terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Manuela Aguiar sobre MARIA LAMAS

Vamos olhar, nas páginas de um revista, um mundo feito de sonhos e de obras de muitas Mulheres Portuguesas. Vamos à procura da realidade plural, dinâmica e mutável da nossa emigração feminina, situando-a no espaço que efectivamente ocupa no trabalho, na cultura, nas artes e nas ciências, na política, no associativismo, no desporto, na família...


Move-nos a intenção de reflectir sobre a história do passado e sobre a história no seu curso para o futuro, com a vontade de contribuir para a mudança, de influenciar o processo, e de mobilizar para a acção a metade que tem sido marginalizada nas nossas comunidades do estrangeiro. Foi este o objectivo maior do Encontro Mundial de Mulheres da Diáspora, em 2011 -o terceiro organizado pela “Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante”. Um forum que, num tempo em que tanto se alargam as vagas migratórias, trouxe, novos dados e perspectivas sobre a componente feminina e permitiu, pela intervenção de muitas das suas protagonistas, com a força dos sentimentos e experiências de vida, e pelo contributo de muitos especialistas e investigadores, com a sua visão objectiva e rigorosa, repensar os modos combater por uma causa que nos une: a da cidadania assumida pelas portuguesas no seu trajecto transnacional.

A História mostar que a igualdade se conquista, antes de mais, na letra das Constituições e dos Tratados, e, só depois, decisivamente, na consciência das discriminações que subsistem e na exigência do cumprimento do espírito das leis.

O "congressismo" tem sido, desde a eclosão dos grandes movimentos feministas no século XIX e XX, um instrumento fundamental de desocultação das situações de injustiça e de criação de condições para a prática da paridade. Por essa via, no espaço da diáspora, nos lançou, em 1985, o 1º Encontro de Portuguesas Migrantes no Associativismo e no Jornalismo, em cujas propostas se inspiraram as fundadoras da Associação Mulher Migrante. E nessa via havemos de continuar.

A revista é mais uma forma de estar no mesmo combate, de aprofundar a colaboração com mulheres e homens, que vivem a emigração, com políticos que a compreendem, como o Secretário de Estado José Cesário, com investigadores que a revelam em todas as suas dimensões.

E pretende ser, também, um tributo a Maria Lamas, uma precursora, exemplo da cidadania exercida com uma clara visão de futuro, uma crença inabalável na força das mulheres, e uma infinita generosidade.



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