OS VELHOS DA MINHA RUA
na fábrica fechada.
Pés cansados e gastos
já não sabem correr.
Calejadas as mãos trémulas
seguram tristes bengalas.
Mirrados no corpo e nas reformas
olham o céu
e esperam o tempo.
À
porta de casa
sentadosabraçam o cair da noite e
sozinhos
jantam saudades.
Os velhos da minha rua.
DESVALORIZAÇÃO
Nas
aldeiasàs vezes sem dormir
as mulheres esfregam o soalho
limpam a casa
pensam o gado
cosem a roupa
lavam os filhos
e cozinham exaustas...
Às vezes
os homens
esquecem-se delas
outras vezes
vingam-se
de cansadas querelas.
Queria escrever para o mundo um poema de amor.
Saio em busca das palavras.
Sei do amor de Camões pelas musas inspiradoras.
Do amor eterno de Romeu e Julieta. Do amor de Pessoa por Ophélia e
do amor à arte num tempo infindo de Manoel de Oliveira.
E sei do amor no sorriso de um velho abraçado. Na lágrima da mãe ao ver o filho pela primeira vez.
O amor tem olhos frontais e limpos. É uma junção de gestos e afetos.
Um embalar da vida. Um matar de saudades.
O amor dá, ri, brinca, chora e anima. Veste o corpo com a pele do outro.
Abre os braços ao vento sem olhar o tempo.
E deixa rasto positivo de tudo e de nada.
Alexandre O`Neill disse que “Amor não há feito. É coisa mental”.
Há quem escreva só poemas de amor p´ra viver sempre com o amor
nos poemas. E já tudo foi dito sobre o amor.
Pode-se fazer amor sem amar.
Pode-se amar sem fazer amor.
Mas o amor salva tudo. Nem carece das palavras...
Quisera escrever para o mundo um
poema de amor
se o mundo soubesse o seu real
valor.Mas, o mundo não sabe…
…O mundo não sabe!…
Despidas
as árvores
arrefecem
ainda mais o inverno implacável.
e velam-se umas às outras
tentam segurar os membros ameaçados
gemem
no interior de seus velhos troncos.
Curiosas até às raízes suspiram:
Para onde fugiram as sombras?
Como se agasalham agora os pássaros?
Onde se esconderá o amor?
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