quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

LEONOR FONSECA

A intervenção da Drª Leonor Fonseca, Vereadora da Cultura da Câmara de Espinho e associada da AEMM, sobre “As Mulheres Portuguesas na Política” foi saudada pela sua coragem e realismo, sobretudo pelas mulheres enquanto, inicialmente, era objecto de muitas questões por parte dos homens presentes, sendo, por isso, a que mais animou um vivo debate.
Leonor Fonseca começou por salientar que “As mulheres na política ensombram todos os que temem a perca de poder. Sim, é tudo uma questão de Poder”. disse. E prosseguiu: “Durante décadas foi útil subtrair à mulher o acesso aos estudos, ao conhecimento, à vida, ao mundo, não porque sofresse qualquer disfunção genética que lhe tivesse subtraído a capacidade de pensar, discernir, contestar, argumentar e aduzir mas porque bem sabiam que uma mulher inteligente poderia representar uma ameaça ao dito poder.
Pouco astutos, porque uma “mulher pensante” pode e deve ser uma entre os seus pares, mas ao invés, é olhada de soslaio! Por eles – Homens – que a sentem como uma ameaça – e por elas – Mulheres – que pensam como eles!” .
Para Leonor Fonseca “A igualdade de poder e a participação cívica, seja na vida pública ou privada é assunto de um passado recente, não muito longe dos dias de hoje. E infelizmente o mundo – deste séc. XXI - continua repleto de mulheres para quem os direitos básicos, como sejam o acesso à saúde, educação, são simplesmente uma miragem.
Olhando retrospectivamente todo um passado de luta, afirmou que “mesmo a Primeira República que poderia ter dado a oportunidade às mulheres de exercerem o seu direito de voto, traíu- as. Mas foi também nessa altura, apesar da traição legislativa, que uma Grande Mulher fez ouvir a sua voz, lutando pelos direitos de todas nós. Carolina Beatriz Ângelo invoca a sua qualidade de chefe de família porquanto era viúva e mãe e recorre às vias judiciais a fim de que lhe seja concedido o justo direito de exercer o seu voto. E ganha. Tendo sido a primeira mulher a votar em Portugal!
Mas outras sufragistas se lhe seguiram, Ana de Castro Osório, Elina Guimarães…”
Leonor falou seguidamente de Abril, de 1974, quando “ tudo parecia mudar". Com a liberdade, a sensação de que a discriminação em função do género seria coisa do passado, o que não veio a acontecer. Continuam a ser os homens a ocupar os lugares de topo. Raramente aparecem mulheres como cabeças de lista nas formações político-partidárias e quando aparecem ocupam lugares não elegíveis. A excepção ficará para sempre na história do Portugal recente: Engª. Maria de Lourdes Pintassilgo que, durante o ano de 1979, ocupou o cargo de Primeiro-Ministro, tendo criado a “Comissão da Condição Feminina”.
Finalmente, abordou, de frente, a ainda polémica lei da paridade, considerando-a “apesar de tudo uma vitória. O Parlamento Português tem 230 deputados. Apenas 57 são Mulheres. Inaceitável e mesmo assim, fruto da lei da paridade.
 E deixou perguntas pertinentes: Quantas vezes as quotas não camuflam lugares reservados àqueles homens?! Quantas vezes as mulheres apesar de exercerem funções públicas não são ostracizadas, humilhadas, relegadas de forma exímia para 5º plano porque têm a coragem de não calar o que lhe vai na alma?!. De expressarem livremente as suas opiniões nem sempre condizentes com o politicamente correcto? As mulheres portuguesas na política são ainda e só aquilo que alguns homens querem. Uma secção delimitada pela via legal, uma quota. Assim não! - Clamou a jovem Vereadora, para quem “se mantém a injustiça numa sociedade em que leis designadas Paritárias camuflam a sorte de cada uma de nós. Pelo que a luta pode e deve continuar. Está muito por fazer”

Bem vistas as coisas,  quem poderia discordar desta asserção? O consenso impôs-se.

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