«Malas de cartão substituídas por mochilas e pastas de executivo»
Professor universitário diz que aqueles que partem hoje são diferentes
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O professor universitário Jorge Macaísta Malheiros lamentou que não haja «estudos sobre emigração», mas garantiu que aqueles que partem hoje são diferentes e «as malas de cartão foram substituídas por mochilas e pastas de executivo».
Esta apreciação do professor da Universidade de Lisboa foi feita no Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas na Diáspora, que decorre esta sexta-feira e no sábado, na Maia, organizado pela Associação Mulher Migrante.
Estimando em 100 mil aqueles que saem de Portugal por ano (e prevendo que este número suba em breve para os 120 mil), o especialista referiu que «os perfis migratórios mudaram».
«Ao contrário do que diz o secretário de Estado [da Juventude e do Desporto], há muita gente a sair da sua zona de conforto e são cada vez mais novos», destaca Macaísta Malheiros, considerando estas saídas «um mau sintoma», porque quem emigra hoje é cada vez mais educado.
«A emigração portuguesa ainda não é dominada por fluxos qualificados, mas em termos proporcionais Portugal é dos países que mais exporta gente qualificada», explicou.
«Nós estamos a pagar essa formação ¿ e custa uma fortuna ao país formar um jovem hoje ¿ e depois eles saem para outros países», acompanha José Machado, ex-presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), órgão consultivo para a emigração.
«A nova emigração é gente diferente, de contextos diferentes, com outros modelos de associativismo e em que a intervenção política assume uma importância que não tinha [nas anteriores levas de emigrantes]», compara José Machado.
«É preciso acabar com uma gestão minimalista da diáspora, que é o que tem acontecido nos últimos anos», reivindica o ex-dirigente, criticando o «esquecimento» e a «instrumentalização» dos emigrantes portugueses.
José Machado critica também o desaparecimento do termo «emigração», agora substituído por «comunidades portuguesas», o que interpreta como «a bazófia de país rico que queria passar a ser um país de imigrantes». Porém, contrapõe, «a realidade é que todos os anos continua a emigração de jovens».
«Já não temos só o estereótipo do trolha e da porteira. Assistimos a um fenómeno novo: a saída de Portugal de jovens quadros superiores e técnicos, com outras competências e outras expectativas», analisa Isabelle Oliveira, que dirige o Departamento de Línguas Estrangeiras Aplicadas da Universidade de Sorbonne, em Paris (França).
Ora, denuncia a professora universitária, «esta mão-de-obra qualificada é explorada» por empresas francesas que recorrem a falsos recibos verdes.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
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