sábado, 13 de dezembro de 2008

MARIA MANUELA AGUIAR NOVO ENCONTRO MUNDIAL EM ESPINHO

CONGRESSO ONLINE
12 de dezembro de 2008 a 8 de Março de 2009
ENCONTRO MUNDIAL EM ESPINHO
6 a 8 de Março de 2009
Os antecedentes

O "Encontro das Portuguesas Migrantes no Associtivismo e no Jornalismo", realizado em Junho de 1985, em Viana do Castelo, foi, como dissemos, uma primeira ocasião de ouvir algumas dezenas de portuguesas, quase todas pioneiras do dirigismo associativo, vindas dos quatro cantos do mundo, a falar de problemas, de projectos e de aspirações, não só delas próprias, mas também das suas comunidades.
De facto, consideramos que tão importante é reflectir sobre as especificidades da situação das emigrantes, sobre o seu papel na sociedade, na comunidade, na família, como como dar-lhes voz para se pronunciarem sobre questões que respeitam a todos - por exemplo, sobre as instituições da comunidade, as políticas e prioridades de acção concreta, ou a História, a cultura, a ideia de transnacionalidade...
Em Viana, ambos os objectivos foram atingidos. Era apenas um começo, mas um bom começo, que exigia continuidade.
Uma das principais recomendações aí aprovadas era "a constituição de uma associação de participantes, aberta a adesões, dentro e fora do país".
Esse papel, conforme entendimento geral, não cabia ao Estado, mas às próprias interessadas.
Houve que esperar alguns anos, até ser, em 1993, criada, formalmente, por escritura notarial, a "Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidadiedade " que, deu, a 2 de Janeiro de 1994, início às suas actividades. Na fundação estão participantes vindas da Diáspora ao "Encontro" de Viana, como Maria Alice Ribeiro e Manuela Chaplin, organizadoras do "Encontro", como Graça Guedes e Maria do Céu Cunha Rego, dirigentes do Instituto de Apoio à Emigração e Comunidades Portuguesas, como Rita Gomes e Mafalda Durão Ferreira, deputados dos círculos de emigração, como Fernando Figueiredo e eu própria, jornalistas especializados neste domínio, como Carlos Morais.
E a Engª Fernanda Ramos, que não fora a Viana, mas a quem se ficou a dever a liderança na fase difícil do arranque. Emigrante de muitas décadas, em Belo Horizonte, Brasil, mãe de nove filhos, empresária e a primeira mulher a presidir ao "Elos Clube Internacional", Fernanda Ramos estava, então, a residir em Lisboa e tinha, naturalmente, a visão das potencialidades do projecto e o gosto e capacidade de o levar em frente.
Outra importante srecomendação do "1º Encontro" visava "a realização de um Congresso das Portuguesas no Mundo, com a finalidade de abordar áreas temáticas, como a evolução da presença feminina no associativismo, na comunicação social, no trabalho, no ensino da língua, na preservação da cultura, através das segundas gerações, na preparação do regresso a Portugal".
A nova Associação quis, antes de mais, cumprir o objectivo traçado, uma década antes, e com essa iniciativa, em Março de 1995, se deu a conhecer. Contrinbuido, efectivamente, para um melhor conhecimento da problemática da emigração portuguesa no feminino, desenvolvendo a generalidade dos temas referidos.
No" Encontro Mundial " de Espinho sobre "Gerações em Diálogo" estiveram cerca de 400 participantes dos cinco continentes, na sua maioria dirigentes associativos, professores, investigadores, antigos conselheiros do CCP, jornalistas, políticos e altos funcionários, jovens das comunidades, jovens de associações locais de Espinho, que é, também, terra de emigração.
A abertura foi feita pela Secretária de Estado da Juventude, Dr ª Maria do Céu Ramos e pelo Presidente da Câmara de Espinho, Sr José Mota. E o encerramento pela Doutora Maria Barroso, que, desde então, connosco tem colaborado constantemente, e que é e nossa "sócia honorária".

Ao longo destes quase 15 anos de acção, procurámos, de uma forma sistemática, reunir, em grupos mais ou menos alargados, dentro e fora do País, para reflectir sobre velhas - mas actuais... - e novas problemáticas, sempre com a finalidade de promover uma maior intervenção cívica das "emigrantes- imigrantes" na sociedade de acolhimento e na vida do País de origem.
Tem sido uma parte, apenas, mas uma parte substancial do nosso trabalho, porque a troca de experiências é uma aprendizagem mútua e um meio de fazer o balanço de situações e de obstáculos, que persistem, tanto quanto de promover mudanças positivas, que, todavia, se não verificam, necessariamente, de forma semelhante, ou ao mesmo ritmo, em todas as comunidades.
2005 é um ano marcante na vida da "Mulher Migrante".
Há 20 anos acontecera, por obra de Secretaria de Estado da Emigração, mas com decisivo apelo à colaboração do movimento associativo, o Encontro Mundial de Viana do Castelo.
Há 10 anos se efectuara, por iniciativa da "Mulher Migrante", com significativos contributos de vários departamentos governamentais, das grandes Fundações, existentes no País (Flad, Gulbenkian, Oriente), das Universidades, dos "media", o Encontro Mundial em Espinho.
Pareceu-nos bem, e de toda a justiça, não comemorarmos as efemérides, como coisa exclusivamente nossa, antes apresentarmos ao Senhor Secretário das Comunidades Portuguesas uma proposta de acção conjunta, que pudesse servir de especial mobilização das migrantes para um envolvimento crescente no dia a dia das comunidades portuguesas do exterior.
O Doutor António Braga aprovou a ideia, e empenhou-se em lhe dar sequência, de imediato.
A ele se fica a dever a originalidade de uma concretização em moldes que permitem a melhor percepção das especificidades da chamada "questão de género" nos vários continentes, no contexto da emigração:
o congresso mundial seria antecedido, como veio a ser, por encontros preparatórios, efectuados em cada uma das grandes regiões de concentração de comunidades portuguesas, recentes ou antigas.
Foram os "Encontros para a Cidadania", patrocinados pela SECP, com a "presidência de honra" da Drª Maria Barroso e em que contámos com a parceria da Fundação Pro Dignitate, da Universidade Aberta, do CEMRI e da "Rede Portuguesa de Joven para a Igualdade " e (sempre, sem excepção!) de uma eficaz organização local, a cargo de instituições de cada uma das comunidades.
Sucederam-se pela seguinte ordem cronológica:

2005
América do Sul (Brasil,Argentina, Uruguai e Venezuela), em Buenos Aires, na Biblioteca Nacional . Organização da "Associação Mulher Migrante Portuguesa da Argentina", com apoio da Embaixada de Portugal.
2006
Europa (França, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, Holanda ,Suécia e outros), em Estocolmo, no Museu Etnográfico. Organização da PIKO, Federação de mulheres portuguesas, com sede na Suécia.
2007
América do Norte (Canadá), em Toronto, no centro da cidade. Organização da Consul Geral de Portugal e da Associação "Working Women", com o apoio do Governo Regional dos Açores.
2008
África do Sul (RAS), em Joanesburgo, no "Lusito". Organizado pela "Liga da Mulher Portuguesa", com o apoio do Consulado Geral de Joanesburgo, do CCP, e do Director das Comunidades Madeirenses.

Não neste preciso modelo, mas com o mesmo objectivo, como um passo mais na preparação do Congresso Mundial, há que acrescentar os colóquios, inseridos, por solicitação nossa, no âmbito das comemorações do "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas", em Montreal e em Newark , no ano de 2006. A nossa ideia foi dar um enfoque particular ao reconhecimento do papel das emigrantes nas comunidades, nessa data especial (e porque não?).
O primeiro incidiu sobre relacionamento geracional - "Retrato da mulher luso -descendente" - e foi organizado pelo"Carrefour Lusophone"e pela Associação de Estudantes Portugueses da "Uqam"(Université du Québec à Montreal), com apoio da Comissão do 10 de Junho.
Em Newark, um seminário, ao longo de dois dias, sobre "A presença da mulher nas comunidades portuguesas da América do Norte", organizado pelo "Núcleo da Mulher Migrante ", nos EUA, e pela "Real Associação de New Jersey", com o apoio da FLAD, da Fundação Bernardino Coutinho, da DGACCP e de outras entidades.

2008
Colóquio sobre " O papel da Mulher no futuro do associativismo e os movimentos cívicos na Califórnia" , na Universidade de Berkeley. Um "Encontro para a cidadania", em formato singular, integrado na visita do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas ao oeste dos EUA. Organizado pela Prof Doutora Deolinda Adão, a solicitação do Consul Geral de Portugal em S. Francisco.

O que se segue :
O Encontro Mundial previsto para 6, 7, e 8 de Março de 2009, em Espinho.
O "Congresso on line", aberto, desde já, como um forum permanente de diálogo.
O Encontro de Espinho, no esquema em que está a ser preparado, começará pela apresentação de conclusões, ponto de situação e propostas dos "Encontros para a cidadania" , a cargo de um - ou uma - porta voz de cada uma dessas reuniões regionais, seguida de um debate geral, em que, certamente, serão introduzidos os contributos recebidos via "blogue".
Nos dias seguintes, realiza-se um seminário sobre "Dinâmicas de Género e de Geraçâo nas Comunidades Portuguesas".
Alguns dos temas para debate:
História das iniciativas do Estado e de ONG's nesta área.
Realidade e futuro do movimento associativo no estrangeiro- a componente de "género" e de "geração".
Paradigmas de intervenção cívica de "mulheres da "diáspora"(no campo profissional, no jornalismo, na política, no voluntariado, no ensino, na cultura, no desporto).
A mulher e os "media" , enquanto espaços de acção e de representação das mulheres migrantes.
Multimedia: a evolução tecnológica ao serviço do diálogo intergeracional e de género.
A imprensa, como guardiã da memória das Comunidades, e como intérprete dos seus problemas, e da realidade de vida dos cidadãos e das instituições.
A mudança na imagem das emigrantes nos "media"- da invisibilidade a novas formas de representação e participação.
Não se trata de uma "lista fechada". Areditámos que, muito em especial, os congressistas "on line", serão capazes de a reinventar .
O importante é que todos fiquem com a certeza de que deram o melhor contributo para uma causa comum a mulheres e homens, como tem de ser a igualdade de direitos e oportunidades para ambos os sexos, no quadro das migrações, portuguesas, europeias ou universais.

Espinho, 13 de Dezembro de 2008

3 comentários:

  1. Sobre o "1ºENCONTRO - Portuguesas Migrantes no associativismo e no jornalismo" há uma publicação da SECRETARIA DE ESTADO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS CENTRO DE ESTUDOS de Maio de 1986.
    O "Encontro" tinha sido realizado no ano anterior pela Secretaria de Estado da Emigração, que entretanto, no novo governo, mudara de designação. Todavia eram as mesmas as responsáveis, tanto a nível do governo (eu própria...), como a nível do Instituto de Apoio à Emigração e às Comunidades Portuguesas (IAECP).
    Pena é que não haja registo das excelentes intervenções orais (os tempos eram outros e não creio que tenha havido gravação completa das sessões), e que as comunicações escritas tenham sido reduzidas a meros resumos. A Presidente do IAECP, no prefácio, justifica assim esta decisão : "Dado que as comunicações apresentadas não tinham todas a mesma extensão, nem sequer aproximada, e porque haveria que dar uniformidade à apresentação foi elaboradaa síntese de cada trabalho, composta, tanto quanto possível, por extratos da versão original"
    É uma opção que, hoje, lamento, fazendo auto-crítica. Na altura, com a preocupação em preservar todo o património documental,inclusive através da criação do "Fundo Documental e Iconográfico das Comunidades Portugueses" devemos ter julgado que esse acervo ficaria, de qualquer modo, devidamente acautelado. Mas será que foi? Não sei. Certezas, só quanto ao que está na referida edição. Lendo as "Conclusões"( na íntegra!), vê-se que muitas delas apontam para transformações e mudanças ainda à espera de realização. E, por isso, me parece de saúdar o apoio que o actual Secretário de Estado, António Braga, tem dado às questões da participação cívica e política das portuguesas nas comunidades do exterior, que foram negligenciadas , a nível desta Secretaria de Estado, durante os 20 anos seguintes ao "1º Encontro"...

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  2. Aproveitando a experiência do que , segundo diz Manuela Aguiar, foi o erro de não publicar, depois do Encontro de 1985, as intervenções, na íntegra,irão agora ter o cuidado de dar á estampa o máximo possível de comunicações, comentários, actas, etc?
    Num país em que não há uma grande diversidade de estudos publicados sobre emigração, seria um bom contributo...

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  3. É nossa vontade dar à estampa o máximo possível de material obtido neste "Congresso" e no "Encontro" de Espinho, incluindo as comunicações, na íntegra.
    Posso acrescentar que quase todas as iniciativas da "Mulher Mgrante" foram seguidas de publicações muito completas.

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