segunda-feira, 26 de março de 2012

IDALINA ANDRADE GONÇALVES

Fundadora e Presidente da Associação dos Amigos Escritores e Poetas da Escola*

A Mulher Portuguesa

Em “ O Primeiro Homem ,“ Albert Camus, faz uma discrição da condição do Emigrante. Sua partida por falta de emprego na sua Terra natal. A frustração, a Dor e a Superação. Por isso recorremos a este autor, porque a Emigração é um assunto Universal.
A movimentação dos portugueses pelo mundo, tem algo Bíblico. Foi uma verdadeira Epopeia que de certa forma nos orgulha; a determinação e o patriotismo, que lhes fizeram encarar todas as adversidades que são peculiares a quem saiu de sua Terra Natal.
A palavra diáspora define a dispersão de um povo, em consequência de preconceito, perseguição política, ética e religiosa. O problema da maioria dos portugueses foi de natureza económica.
Com toda a maestria, Eça de Queiroz (1871), escreveu: “Em Portugal não é, como em toda a parte, não é o excesso de uma população que sobra; mas a fuga de um povo que sofre. A emigração não significa a ausência, mas o abandono... “

Maria Archer, foi escritora e jornalista, na época do “Estado Novo “domínio salazarista que desejava a mulher em casa, e de preferência “casadinha “. Mas, mesmo assim, a Guerreira produziu livros e artigos para jornais, em meio a um cenário de vozes masculinas.
Como tudo na vida tem um preço; Portugal indicou-lhe a saída, e, ao que parece esta prática continua em vigência .…...
A um jornal do Rio de Janeiro, Maria Archer declara:
“ Vim para o Brasil, tendo chegado dia,15-07-1955, porque já não podia viver em Portugal. A ação da censura asfixiou-me e tirou-me os meios de vida. Apreenderam-me dois livros publicados, assaltaram-me com policiais a minha casa e levaram-me um original, que ainda estava escrevendo. Violência inédita em países de civilização europeia.” ( Diário de Notícias,15-01-1956)

Recordando Helen Keller , (USA) da mesma época da nossa Homenageada.
“A vida é uma aventura ousada, ou não é nada.
Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar.”...

Nós os portugueses, desde tempos remotos temos necessidade de ir além de; por sermos uma civilização formada de diferentes etnias. Mas, com a alma Lusitana .

O Emigrante, vai na esperança de um futuro misterioso do Eldorado... Partiu, mas preserva o desejo de voltar, como bem expressam os versos do poeta, Vinícius de Moraes em “Pátria Minha, “ falando de um sentimento que não morre.......

“ ...Tenho-te (Pátria), no entanto, em
mim como um gemido.
De Flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma Fé
Sem dogma, tenho-te em tudo em que não
me sinto a Jeito.
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem Pé- Direito...”


Este Poema, é a minha homenagem a Maria Archer e a Todas as Marias, que um Dia, também Partiram.....

* Portuguesa, Açoriana, emigrante no Rio de Janeiro, membro da Associação Mulher migrante

Escola.

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