sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

37 - ARTIGO DE SANDRA DUARTE

Boa tarde minha querida, aqui vão algumas, poucas, linhas sobre o artesanato e alguns artesãos.
Para começar gostaria de me apresentar, sou Sandra Duarte e sou artesã há já alguns anos. Comecei por frequentar a faculdade de Belas Artes de Lisboa, mas não concluí, pois
o que andava a aprender não me satisfazia, o que eu queria eram oficinas, trabalhar com as mãos, e não o blá, blá de história de arte, etc. Fui frequentando diversos cursos, entre
eles de Joalharia no Cindor em Gondomar, durante um ano, de cerâmica em Aveiro, também durante um ano, enfim, sempre na expectativa de descobrir o que realmente me preenchia. O vidro sempre esteve muito próximo de mim, pois minha avó viveu na Marinha Grande e eu adorava visitar aquelas fábricas, ver os fornos gigantes, o vidro soprado, tudo me fascinava no vidro. Surgiu então um dia a oportunidade de fazer um curso na Fundação do Vidro de Barcelona, durante 2 semanas, foi muito pouco mas o suficiente para saber que era realmente isso que eu queria fazer. E desde então, embora ainda numa forma muito "naíf", vou tentando fazer algumas peças, que vendo para as lojas, ou em feiras de artesanato.

O artesanato ainda é, infelizmente, o "parente pobre" da nossa cultura. Nos tempos que correm já se vai mudando mentalidades, mas ainda há muito para andar.
Temos artesãos no nosso país que são reconhecidos internacionalmente, mas que no nosso Portugal, não passam de meros "artesãos".
É tempo de as pessoas se aperceberem que é através do artesanato que se referenciam regiões, locais, cidades e até paises. Temos o nosso Galo de Barcelos, que neste momento não é só de Barcelos, é Portugues, pois o turista que o compra diz que é de Portugal, muitas vezes não se recorda da cidade donde o galo nasceu.

Para dar um pequeno exemplo aqui vai uma história muito interessante e que muito poucos sabem<.
Alexandre Alves Costa, arquitecto e coleccionador de arte popular, conheceu Rosa Ramalho ( 1888-1977), em Barcelos, numa quinta feira que era o dia da feira semanal, daquela cidade. Ficou deslumbrado com as peças de Rosa e depressa se tornaram amigos. Para quem convive, como eu, de perto com a gente de Barcelos sabe que nos abrem as portas de suas casas com a maior das facilidades e nunca se sai de barriga vazia. Retomando a história, dizem os mais antigos, que Alexandre conhecia o pintor Picasso, que vivia em Paris, cidade que Alexandre visitava regularmente. Um belo dia convidou Picasso a ir consigo a Barcelos para conhecer outra artista, Rosa Ramalho, e assim foi, Picasso ficou maravilhado com as peças de Rosa.
Mais tarde, numa das frequentes visitas de Alexandre a Barcelos, este mostrou a Rosa uma fotografia de uma cabra que Picasso havia feito. Esta quando viu a foto respondeu
"Ai o filho da puta que me foi copiar a cabra".
Para quem não sabe ou conhece, a cabra, os bois, o burro, etc, fazem parte do bestiário tradicional do figurado de Barcelos. Pois representa a economia quatidiana da região.

Bom, podia passar a tarde a escrever sobre este tema, mas fica para uma próxima, obrigada Manuela por esta oportunidade , beijinhos grandes


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