AS ARTES ENTRE AS LETRAS E ENTRE A ASSOCIAÇÃO MULHER MIGRANTE
Maria da Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática
Aposentada da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Presidente da Direção da
Associação Mulher Migrante
Já são dez anos que quinzenalmente temos acesso a este veículo de
conhecimento, que nos proporciona leituras magníficas, tal é a magnificência
dos seus autores.
Ao longo deste tempo, foi-nos proporcionado um enriquecimento do
nosso conhecimento, lendo textos excelentes, desenvolvidos por conceituados
autores, que tão bem emprestam o rigor científico e a seriedade de pensamento
aos seus escritos.
Nesta edição, que assinala os 10 anos do seu caminho, a Associação
Mulher Migrante, que tantas vezes foi apoiada por este jornal, tinha
inevitavelmente de aceitar o convite feito para elaborar este texto, que muito
nos honra e agradecemos reconhecidamente.
As Artes entre as Letras e entre a Associação Mulher Migrante
procurará evidenciar esta colaboração.
A Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher
Migrante e que de uma forma simplificada usamos designar por Associação Mulher Migrante (AMM),
foi constituída em 1993. Uma ideia da Dra. Manuela Aguiar, logo apoiada por um
grupo de mulheres na qual tive a honra de estar incluída, balizava preencher
uma lacuna no acompanhamento da situação das emigrantes portugueses.
Dava assim o primeiro passo de um
caminho para uma política para a igualdade.
Destaca-se por ser uma
Associação defensora dos direitos de todas as mulheres portuguesas ou
estrangeiras, dentro e fora de fronteiras, no domínio das migrações, da luta
pelos direitos humanos e pelos direitos das mulheres.
Um forma de associativismo envolvendo as
questões das migrações e que nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo
já existia há muito tempo. Efetivamente, o associativismo na diáspora portuguesa
constituiu uma forma de conjugar indivíduos com interesses ou gostos análogos,
que tem favorecido a implementação de objetivos comuns: convivência social,
prossecução de práticas culturais, recreativas e desportivas, para além da
defesa de interesses inerentes ao trabalho, às condições de vida, à política.
Podem efetivamente ser consideradas como um processo globalizante de
interpretações sociais e um meio privilegiado para o estabelecimento de um
diálogo intercultural, que se alicerça no fortalecimento dos seus próprios
valores culturais. A Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher
Migrante (AMM) tem como missão o estudo do fenómeno migratório e o combate
das desigualdades e discriminação que atingem as mulheres e, de forma especial,
as mulheres migrantes e as minorias étnicas.
Com a divisa - Não há estrangeiros numa sociedade que vive
os direitos humanos – a sua missão baliza contribuir para a construção de uma sociedade mais justa
e igualitária, em que cada ser humano se possa realizar inteiramente, estando traduzida nos seguintes objetivos:
. Contribuir para a existência de
políticas do género dentro e fora de fronteiras
. Aprofundar o conhecimento de realidades variáveis de comunidade
para comunidade da emigração, aproximar essas comunidades entre si, promover as
condições para a cidadania plena em cada uma delas, lutar pela igualdade e
cidadania das mulheres;
. Estabelecer redes de aproximação de mulheres de diferentes comunidades
e delas com a AMM, potenciando assim uma
vertente internacional;
. Dar especial incentivo a uma
participação cívica e política das mulheres emigrantes, seja pelo seu acesso ao
patamar do dirigismo associativo em geral e, em alternativa, pelo desenvolvimento
de movimentos cívicos;
. Denunciar situações e
promover a mudança;
. Analisar e debater estudos científicos que favoreçam uma
rigorosa interpretação da sociedade onde as mulheres ainda não têm iguais
oportunidades;
. Dar relevo ao papel das mulheres
em várias dimensões de cidadania;
. Motivar as mulheres para a consciencialização do seu papel na
mudança de estereótipos socialmente construídos.
Metodologicamente, procura combinar a componente investigação
(universidades e centros de investigação), com o serviço público, o jornalismo,
a arte, a literatura, o desporto , o associativismo, a música, a academia, a
política e cuja divulgação é realizada anualmente em Congressos, Encontros,
Colóquios, Tertúlias, Mesas Redondas e, tanto quanto nos foi possível,
publicados em edições próprias da Associação MM patrocinadas pela Secretaria de
Estado das Comunidades Portuguesas.
Hoje contamos com mais de 300 associadas
e associados, estando mais de meia centena espalhadas pelo mundo, com algumas
delegações (Venezuela, Brasil, Canadá, EUA). Algumas das nossas associadas
pertencem a associações similares - Associação da Mulher Migrante na Argentina,
Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul , Bloco Folia das Deusas (Recife),
que connosco organizaram importantes Encontros: Encontros para a Cidadania
em Buenos Aires, em Joanesburgo, em Toronto e no Recife.
Desde
2011 o Jornal Entre as Artes e as Letras anunciou e divulgou as nossas
atividades, tendo sido em muitas delas comissária de exposições de artes plásticas
- Feminino Singular (Maia, 2011);
Mulheres d´Artes na Diáspora Portuguesa (Espinho, 2013); Mulheres
d´Artes em Movimento (Lisboa 2013);
Expresións de Cidadanía no Feminino (Salvaterra de Miño e Monção, 2017)
– de tertúlias para apresentação das nossas publicações
(Porto 2013, 2014, 2016). Em muitas delas a sua diretora, Nassalete Miranda,
integrou o grupo de palestrantes em eventos em Portugal e no estrangeiro e foi
responsável por uma das nossas publicações - Entre Portuguesas num
Mundo sem Fronteiras – Homenagem a Maria Lamas.
Eis assim a razão do título deste texto
– O Jornal As Artes Entre as Letras e entre a Associação Mulher Migrante.
Um ligação exemplar, paradigmática e a manter!
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