sábado, 17 de agosto de 2019

Paricipação da AMM na BIENAL INTERNACIONAL DE GAIA

MULHERES E CIDADANIA

Exposição comissariada pelas associadas Maria Manuela Aguiar e Luísa Prior
Artistas convidadas
Alina Patamarciuc, Augusta Albuquerque, Barbara Mulbach, Cani Navarro, Constância Néry, Helena Leão,Ludmilla, Luísa Prior, Mariana Alvarez Henrique, Mercè Riba


Apresentação por Maria Manuela Aguiar
Catálogo da Bienal, pag 208

A criação artística, como expressão cultural da cidadania tem, assumidamente, o seu lugar no mundo da 3º Bienal Internacional de Arte de Gaia. Com esta exposição temática, "Mulheres e Cidadania", e o colóquio sobre o mesmo tema, procuramos, em diálogo, mundividências de migrantes, de estrangeiras, ou seja, diferentes olhares de mulheres de outros países e culturas sobre si mesmas, as suas sociedades, a particularidade das suas vivências, enquanto parte emergente da Humanidade, após um silenciamento milenar, do qual tão poucas lograram libertar-se.
As Mulheres chegaram, na nossa época, a este como a outros domínios, para ocupar o vazio da sua própria ausência, ou relativa ausência, num universo dominado por padrões masculinos. Desde sempre artífices de múltiplas formas de produção artística - artesãs, cultoras anónimas do esteticamente belo na esfera privada, das máscaras primitivas aos trajes, à decoração ou à pintura -  só com a entrada na esfera pública, começaram a ser reconhecidas. Porém, com que dificuldade, com que suplemento de esforço, de audácia e de talento, conseguem fazer caminho? E de que modo essa vontade de transcendência, a par de outras especificidades, se reflete no trabalho artístico? Pode ele constituir-se, não só em instrumento de construção do "eu", de auto-afirmação, mas, também, de reconstrução social? Será um meio, por excelência, de representação do feminino e da intervenção cívica? E há, verdadeiramente, uma  "Arte no feminino" -  um modo diferente de estar no terreno das Artes e das Letras, da Música, tal como do Desporto, ou da Ciência? Ou nada é de resposta fácil e evidente no processo que se desenha entre a natureza invariável do sexo e as condicionantes essencialmente mutáveis de género? 
Visível e incontornável é, ainda, a discriminação, que marginaliza, em todos os campos, o "feminino". Certa é a importância da sua inclusão progressiva no "Todo", significando duplicação de contributos, de criatividade, de génio, uma dinâmica nova, em absoluto, um "avanço civilizacional", como dizia Emmeline Pankhurst.Se a Arte quer ascender a uma dimensão universal não pode prescindir da presença e da interlocução entre géneros, bem como entre povos e suas variadas e fascinantes heranças culturais, que o fenómeno histórico de infindáveis  migrações serviu para pôr  em contacto e progresso.
 Uma mostra simbólica de obras de mulheres migrantes ou estrangeiras (e estrangeiras foram, tradicionalmente, todas no seu próprio País, que lhes negava direitos e pública aceitação...) pretende, antes de mais, no espaço e no tempo da Bienal, dar livre curso ao questionamento do presente e às possíveis reconfigurações do futuro

Maria Manuela Aguiar, Comissária
(in Catálogo da Bienal)

Sem comentários:

Enviar um comentário