In Memoriam: Dr. Carlos Correia
Evocar a memória do Dr. Carlos Correia
obriga-nos a recuar algumas décadas, ao início dos anos oitenta, quando o
conhecemos como técnico do Instituto de Apoio à Emigração, onde fazia parte de
um grupo extenso de personalidades, que se distinguiam pela sua generosidade e
trabalho.
As muitas tarefas exigidas pela
administração pública em período pós-revolucionário, acordado pela intensidade
dos movimentos emigratórios e expansão das comunidades portuguesas - em curso
desde o início dos anos sessenta -, tornavam os serviços centrais da emigração bastante
solicitados. Parcos em meios, sofriam ainda os impactos de uma reforma da
administração, melhorada com a entrada de jovens licenciados e o interesse do
tema pelos meios de comunicação social e população académica interessada no
desenvolvimento de estudos científicos sobre a emigração portuguesa.
Os dados então centralizados relativos à
dimensão, características e extensão deste fenómeno no território e na sociedade,
passam a ser requisitados por diversos investigadores e interessados, que não
pertencendo aos quadros da administração central do Estado, desejam aprofundar
o assunto, conhecer a sua história recente, permitir novas leituras e
incidências nas comunidades locais.
A emigração passa a ser um tema de
investigação científica e o estigma das suas histórias, reflexos e incidências
sociais e políticas, constituem-se como temas de análise de investigadores
isolados e de grupos de investigação. É neste contexto, de procura de
informação e pesquisa de fontes, que tivemos o ensejo de conhecer o Dr. Carlos
Correia.
Reservado no trato, afável e
compreensivo no diálogo, eficiente no exercício das suas funções, foi assim que
o conhecemos em Portugal e sobretudo no estrangeiro, onde teve possibilidade de
desenvolver um extenso trabalho junto das comunidades portuguesas.
Meses antes da sua partida confirmámos a
sua disponibilidade e interesse de sempre: dar de si às comunidades e serviços
que o viram crescer e formar neste meio complexo marcado pela mobilidade
humana, a emigração e as comunidades portuguesas.
Nesta ocasião e homenagem em sua memória,
saudamos a família que tão cedo o viu partir e os colegas e amigos que nos
acompanham na partilha dos mesmos sentimentos.
J. Arroteia
21MAI15
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