terça-feira, 9 de outubro de 2012

ANA BAILÃO entrevistada por ANA GRÁCIA PINTO



Uma voz portuguesa na Câmara de Toronto
Ana Bailão nasceu em Alenquer e foi para o Canadá com 15 anos e lembra-se de estar sempre envolvida com organizações da comunidade portuguesa de Toronto. Trabalhou no gabinete do vereador lusocanadiano Mário Silva entre 1998 e 2003 e sete anos depois foi ela quem conquistou nas urnas o lugar de vereadora, fazendo regressar uma voz portuguesa à vereação da Câmara de Toronto ANA BAILÃO é vereadora e preside a Comissão de Habitação Social
A 25 de Outubro de 2010, a Câmara de Toronto voltou a ter um membro oriundo da comunidade portuguesa, sete anos depois da saída do vereador Mário Silva. Ana Bailão elegeu-se com 43,76% dos votos, pelo 18º círculo do bairro de Davenport, que conta com uma grande comunidade portuguesa.
“Achei que era importante que a nossa comunidade estivesse envolvida politicamente e que tivesse uma voz no governo que nos acolheu. Acreditei que poderia fazer algo, dar o meu contributo”, explicou por telefone a O Emigrante/Mundo Português. Ana Bailão representa uma área de Toronto
com 50 mil habitantes. Afirma que conhece bem a realidade das maiores comunidades étnicas
da zona, mas que neste momento, aquela é uma área em transição, que se está a desenvolver com a chegada de jovens trabalhadores.
Eleita presidente da Comissão de Habitação Social e vice-presidente da Comissão de Planeamento Urbano, a vereadora luso canadiana não tem mãos a medir e não lhe faltam projetos em duas áreas que têm um grande problema: a Câmara de Toronto é “o maior senhorio” do Canadá, como revelou.
“Temos 164 mil pessoas a viver em habitações sociais, temos 55 mil apartamentos e dois mil prédios e um atraso nas reparações orçadas em 750 milhões de dólares”, explica a vereadora, que já criou um grupo de trabalho que até setembro vai apresentar um projeto para resolver esta questão.
Uma parte da solução da qualidade de vida dos moradores poderá passar pela criação de parcerias com o setor privado e organizações não lucrativas, mas a comissão que integra está já a fazer uma revisão do Plano de Ordenamento do Território.
Ana Bailão acredita que a sua eleição ajudou a tornar a comunidade portuguesa mais visível junto das autoridades políticas e dos media canadianos. “Temos outro tipo de voz e outros contatos”, acredita a vereadora, defendendo porém que essa mesma comunidade poderia ser mais visível. “Já vai participando mais, mas temos que estar sempre junto dela e incentivar a sua participação cívica. Gostaria de a ver mais participativa a nível comunitário, nas organizações da cidade”, explicou
a este jornal. A vereadora defende que os portugueses de Toronto deveriam dar-se a conhecer à sociedade “como uma comunidade luso-canadiana. E gostaria de ver mais políticos de ascendência
portuguesa no Canadá.
“Tínhamos muitos que não foram reeleitos, mas espero que nas próximas eleições consigamos eleger mais políticos luso canadianos e que tenhamos mais gente a participar na vida política”,
defende. “Temos (a comunidade portuguesa) que ser mais visíveis nos mais variados setores de atividade”, alerta a vereadora. Sobre o seu futuro, diz que deverá recandidatar-se a novo mandato de quatro anos de vereação, porque há “muito mais coisas que gostaria de desenvolver”.
“Há um grande défice de infra- -estruturas em termos de transportes públicos, é uma área que gostaria de ver melhorada”, revela. Para tal espera voltar a contar com o apoio da comunidade lusa que em 2010 “saiu à rua” com ela e a apoiou “muito” durante a campanha. “Senti que queriam voltar a ter uma voz portuguesa

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