domingo, 20 de outubro de 2019



Casa da Beira Alta
Porto, 11 de Outubro de 2019


A AMM, HSTÓRIA E FUTURO
uma homenagem à Dra. Rita Gomes


Maria da Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática aposentada da Universidade do Porto
Presidente da Direção da Associação Mulher Migrante


INTRODUÇÃO


Não é uma frase de circunstância, mas a expressão de um sentimento verdadeiro, dizer a honra e satisfação de estar aqui hoje nesta emblemática Casa da Beira Alta, que nos abriu as portas para mais uma organização da Associação Mulher Migrante e que em nome pessoal, dos órgãos sociais, dos associados e associadas agradecemos reconhecidamente, para a apresentação do livro da Professora Elisabeth Battista intitulado Maria Archer – uma jornalista portuguesa no exílio .


A Prof. Doutora Elisabeth Battista, que tem participado em algumas das nossas organizações (Congressos Mundiais e Encontros), é Licenciada em Letras pela Universidade do Estado de Mato Grosso, onde atualmente  é docente permanente (aposentada) nos programas de Pós-Graduação, Mestrado e Doutoramento em Estudos Literários, tendo realizado o seu Mestrado e Doutoramento na Universidade de São Paulo. Fez Pós-Doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro. 


À autora, também o nosso agradecimento sentido pela honra que nos dá para nos proporcionar este momento: dar a conhecer tão importante obra literária dedicada a esta grande escritora humanista, feminista, lusófona, que é Maria Archer. 


Gostaria de aproveitar  esta sessão para prestar homenagem àquela que durante muitos anos presidiu à direção da Associação Mulher Migrante e em vários mandatos, que nos deixou no ano passado, a Dra. Rita Gomes, grande responsável pelo percurso brilhante que tem marcado a nossa associação.



Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade (AMM), é  também  designada Associação Mulher Migrante (AMM).


Foi constituída em 1993 e destaca-se por ser uma Associação defensora dos direitos de todas as mulheres portuguesas ou estrangeiras, dentro e fora de fronteiras, no domínio das migrações, da luta pelos direitos humanos e pelos direitos das mulheres.


Esta Associação teve um papel singular por preencher uma lacuna no acompanhamento da situação das emigrantes portugueses, sobretudo depois do 1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo, que a Secretaria de Estado da Emigração realizou em Viana do Castelo, em 1985. Um Encontro que constituiu uma espécie de "Conselho das Comunidades no feminino" e foi o primeiro passo de uma política para a igualdade. Tratou-se  de um acontecimento memorável, por ter ultrapassado, em qualidade de reflexão e debate, as expetativas mais positivas e também, por ter consubstanciado o nascimento das políticas de género para a emigração, que contudo só viriam a ser desenvolvidas, sistematicamente, duas décadas depois.


Em 1993, algumas das participantes e das organizadoras do mítico "Encontro de Viana", decidiram instituir a AMM, uma ONG destinada a colocar na ordem do dia as questões da emigração feminina e a repensar o papel das mulheres na Diáspora.


Considerando a divisa da AMM - Não há estrangeiros numa sociedade que vive os direitos humanos – foi determinada a nossa Missão: contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que cada ser humano se possa realizar inteiramente - estrangeiros, mulheres, que sem direitos iguais, são como que estrangeiras no seu próprio país. 


Uma Missão expressa num conjunto de objetivos desde logo definidos nos seus estatutos:
 . Contribuir para a existência de políticas do género dentro e fora de fronteiras;
    . Aprofundar o conhecimento de realidades variáveis de comunidade para comunidade da emigração; aproximar essas comunidades entre si; promover as condições para a cidadania plena em cada uma delas; lutar pela igualdade e cidadania das mulheres;
     . Estabelecer redes de aproximação de mulheres de diferentes comunidades e delas com a AMM, potenciando assim uma vertente internacional;
       . Dar especial incentivo a uma participação cívica e política das mulheres emigrantes, seja pelo seu acesso ao patamar do dirigismo associativo em geral e em alternativa, pelo desenvolvimento de movimentos cívicos;
  . Denunciar situações e promover a mudança;
      . Analisar e debater estudos científicos que favoreçam uma rigorosa interpretação da sociedade onde as mulheres ainda não têm iguais oportunidades;
 . Dar relevo ao papel das mulheres em várias dimensões de cidadania;
    . Motivar as mulheres para a consciencialização do seu papel na mudança de esteriotipos socialmente construídos.


Metodologicamente, procuramos combinar a componente investigação (em diversas áreas, de acordo com a investigação científica desenvolvida nas universidades e centros de investigação), com o serviço público, o jornalismo, a arte, a literatura, o desporto , o associativismo, a música, a academia, a política, cuja divulgação é realizada em Congressos, Encontros, Colóquios, Tertúlias, Mesas Redondas, em parceria com Universidades, Autarquias, Fundações, Escolas e Associações, em Portugal e no estrangeiro, normalmente organizados pelas nossas associadas nesses países, algumas das quais criaram aí delegações da AMM (Argentina, Brasil, África do Sul, Canadá, EUA).  


Sempre que foi possível economicamente e graças ao patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, foram publicados trabalhos científicos, atas dos eventos,  em edições próprias da Associação MM.


A história do já longo percurso desta Associação, é marcada pela competência, tenacidade e grande dinamismo da Dra. Rita Gomes que presidiu à direção durante vários anos em vários mandatos e aqui prestamos homenagem sincera e singela. 


A história da AMM é evidenciada pela transformação em parceira de uma rede de organizações internacionais e de sucessivos governos (com a organização dos congressos mundiais de mulheres da diáspora de 2011 e 2013 e de conferências e colóquios nos vários continentes da nossa emigração e até 2018) para a execução de políticas de género.


A história da AMM demonstra a capacidade de dar corpo a um projeto consistente, agregando vontades e talentos, de mulheres e homens por igual, à volta da problemática tradicionalmente marginalizada das migrações femininas em geral e, em particular, do objetivo da igualdade, pelo não à discriminação e pelo aumento dos níveis de participação cívica e política das mulheres, dentro do movimento associativo português (onde tradicionalmente não tinham voz e não ascendiam à liderança).


Hoje e neste espaço emblemático que nos acolhe, tem agora início esta sessão destinada à apresentação do livro da Profª. Doutora Elisabeth Battista, intitulado Maria Archer – uma jornalista portuguesa no exílio.


Uma obra literária que constitui um relevante contributo para o estudo acerca do comunitarismo cultural que envolve os países de Língua Portuguesa. Para Benjamin Abdala Júnior da Universidade de São Paulo que apresenta desta publicação, a autora … realizou uma profundada análise de caráter crítico e historiográfico, que nos levou a profundas reflexões sobre o percurso crítico dessa escritora portuguesa, que circulou entre Portugal, Brasil e África. E acrescenta, ´... é o sentido crítico que Elisabeth Battista rastreia com densidade analítica os caminhos da jornalista e escritora portuguesa Maria Archer.

Em nome da AMM e de mim própria o nosso reconhecido agradecimento pela sua presença e pelo maravilhoso contributo para a nossa associação.

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