COLÓQUIO EMIGRAÇÃO PARA FRANÇA NA DÉCADA DE 60
Casa Museu de Monção da Universidade do Minho, 5 de Abril de 2019
1º Painel: Perspetivas sobre a emigração para França (10,30/12,30 h)
Moderação: Graça Guedes
Pela quarta vez e em quatro anos consecutivos a AMM orgulha-se de organizar este Colóquio que tem como título A Emigração Portuguesa para França na Década de 60, em parceria com a Casa Museu da Universidade do Minho, que também nos acolhe nestas belíssimas instalações, com o apoio da Câmara Municipal de Monção e o alto patrocínio de Sua Excelência o Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Mestre José Luís Carneiro.
Em quatro anos consecutivos importantes temáticas foram desenvolvidas por especialistas de reconhecido mérito científico e que importa agora lembrar:
2016 – Expressões de Cidadania no Feminino
2017 - Euricidade. Monção-Salvaterra de Miño – Expressões de Cidadania no Feminino na Região Luso-Galaica. Neste colóquio tivemos também a parceria do Concello de Salvaterra de Miño.
Para além de conferências, esteve patente no Museu de Monção e no Castelo de Dona Urraca, uma exposição intitulada Expresións de Cidadanía no Feminino, distribuída nestes dois espaços.
Houve ainda o Concerto/Conferência intitulado A Música de Exprésion Ibérica, proferidas pelos Maestros Vitorino d´Almeida e Miguel Leite no Cine Teatro João Verde (Monção).
2018 – Portugal-Brasil, a descoberta continua a partir de Monção.
Todos estes Colóquios aconteceram graças ao empenho da Mestre Arcelina Santiago, que tudo fez e bem, para esta realidade e que aqui registo com o maior orgulho e satisfação, felicitando-a vivamente e com muita amizade.
Todos estes Colóquios foram amplamente anunciados e divulgados pela comunicação social , destacando e agradecendo ao Jornal Entre as Artes e as Letras, na pessoa da sua diretora Mestre Nassalete Miranda, que vai moderar o painel da tarde e é também uma repetente, como eu, nestas funções, bem como ao Jornal A Terra Minhota.
E para este Colóquio, o Jornal Entre as Artes e as Letras, que quinzenalmente entra na minha caixa de correio, ainda na semana passada dedicou três páginas inteiras, uma das quais com o cartaz contendo toda a programação, outra com um texto excelente da Mestre Arcelina Santiago, intitulado Monção continua a colocar na sua agenda cultural e pedagógica a rota dos Colóquios sobra a Emigração e outra com um texto do Presidente da Câmara de Monção , Dr. António Barbosa, intitulado Colóquio A Emigração para França na Década de 60.
A todos e todas o meu bem hajam.
Esta manhã - 1º Painel: Perspetivas sobre a emigração para França - vamos começar com um conferência proferida pelo Prof. Doutor Henrique Rodrigues, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, que abordará o tema Ligações de papel e tinta e afetos na emigração para França.(30´)
O Prof. Doutor Henrique Rodrigues, é Doutorado em História Moderna e Contemporânea, Investigador filiado na Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), associado ao CETRAD/UTAD. Proferiu mais de centena e meia de comunicações, palestras e conferências, com mais de cento e setenta títulos publicados em academias, centros de investigação e outras instituições científicas e fundações nacionais e estrangeiras.
Tem investigado sobre a temática das mobilidades, das escritas privadas, da guerra e da emigração oitocentista.
Após a conferência seguem-se os Ateliês da Memória, que nos vão ser apresentados pelo Dr. Henrique Barreto Antunes e que resultam de uma atividade desenvolvida pela Mestre Arcelina Santiago e integrada na dinâmica cultural e social em Monção, junto das escolas e universidades Sénior, balizando recolher testemunhos locais de quem viveu esta emigração na primeira pessoa. (29 ´)
Serão também apresentadas experiências retratadas em livro, hoje do livro A Terra do Chiculate, de Isabel Maria Fidalgo Mateus, que será dramatizado pelos alunos do 6º ano da Escola Deu-la-Deu Martins e orientada pela Professora Rosa Lima. (20 ´) .
A terminar e antes do período de debate com que encerra esta manhã (12,30 h), temos A Viagem a Salto, com três testemunhos:
Maria Isabel Português
António Conde Gonçalves
Manuel Luís Ruivo Araújo
A gestão do tempo vai ter de ser rigorosa...esse é o papel do moderador pelo que peço a todos que não ultrapassem os minutos que dispõem.
Bons trabalhos.
Resumo da conferência:
Há alguns anos, adquirimos um lote de cartas endereçadas a um jovem que, desde novo, ainda estudante, se correspondia com colegas da mesma faixa etária. Eram mais de sete centenas de escritas do Eu; entre elas, cerca de sete dezenas foram enviadas pelo pai, emigrante desde 1970, além de outras missivas circuladas entre o núcleo familiar. O receptor das epístolas iniciou uma carreira futebolística aos dezasseis anos, no escalão júnior do Sport Lisboa e Benfica, tendo depois passado por vários clubes, mas de escalões inferiores. Ao longo de seis anos, podemos acompanhar as ligações de papel entre pai e filho, único descendente, a quem os progenitores deram apoio financeiro, durante o período de permanência em França, emergindo como o centro dos afectos, um “menino mimado” a quem nada faltava, vivendo afastado da mãe e com o ascendente em Paris. A corrente de tinta revela-nos um quadro de “manipulação” pela ausência do progenitor, que tudo fazia para não perder o vínculo com o filho, sempre preocupado com os resultados no desporto, na escola e durante o cumprimento do serviço militar, enviando remessas e tudo ou quase tudo que o filho ia solicitando e que os tempos da moda impunham.
Enquanto presenteava o descendente com “gordas mesadas”, o emigrante recorria ao papel e tinta para avivar os afetos, pedindo resposta a cada carta, correspondendo-se frequentemente com o filho (Fernando Manuel), a esposa (Rosalina Ramalheira), a mãe (Vitalina da Encarnação) e outros atores da escrita, mas apenas tivemos acesso ao espólio conservado pelo jovem que reuniu perto de sete centenas de cartas.
Desconhecemos a data da emigração Fernando Moita. A avaliar pela missiva mais antiga, datada de Março de 1970, mês em que o jovem ia fazer dezassete anos, a cadeia de papel estava lubrificada, considerando que, como diz o emissor, «cá recebi a tua carta com a qual fiquei muito satisfeito por saber notícias tuas». Como esta epístola tem como local de emissão a sede da empresa onde o trabalhador recebia a correspondência, podemos inferir que se tratava do início de carreira profissional como emigrante. A reforçar esta asserção, emerge a nota sobre as dificuldades de comunicação de quem estava numa terra estrangeira onde «…mete… confusão não saber ainda bem falar francês», lamentava-se o emigrante, e pedia apoio ao filho, através de algum livro para aprender a nova língua.
Neste texto, abriremos com uma síntese sobre escritas de gente sem história, seguindo-se um registo com valores quantitativos sobre a emigração portuguesa após segunda guerra mundial, destacando a mobilidade dos anos sessenta para França e terminaremos com uma abordagem às escritas privadas em contexto migratório, tendo corpo documental o espólio conservado pelo filho de um emigrante.
COLÓQUIO EMIGRAÇÃO PARA FRANÇA NA DÉCADA DE 60
Casa Museu de Monção da Universidade do Minho, 5 de Abril de 2019
ENCERRAMENTO
Pela quarta vez e em quatro anos consecutivos a Associação Mulher Migrante orgulha-se de ter organizado este Colóquio que tem como título A Emigração Portuguesa para França na Década de 60, em parceria com a Casa Museu da Universidade do Minho, que também nos acolhe nestas belíssimas instalações, com o apoio da Câmara Municipal de Monção e o alto patrocínio de Sua Excelência o Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Mestre José Luís Carneiro.
Em quatro anos consecutivos, importantes temáticas foram desenvolvidas por especialistas de reconhecido mérito científico e que importa agora lembrar:
2016 – Expressões de Cidadania no Feminino
2017 - Euricidade. Monção-Salvaterra de Miño – Expressões de Cidadania no Feminino na Região Luso-Galaica. Neste colóquio tivemos também a parceria do Concello de Salvaterra de Miño.
Para além de conferências, esteve patente no Museu de Monção e no Castelo de Dona Urraca, uma exposição intitulada Expresións de Cidadanía no Feminino, distribuída nestes dois espaços.
Houve ainda o Concerto/Conferência intitulado A Música de Exprésion Ibérica, proferidas pelos Maestros Vitorino d´Almeida e Miguel Leite no Cine Teatro João Verde (Monção).
2018 – Portugal-Brasil, a descoberta continua a partir de Monção.
Todos estes Colóquios aconteceram graças ao empenho da Mestre Arcelina Santiago, que tudo fez e bem, para esta realidade e que aqui registo com o maior orgulho e satisfação, felicitando-a vivamente e com muita amizade.
Todos estes Colóquios foram amplamente anunciados e divulgados pela comunicação social , destacando e agradecendo ao Jornal Entre as Artes e as Letras, na pessoa da sua diretora Mestre Nassalete Miranda, que moderou o painel da tarde e é também uma repetente, como eu, nestas funções, bem como ao Jornal A Terra Minhota.
Manhã
1º Painel: Perspetivas sobre a emigração para França (10,30/12,30 h)
Iniciou com uma conferência proferida pelo Prof. Doutor Henrique Rodrigues, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, que abordou o tema Ligações de papel e tinta e afetos na emigração para França.
Seguiram-se os Ateliês da Memória, apresentados pelo Dr. Henrique Barreto Antunes e que resultam de uma atividade desenvolvida pela Mestre Arcelina Santiago e integrada na dinâmica cultural e social em Monção, junto das escolas e universidades Sénior, balizando recolher testemunhos locais de quem viveu esta emigração na primeira pessoa.
Foram também apresentadas experiências retratadas em livro, hoje do livro A Terra do Chiculate, de Isabel Maria Fidalgo Mateus, que foi dramatizado pelos alunos do 6º ano da Escola Deu-la-Deu Martins e orientada pela Professora Rosa Lima.
A terminar e antes do período de debate com que encerrou a manhã - A Viagem a Salto - houve três testemunhos: Maria Isabel Português / António Conde Gonçalves / Manuel Luís Ruivo Araújo
Tarde
2º painel: O processo de integração dos movimentos migratórios
* Conferências:
Prof. Doutora Maria Engrácia Leandro – Professora Catedrática da Universidade do Minho
Prof. Doutor Albertino Gonçalves – Professor Catedrático da Universidade do Minho
* Testemunhos de Monçanenses: O Papel do Associativismo
António Costa/Rosa Afonso/João Fernando Rodrigues/Maria Inácia Bartolomeu
in A Terra do Chiculate
* Narrativas de Regresso: uma reflexão sobre a segunda geração da emigração portuguesa
Fundadora e até há pouco tempo Presidente do Observatório dos Luso Descendentes
Muito obrigada a todos e a todos por estes momentos mágicos que aqui nos foram propiciados
Graça Guedes
Presidente da Direção da AMM