terça-feira, 9 de dezembro de 2014

MEMÓRIA DO DIA DA MÃE
JOSÉ CAMACHO . Holanda (antigo Conselheiro do CCP)

Ir-lhes-ei descrever o que foi o "dia da Mãe" e a sua criadora, de seu nome Luísa Amália Cruz Camacho. Ela frequentou o Magistério Primário e, simultaneamente, a Academia de Belas Artes, tendo-se posteriormente licenciado em Psicologia.
Luísa Amália, minha mãe, muito nova, exerceu o magistério, tendo interrompido esta actividade quando escolheu Lisboa para residência. Mais tarde, foi admitida como administrativa nos Hospitais Civis de Lisboa.
A 3 de Maio, os meus pais  criaram a "Cruzada da Orfandade Feminina de Lisboa", que ainda hoje existe, com outro nome. Humanidade e abnegação, algumas vezes de puro improviso... Escolheram a sua residência como sede da associação, que simultaneamente também servia de posto de vacinação contra a febre tifóide e a varíola  
Todos estes acontecimentos chegaram ao conhecimento do Ministro Afonso Ornelas, que  concedeu um louvor a Luísa Amália e José Camacho..
Nos anos seguintes, desenvolveram diversas actividades de auxílio e informação sobre a pobreza generalizada de muitas famílias com filhos órfãos.
As actividades desta Cruzada foram notícia no jornal "O Século" em 1927, quando dos festejos do quarto aniversário da Associação, realizado no Ateneu Comercial, onde foram distribuídos calçado, vestuário e dinheiro à família de algumas crianças órfãs, cujos pais tinham sido vitimados pela última revolução.
Os meus pais nunca tiveram na vida pretensão a títulos de grandeza ou qualquer recompensa pela sua abnegação - talvez por este motivo estes acontecimentos tenham caído no esquecimento colectivo.
Depois de alguns desentendimentos com a pessoa encarregada da tesouraria (da família de general Carmona) os meus pais abandonaram a direcção da Cruzada, com muita mágoa.
Passados anos, Luísa Amália concorreu para o magistério primário. Deu aulas em diversas localidades, sendo a penúltima a aldeia de Silveirinha Grande (Pombal), no ano de 1935.
A professora Luísa Amália muito cedo constatou a pobreza existente naquela zona agravada pela guerra civil de Espanha. No ano de 1937, um grupo de mães de alunos juntaram-se à `ideia da "Senhora" - era assim que a  tratavam - fizeram uma inventariação dos familiares mais necessitados, preparando em princípio a "semana da Mãe", para as famílias mais numerosas e necessitadas.
As ajudas que foram dadas no primeiro dia da Mãe consistiam em produtos hortícolas cultivados pelos alunos e alguns pais, e também pessoas de bem e algumas firmas contribuíram com verbas para as ajudas que tinham sido determinadas pelo grupo de trabalho.
Por este motivo, o Ministro da Educação Carneiro Pacheco, ao ter conhecimento desta efeméride, concedeu um louvor de agradecimento a Luísa Camacho, e, em 1948, o Presidente da República General Carmona
impôs-lhe a comenda da "Ordem de Cavaleiro da Instrução Pública"
Por tudo o supracitado, sinto-me  na obrigação de dar a conhecer estas realidades..
Ao ter atingido os 85 anos, faço votos para, no pouco que me resta, ver reconhecida a memória do "dia da mãe", que hoje é festejado em todo o mundo, podendo ser  numa data fixa, o ´ultimo domingo de cada mês de Maio, como aconteceu na escola da Silveirinha Grande no ano de 1937MAMÓRIA . Sem consumismo, mas com a invocação dos principais valores fundamentais de amor e estima para todas as mulheres de Portugal e do Mundo

Sem comentários:

Enviar um comentário