quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

JOANA SANTIAGO

O segredo da avó

Ser empresária numa época de crise, e numa área dominada pelo masculino não será a forma mais fácil de vencer na atualidade, sem dúvida. Também não será isso um impedimento, mas antes a força, a energia para vingar e para fazer nascer algo que há muito era um projeto - uma nova marca de vinho Alvarinho, a nossa.
É com orgulho que continuo uma grande obra, já iniciada há muito anos, pela família Santiago.
Também é com grande optimismo e emoção que vejo, a jovem empresa que lidero, de cariz familiar a projectar-se internacionalmente desde cedo. Assim, a Nenúfar Real sociedade Agrícola Lda. apresenta publicamente, este mês o seu primeiroAlvarinho – QUINTA DE SANTIAGO, edição especial - selecção O segredo da avó. Ele é o produto final, nascido e criado numa quinta com tradição centenária na produção de vinho Alvarinho, a Quinta de Santiago, também conhecida como Quinta da Gandra, em Cortes, na Sub-região de Monção e Melgaço.
Foi com determinação e alma, essencialmente marcada no feminino, que nasceu este projeto, a provar que as mulheres minhotas sempre tiveram e têm característicasde liderança e empreendedorismo. São estas as capacidades que pretendo homenagear, lembrando, em especial a matriarca, minha avó, Maria de Lima Santiago, que tantos saberes e segredos me transmitiu. Por essa razão, o primeiro vinho da Quinta de Santiago tem um sabor especial … tem “ o segredo da avó” , essa grande impulsionadora da manutenção e continuidade desta quinta até à terceira geração. Este Segredo representa a simbiose perfeita entre o saberempírico que vem das tradições e de gerações anteriores com o novo conhecimento teórico e tecnológico da modernidade, orientado por um jovem enólogo monçanense.
O produto finalé sem dúvida, fruto de encontro, de debate, nem sempre fácil, entre o passado e o presente mas , essencialmente, a olhar e a apostar no futuro. Poderei dizer que a sinergia do legado da família Santiago que se dedicou à cultura destas nobres castas brancas – o Alvarinho – e a modernidade e juventude farão a combinação perfeita para que esta marca e esta empresa vinguem. Acredito que, se por um lado, herdei algum conservadorismo da minha avó, o admirar e valorizar a identidade, a família, as raízes e o preservar o que é tradicional, neste caso concreto, a forma de tratar o vinho, a velha quinta com os seus encantos e casa senhorial, as paisagens rurais que foram cenário acolhedor e terno do meu universo de criança e adolescente. Por outro, move-me o desejo de diáspora da minha mãe, mulher da diáspora em três continentes, o asiático, o africano e o europeu, e que me fez desejar partir para o mundo dos negócios e projetar os nossos produtos, a nossa marca e o nome da terra dos meus antepassados portugueses quase exclusivamente “ lá fora”. A minha educação fez de mim “uma filha do mundo” e por isso partirei em busca de novos mercados emergentes.
Sou empresária, tenho sonhos, sou empreendedora e, neste complicado mundo dos negócios, sei que terei necessidade de muito mais provar enquanto mulher, mas isso não me demove, afinal sou mulher minhota!


Nota: Nesta história de empreendedorismo de 3 gerações de mulheres, num domínio tradicionalmente masculino - com excepções como a da Ferreirinha... e a desta Avó! - descobrimos uma faceta para nós desconhecida da nossa dinâmica associada Arcelina Santiago "mulher da Diáspora" em três continentes...

Sem comentários:

Enviar um comentário