segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

À memória so CARLOS CORREIA Victor GIL

À MEMÓRIA DO CARLOS CORREIA

O seu desaparecimento há alguns meses do nosso convívio não fez desaparecer, nem sequer ateneou, com a sua sua inesperada morte, os profundos laços de amizade que para sempre nos passaram a unir, nem a saudade que a todos nos deixou, todos nós que o conhecíamos neste meio da emigração e das comunidades portuguesas.
O meu conhecimento do Carlos data de 23 de janeiro de 1973, dia em que, pelo meio da tarde, na mesma cerimónia pública, os dois tomámos posse como técnicos de 2.ª classe, no então Secretariado Nacional da Emigração. A partir de então, os nossos caminhos entrelaçaram-se como os ramos de uma planta cuidadosamente mantida pela seiva que brotava do ambiente de amizade, entreajuda, respeito e estima que sempre encontrámos nas nossas famílias e nos nossos colegas de trabalho. Quanto gostaria de aqui recordar, porque sei que esse seria também o gosto do Carlos, a amizade, a colaboração e o apoio que todos deles recebemos e que tanto nos ajudou na nossa espinhosa missão de servir as comunidades portuguesas ao longo de perto de quarenta e dois anos!
Como nos ensina Alberoni, um sociólogo italiano, a amizade é uma filigrana de encontros e cada encontro é uma prova, sujeita a riscos e mesmo a crises. Se assim é, Voltaire sublinha todavia que “A amizade é um encontro tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. Digo “sensíveis” porque um monge, um solitário, pode ser uma pessoa de bem e viver sem conhecer a amizade. Digo “virtuosas” porque os maus têm apenas cúmplices, os divertidos companheiros de paródias, os cúpidos sócios, os políticos juntam em seu redor os partidários, os que se metem na vida dos outros têm relações, os príncipes cortesãos; mas apenas os homens virtuosos têm amigos”.
A filigrana tecida pelos nossos encontros ficou incompleta mas, apesar de inacabada, continua como as capelas imperfeitas, nem por isso menos admiradas, a ser o testemunho do nosso trabalho e do empenho de toda uma geração em servir a emigração e as comunidades portuguesas. A amizade, essa depende de continuarmos a sermos sensíveis e virtuosos. A exemplo do Carlos Correia.
Com um abraço amigo,

Victor Gil

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