quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Arcelina Santiago síntese das conclusões do Encontro Mundial

Foi um Encontro intenso pela abrangência dos conteúdos e pela pluralidade de participantes, nacionais e internacionais. Todos foram convocados para a reflexão e diálogo aberto e produtivo. Foi esta a melhor maneira de celebrar os 20 anos da “Mulher Migrante – Associação de Estudos, Cooperação e Solidariedade”, duas décadas de atenção às migrações portuguesas, especialmente no feminino.

 Esteve em debate: a dimensão das mulheres na política, no mundo empresarial e nos órgãos de decisão, com testemunhos de mulheres vencedoras, referências numa área ainda marcada pelo masculino. Foi realçado o empreendedorismo cultural, palco onde as mulheres das artes se reinventam, recriam e lutam por causas nobres; as novas formas de associativismo, as casas de cidadania, com dimensões muito abrangentes para fazer face ao novo rosto do fluxo migratório; o fenómeno migratório português apresentado através de vários discursos, permitindo-nos um melhor conhecimento das várias vertentes do poliedro migratório; nova corrente do estudo do género presente neste Encontro Mundial, onde a combinação dos termos “mulher” e “migrante” é reflexo do hibridismo académico e da interdisciplinaridade na investigação.

  A Exposição coletiva de pintura - "Mulheres d'Artes em Movimento"  e os painéis sobre Artes e Letras foram  pontos altos , onde foi destacado o contributo das mulheres intelectuais e criativas para as mudanças do meio cultural e na luta pela igualdade. Transportou-se para ribalta, trajetórias identitárias de mulheres que, até agora, estiveram nas margens, e exaltou-se o papel da língua, fator de identidade cultural. Desfilaram trajetórias de vida a par de estudos académicos…  

 Destacamos algumas propostas: revisão da Lei da paridade; novas estratégias  para uma melhor integração das mulheres na política; incentivo às novas formas de associativismo – casas de cultura; maior apoio estatal ao ensino da língua portuguesa e cultura da lusofonia; promoção da imagem de Portugal com o incentivo de novas formas de empreendedorismo no feminino; promoção e incentivo a estudos sobre empreendedorismo da diáspora, no feminino, e do universo dos lusodescendentes; desenvolvimento de parcerias através de estratégias de coaching e mentoring para promoção das mulheres; reforçar o apoio ao Observatório da Emigração e dos Lusodescendentes e agilizar as redes de contacto nas e entre as comunidades; maior incentivo e divulgação das expressões de cidadania através das artes e letras das mulheres da diáspora; apelar à subscrição da Convenção 97, dos Direitos dos Cidadãos nos países de destino, aos países que ainda não o fizeram, caso dos países africanos.

De significado relevante neste encontro, no ano da celebração do 20º aniversário da Associação, foi o tempo de memórias, presente na homenagem a duas mulheres notáveis: Maria Lamas, que festejaria este ano 120 anos se fosse viva e Maria Archer a jornalista, escritora e tradutora Prestou-se também justa homenagem a Fernanda Ramos, cofundadora da Associação Mulher Migrante.

 Este  Encontro  foi cenário para se festejar, refletir, questionar as muitas facetas femininas da cidadania. Foi dado mais um passo na longa caminhada que temos pela frente, no mundo da Diáspora e, em particular, da Diáspora no Feminino. Como disse o poeta,” o caminho faz-se caminhando “ e nesta caminhada da Associação, encetada por mulheres e homens, lutadores de causas e desejosos de um mundo melhor, estaremos todos mais confiantes no presente, mesmo apesar dos constrangimentos, mas já com os olhos postos no futuro.

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