terça-feira, 7 de abril de 2009

MESTRE ARCELiNA SANTIAGO Reflexão sobre o Encontro

Cidadãs da Diáspora, uma reflexão sobre o Encontro em Espinho…

Foi com enorme prazer que aceitei o desafio da Professora Dr. Graça Guedes e me envolvi na organização deste Encontro em Espinho, não apenas por ser também entusiasta pela nobre causa que a Associação Mulher Migrante defende e divulga, mas também por ser estudiosa das questões relacionadas com o género e aderente ao feminismo, enquanto forma de humanismo.

Neste Encontro, realço o momento presente como reflexão e ponto de passagem entre o passado e o futuro. Do passado, os testemunho do que foi sendo feito ao longo dos anos, nos quatro continentes. Neles, destaco a importância do associativismo em que homens e mulheres estiveram empenhados e, de forma muito peculiar, as trajectórias das mulheres, mesmo que a conquista aos lugares de direcção ainda não tivesse sido uma realidade. A visibilidade da sua acção destaca-se na forma como mantiveram vivos os traços da lusofonia, através de inúmeras formas de expressão. Este associativismo e voluntariado são sinais de uma intensa fraternidade, solidariedade e luta pela manutenção das marcas da lusofonia em locais tão distantes, mesmo nem sempre tão apoiadas, como deveriam ser, pelo Estado. Dar visibilidade a esta acção tão nobre é missão do presente para que ela se reflicta no futuro que está já ali e no qual os esforços de todos devem incidir. Neste presente, destaco também os estudos científicos, apresentados por ilustres palestrantes, tão importantes para dar visibilidade a estas questões, em torno das quais as reflexões foram acontecendo.

Neste Encontro de gerações e de géneros, alguns aspectos significativos foram realçados. Na verdade, afiguram-se mudanças que têm de ser entendidas, segundo me parece, como algo intrinsecamente necessário, numa sociedade, em transformação alucinante, agora com fluxos migratórios bem diferentes dos de outrora, essencialmente marcada pela globalização. A reflexão em torno de questões como o encorajamento da presença dos jovens nos movimentos torna-se urgente enquanto forma de manter o associativismo e a lusofonia. Os jovens deverão ser chamados a intervir com os seus próprios projectos e não apenas como complementos dos projectos existentes e construído sob o olhar e a perspectiva dos mais velhos. Estes serão necessariamente a retaguarda do apoio, tão necessário, mas é preciso dar mais voz aos jovens. Novas formas de acção são vitais para assegurarmos o associativismo, aquilo que ele tem de bom, combinando novas formas de gerir e gerar acções.

A Associação, a festejar os seus 15 anos de actividade está de parabéns pela sua intensa acção em prol das cidadãs em diáspora. Se o passado foi marcado pelo entusiasmo, o futuro exige forças redobradas onde homens e mulheres devem, mais do que nunca, juntar-se para enfrentar os desafios que se afiguram complicados.

Este momento de Encontro em Espinho, coincide com um momento em que tantas mudanças estão a ocorrer na sociedade, em termos globais. Muitas interrogações se colocam nesta fase de crise profunda, em termos económicos e sociais. No entanto, reconhece-se, talvez mais do que nunca, a necessidade de um olhar, agir e intervir, de forma humanista, perante novos fluxos migratórios e, em particular a situação das mulheres que, sendo já mais precária, tenderá a agudizar-se.

O Encontro em Espinho “Cidadãs da Diáspora” contribuiu não só para a reflexão, como também para dar alento a novas perspectivas e, por isso, mesmo ele foi marcante e inovador. Realço a importância, neste encontro, da presença de jovens, pois motivá-los para estes problemas é pensarmos no futuro que está já a acontecer.

Arcelina Santiago

1 comentário:

  1. É de toda a justiça reconhecer que à Drª Arcelina Santiago se deve a iniciativa de trazer ao Encontro estudantes das Escolas de Espinho. Teve a ideia, contactou a Direcção dessas Escolas ("Domingos Capela" e "Manuel Laranjeiro"),e os professores e conseguiu a sua adesão. Muitas dezenas de jovens, que, em breve, farão a entrada nas universidades, tiveram assim um contacto com temas tão importantes para a compreensão da nossa sociedade como um todo - e quase sempre esquecidos... A história do passado e o conhecimento da realidade actual da emigração portuguesa deviam fazer part dos "curricula" escolares. Até que isso aconteça, é nosso objectivo aprofundar o conhecimento sobre estas matérias, em congressos de feflexão e debate, como o que nos reuniurecentemente, em Espinho. Uma audiência tão jovem e numerosa, em dia de aulas, foi uma novidade, que queremos se vá tornando habitual, em ocasiões futuras.
    Ficamos à espera de comentários destes nossos co-participantes liceais, porque gostaríamos que tivessem voz activa na publicação que estamos a preparar sobre o Encontro.
    E, desde já, manifestamos disponibilidade para com eles debater questões de emigração, onde e quando quiserem.

    ResponderEliminar