quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

UNIVERSIDADE DE TORONTO SET 2012

Síntese da intervenção de Manuela Aguiar

A conferencista começou por referenciar os esforços da Associação a que pertence, e, antes disso, até dos seus próprios projectos na Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, para promover a recolha de narrativas de vida de emigrantes, como embrião de um futuro Museu das Migrações. Um Museu, cujo primeiro património seria a história das pessoas e das instituições de que são formadas as comunidades portuguesas - uma forma ideal de fazer a história das migrações, como parte da história da Nação portuguesa - guardando a riqueza das singuralidades de experiências individuais imersas na grande vaga dos movimentos de expatriação e de retorno. O Museu da Emigração sueca ,
em Vaxö , com os seus registos de milhares de imagens e de entrevistas de gente comum foi o modelo inspirador do Fundo Documental e Iconográfico das Comunidades Portuguesas, criado na primeira metade da década de 80 para proceder à recolha de imagens e de contributos de investigadores e dos próprios emigrantes, e à sua publicação, mas o "Fundo" acabou por não ter continuidade.
Manuela Aguiar não escondeu as dificuldades com que tem deparado os projectos da Associação de Estudos Mulher Migrante, que se enquadram no mesmo tipo de preocupações, incluindo o que está em curso, com a denominação de "Ateliers da Memória".
Resultados concretos foram obtidos no Rio de Janeiro, onde a Directora do Jornal "Portugal em Foco" , a Comendadora Benvinda Maria, impulsionou uma publicação com narrativas de vida de cerca de 120 mulheres portuguesas e luso- brasileiras e na região de Buenos Aires, está em curso um projecto semelhante, encabeçado pela Associação Mulher Migrante Portuguesa da Argentina.
Segundo Manuela Aguiar, o próprio projecto da criação de Academias Séniores de Artes e Saberes, foi desde o início visto como um meio de incentivar a recolha das narrativas de. vida Essa é a única matéria que se coloca como prioritária no programa de funcionamento das "Academias", tudo o mais sendo deixado ao critério de cada organização, por se entender que só cada um dos interlocutores saberá como adaptar o paradigma das designadas Universidades Séniores às características do associativismo local .Mais importante do que o número inicial de participantes, o número de cursos ou actividades, a designação que cada iniciativa tome, é que vá num crescendo de participação, que signifique mobilização dos mais velhos. Para que se sintam cidadãos que ainda podem dar muito de si aos outros e à sua comunidade Para que possam ajudar a combater a tão falada decadência de grande parte das associações portuguesas espalhadas pelo mundo.


Síntese da Intervenção de Manuela Bairos

Esta oradora começou por distinguir três planos de análise da diplomacia da Língua Portuguesa: a sua importância como língua de oficial ou de trabalho em diversas organizações internacionais; a sua utilização nos vários países de língua oficial portuguesa em quatro continentes e o potencial de crescimento como língua de herança junto das comunidades oriundas de países de língua portuguesa espalhadas pelo mundo.
 Os dois últimos planos de análise mereceram particular atenção, uma vez que é justamente da sua interação que o impacto da língua portuguesa no mundo poderá ser mais visível e imediato. Se por um lado é certo que a importância da língua portuguesa se prende com o número crescente de falantes e com a relevância regional e mundial de países como o Brasil e Angola nos respetivos continentes, esta realidade serve de inegável impulso e estímulo à sua promoção nas diásporas que têm o português como língua de herança.  Neste contexto, as comunidades emigrantes oriundas de países de língua portuguesa assumem um papel fundamental em países como os EUA, Canadá, França, Suíça, África do Sul ou Austrália, para citar alguns exemplos.
 Sabemos, com efeito, que o interesse crescente pela língua portuguesa (hoje bem visível numa China em plena expansão mundial) dispensará o esforço que hoje pedimos às nossas comunidades e às instituições académicas pertinentes em vários países do mundo. Mas na atual fase, Manuela Bairos salientou que ainda precisamos de criar um estímulo que possa desencadear o efeito multiplicador que sabemos se produzirá no futuro em relação à língua portuguesa. Esse estímulo só poderá ser
 suscitado e alimentado pelas comunidades portuguesas na diáspora, que por razões emocionais e de identidade, tem investido na sua manutenção e promoção junto das novas gerações. São estas novas gerações que têm assumido com brio a herança da língua e da cultura portuguesa (a exemplo da tuna académica dos estudantes luso-canadianos da Universidade de Toronto, que atuou no decurso do
simpósio), reconhecendo a riqueza do país de que são oriundos e das suas tradições e cultura. Este é o fermento que em primeira linha deveremos utilizar para a necessária mobilização de esforços na
 promoção da língua portuguesa, que, de uma forma geral, ainda se encontra muito aquém do seu verdadeiro potencial. Manuela Bairos exemplificou com a situação dos EUA onde incompreensivelmente a língua portuguesa sofre dum estatuto de  menorização, já que não está disponível num leque de nove línguas oferecidas nos exames de acesso ao ensino superior (SAT II), ou da França onde, embora exista uma das maiores comunidades portuguesas no  mundo, o número total de alunos de português naquele país se equipara ao Senegal, com cerca de 27 000 alunos que aprendem português.
 Uma palavra final foi dirigida às mulheres (mães e sobretudo avós) na diáspora e ao seu papel na transmissão da língua e de outros traços da nossa cultura que são em regra assimilados no lar e no modo de vida das famílias portuguesas, um legado tradicionalmente a cargo das mulheres e mães que muito se orgulham de o passar às novas gerações.

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