quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Leonor FONSECA em Genebra


As Mulheres Portuguesas na Política.

As mulheres na política ensombram todos os que temem a perca de poder. Sim, é tudo uma questão de Poder.
Durante décadas foi útil subtrair à mulher o acesso aos estudos, ao conhecimento, à vida, ao mundo, não porque sofresse qualquer disfunção genética que lhe tivesse subtraído a capacidade de
pensar, discernir, contestar, argumentar e aduzir mas porque bem sabiam que uma mulher inteligente poderia representar uma ameaça ao dito poder.
Pouco astutos, diria eu! Sim, porque uma “mulher pensante” pode e deve ser uma entre os seus pares, mas ao invés, é olhada de soslaio! Por eles – Homens – que a sentem como uma ameaça – e
por elas – Mulheres – que pensam como eles!
 A igualdade de poder e a participação cívica, seja na vida pública ou privada é assunto de um
passado recente, não muito longe dos dias de hoje.
E infelizmente o mundo – deste séc. XXI - continua repleto de mulheres para quem os direitos
básicos, como sejam o acesso à saúde, educação, são simplesmente uma miragem.
(…) Mesmo a Primeira República que poderia ter dado a oportunidade às mulheres de exercerem o seu direito de voto, traiu- as. Mas foi também nessa altura, apesar da traição legislativa, que uma
Grande Mulher fez ouvir a sua voz, lutando pelos direitos de todas nós. Carolina Beatriz Ângelo invoca a sua qualidade de chefe de família porquanto era viúva e mãe e recorre às vias judiciais a fim de que lhe seja concedido o justo direito de exercer o seu voto.
E ganha. Tendo sido a primeira mulher a votar em Portugal!
Mas outras sufragistas se lhe seguiram, Ana de Castro Osório, Elina
Guimarães e outras.(…)
Abril, de 1974, tudo parecia mudar.
Com a liberdade a sensação de que a discriminação em função do
género seria coisa do passado, o que não veio a acontecer.
Continuam a ser os homens a ocupar os lugares de topo.
Raramente aparecem mulheres como cabeças de lista nas
formações político-partidárias e quando aparecem ocupam lugares
não elegíveis.
A excepção ficará para sempre na história do Portugal recente:
Engª. Maria de Lourdes Pintassilgo que durante o ano de 1979
ocupou o cargo de Primeiro-Ministro, tendo criado a
“Comissão da Condição Feminina”.
(…) A lei da paridade foi por isso e apesar de tudo uma vitória. (…)
O Parlamento Português tem 230 deputados.
Apenas 57 são Mulheres. Inaceitável e mesmo assim, fruto da lei da
paridade.
Quantas vezes as quotas não camuflam lugares reservados
àqueles homens?!
Quantas vezes as mulheres apesar de exercerem funções públicas
não são ostracizadas,
humilhadas, relegadas de forma exímia para 5º plano porque têm a
coragem de não calar o
que lhe vai na alma?!. De expressarem livremente as suas opiniões
nem sempre condizentes
com o politicamente correcto. As mulheres portuguesas na política
são ainda e só aquilo que
alguns homens querem.
Uma secção delimitada pela via legal, uma quota. Assim não!
Mantem-se a injustiça numa sociedade em que leis designadas
paritárias camuflam a sorte de
cada uma de nós.
Pelo que a luta pode e deve continuar. Está muito por fazer.(…)
Leonor Lêdo da Fonseca
Vereadora da Câmara Municipal de Espinho.

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