, necessariamente que elas tenham, nas suas páginas, um espaço igual. O jornal preocupa-se com as leitoras, mesmo que elas ali não apareçam (este o principal ponto de divergência e debate...).
Os conteúdos devem "ir ao encontro da realidade, onde a mulher tem peso determinante", defender os valores da presença e cultura portuguesas no mundo, insistia o Dr. Carlos Morais.
E frisou, também, que a maioria dos jornalistas deste semanário, que de Lisboa vai para todo o mundo, são mulheres, que se ocupam até de sectores como o desporto.
Claudia Ferreira e o director do jornal "Defesa de Espinho" abordaram temas mais consensuais.
No caso dela, o seu trabalho como "radialista" de grande sucesso , no caso dele como responsável por um importante jornal local.

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