quinta-feira, 3 de novembro de 2011

RESUMO DA COMUNICAÇÃO

João Miguel Aguiar (2)
Paula Costa Pereira (3)

Resumo

Quando nos debruçamos sobre a relação entre o género e o trabalho percebe-se desde logo que esta não é uma questão meramente ideológica, incorpora, antes de mais, um dado incontornável: a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho e no emprego. No entanto, ao abordar esta temática, temos igualmente de accionar uma perspectiva diacrónica na análise deste processo relacional de mudança social, que tem ocorrido, embora com dinâmicas e incidências diversas, um pouco por todo o mundo
ocidental, já que nas sociedades pré industriais não existia uma clara divisão entre
actividades produtivas e actividades domésticas. Sendo assim, com as sociedades industriais desenvolve-se a separação entre trabalho em casa (no contexto doméstico) e o trabalho fora de casa (no contexto do emprego). Inicialmente no sector industrial, durante a 2ª Guerra Mundial, e posteriormente no sector dos serviços, nomeadamente a partir dos anos 60. Isto ocorre fundamentalmente pelas seguintes razões: um progressivo aumento dos níveis de escolaridade das mulheres; profundas alterações no contexto familiar, nomeadamente através de uma redistribuição das tarefas domésticas e um aumento da participação feminina nas tomadas de decisão no seio da família; por uma crescente necessidade de contribuição das mulheres para os orçamentos familiares; e ainda pelo desejo, por parte destas, de realização pessoal e de maior autonomia, não só financeira, mas também no desenho do seu projecto de vida.

(1) Trabalho apresentado no âmbito do Encontro Mundial de Mulheres da Diáspora, realizado na Cidade da Maia de 24 a 26 de Novembro de 2011.
(2) Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestrando em Ciências da Comunicação (Variante em Comunicação Política) da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Email: 100739028@letras.up.pt,
miguel_aguiar@tvtel.pt.
(3) Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestranda em Economia e Gestão de Recursos Humanos da Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Email: paulaccpereira@hotmail.com.

Desta forma, com o trabalho aqui desenvolvido, procura-se analisar o panorama actual em Portugal e na União Europeia em geral, relativamente à questão da
desigualdade de género no trabalho e no emprego, recorrendo, para tal, à informação
estatística existente.
Assim, este trabalho está organizado em dois eixos principais. No capítulo Género e trabalho apresentam-se algumas das principais teorias que consideramos relevantes para a problemática em estudo. No capítulo dedicado ao Género e desigualdades no trabalho, num primeiro momento, analisa-se a informação estatística existente relativamente à situação em Portugal, articulando, sempre que a propósito, com a situação na União Europeia. Num segundo momento procura-se analisar, a partir de alguns documentos oficiais, as políticas de combate à desigualdade e de conciliação
do trabalho com a vida familiar.

Bibliografia consultada:

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Porto: Edições Afrontamento. ISBN: 972-36-0333-0.
CASACA, Sara Falcão (2006) - Flexibilidade, emprego e relações de género: a situação
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CASACA, Sara Falcão (2005) - Flexibilidade, Trabalho e Emprego - Ensaio de
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CASACA, Sara Falcão (2009) - Revisitando as teorias sobre a divisão sexual do
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CERDEIRA, Maria da Conceição (2009) – A perspectiva de género nas relações
laborais portuguesas. Sociologia, Problemas e Práticas. Nº 60 (Abril 2009), p. 81-103.

2
ISSN: 0873-6529.
GIDDENS, Anthony (2004) – Sociologia. 5ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian. ISBN 978-972-31-1075-3.
TORRES, Anália Cardoso (2004) – Vida conjugal e trabalho: uma perspectiva
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DECRETO-LEI nº. 7/2009. Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009, p. 926-930.
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Consulta de documentação e sistemas de informação [Em linha]:
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MTSS – Ministério do Trabalho e da Segurança Social [em linha], [consultado em 18-
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PETRONGOLO, Barbara (2004) - Gender Segregation in Employment Contracts.
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MIT Press on behalf of European Economic Association Stable http://www.jstor.org/

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